Dias atuais...
Naiara- Vamos, Thai. - Você precisa sair de casa amiga, seus pais não iam gostar de vê-la assim.
Diz ela parada na minha frente com às mãos na cintura.
Desde o dia em que meus pais faleceram naquele trágico acidente de ônibus, não tive ânimo para mas nada em minha vida a não ser comer, dormir e engordar...
- Iago esta preocupado com você, Thai, pelo amor de Deus, reage amiga.
Ela olha pra mim e anda de uma lado a outro passando às mãos pelo rosto se dando por vencida de que não vai conseguir me tirar de casa.
Ela levanta os braços para o alto em rendição e diz... - tudo bem, Thais, quando quiser sair dessa fossa, me avisa.
Ela respira fundo, me dar um beijo e vai embora.
Aconcheguei-me novamente em minha cama e voltei a dormir.
Essa tem sido a minha vida desde a morte dos meus pais há três anos atrás, no dia do baile de encerramento do meu último ano no colégio.
Tudo que eu queria era a presença deles, e não ir fazer reconhecimento de seus corpos sem vida.
Não consigo superar, não consigo.
Logo adormeci...
(...)
Meu Deus, apressei os passos em meio há algumas gotas de chuvas que começavam a cair. Olhei para trás, percebi que o homem também aumentava os seus passos, apertei a bolsa contra o peito e comecei a correr.
- Droga, porque tinha que vir a casa da Naiara a essa hora da noite, a rua está deserta, provavelmente pelo tempo nublado e chuvoso.
Falei para mim mesma em voz alta, e só agora me dei conta de que estou me aproximando daquela casa estranha.
Tinha esquecido que ela mora há um quarteirão e meio depois dessa rua...-merda, merda, resmunguei baixinho.
E, de repente, me vi parada em frente a casa, rapidamente olhei para trás vendo que o homem se aproximava cada vez mais de mim. Tentei correr, mas escorreguei e caí de b***a no chão.
Quando o homem que me perseguia avançou em mim, o portão da casa foi aberto abruptamente.
O medo era tanto, que acabei desmaiando, só lembro de alguém me envolvendo em seus braços.
Minutos depois acordei, e aos poucos fui abrindo os olhos. E a primeira coisa que vejo é um homem descendo às escadas com uma toalha na mão, ele usava apenas uma bermuda preta, não consigo ver seu rosto, mas as tatuagem sim, essa me chamou à atenção. Ela é acima do peito esquerdo e um pouco abaixo da clavícula.
Não consigo identificar qual é o desenho, mas o homem é alto e tem cabelos negros.
A imagem do rosto dele não é nítida para mim, é um completo borrão.
Fechei os olhos e abrir novamente na tentativa de enxergar alguma coisa, queria ver com clareza o rosto do meu salvador.
Mas é em vão, não consigo vê-lo.
Saí do meu estado de torpor me levantando sobressaltada, sentando no sofá macio e quentinho em que estava deitada.
O homem que vi a poucos instantes, havia evaporado, sumido, desapareceu do nada.
E o pior, estou dentro da casa que mas tenho medo.
Levantei- me às pressas e comecei a andar pela casa à procura de alguém, queria pelo menos agradecer a ajuda.
-Até que não é tão assustadora assim.
Disse para mim mesma parando em frente a uma porta. Hesitei por um instante em abrir, vai que eu encontre ou veja algo do qual não estou preparada.
Mas, a minha curiosidade falou mais alto que o medo.
Abrir a porta e adentrei, é um escritório, que mas parece um biblioteca pela quantidades de livros.
Olhei para os quatro cantos do lugar, é tão masculino, tão frio, sombrio... de repente, comecei sentir o medo percorrer por todo o meu corpo e passei a me questionar quem morava nessa casa.
Alguém ou talvez o meu subconsciente tenha respondido... - Alguém poderoso, um advogado!
Me virei para saber quem respondia a minha pergunta... não sei ao certo se era vozes da minha cabeça ou alguém realmente tinha me respondido.
Acordei assustada e toda lavada de suor, é a primeira vez que sonho com àquela casa.
Apesar de ter um certo medo daquele lugar, nunca me incutir ou coloquei em minha mente.
Não crie obsessão para descobrir o porque tenho medo e me sinto atraída ao mesmo tempo.
Algo dentro de mim se agitou, um frio na minha barriga se formou com a possibilidade de entrar naquela casa.
Porque será que estou sonhando com ela agora? Franzi a testa tentando entender.
A casa estava totalmente diferente, em meu sonho ela tinha dois portões grandes, uma para entrada de carros e outra para pessoas. E ela sempre teve apenas um, e era de madeira.
Tinha duas câmeras viradas para entrada de cada um deles.
Me assustei ao olhar para porta do meu quarto e ver meu irmão encostado no batente com os braços cruzados na altura do peito.
- Que susto Iago, i****a. - Lavei a mão ao peito tentando acalmar o coração que bate aceleradamente.
Ele olha para mim sério e pergunta...
- Outro pesadelo?
Sim, era um pesadelo, mas desta vez não era com o papai e a mamãe.
E sim, com àquela maldita casa estranha, fazia anos que não me lembrava dela.
- Sim, mas vou sobreviver, não precisa se preocupar.
Claro, não direi a ele sobre o que sonhei, até porque, ele nunca acreditou mesmo.
Sempre achou meu medo sem fundamento e coisa de criança que assistia o que não devia.
Ele olha pra mim e balança a cabeça em negativa... -Desde que os nossos pais faleceram eu tenho me preocupado com você, Thais. Pedi a Naiara para tentar te arrancar de dentro desse quarto, e nem mesmo ela conseguiu.
- Dá um tempo, Iago. Sermão a essa hora não.
Deitei, e me cobrir até a cabeça. Não quero ouvir nada, não quero saber de nada. Será que ninguém entende a minha dor? Perguntei para mim mesma em pensamento.
-Thai, olha. Eu não aguento mas vê-la assim, isso me dói... - sinto uma parte da cama se afundar e a coberta ser tirada de cima de mim... - você acha que os nossos pais iriam querer vê-la se afundar em uma depressão? - balancei minha cabeça em negativa...- Então, meu amor...-por favor, Thaís, levanta dessa cama. faça uma viagem, academia, aula de dança...- Qualquer merda, mas saia da p***a dessa cama, desse quarto.
-Se você quiser, faço sua matrícula amanhã mesmo na faculdade.- Mas por favor, irmãzinha, de um rumo a sua vida, já perdi o papai e a mamãe. Não quero perdê-la também, te amo.
Ele termina de falar e sai do quarto.
E, só agora me dei conta de que estava fazendo meu irmão sofrer junto comigo.
Ele tem razão, os nossos pais não iam gostar do estado deprimente em que me encontro agora.
Me cobrir novamente e voltei a dormir.