Hamburguer

1188 Words
Anna Me vesti feito um furacão, coloquei a primeira roupa que vi pela frente e corri pelas escadas. Collin me esperava na sala com uma camiseta social e uma calça preta. O curativo deu lugar a um tapa-olho tipo de pirada, achei um máximo, ele já tem cara de mau e com esse estilo espanta até mosquito, mas observando bem ... até que ele não é tão f3io... _ Já sabe onde quer ir ? Ele me encara fixamente me deixando um pouco constrangida. _ Em qualquer lugar, com bastante pessoas e uma comida muito gostos@! Falei com um sorriso de orelha a orelha. _ Vamos procurar algum lugar então. Fazia quase dois anos que eu não cruzava aquela porta. Tanto tempo sem ver pessoas, sem me comunicar direito... um nervosismo imenso me assolou e eu paralisei naquela porta, Collin me olhou novamente esperando que eu o acompanhasse mas meus pés não funcionavam e meu corpo não obedecia meus comandos. O inimaginável aconteceu, ele estendeu a mão pra mim e me olhou nos olhos, não posso dizer que senti uma enorme segurança ou conforto, mas ao segurar na mão dele e ser puxada pra fora novas sensações passaram pelo meu corpo. Pude sentir a leve brisa do corredor que dava de frente para um enorme elevador. No dia em que fui arrastada pra cá nem percebi como a decoração do prédio é rústica e minimalista. Entramos no elevador, ele ainda segurava minha mão e eu sentia o quão quente ele é. Quando chegamos ao térreo senti uma enorme vontade de correr. Correr pra longe, desaparecer, eu tenho sede de viver, de ver o mundo, me sinto um pássaro em uma gaiola de prata. _ É esse. Ele aponta para o enorme carro estacionado na frente do prédio. _Tá. Entrei e ele entrou logo em seguida. Começamos a rodar a cidade, eu me sentia um cachorro com a cara pra fora da janela sentindo todo aquele vento, todo aquela vista maravilhosa das pessoas normais andando pelas ruas preocupadas com suas vidinhas mais normais ainda. Senti inveja, queria ter uma vidinha dessas. _ Vamos jantar aqui. Collin parou em frente a um restaurante chique, na entrada já era possível ter uma noção de como era o lugar. Ao longe vi uma rececionista com um vestido colado ao corpo denunciando todas as suas curvas exuberantes e bem definidas. As pessoas comiam e conversavam segurando suas taças de cedidas caras. O cheiro da comida era ótimo e minha barriga logo deu sinal de vida. Porém outro cheiro me chamou a atenção, era um cheiro familiar. Me virei e olhei para o outro lado da rua. Uma lancheria muito famosa pelo mundo com um logo amarelo em formato de M ganhou totalmente a minha atenção. Me desenlacei dos dedos de Collin e corri. Me lembrei de todos os passeios e dei com meus pais antes da morte deles e aqui era nosso ponto, papai sempre me trazia porque eu era viciada nos hambúrgueres e batata frita. Parei como uma i****a na frente do estabelecimento e sorri, finalmente mataria minha vontade de anos. No convento era proibido esse tipo de lanche e mesmo que eu quisesse não tinha dinheiro para comprar. _ Anna! Ah caramba, lembrei do Collin. _ Desculpa... é que eu amo esse lanche, é muito gostoso, ou era.. _ Você quer comer aqui ? Ele me olhou incrédulo. Quando um homem oferecia um jantar a uma mulher em um lugar chique com direito ao melhor vinho geralmente elas aceitavam e não corriam pra uma hamburgueria. _ Sim! Por favor, eu amo esse lugar! Pedi suplicante. _ Tudo bem, se é isso que você quer fique a vontade. Nem precisou repetir, entrei pela porta com o meu melhor sorriso. Os atendentes não estavam tão sorridentes como a moça de vestido colado ao corpo, o mau humor parecia reinar no lugar mas tudo bem, ninguém consegue ficar feliz o tempo inteiro. Fiz meu pedido, pedi um de cada e Collin me olhou um pouco desacreditado. Quando o pedido chegou eu comi como se minha vida dependesse disso. _ Ahhhh isso é bom de mais !! _ Não sabia que gostava tanto desse tipo de comida. Disse ele dando uma mordida no pequeno hambúrguer que ele havia pedido. _ Vai comer só isso ? Ele balançou a cabeça em afirmativa. _ Caramba, se eu comer só isso eu passo fome. É pra manter o corpinho sarado é ? As palavras simplesmente escaparam da minha boca e imediatamente eu percebi a m3rda que havia falado. Enfiei o resto do hambúrguer na boca e tentei disfarçar o constrangimento que exalava de mim. _ Bom ... não que eu esteja reparando em você ... eu só ... ah você sabe.. Peguei o terceiro hambúrguer e mordi me deliciando com a explosão de sabores. _ Sei o que ? Ele ficou me encarando e eu só queria me enfiar dentro daquele copo enorme de refrigerante cheio de gelo e aguado que eu amava. _ è.. ah ... você malha ? Perguntei com um tom de indiferença, a conversa estava tomando um rumo que eu não conseguia controlar. _ Não. O trabalho físico me deixa assim e meu porte é grande. _ Bota grande nisso. Collin ficou me olhando e eu engasguei. Como pode minha própria boca de trair ? Algumas pessoas ficaram olhando o show de vergonha que eu estava dando e depois de alguns segundos finalmente parei de tossir como uma condenada. _ Podemos sair mais vezes. Disse ele. _ Seria maravilhoso! Queria conhecer a cidade. Você vai se aposentar ? _ Não. Continuarei meus serviços. _ Mas Collin .. você ... _ Estou em condições de trabalhar e não pretendo parar. Imaginei que após esse acidente ele fosse parar. Pra ser sincera até pensei em convencer ele a viajar um pouco, conhecer novos lugares e novos povos. _ Mas você tira férias em algum momento ? _ Sim, nos últimos anos não tirei pois não vi necessidade. _ Podemos ir viajar então! Dei a ideia com um enorme sorriso, espero não estar com nenhuma alface grudada nos dentes. _ Talvez. Posso ver algum lugar. _ Vai ser maravilhoso ! Já que não tivemos lua de mel podemos fazer uma agora ! _ Você quer ... você quer consumar o casamento ? Fiquei estática. Não era isso que eu queria dizer, não queria levar pra esse lado. _ Não! Claro que não ! Eu só ... eu só achei que seria uma boa desculpa pra uma viagem ... só isso! _ Tudo bem. Não precisa ficar nervosa. _ Eu ... eu não to nervosa. Você que me deixa sem jeito falando essas coisas ! _ Para uma pessoa que fala palavrões você fica muito envergonhada com pouco ! Disse ele sorrindo. Um sorriso que eu pouco vi. _ Quero sobremesa ! Falei na tentativa de trocar de assunto. _ Ta, vamos pegar e ir para casa. Tenho algumas coisas para resolver. Fiquei aliviada, finalmente aquele papo tinha acabado. _ Anna, tem uma alface no seu dente. Disse ele tranquilamente. Caramba é cada coisa que eu passo. AFF!
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