Anna
Desde pequena sempre fui muito curiosa e sincera. As irmãs do convento sempre disseram que um dia eu iria correr perigo devido a minha sinceridade e curiosidade.
Quando Collin disse que havia sido uma mulher que arrancou o olho dele fiquei super animada. Não com o fato de ele ter se machucado ( não que eu me importe) mas sim por saber que existem mulheres fortes e perigosas na máfia. Geralmente tudo que eu escuto são histórias de como as mulheres são frágeis e delicadas e blá blá blá. Collin deve ter uns dois metros de altura tranquilamente, ele mau passa pela porta sem ter que cuidar pra não bater a cabeça e saber que uma nanica como eu conseguiu colocar ele de joelhos me deixou extasiada. Daria uma história e tanto !
Ele não fala muito mas ao menos responde minhas perguntas. Ficamos horas conversando, quer dizer... passei horas fazendo perguntas e ele respondeu todas.
Nem parece aquele monstro que vi assassinar meus pais... sei que ele só cumpriu a obrigação que ele tinha mas isso não significaria que não devo temer.
Dei mais um analgésico e ele pegou no sono. Fui para meu quarto e dormi um pouco, acordei com um barulho na cozinha e fui ver o que era.
Collin estava somente de bermuda, algumas gotas de água escorriam pelas costas largas com algumas cicatrizes, havia uma pequena tatuagem na costela. Ao contrário dos outros mafiosos Collin não tinha muitas tatuagens e eu só estou reparando agora, o que o torna um pouco interessante.
Ele se vira um pouco e eu consigo observar os detalhes do seu corpo. Bem definido... ainda bem que estou no ponto cego dele porque com toda certeza estou com cara de i****a. Balanço a cabeça em negação, não posso ter qualquer tipo de atração por esse homem. Não ele!
_ O que você tá fazendo?
Quebrei o silêncio e o fiz notar minha presença.
_ Ah, você está aí. Estou fazendo um suco, você quer ?
_ Hummm adoro limonada. Deixa que eu faço, senta aí.
_ Tudo bem, ao menos isso eu consigo fazer.
Me bateu uma certa pena. Imagina um homem que passou a vida inteira sendo um grande assassino totalmente independente ter que depender dos outros. Deve ser horrível.
Fiquei observando a forma um pouco atrapalhava que ele pegava o limão e espremia. Me levantei e comecei a ajudar a cortá-los pra ficar mais fácil. Quando fui pegar um ele teve a mesma ideia e agarrou firme em minha mão. Uma sensação esquisita tomou conta de mim. Não foi medo e nem pavor, não foi nojo e nem repulsa. Foi algo que não sei explicar.
_ Desculpa.
Disse ele tirando a mão rapidamente da minha quando percebeu o que fazia.
_ Tudo bem. Está com dor ?
_ Um pouco.
_ Nossa você é forte. Acho que se fosse comigo estaria atirada em uma cama gemendo de dor. Não sei lidar com isso.
_ Os anos na máfia me fizeram aprender a ignorar qualquer tipo de coisa que possa tirar meu foco da missão.
Terminamos a limonada, peguei uma forma de gelo e coloquei no grande recipiente. De um lado sentou Collin somente de bermuda ainda e do outro eu. Contemplei cada traço do peito definido e procurei fôlego, se continuasse a sentir essas coisas teríamos problema.
_ Nossa então você é muito forte! Quando estou com cólica eu choro de dor, odeio sentir isso.
Ele parou o copo no percurso de sua boca e me encarou.
_ Nunca ouvi você chorar.
_ Nunca chorei desesperada aqui na sua casa mas no convento sim. A dor é horrível!
_ Não é só minha casa, é a nossa casa !
Ele pareceu um pouco irritado mas não guardei o que estava passando pela minha cabeça.
_ Nunca vou me sentir em casa aqui. Nunca vou me sentir em casa em lugar algum. Eu não tenho casa Collin, a unica casa que eu tive você incinerou com os corpos dos meus pais depois que enfiou a porr@ de uma bala na cabeça deles !
Não contive minha irritação!
_ Onde aprendeu essa linguagem ?
Fiquei mais irritada do que já estava.
_ Já sou adulta, eu aprendo as coisas !
_ Tudo bem. As vezes esqueço que você não é mais uma criança. A vejo tão pouco que por muitas vezes esqueci até mesmo sua fisionomia.
Ele falava com voz se pesar. Querendo ou não estamos casados a quase dois anos e até agora não consumamos o casamento e nem sequer dormimos uma noite inteira na mesma cama, com exceção da noite passada ...
_ Cansei de ter medo de você.
Fui sincera. Estava cansada. Cansada de passar os dias trancada em um quarto por sentir medo. Por não querer vê-lo. Sei que meus pais não foram santos. Me lembro que as vezes eu escutava eles falando outra língua ao telefone e provavelmente estavam passando informações para algum traidor ou sei lá oque .
_ Não quero que me tema!
_ Não vou mais. Quero viver. Eu vou viver !
Levantei e saí deixando-o sozinho. Algumas coisas vão mudar por aqui. Chega de ficar trancada em um quarto chorando e me lamentando!
Fui para meu quarto e deixei a porta aberta. Na noite passada dormi m*l, na verdade nos últimos dias estou tendo muitos pesadelos. Fui ao banheiro e o desconforto estranho que estava sentindo em meu ventre hoje mais cedo deu sinal. Minhas cólicas iriam vir com força esse mês.
Tomei um banho quente e coloquei um absorvente. Me tapei e torci para que a dor não viesse forte. Enquanto isso minha coragem prevalecia. A porta do quarto estava aberta e assim permaneceria.