Triana Müller...
Dois dos marginais que o seguem, vieram nos escoltando. Um magricela de pele encardida a sujeira e cabeça loira, ficou na porta do local que eles usam como enfermaria. Marcela foi embora, falou para eu me cuidar e cochichou no meu ouvido, uma frase que ainda buscava entender.
Refiz todo o curativo e consegui parar o sangramento. Pus bastante antisséptico, calêndula e colagenase. Max parecia adormecer e sentaria na poltrona ao lado da maca, aguardando que ele acordasse. Estava exausta, só pensava em um banho, m*l sentei e ele murmurou.
— Galega...! — sua voz era.muito fraca. Me aproximei para escutar. — Me pede o ué você quer, a única coisa que não posso deixar é você ir embora.
A vida era minha, ele não tinha que ficar ou não deixar. o nome disso era sequestro, Ms naquele momento não poderia discutir isso com ele. Tinha que aguardar sua melhora.
— Por hora, banho, roupa limpa e um lugar que eu mesma possa cozinhar algo para comer.
Fraco, ele riu sem humor. — Tá com.mwdo de ser envenenada? Fica tranquila, X9 noiz não mata assim, X9 serve de.exemplo.
Poderia responder a ele que não era x9, mãe o que adiantaria? Todos esses homens já tinham me condenado e alguns até sentenciado como o tal Descontrole.
— Vai atender ao meu pedido?
Lentamente ele acenou positivo com a cabeça. — Chama o mano que tá na contenção aí na porta.
Fiz o que ele pediu, o marginal entrou no quarto portando um fuzil que m*l conseguia carregar e se aproximou de Max, mesmo aos sussurros, o silêncio da sala me permitia ouvir todas as palavras que ele dizia.
— Leva a mina para cachanga, tá responsável por ela. Tu é a sombra dela, tá ligado? Banheiro ela só pode ir no de cima da casa, é muito alto para ela sair pela janela. Também fica na sua responsabilidade a integridade física da galega.
— Tá safo chefe. Mas o Descontrole? Ele tá atravessado com a mina.
Não podia discordar, Descontrole andava com um ódio descontrolado para cima de mim. Max apontou para o rádio que o homem carregava na cintura, que prontamente lhe entregou o aparelho. Fraco ele digitou poucos números, creio que o ID do irmão.
"Na escuta" A voz assustadora, que me dava frio na espinha, veio após o barulho do rádio.
"Micha, é teu mano. Na moral, vem até a clínica, preciso falar contigo."
"Já estou aqui" O barulho do rádio, confirmou a aproximação.
Assim que abriu a porta, seus olhos negros de ódio se direcionaram para mim, sem se importar com a presença de Micha, o homem fora de controle me prensou na parede, atravessando o antebraço no meu pescoço.
— Sua vagabunda! Tá...
O homem que ficaria responsável por tomar conta de mim, tentou puxar Descontrole, que virou lhe dando um soco e apontou a arma contra testa do marginal.
— Ficou maluco p***a!
Eu só conseguia me tremer e rezar mentalmente, já tinha vistos miolos demais estourados para um dia só. Nem todo controle que a minha profissão me permitia, adiantaria. Descontrole hesitou, ao ver Max se sentar na maca e tirar forças para gritar. já que os sussurros ele não ouvia.
— MICHA...! ABAIXA A p***a DA ARMA. — ele parecia não ouvir. — É UMA ORDEM.
Nitidamente transtornado ele obedeceu. Sua raiva espumava por todos os lados.
— O que tá pegando Max? — ele falou entre dentes. — Essa vagabunda já era para ter decolado, e ter tido o que merece. Voc~e está todo fodido por causa dela.
— Mano, disse a você que a Galega é problema meu. Estou ferido, mas ainda mando nessa p***a.
— Isso foi antes. Depois do que aconteceu com você e ela está aqui nas nossas mãos graças a mim, poderia dar logo a essa X9 o destino que merece.
— A Galega é minha! — discorre como se eu fosse um objeto.
— Você não fala com ódio mano. Essa pura vai te pôr no bolso.
— Não vou esquecer nunca o que ela me fez. — eles falam como se eu não estivesse ali, ouvindo tudo. — Mas o que vai acontecer com ela, é problema meu. Não quero sua intervenção, posso contar contigo, sem caô?
— Vai vendo mano, se é o que quer, por mim tá suave.
Max se virou para o outro marginal. — Sola, leva a Mina, faz o que eu te falei.
O homem de cabelo amarelo, me pegou pelo braço me arrastando. Descontrole ficou em nossa frente com seu olhar r**m, impedido a passagem. Seu olhar me dava medo, ainda mais que o homem n***o e robusto, não tirava de cima de mim. Era como se me perseguisse com os olhos. Alguns segundos parados no caminho e finalmente ele resolveu abrir passagem e eu fui arrastada, para um outro lugar na favela.