A Chance - A Organização - Livro 2

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Hugo

A minha casa nunca teve tão cheia durante esses cinco anos. As famílias todas vieram como também seus associados, não sei se foi curiosidade ou por outros motivos, não posso negar que gostei dessa atenção. De qualquer maneira, estou estranhamente feliz que todos vieram, inclusive Maurílio com sua expressão fechada de sempre está aqui acompanhado de Lucas que está ao lado da mãe, igualmente sério e observador como o pai.

Minha mãe sorria ao meu lado enquanto cumprimentava cada m****o que chegava. Essas últimas semanas fui na casa de cada família como também visitei associados, incluindo uma visita diferente de todas e que nunca tinha feito. Fui até o território neutro conversar com Jacó, ele não queria me receber de início, mas depois que expliquei que não queria problemas apenas conversar, Jacó aceitou.

— Tina nunca me falou que havia me procurado, peço desculpas, jamais teria o tratado assim. Posso fazer algo para me remediar com você?

— Tem algo sim, no momento certo você saberá. Se me permite uma advertência: não deveria ter deixado Tina ir embora como se nada tivesse acontecido, ela sabia demais, e queria o que nunca pertenceu a ela. Pessoas como aquela p**a são perigosas, a próxima vez que ela voltar, meta um tiro na cara dela sem dó. Pare de achar que todos merecem uma segunda chance, você teve a sua e não mereceu, por que acha que Tina merece?

Jacó não é meu fã, porém prefiro um desafeto sincero do que um amigo mentiroso. Sei que tomou as dores de Gabrielli até me confidenciou que a ajudou na fuga, desconfio que Juan Magalhães também esteja envolvido, a verdade é que isso não interessa mais, tenho que esquecer o passado, viver o hoje visando o futuro.

Jacó chega junto com sua avó sorrindo como uma estrela de cinema já que está chamando a atenção de todos, ele tem um carisma inegável como também irritante. A senhora cumprimenta minha mãe que a recebe calorosamente, surpreendendo a todos. Quero mudar essa visão exclusiva das cinco famílias, nada melhor do que ter Jacó aqui hoje para mostrar isso.

— Me sinto um gângster famoso. Todos os olhares na minha direção, assim vou ficar sem jeito, sei que sou lindo, contudo, seu povo é impressionado demais.

— Exibido. Seja bem-vindo, Jacó, fique à vontade para circular entre as famílias. Sei que é bem próximo dos Acácia e de Magalhães, não se preocupe com os olhares, sua aparição causou um certo frenesi.

Ele gargalhou, Gregório colocou uma música que ajudou muito a dispersar a atenção que Jacó gerou. Meu irmão ficou afastado, longe das bebidas, cigarros e charutos, não sei se foi cedo deixá-lo ser exposto dessa forma. Gregório quis vir e até pediu para sair da clínica apenas para participar do jantar, o vejo indo até a cozinha e resolvo segui-lo.

Quando chego vejo que está do lado de fora, não parecia estar desconfortável com a exposição apenas estava aqui observando a porta de entrada de sua casa ao lado da minha, de repente, ele sorriu como se estivesse lembrando de algo.

— Irmão, as doses de tequila, uísque e conhaque não me deixam m*l nem tampouco a fumaça de cigarros e charutos, o que me incomoda é Marcele não estar aqui, por todo mundo me olhar como se estivesse doente de algo contagioso ou vergonhoso, sei que não seria diferente, e não esperava um tratamento igual ao de antes. Fiquei muito tempo longe e parece que estou deslocado.

— Acha que foi uma ideia r**m esse jantar?

— Não, Hugo. Pelos cantos, ouvindo as conversas, consegui perceber que vários associados estão felizes, comentam sobre os divórcios e de nós, mas tão pouco e insignificante que nem parece que aconteceu. Você foi afastado de todos por Tina, e agora está de volta, as visitas foram importantes para se reaproximar, Jacó Ibrahim estar aqui é uma novidade, ao me ver de boa, porém se arriscou, gostei da ousadia.

Gregório voltou a assumir sua posição ao meu lado. Os membros sempre se sentiram à vontade com Gregório por ele ser meu porta-voz como também meu braço direito.

— Então por que está aqui fora recluso?

— A saudade que sinto. Sonhei com Marcele essa noite, estava tocando piano junto com Rute, pareciam tão lindas e felizes. Acho que estar aqui me deixa nostálgico, estou sendo um chato me lamentando aqui.

— Jamais. Gregório, sou seu irmão mais velho e seu melhor amigo, pare de pensar que não pode compartilhar comigo sobre seus sentimentos, no passado foi assim que se afastou e não quero que fique em silêncio guardando tudo dentro de você.

Ser homem no nosso meio é ser forte e inabalável, entendo por que meu irmão resolveu se afastar fugindo de nossa família e da Organização se afundando no vício, não queria demostrar fraqueza. Segurei seu ombro dando a ele o apoio necessário para que saiba que estou com ele.

— Amo você, irmão, você é importante e fico feliz que esteja aqui. Não se afaste de nossa família novamente, não há outro lugar nesse mundo que possa ir melhor do que a casa Assis. Agora vamos voltar, nossa mãe deve estar ansiosa para receber elogios pelo jantar.

Voltamos para a casa juntos conversando e rindo como no passado, minha relação com meu irmão está melhorando a cada dia mais. De repente, percebo uma agitação na porta de entrada, vejo Gabrielli de braços dados com meu pai junto com Marcele e as crianças, Gusmão está de mãos dadas com Irma que também trouxe meus sobrinhos.

Os olhares são de espanto, fico paralisado com a situação, Gregório está claramente nervoso observando Marcele sorrir enquanto recebe um abraço bem caloroso de Jacó, respiro fundo segurando o braço do meu irmão o apoiando.

— Somos homens maduros, Gregório, vamos cumprimentá-las com o respeito que elas merecem, e faremos o mesmo com nossa meia-irmã e Gusmão. Sei que nosso pai vai nos explicar o porquê de tudo isso, não precisamos perguntar nada ou mostrar insegurança, tudo bem?

— Se estivesse bebendo seria ótimo para aliviar a tensão, mas como não estou, o que me resta é fazer minha melhor expressão de normalidade.

Essa situação é tudo menos normal, não sei o que meu pai está tramando, porém darei o show que ele não espera, vou mostrar que não sou mais o i*****l de antes, se o senhor Assis quer jogar, vou dar o jogo que tanto deseja.