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1748 Words
Byanka narrando. Três dias depois. Acordo com o Thiago me balançando. Foi bem difícil dormir essa noite, mas graças a um remédio que ele me deu, eu consegui ter algumas horas de sono. Ou melhor dizendo, o restinho da noite. Desde ontem eu não consigo pensar em alguma coisa a não ser na Núbia, e nessa guerra que ela tanto está insistindo para acontecer. Essa mulher não se conforma que o lance dela com o meu marido já acabou há um bom tempo. A Núbia acha que eu fui o pivô da separação, mas o casamento dos dois já estava bem desgastado. Byanka: Por que o Henrique tá no berço? - É a primeira coisa que eu pergunto, ao ver o berço dele ao lado da nossa cama. Malvadão: Eu resolvi trazer o berço dele pra cá porque tive medo de você se agitar durante o sono. Byanka: Olha, se não fosse o seu remédio, eu não teria nem consigo dormir. Não sei se vou aguentar isso por muito tempo, amor. Você sabe que eu sempre tive uma vida normal, e tudo isso ainda é muito novo pra mim. Malvadão: Eu sei, amor, eu sei. Hoje não tem café na cama, tá? Eu só te acordei essa hora pra avisar que vou precisar ir pro Vidigal. A real é que eu vou ter que estar presente lá até essa guerra acabar. Enquanto ela tiver rolando, eu preciso estar lá pra defender. - Eu assinto com a cabeça. - Só quero que você seja forte, porque vou precisar de você mais do que nunca. Byanka: Sim. - Eu suspiro. - Eu não sei se vou conseguir ficar bem, mas eu vou tentar. Malvadão: Tenta, pelo menos tenta. - Ele fala e pega na minha mão. - Tenta por mim, pelo nosso filho, tenta por nós. Eu sei que você consegue, Bya. Você é mais forte do que imagina, meu bem. - Ele deposita um beijo na minha testa. - Posso contar com você? - Thiago pergunta isso olhando nos meus olhos, e eu simplesmente paraliso. Depois de alguns segundos em silêncio, eu não consigo manter a calma e já me desabo em lágrimas. Mordo o meu lábio inferior e fecho os olhos, deixando as lágrimas escorrerem pela minha bochecha. Eu neg0 com a cabeça, e sinto minhas mãos tremendo em um sinal de nervosismo. Malvadão: Calma, Bya. Não quero que você se sinta pressionada, ok? Saiba que eu estou aqui pra proteger vocês, mas também preciso da sua ajuda. Você pode dar o seu melhor quando estiver preparada pra isso, meu amor. - Ele me abraça e enxuga as minhas lágrimas, que não param de cair. Byanka: Thiago, tenta dar um jeito nisso. - Eu peço chorosamente. - Eu já não sei mais quando que eu vou deitar a cabeça nesse travesseiro e dormir tranquila, sem precisar de nenhum remédio. Eu nunca passei por nada disso, você sabe. É tudo novo e complicado demais pra que eu possa entender. Malvadão: Eu super te entendo, pode acreditar. Eu prometo tomar conta da parte mais difícil, só quero que você fique resistente. Não quero te ver fraca ou super desanimada como ficou nesses últimos dias. Eu sei muito bem que a situação não é nada fácil, mas a gente não pode amarelar. Fases ruins todo mundo tem, mas não quer dizer que nós não podemos superar. Byanka: Só de pensar que o nosso filho também corre perigo, já me dar uma dor no coração. Você sabe que eu já tava querendo me organizar pra voltar a trabalhar, porque eu sou fascinada pela minha profissão. Não vou poder fazer mais nada disso, nada… - A última palavra sai em um tom baixo. Malvadão: Eu sei de tudo isso, meu bem. Mas isso não é o fim do mundo, beleza? Eu vou conseguir dar um jeito nisso, te garanto. Núbia e Tubarão vão ter o que eles merecem, os dois vão quebrar a cara, porque os dois começaram com toda essa guerra. Nós vamos sair ilesos dessa, meu amor. Nós estávamos quietos no nosso canto, e foram eles que começaram. Vou dar um fim nisso, mas preciso de um pouco de tempo. Só quero que você me prometa que vai ficar bem enquanto eu tiver lá na favela, quero que continue cuidando bem do Henrique. Byanka: Tudo bem, eu prometo. - Falo depois de um suspiro. - Eu vou tentar ser o mais forte possível, mesmo ficando com o coração na mão toda vez que você sai por aquela porta. Por favor, não deixa de manter contato comigo pelo celular. Eu preciso sempre saber o que você tá fazendo, com quem está, e o que descobriu. Não deixa o celular descarregar, e tira ele do silencioso. Malvadão: Pode deixar, vou fazer isso agora mesmo. - Diz tirando o celular do bolso e fazendo o que eu pedi. - Pronto? Tá mais tranquila agora? - Pergunta assim que termina, e coloca o celular novamente no bolso. Byanka: Sim, estou. Caso não puder voltar pra almoçar com a gente, então me avisa. Malvadão: Acho que hoje eu vou passar o dia lá. Preciso ter cuidado na hora de voltar pra cá, porque ontem tentaram me seguir. Byanka: O que? Tentaram te seguir? - Percebo a cara que fez. Provavelmente, ele estava escondendo isso de mim e acabou soltando sem querer. Malvadão: Tentaram. Foi m@l, eu não quis dizer isso pra não te deixar ainda mais preocupada. Byanka: Thiago, eu já falei que não quero segredos entre a gente! Por mais ru1m que seja, você tem que me contar. Ok, eu entendo que eu sou sim super sentimental e digamos que um pouquinho nervosa, mas eu preciso saber. Qualquer coisa que acontecer, absolutamente qualquer coisa, eu peço que você me conte, tá bom? Malvadão: Tá bom, eu irei contar. Bom, eu tô indo pra lá agora. Fica bem, tá? Ou pelo menos tenta. - Eu assinto. - Me manda foto de vocês durante o dia, isso me faz bem. Byanka: Ok, meu amor. Te amo. Malvadão: Te amo, princesa. - Nós selamos os nossos lábios e ele fez um carinho no Henrique que ainda está dormindo. Quando o meu marido sai do quarto, eu volto a deitar na cama e miro o teto. Me encolho nos lençóis só de imaginar o quanto ele está correndo risco de vida simplesmente em sair daqui. Só de ir para o Vidigal ele já está arriscando a sua vida, tudo isso por nós três. O Thiago está se esforçando tanto que seria até um pouco ingrato do minha parte se eu também não fizesse o mesmo. Sei o quanto é difícil, mas eu vou tentar. Depois de passar mais uns 10 minutos na cama, eu levanto para começar a arrumar o quarto. Henrique se acorda e eu já o amamento. A casa não está desarrumada, então eu tiro um pouco da manhã para brincar com o meu filho no tapete do seu quarto. Pego alguns brinquedinhos que ele gosta e vou treinando algumas palavras fáceis com ele, que vai repetindo cada uma delas aos pouquinhos. Eu amo dedicar o meu tempo para o Henrique, e faço isso todos os dias. Não importa a hora, eu sempre tiro um tempinho para fazermos algumas atividades didáticas. Acredito que daqui a uns meses ele já vai poder ir para a escola, e eu também quero muito que ele já vá aprendendo as coisas desde novo. Quero muito acreditar que até o Henrique completar 2 anos, essa guerra já tenha acabado. Calma, Bya! Não precisa exagerar, o Henrique ainda tem 1 ano e 1 mês, essa guerra não vai durar tanto assim… Pelo menos eu espero que não. É claro que não, o Thiago me prometeu que vai fazer de tudo para que isso acabe, e vai ser o mais rápido possível. Ele cumpre tudo o que promete, dessa vez não vai ser nada diferente. Quando o dia se aproxima da hora do almoço, Thiago me fala que não vai dar para vim almoçar com a gente. Eu preparo uma papinha de legumes para o Henrique e passo o resto do dia sem comer nada, pois não sinto fome. A coisa só piora quando ele me fala que vai dormir na casa que tem na favela. A mensagem está um pouco suspeita, e eu não vou me convencer só com pouca informação. Ansiosa, eu ligo para ele. LIGAÇÃO ON Byanka: Amor? Malvadão: Oi, amor. Byanka: Vi a sua mensagem. Não vai dar pra vim pra casa hoje? Malvadão: Não, Bya… Infelizmente não. Queria muito, mas não vai dar. Byanka: Aconteceu algo grave? Malvadão: Sim. O Tubarão tá ameaçando invadir essa madrugada, e eu preciso estar aqui. Byanka: Drog@! - Eu lamento. - Mas você não vai sair pra invasão, né? Malvadão: É bem arriscado, mas eu tô pensando na possibilidade. Pelo menos ele não foi tão covarde a ponto de invadir de última hora. Tá todo mundo se preparando pra poder receber eles, apesar de ter uma grande diferença em nosso armamento. Ele é bem mais preparado que a gente, e eu tô com receio de sair perdendo grande parte dos meus soldados. Byanka: Não, não vai! Tenta pensar positivo, amor. Eu sei o quanto é difícil pensar positivo, falo isso por experiência própria, mas tenta lembrar do que você me falou hoje mais cedo, ok? Malvadão: Ok. - Ele suspira. - É bem provável que tenha invasão hoje, então não se preocupa se eu sumir, tá? Caso eu não te responda, é porque provavelmente vou tá orientando os caras ou até mesmo trocando tiro junto, vai depender da intensidade dos inimigos. Byanka: Ok, entendi. Se der tempo, me avisa se houver invasão. Malvadão: Certo, eu aviso. Henrique já tá dormindo? Byanka: Não, ele ainda tá acordado. O coloquei da assistir um pouco, mas acredito que daqui a pouco ele já vai pegar no sono. Malvadão: Certo, fiquem bem. Falo contigo assim que possível. Te amo. Byanka: Certo, se cuida daí que eu vou me cuidar daqui. Te amo. Malvadão: Beijo. Byanka: Beijo, amor. LIGAÇÃO OFF O desânimo na voz do Thiago já diz muita coisa. Depois da ligação, até eu fiquei mais desanimada do que já estava. É nítido na voz dele que a coisa está se apertando, e ele não estava nem um pouco preparado para tudo isso. Eu suspiro fundo e sento na beirada da cama, colocando as mãos no rosto e começando a orar.
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