Capítulo 6

1135 Words
Acordei sentindo um cheiro gostoso de café fresquinho. Olhei para o lado e João Thomas não estava deitado lá, mas suas roupas ainda estavam jogadas pelo chão. Fechei os olhos e estiquei meu corpo, pensando se aquilo realmente estava acontecendo, ou se era somente um sonho bom. Quando estava no meio do meu devaneio, ele entrou no meu quarto segurando uma bandeja com pão, banana com aveia, queijo, manteiga, geléia, café e leite. Ele estava completamente nu, e seu corpo era realmente bonito. – Fiz o que pude! É muito r**m fazer qualquer coisa em uma cozinha que a gente não conhece. Se fosse na minha casa, você provaria da minha mundialmente famosa omelete! – colocou a bandeja em cima da cama. Abaixou o corpo, beijou minha testa, e continuou. – Bom dia, minha princesa. Eu estava sonhando! Só podia ser. Além de tudo, ele sabia cozinhar. – Bom dia – sorri timidamente. – A cozinha tá uma bagunça. Conseguiu achar alguma coisa por lá? – Achei o necessário – mostrou aqueles dentes lindos. Sentamos e comemos juntos, com todo aquele ritual piegas, de dar comidinha na boca um do outro, roubar um pedacinho de pão, dar risadas e muitos beijos na boca. Terminamos com um s**o dos deuses, gosto de geléia e cheirinho de café. Ele foi tomar um banho, arrumei-lhe uma toalha e uma escova de dentes nova que eu tinha no armário. Fiquei jogada na cama, com o pensamento perdido e moleza no corpo. Era domingo, eu poderia ficar o dia todo ali, se quisesse. Quando saiu do banho e foi se vestir, fiquei analisando cada detalhe do seu corpo. Muito bem desenhado e modelado por malhação. Um fio de pelos negros ia descendo do umbigo, e aquilo era realmente sensual. – Bom, preciso ir. Será que você vai deixar eu te ver outras vezes? – ele tinha a carinha mais linda e eu tive vontade de dizer: "Você vai ser o pai dos meus filhos!" – Claro. Pega meu telefone. – Não. Eu vou dar o meu, porque aí você só me liga se quiser. Aí, se você ligar, pego o seu. Mas, prepare-se já, que sou um grude. – Ok! Mas eu vou querer te ligar daqui a pouco, para você almoçar comigo. E vai achar que estou pegando no seu pé e que eu é que sou um grude. – Se você me ligar, vou achar que sou o homem mais feliz do mundo. – sentou na cama e veio me dar um beijo. - 9956– 5566. – Calma, registra aqui no meu celular. Terminou de se vestir, deu-me um beijo e foi embora. Levantei-me com calma e fui tomar um banho. Precisava sair para fazer compras no mercado, ainda mais se eu quisesse que João Thomas almoçasse na minha casa. Sei que nos romances açucarados ingleses as mocinhas, depois de uma noite de amor profundo, tomam banhos revigorantes em suas banheiras cheias de sais e pétalas de rosas, ficam lindas e maravilhosas. Porém, comigo as coisas aconteceram um pouquinho diferentes, já que a minha vida está longe de ser um romance inglês, e muito menos açucarado. Ah, sim, e logicamente, na minha minúscula residência não havia uma banheira. Coloquei uma calça jeans velha, uma camiseta branca e minhas sandálias havaianas, porque a noite com muito s**o e álcool somada a uma sandália assassina acabou comigo, e esse era o máximo de produção que eu conseguia ter. Prendi os cabelos num r**o-de-cavalo, muito m*l feito por sinal, peguei minha bolsa e fui. Assim que entrei no carro, tocou o meu celular. O toque especial (música do plantão do Jornal Nacional) indicava que era minha mãe. Pronto, eu já sabia que vinha bronca. – Oi, mãe – atendi com a voz arrastada. – Conseguiu acordar depois do porre de ontem?!? – berrou no meu ouvido, fazendo que eu afastasse o celular, porque fiquei com medo de que meus tímpanos estourassem. – Que porre, mãe? Quase não bebi. A senhora sabe muito bem o tanto que eu sou contra as pessoas que abusam do álcool. – Se bebesse então ia tirar as calcinhas na frente de todo mundo. Precisava se agarrar com aquele rapaz, daquela forma, na frente de todo mundo?!? A festa toda veio me perguntar se vocês já estavam de casamento marcado! – sua raiva era latente. – Ah, mamãe, dá um tempo! – Sabe o que você precisa, Clara? É de ir para a Igreja, se confessar. – Mãe, em primeiro lugar, eu não estou nem aí para tudo que dizem de mim; em segundo lugar, seria a realização da minha vida estar de casamento marcado com ele, já que o sujeito é um gato; e, em terceiro lugar, se eu fosse me confessar, o Padre teria um troço. Em quarto lugar, estou dirigindo e não posso falar no celular porque a senhora não vai pagar se eu for multada. Um beijo, tchau. E desliguei o telefone sem esperar a resposta dela. Muitas vezes, minha mãe simplesmente esquecia que eu já sou quase uma balzaquiana. Estacionei meu carro no supermercado, peguei a minha bolsa e fui andando até a entrada, repassando mentalmente o que eu tinha que comprar. Tentando não esquecer que das últimas três vezes que tinha ido ao mercado havia esquecido de levar o sabão em **, e, por conta disso, estava com um cesto enorme de roupa para lavar. As roupas são para mim a verdadeira tortura de não morar na casa dos pais. Peguei um carrinho e fui andando devagar pelas prateleiras. Gosto de fazer compras. Acho terapêutico. Aprendi com a minha mãe. Todas as vezes que ela brigava com meu pai na minha infância, pegava o talão de cheques da conta conjunta deles e descarregava toda a raiva enchendo a casa de suprimentos. Podia se ter certeza de que todas as vezes que o armário da cozinha tinha arroz e feijão estocados para um ano era porque os meus pais tinham brigado. Lembro que ela entrava no mercado uma pilha de nervos e saia se candidatando para o cargo de conselheira sentimental. Assim, seguindo os passos da minha genitora, entro nos grandes supermercados e vou olhando as coisas, sem pressa, e escolhendo aquilo que quero levar para casa e tenho condições financeiras, e aquilo que quero levar para casa e fica apenas no sonho. Todas as vezes, eu me pego desfilando nas seções de eletrodomésticos ou de produtos para o lar. Sonhar não custa nada. Quando estava para pegar frutas, encontrei uma colega dos tempos do segundo grau que não via há uns três anos, a Maria Júlia. Bem que tentei disfarçar, fazendo de conta que não a tinha visto, mas não teve jeito. Ela veio na minha direção com um largo sorriso na boca e eu não tive como me esconder.
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