Cadu
Eu trabalhava demais, era o que a Débora sempre dizia e talvez ela tivesse razão. Depois que meu pai morreu me senti na obrigação de cuidar da minha família. Minha mãe e minha irmã precisavam de mim.
Minha irmã era mais nova e estudava no exterior, fazia algum tempo que eu não a via mas nos falávamos por telefone sempre que possível, já minha mãe não saia da minha cola, ela tentava monitorar a minha vida parecia algum tipo de hobby já que não tinha mais o meu pai.
Quando meu pai morreu eu morei com a minha mãe por um tempo, mas eu não suportava a maneira dela, ela era orgulhosa e mandona, não só com os empregados da casa , mas comigo.
A maneira que minha mãe tratava os empregados me irritava, não só por ser uma boa pessoa, mas sempre me lembrei da Ana e de como a mãe dela foi corajosa ao enfrentar a minha mãe.
_Bom dia amor!_ Débora grita no telefone
_Bom dia_ falo sentado na mesa tomando café, já me preparando pra ir trabalhar
_O que vai fazer hoje sem mim hein?
_Trabalhar eu acho_ falo sorrindo
_Você trabalha demais Cadu, não quero ficar viúva antes de me casar.
Depois de conversar um pouco desliguei o celular e abri a janela, o dia estava lindo, a praia de frente pro meu prédio parecia boa. Afrouxei um pouco a gravata, liguei pra minha secretaria e pedi pra cancelar tudo que eu tinha pra fazer, era meu dia de folga.
Peguei minha prancha que fazia tempo que eu não usava, o mar estava bom então me pareceu uma ótima idéia. Ir a praia sozinho era um calmante pra mim e depois de ser derrubado algumas vezes pelas ondas decidi me sentar na areia um pouco. Coloquei a prancha na areia e fui até o cara da cerveja do outro lado da rua. Demorei um pouco pra voltar o cara não tinha troco e depois de esperar acabei deixando ele ficar com o dinheiro e peguei mais 2 cervejas no lugar. Voltei pra areia vi alguém perto da prancha , me aproximei e vi a Ana deitada com fones no ouvido e obviamente de olhos fechados, já que não me viu a observando.
Depois de tantos anos eu me lembrava da Ana , mas não me lembrava de vê la tão linda e talvez eu estivesse sendo um pouco s****o ao pensar no como o corpo dela era lindo, o biquíni azul marinho ressaltava todas as suas lindas curvas, ela não parecia malhar era algo bem natural, os cabelos cacheados como eu me lembrava eram hipnotizantes pra mim.
Tirei a prancha da areia já na intenção de que ela abrisse os olhos.
_Me desculpe_ falo sorrindo
Ela pareceu surpresa ao me ver, na verdade parecia assustada, como se tivesse medo de mim.
_Oi_ ela deu um sorriso bem sem graça
_Você não devia dormir assim na praia _ falo rindo e me sentando ao lado dela
_Eu não estava dormindo_ sorriu lindamente_ só curtindo a brisa e a música.
Ana
Ver o Cadu parado bem na minha frente sorrindo me fez lembrar do quanto eu tinha sonhado com aquilo, era um amor de adolescente mas ainda parecia vivo dentro de mim. Ele parecia perfeito, sorriso , corpo, cabelo, tudo nele era perfeito. Fiquei mais nervosa ainda quando ele se sentou ao meu lado e começamos a conversar, me perguntava se ele sabia que eu era loucamente apaixonada por ele quando mais nova.
_Pelo que me lembro você não gostava de vir a praia sozinha, por isso só vinha comigo_ ele sorriu_ o que aconteceu?
Ele tinha razão, antes de conhecer o Cadu eu não era muito de sair, não por que não quisesse mas minha mãe me achava nova demais pra sair sozinha. Quando começamos nossa amizade mesmo contra, minha mãe deixava que eu fosse a alguns lugares com ele , ela sabia que ele era uma boa pessoa.
_Muita coisa mudou desde que você foi embora_ falo olhando pro mar
_É_ ele sorri_ parece que você se tornou uma mulher forte, uma feminista talvez?
Eu não me considerava alguém forte, eu tinha meus pontos fracos como todo mundo, mas aprendi com a minha mãe que ninguém tinha o direito de me pisar, independente de quem fosse.
_Não _ falo sorrindo_ acho que você está exagerando um pouco, não me considero feminista por querer os mesmos direitos, isso é só algo normal a todo ser humano.
_Que eu me lembre você não era tão cheia de opinião assim_ ele me encara com aquele sorriso lindo
Eu nunca fui uma menina quieta, muito menos sem opinião, mas perto do Cadu eu me tornava alguém diferente, meus sentimentos por ele me deixavam i****a e por isso perto dele eu parecia tão inofensiva, ele era a meu ponto fraco, e tirando pelo jeito como minha mão suava no momento, ele continuava sendo, mas agora eu sabia me controlar.
_Eu era muito tímida na época.
_Me lembro de você morrendo de vergonha dos meus amigos, e alguns deles até se interessaram por você._ ele sorri
_Sério? _ acho graça_ por que nunca me disse? Eu poderia estar casada agora_ ironizo
_Eu nunca faria isso_ ele sorri
_Todos seus amigos eram ricos, quem sabe agora eu estaria em Paris_ falo rindo
_Se na época eu soubesse que só ser rico bastava_ ele sorri_ eu teria tentado alguma coisa, mas sei que isso não era requisito pra conseguir ficar com você.
Eu não esperava aquela resposta, fui pega de surpresa e novamente me senti como aquela adolescente de alguns anos atrás.
_Fiquei sabendo que o Augusto casou_ tento mudar de assunto_ na verdade eu vi a foto dele e da modelo que ele casou em uma revista.
_É _ ele coça a cabeça_ eu fui, ele perguntou por você, achou que ainda tinhamos contato.
O assunto não era tão delicado, mas ficamos sem graça so de pensar o que causou nosso afastamento.
_Desculpa_ ele diz do nada_ eu até pensei em te procurar mas imaginei que você não quisesse falar comigo.
Eu tinha muito o que dizer, mas ele parecia constrangido com o assunto, e não adiantaria dizer nada pra ele, já que a racista era a mas dele. Fiquei em silêncio olhando pra ele me perguntando como alguém tão legal poderia ser filho daquela bruxa.
_Sei que parece meio infantil_ ele ri_ mas fiquei feliz ao vê que você ainda tinha a pulseira que te dei.
Olho pro meu pulso e fico aliviada por não estar com ela naquele momento, seria embaraçoso. Por sorte eu acabei deixando a pulseira em casa com medo de perder na praia.
_É uma linda pulseira_ falo tentando disfarçar_ as vezes uso ela pra sair_ dou um sorriso
Eu jamais admitiria que usava a pulseira todos os dias, e que sempre que olhava pra ela lembrava dele.
_É , fiquei horas na loja procurando algo que combinasse com você_ ele me olha sério
_O que?
_A pulseira que te dei, eu comprei pra você mas nunca tive coragem de entregar, achava que você não aceitaria.
_Mas...._ eu estava cada vez mais surpresa
_Eu fiquei usando na esperança de que algum dia tivesse coragem de te entregar, e no dia que achei que nunca mais te veria foi minha oportunidade.
_Eu... estou surpresa_ falo rindo sem graça
_É eu era bem patético_ soltou uma risada_ era uma coisa tão simples.
_É_ respondo_ acho que agora devo agradecer pelo presente.
_Claro, que tal um almoço? _ ele aponta pra um restaurante do outro lado da praia_ eu p**o.
_ Eu deveria pagar, já que eu quero agradecer.
Se eu estava temerosa sobre almoçar com ele? Claro que sim. Eu me perguntava se era uma boa idéia almoçar com ele em um restaurante caro , onde ele claramente conhecia quase todo mundo. Eu não tinha medo de ninguém , mas ser vista nesses lugares com ele poderia causar problemas entre ele a Débora, e por mais que eu odiasse admitir ela era uma ótima pessoa e os dois pareciam felizes juntos.
_Que tal um lanche ali?_ aponto para uma carrocinha de cachorro quente no calçadão da praia
_Tudo bem_ ele sorri _ mas da próxima eu escolho o lugar.
Próxima? Eu não acreditava que haveria uma próxima vez, eu não poderia lidar com aquela amizade da mesma forma que antes.