**P.V. Príncipe Lien**
Em poucos minutos, fomos cercados por vários soldados. Mário levou o prisioneiro para interrogatório, e os outros recolheram os corpos dos que morreram. A nossa tarde de diversão foi por água abaixo. Alguns soldados levaram Sofia e Elisa para o palácio, onde ficariam seguras, enquanto Solomon e Rolf examinavam a área. Ao longe, vejo Kiara se aproximando, e vou na sua direção, grato por, sabe-se lá o que, ela ter se mantido longe do perigo de hoje.
— Oi, o que houve aqui? — pergunta.
— Uma emboscada, tentaram me matar. — posso ver a preocupação no seu rosto.
— Você está bem? — pergunta, descendo do cavalo e começando a examinar-me.
— Não se preocupe, estou bem. — digo, abraçando-a, então vejo-a soltar um pequeno silvo de dor. — O que foi? Você se machucou?
— Eu estou bem. Agora à tarde, uma das aldeãs entrou em trabalho de parto, então fui ajudar. Quando terminei, vim correndo para encontrar vocês, mas não vi um galho no caminho e ele acabou batendo no meu ombro. — levo um susto com o que ela disse, agarro o ombro do seu vestido e tento ver o seu machucado, mas ela não deixa.
— O que está fazendo?
— Quero ver o seu machucado.
— Não precisa, já fiz um curativo no caminho.
— Deixe-me ver se está muito machucado.
— Não, e não vai pegar bem você fazer isso na frente dos soldados. — diz ela, segurando o lugar que machucou. Quando olho em volta, várias pessoas estão nos observando.
— Desculpe, só fiquei preocupado.
— Está tudo bem, só preciso ficar com o braço quieto por um tempo. — diz ela, pegando a minha mão. Apesar de tudo, continuo feliz por ela não estar aqui na hora do ataque.
— Alteza, já verificamos tudo, podemos ir. — diz Rolf, se aproximando.
— Tudo bem, vamos voltar ao castelo. Acredito que o rei já deve ter sido informado do ataque.
— Acredito que sim, alteza.
— Vamos voltar. — alguns guardas seguiram na nossa frente, enquanto os outros estavam ao nosso lado e atrás, formando uma barreira em volta de mim e Kiara.
Quando chegamos ao castelo, os outros já nos esperavam na sala.
— Príncipe Lien, você está bem? — pergunta o rei, vindo na minha direção.
— Sim, majestade, não sofri nenhum dano.
— Fico feliz em ouvir isso. E você, minha filha, nem imagina o alívio por saber que não estava lá na hora.
— Eu estava ajudando com um parto, papai. — diz Kiara, sorrindo.
— Isso é bom, mas precisamos investigar. O povo daqui sempre foi pacífico, isso não deve ser obra de alguém daqui.
— Também acredito nisso, majestade. Na nossa viagem, pude observar o quanto o povo é tranquilo e hospitaleiro.
— Vamos redobrar a segurança, ninguém aqui sai mais sozinho. — diz o rei, olhando para todos na sala.
— Isso não se aplica a mim e à Elisa, não é, majestade? — pergunta Sofia.
— Infelizmente, querida, vocês estavam no local. Quem planejou isso pode querer usá-las para chegar ao príncipe, então não posso permitir que andem desprotegidas.
— Também concordo, majestade. — digo ao rei.
— A partir de hoje, vocês não saem mais sozinhas. Quero guardas 24 horas acompanhando vocês, e também quero vigias na porta dos quartos. Quero que inspecionem os quartos de todos vocês antes de entrarem.
— Farei isso, majestade. — diz Solomon. — Já separei alguns dos melhores para o serviço.
— Excelente! Kiara, não quero que você saia do castelo, e se precisar sair, que seja com uma escolta numerosa. Me ouviu?
— Desta vez, não vou discutir, papai.
— Ótimo. Elisa, você também ficará no castelo, e as outras atividades estão suspensas.
— Como ordenar, majestade. — diz, fazendo uma reverência.
— E você, Sofia, vou mandar preparar um quarto aqui para você. Não vou deixar que retorne para a sua cabana. Mesmo com escolta, lá é muito perto da floresta, fácil de fazer uma emboscada. Mas você poderá continuar a trabalhar normalmente, por ora o campo de treino é seguro. No entanto, você também terá uma escolta.
— Como desejar, majestade.
— Quero todos aqui no castelo às cinco da tarde, e evitem sair sozinhos.
Todos concordam com o rei. Era melhor ter precaução, ninguém sabia quando o inimigo atacaria novamente.
— Meninas, vão tomar um chá na cozinha. Preciso ter uma conversa em particular com os outros. — diz o rei, sinalizando para que o acompanhemos até a biblioteca. Entramos e fechamos a porta.
— Então, príncipe Lien, o que eu ainda não sei?
— Eu fui salvo por um dos seus soldados, majestade. — o rei me olha confuso.
— Quem?
— Não sei, vi-o poucas vezes e não sei o seu nome.
— Você o conhece, general? — pergunta o rei, voltando-se para Rock, que ainda estava em silêncio.
— Sim, majestade, ele mora numa cabana na floresta, mas dadas as circunstâncias, acredito que não vai encontrá-lo lá. — todos parecem confusos.
— Mas por quê?
— Ele não faz parte do nosso exército. Apesar de ser habilidoso, prefere ficar distante, mas sempre ajuda quando precisamos.
— Você já verificou o histórico dele? — pergunta Rolf.
— Sim, ele está limpo, é do nosso reino mesmo. Tem poucos contatos com outras pessoas, apenas eu consigo conversar com ele.
— Isso é estranho. — diz Solomon.
— Sei que parece, mas para mim, que já convivo com ele há vários anos, já me acostumei. Ele é confiável, não se preocupem.
— Gostaria de agradecer a ele pela ajuda. — digo ao general.
— Isso não vai ser possível, alteza. Eu conheço-o bem, a essa hora ele já deve estar longe. Seria perda de tempo procurá-lo.
— Mas você garante que ele não é um risco? — pergunta o rei.
— Sim, majestade. Ele pode ser diferente, mas é de confiança.
— E o prisioneiro?
— Vamos interrogá-lo amanhã, majestade. — diz Rock.
— Muito bem, façam de tudo para que ele fale quem ordenou o ataque. — diz o rei, sentando-se. — Quero que Solomon pessoalmente vigie Kiara.
— Não será um problema. Hoje mesmo ficarei de guarda. Os novos guardas já foram designados também, por ora não precisamos nos preocupar.
— São confiáveis? — pergunta o rei.
— Eu mesmo os escolhi, majestade. — responde Rock.
— E os guardas para o príncipe, quem escolheu?
— Eu escolhi, majestade. — diz Rolf. — O general Rock auxiliou-me e, com base nos treinos que tivemos, separamos bons guardas.
— Excelente! Não quero falhas na nossa segurança.
— Não haverá, majestade. — responde Rock.
O clima estava tenso, mas precisávamos focar no nosso objetivo, que era encontrar quem orquestrou o ataque.