P.V. Princesa Kiara
Eu me concentrei no homem incrível à minha frente: seu cheiro, seu toque, a maciez dos seus cabelos entre os meus dedos. Tudo nele me fascinava. Adorava o esforço que fazia para ficar na minha altura e amava o aconchego dos seus braços. Sentiria falta disso. Com relutância, afastei-me dele.
— Vou sentir sua falta.
— Não tanto quanto eu — respondeu ele, sorrindo.
Vi o seu rosto se aproximar do meu lentamente, os seus olhos me fitando com intensidade, desviando apenas para meus lábios, que, já trêmulos, aguardavam o contato. Os seus lábios tocaram os meus delicadamente, apenas roçando. Uma da suas mãos envolveu a minha cintura, puxando-me para mais perto do seu corpo, enquanto a outra segurava a minha nuca num aperto suave. Ele continuou distribuindo pequenos beijos nos meus lábios, e o meu coração se encheu de ternura com aquele gesto.
Envolvi o seu pescoço com os braços e o puxei para mim. Apertei-me contra ele, pressionando os meus lábios nos seus com mais força. Ele hesitou por um segundo, mas, em seguida, os seus lábios se tornaram mais exigentes nos meus. Ele mordeu e chupou os meus lábios antes que a sua língua pedisse passagem para explorar a minha boca.
O seu beijo era quente e possessivo, refletindo todo o sentimento reprimido dos últimos dias. A minha língua duelava com a sua, e, quando mordi o seu lábio, ele inclinou-se, permitindo que a sua língua alcançasse lugares ainda não explorados na minha boca.
Puxei levemente os seus cabelos e fui recompensada com um gemido rouco que escapou da sua garganta. Nos separamos lentamente, embora relutantes.
Ele segurou as minhas mãos e me puxou para a cama. Sentou-me e tirou as minhas botas, em seguida fez o mesmo com as suas. Deitou-se e me puxou para junto do seu peito, envolvendo a minha cintura.
— Hoje só quero aproveitar o calor dos seus braços — disse ele, acariciando as minhas costas.
— Para mim, este é o melhor lugar do mundo — respondi, aproximando-me e dando um beijo na sua testa.
Não sei a hora exata em que peguei no sono, mas já fazia alguns dias que não me sentia tão descansada. Quando acordei, Lien não estava no quarto. Arrumei-me rapidamente e desci para me despedir dele. Todos já estavam em frente ao castelo. Ele contava com uma escolta de dez homens, além dos seus próprios soldados. Caminhei rapidamente até ele.
— Bem na hora — disse o meu pai. — Achei que não viria se despedir.
— Perdi a hora. Podia ter me acordado — respondi, séria.
— Bem que queríamos, querida — disse a minha mãe, sorrindo. — Mas o príncipe não permitiu. Ele estava apenas esperando por você.
— Bem, vamos lhes dar privacidade — disse o meu pai, pegando a mão da minha mãe. — Mande uma mensagem assim que retornar ao seu reino.
— Farei isso, majestade — respondeu Lien, fazendo uma reverência. — Obrigado por sua hospitalidade.
— Estaremos aguardando o seu retorno.
— Eu voltarei, majestade — disse Lien.
Meu pai assentiu e se afastou, deixando-nos a sós.
— Dormiu bem? — perguntou ele, aproximando-se.
— Maravilhosamente — respondi, sorrindo. — E você?
— A melhor noite da minha vida — disse ele, sorrindo.
Envolvi-o em um abraço apertado.
— Tome cuidado. E volte inteiro.
— Pode deixar. Não precisa se preocupar — respondeu ele, afastando-se. — Quando eu voltar, resolveremos o nosso assunto inacabado — disse, aproximando-se e beijando a minha testa.
— Não se preocupe, Kiara! Ele não está indo para a guerra! — gritou Solomon.
— Seu chato! — retruquei, emburrada. — Se cuida também.
— Tenho uma linda dama me esperando. Pretendo voltar inteiro — respondeu ele, brincalhão.
— Mário, Rolf, vocês também. Se cuidem e voltem bem — disse, sorrindo para eles.
— Não se preocupe, alteza. Ficaremos bem — respondeu Mário.
Vi-os se afastarem lentamente pelo portão do castelo. Continuei observando até desaparecerem de vista. Então entrei.
Encontrei meus pais conversando na sala.
— Não fique desanimada, querida. Ele vai ficar bem — disse a minha mãe. Caminhei até ela e sentei-me ao seu lado.
— Eu sei. Acho que só preciso ocupar a cabeça.
— O que tem em mente? — perguntou o meu pai.
— Estava pensando em fazer uma visitinha ao Dylan.
Vi o espanto no rosto deles.
— Querida, não acho que seja uma boa ideia. Você já está praticamente comprometida e, além disso, tem a questão da ameaça recente — disse o meu pai, sério.
— Também concordo. Por que não espera o príncipe Lien voltar primeiro? Vocês podem ir juntos — sugeriu a minha mãe.
— Faz tempo que Dylan me mandou uma mensagem me convidando. Acho que seria bom eu ir. Posso ir disfarçada. Acho que será mais seguro do que ficar aqui. — Tentei fazê-los ver a lógica.
— Não sei... É muito arriscado — respondeu o meu pai.
— Eu vou com Elisa. O reino do rei Alexandre é perto. Ninguém vai nos reconhecer. E só vocês dois saberão que deixei o castelo — argumentei, olhando para eles.
— Por favor — implorei, juntando as mãos. — Só desta vez.
Vi o meu pai me olhar com ternura.
— Tudo bem — disse ele. Pulei do banco e o abracei apertado.
— Mas você vai ficar lá até o príncipe Lien retornar — disse a minha mãe. — Assim será mais seguro você voltar.
— E se ele demorar para voltar? — perguntei, vendo o meu pai sorrir.
— Não vai demorar. Ele nem queria ficar longe de você. Dou um mês no máximo.
Fiquei chocada com a perspicácia dele. O meu pai pegou um pequeno sino da mesinha e tocou levemente. Vitor apareceu na sala.
— Em que posso servir, sua majestade?
— Chame Elisa, por favor.
— Imediatamente, majestade — respondeu ele, fazendo uma reverência antes de sair. Alguns minutos depois, ele retornou com Elisa ao seu lado.
— Deseja algo mais, majestade?
— Não, obrigada — respondeu o meu pai.
— Me chamou, majestade?
— Sim, Elisa. O que vou falar é confidencial. Apenas as pessoas nesta sala sabem, e você não tem autorização para comentar com ninguém. Nem com o seu irmão. — Meu pai a olhava sério.
— Será como desejar, majestade — respondeu ela, fazendo uma reverência.
— Você vai viajar com Kiara. Vocês irão disfarçadas, e ninguém pode saber que a princesa deixou o castelo.
— Sim, majestade.
— Pai, posso levar a Sofia também?
— Kiara! Já será perigoso vocês duas irem. Não sei se é sensato.
Aproximei-me e segurei as suas mãos.
— Deixa, papai. Você sabe o escândalo que ela vai fazer quando descobrir que não a levamos.
Meu pai pareceu ponderar.
— Tudo bem — disse ele, suspirando. — Mas vocês partem depois do almoço. Arrumem poucas coisas. Vou mandar um batedor verificar a estrada.
— Tudo bem — respondi, já puxando Elisa pela mão. — Vamos arrumar as coisas.