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Endless Tomorrow - The walking dead

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Blurb

Em um mundo devastado, Mira Mason navega entre memórias e incertezas. Presa entre a dor do passado e a luta pela sobrevivência, ela descobre que, mesmo nas sombras, a esperança pode florescer e a força do amor pode ser a chave para um novo amanhecer.

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Ecos da ausência
Não havia barulho de pássaros. Nem mesmo sons de grilos ou outros animais. Estava realmente sozinha. O vento fazia os galhos das árvores balançarem e rasparem em outros galhos, era o único som que eu podia ouvir, além das folhas e galhos secos sendo amassados pela minha bota. Eu queria assobiar, mas nesse mundo? Bem, não era uma boa ideia. Suspirei pensando em parar em algum lugar por algum tempo. A verdade era que eu só estava andando em círculos, há muito tempo tinha perdido o rastro deles. Eu só andava com a esperança de um dia encontrá-los, e não desistiria enquanto não acontecesse. Sete anos. Esse foi o tempo que passei longe da minha família, um período que, a princípio, parecia uma escolha, mas logo se tornou uma prisão autoimposta. Quando decidi seguir o meu sonho, a raiva, a frustração e a mágoa eram as emoções que dominavam meu coração. Eu me sentia traída pela vida, por Lori e pelo mundo que nos separava. Mas mais tarde, foi o orgulho que começou a se instalar, criando uma barreira invisível entre nós. No começo, minha irmã tentava entrar em contato. Suas chamadas eram frequentes, e a cada ligação, meu coração batia mais forte toda vez que eu via meu sobrinho. Ele costumava dizer que eu era sua melhor amiga, sua tia mais incrível. Um sorriso desabrochou no meu rosto cansado quando a memória me passou pela cabeça. Lembro das vezes em que ele falava animadamente, sua voz infantil cheia de esperança. Mas conforme os anos passaram, as chamadas se tornaram mais curtas e os tópicos de conversa, mais escassos. Logo, Lori decidiu que o melhor seria dar um tempo. Ela me explicou que Carl estava sofrendo com a distância. Cada conversa era um lembrete do que ele havia perdido, e não queria vê-lo doente toda vez que a ligação terminasse. Essa decisão pesou em mim. No início foi como prender o ar debaixo da água por muito tempo. Devastador e desesperador. Entretanto, no fim, aceitei porque, assim como Lori, eu queria o melhor para a pessoinha que eu mais amava no mundo. No entanto, a dor da ausência se tornou insuportável. Meu treinador queria me esganar já que tudo estava sendo refletido na minha performance. Eu estava pronta para desistir de tudo e voltar para casa. Mas ele não me deixou, o homem que foi uma das minhas maiores inspirações me fez perceber que eu deveria lutar com unhas e dentes pelos meus sonhos. Eu amava meu sobrinho, minha irmã, e até tinha muito carinho pelo meu cunhado, mas aquela era a vida da Lori e eu precisava construir a minha. Me construí mais forte e continuei, mas a saudade estava ali espiando atrás da porta o tempo todo. Uma saudade que se aprofundou ao longo dos anos. Enquanto me dedicava aos treinos e me tornava uma atleta olímpica, ocupada com a rotina extenuante, a distância se transformou em um muro. Cada dia, cada medalha conquistada, trazia uma sensação agridoce; eu estava no auge da minha carreira, mas longe do meu verdadeiro lar. A pressão do esporte era intensa, mas nada se comparava ao peso da culpa por não ter voltado. As memórias da última vez que vi Carl, com apenas cinco anos, me assombravam. Ele era tão pequeno, tão inocente. A imagem de seu rosto ao ouvir minha voz ainda ecoava na minha mente. O tempo seguiu seu curso, levando consigo todas as promessas não cumpridas e o carinho que uma vez nos uniu. Agora, enquanto caminhava pela floresta, a esperança de reencontrar minha irmã e meu sobrinho era a única coisa que me mantinha em movimento. A cada passo, sentia uma mistura de expectativa e medo. Será que eles ainda estariam lá? Será que eu ainda era parte da vida deles? O passado poderia ser enterrado, mas o desejo de reconexão queimava dentro de mim. Eu sempre soube que a busca por Lori seria minha constante, uma obsessão que se enraizou em meu coração desde o dia em que tudo mudou. O mundo ao meu redor desmoronou, mas minha determinação em encontrá-la nunca vacilou. A solidão é um peso difícil de carregar, mas meu espírito nunca se deixou abater. Eu me lembrava do que éramos antes, duas meninas criadas pela nossa avó, unidas por risadas e segredos. Após a morte da minha vózinha Margarida, Lori se tornou meu farol, mesmo que a luz entre nós tenha se apagado lentamente com as brigas e desentendimentos. Ela também sofreu a perda da mulher que era como nossa mãe, mas ela vestiu sua máscara de irmã mais velha e segurou na minha mão infantil com toda a determinação e coragem que só uma mãe teria. Eu amava a minha irmã com tudo de mim, e mesmo enquanto ela gritava que havia sido um erro ter aceitado a minha guarda no último dia em que nos vimos, atrás de toda a minha raiva e mágoa, eu ainda era apenas uma garotinha querendo desesperadamente a aprovação da pessoa que eu mais amava naquele momento. O sol se punha no horizonte, tingindo o céu de tons laranja e roxo, enquanto eu caminhava por uma floresta que ficava cada vez mais parecida com os cenários de filmes de terror que eu tanto amava em uma outra vida. As sombras dançavam entre as árvores, e a atmosfera ficava cada vez mais carregada de um silêncio pesado. Mesmo cercada por essa beleza assustadora, sentia a ausência de Lori como uma ferida aberta. As lembranças de nosso último encontro, com seu olhar desaprovador e palavras cortantes, me assombravam. Ela nunca acreditou que eu poderia ser uma atleta, que poderia ser algo maior. Sempre pensei que o arco e a flecha seriam meu caminho, mas Lori via isso como um desvio. A morena odiava mortalmente aquilo que me fazia respirar. Sempre foi assim, desde que brinquei pela primeira vez com um arco no parque de diversões aos 7 anos. A primeira vez que toquei o arco foi um momento de pura conexão. O arco era como um instrumento vivo, apenas aguardando meu comando. A concentração tomou conta do meu corpo, fiquei dormente, e podia jurar que escutava as batidas do meu coração se tornando cada vez mais lentas, assim como minha respiração que soprava para longe os poucos fios de cabelo n***o para longe do meu rosto. Quando fechei os olhos por um momento, o mundo desapareceu ao meu redor, era apenas eu, o arco, a fecha e meu alvo. Aqui foi mais do que uma simples flechada; foi um ato de controle, de poder, uma forma de reivindicar meu lugar em um mundo cheio demais. A adrenalina, o frio na barriga e a sensação de liberdade plena quando a flecha finalmente cortava o ar. Nunca errei um alvo na minha vida, mesmo quando estava no meu pior enquanto sentia saudade da minha família, as pessoas passaram a me chamar de gênio prodígio. E eu estava viciada em todas aquelas sensações e emoções. Mas minha irmã mais velha não entendia isso, eu deveria me tornar alguém na vida, era o que ela dizia. Hoje entendo suas preocupações, mas nunca conseguirei entender o seu ódio. Às vezes, eu me perguntava se ela sentia minha falta. Se, onde quer que estivesse, lembrava-se de mim e das promessas que fizemos uma à outra. Será que ela também procurava por mim como eu fazia por ela? Ou apenas decidiu que eu já estava morta? Não a culparia por isso, não quando ela tem nosso pequeno Carl para manter seguro. Enquanto seguia meu caminho, as memórias de nossos momentos juntas surgiam em minha mente, como uma música suave que tocava em segundo plano. Eu era uma sobrevivente, e não apenas fisicamente. Aprendi a lutar, não apenas contra os mortos-vivos, mas contra a rejeição e o desprezo que vieram de quem eu mais amava. Meus treinos, meu tempo no clube de arco e flecha, tudo isso foi construindo a Mira que sou hoje. E pode ter sido muito difícil na época, mas agora eu agradecia, porque a Mira forjada durante aquele tempo é a Mira que hoje não desiste de buscar pela sua família de forma alguma. E então, em meio a tudo isso, vinha o medo. O medo de que Lori não estivesse viva. A ideia me consumia em momentos de solidão, mesmo quando eu tentava afastá-la. Por um lado, havia uma chama de esperança dentro de mim, alimentada pela crença de que Rick, meu cunhado, a manteria segura. Ele sempre foi forte, protetor, e eu me agarrava à ideia de que ele cuidava dela da melhor maneira possível. Mas a dúvida estava sempre lá, como uma sombra. E se algo tivesse acontecido? E se eu estivesse lutando por alguém que já não existia mais? Um grito cortou o ar ao longe e logo pude ver uma figura magra e maltrapilha correndo em meio a mata na minha frente enquanto era perseguida por três mortos. Parecia ser um garoto cabeludo que estava bem na merda, graças ao marcar que o atrasava demais. A distância não era muito longa, mas ele continuava correndo em círculos, era perigoso acabar entrando na minha mira. — i****a. Corri em sua direção, ajeitando o arco nas minhas costas e retirando a faca de caça do meu cinto. Seria mais fácil assim. O primeiro que eu peguei foi o morto que estava se desmontando enquanto corria. Lerdo demais, não conseguiu nem se virar até que minha faca estivesse cravada na cabeça podre. Segui para o segundo sem dificuldades, já que o garoto havia caído e chorava copiamente, capturando a atenção para sua e me dando uma grande janela de oportunidades seguras. Assim que o terceiro morro finalmente caiu, definitivamente morto mesmo, limpei minha faca e suspirei longamente. Tudo isso lançando uma careta para o magrelinho enquanto o assistia limpar o catarro de seu rosto com a camisa suja e sussurrar várias vezes que estava vivo. Tinha certeza que a careta no meu rosto não dava para disfarçar de forma alguma, e mesmo assim, o menino que pegou o óculos do Harry Potter, me olhou com estrelas nos olhos e soluços saltando do seu peito. — Você... você me salvou!” Ele gaguejou, sua voz tremendo, e um sorriso brotando em seu rosto. — Sim, e você deveria prestar mais atenção onde anda, garoto. O pé já foi pro saco uma vez pelo jeito, não aprendeu nada? Um tropeção desse pode custar a sua vida. Como quase aconteceu. Achei que a minha resposta o deixaria ainda mais abalado, mas o, aparentemente, adolescente, continuou me olhando cheio de sorrisos. — Meu nome é Patrick e você é incrível! A admiração nos olhos dele era quase cômica. Enquanto eu tentava esconder o sorriso divertido em meu rosto, a leveza daquela interação me fez sentir um pouco mais calma. Não era algo que eu esperava, mas talvez esse encontro não fosse tão r**m. — Olha, não se empolgue, tá? Eu só fiz o que qualquer um faria. — Não era verdade, e já tive muitas provas disso, mas queria manter a leveza que o momento se tornou depois que acabei com os três mortos. A expressão de Patrick ainda era tola demais, eu acabaria rindo na cara dele. Suspirei para disfarçar enquanto me afastava. Mas logo escutei uma movimentação e não demorou para o menino aparecer mancando ao meu lado. Nem ao menos etnia percebido que meus passos também eram mais lentos do que o costume. — Você é incrível. Dessa vez eu não aguentei e acabei rindo. Cocei minha garganta para cortar de volta para a minha expressão séria. — Cala boca, garoto. E nem pense em ficar me seguindo. — Mas eu estou sozinho faz muito tempo. — Seu tom melancólico fez meu coração apertar. Olhei em sua direção pelo canto do olho e pude estudá-lo melhor. O garoto cabeludo não aprecia ser muito velho, talvez tivesse a idade do meu sobrinho ou pouco mais. E se fosse o Carl? Se fosse o meu sobrinho todo esse tempo sozinho? Correndo pela mata com o pé machucado enquanto fugia dos mortos? Uma bola de ar se prendeu na minha garganta e meus olhos se encheram de água. Bufei a dor para longe e suspirei longamente. — Tudo bem, mas você precisa de cuidados e a mata não é o melhor lugar. — Parei no lugar para observar os arredores. — Não acho que a estrada está muito longe. Vamos sair para procurar alguma cabana na beira da estrada e parar por um tempo, tenho um kit de primeiros socorros na mochila, acho que vai dar. Quando finalmente voltei a encará-lo o garoto parecia mais encantado ainda. Revirei meus olhos e lhe dei as costas. — Espera! Você não me disse seu nome ainda. Seus passos se apressaram atrás de mim. — E quem disse que eu vou falar? A busca por Lori continuava, mas talvez, só talvez, eu pudesse me permitir não ficar sozinha por mais tempo.

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