Laura Miller
Assim que saímos do escritório, Enrico me leva para conhecer a mansão, minha intenção era poder limpar a bagunça que provavelmente Vittorio deve ter deixado para trás.
— Não precisa, as empregadas vão cuidar disso! — Ele exclama e me leva para o andar de cima.
A mansão tinha uma configuração estranha, as escadas levavam para dois corredores distintos, no topo da escada espero por Enrico para me guiar pelo caminho certo.
— A esquerda são o meu quarto e o de Steffano, ao lado direito está o de Vittorio, o seu é o quarto ao lado do dele. — Diz e olho na direção onde devo seguir.
Meus sentidos estão todos em alerta, já que imagino que eles sejam os rivais da família Giorgio, uma máfia antiga. Pelo que pesquisei antes de vir até aqui, sei que eles estão lutando pelo poder de comandar o crime em Verona e adjacências.
Sei que uma das duas famílias estão envolvidos com a morte de Angelina, preciso descobrir qual delas foi a responsável por aperta o gatilho e retirar a vida de minha irmã.
— Como vê a casa é bem segura, caso aconteça algo, sua função é apenas proteger Vittorio e fazer de tudo para deixá-lo no quarto do pânico. — Ele diz ao me mostrar o compartimento entre os dois quartos.
Olhava tudo com muito cuidado, mas tentando me mostrar indiferente ao que ele falava, já que a tecnologia que estavam usando é bastante antiga. Em minha última missão usei um equipamento de vigilância bem melhor que esse que eles têm aqui.
Acho que o ignorar não o deixou muito feliz, algo dentro de mim, me alegra em saber que o deixei irritadinho. Talvez seja o meu objetivo enquanto estiver aqui: irritar o irmão de Steffano Romano.
Fico um pouco mais relaxada quando Vittorio retornar e o vejo com um semblante tranquilo, sinal que seu pai não o maltratou. O vejo sair e ir se arrumar para a escola. Olho para o troglodita a minha frente e espero que ele saia do meu quarto para poder trocar de roupa.
— Não me verá nua! — Digo segura.
O vejo gargalhar na minha frente, acho que foi tão natural a minha resposta que ele não esperava o que diria.
— Ótimo, nunca fui rejeitado dessa forma. — Ele diz limpando uma lágrima que escorria. — Ali no armário deve ter alguma roupa que sirva em você.
Olho na direção que ele me aponta e o vejo sair do quarto fechando a porta atrás de si. Respiro um pouco mais tranquila quando me sinto segura, entro no closet e escolho uma das roupas que pareciam servir em meu corpo.
Uma calça um pouco mais colada no corpo, uma camisa branca de botões comprida o suficiente para cobrir minha b***a e um pequeno avental para ser amarrado em minha cintura. Olho no espelho e não gosto muito ficou.
Meu corpo é torneado devido à quantidade de atividade física que faço, meu quadril e b***a são bem torneados assim como minhas coxas são grossas deixando o meu corpo proporcional e bastante chamativo. Apenas os meus s***s que são pequenos, mas não é nada que me incomoda.
Já pronta deixo a minha bolsa no closet e saio para me encontrar com Vittorio que já deve estar arrumado. Fico surpresa quando entro em seu quarto e o vejo arrumado organizando a sua mochila, ele me lança um sorriso e me aproximo para ver ajudar o pequeno a minha frente.
Com tudo pronto, saímos para o andar inferior e sou surpreendida por Steffano e Enrico conversando sobre as cargas de uvas que estão atrasadas. Eles param de conversar quando notam a minha presença.
Havia feito um coque no alto da cabeça, o que deixava o meu rosto ainda mais visível. Os olhar dos dois para mim me deixou incomodada, baixo a cabeça envergonhada por chamar atenção desnecessária.
— Estão prontos? — O pai de Vittorio diz.
Vejo a minha criança confirmar para o pai, dou um sorriso leve e aceno com a cabeça, olho na direção a porta, talvez um dos seguranças deve nos levar.
— Vamos filho, se despeça de seu tio. — Steffano diz e começa a sair da cozinha pela porta lateral.
Olho de um para o outro sem entender os motivos para ir com o pai de Vittorio, mas como não quero levantar suspeitas, apenas sigo a criança que ia saltitante a minha frente. Ao chegar na garagem fico surpresa com a quantidade absurda de carros havia ali, podia praticamente montar uma concessionária.
Vittorio para ao lado da porta e o vejo tentar abrir e sem muito sucesso o seu pai o ajuda a abrir a porta.
— Senhorita! — Sorrio para o meu pequeno galante.
Entro no carro e escorrego para que Vittorio passa sentar ao meu lado. Não deixo de observar que alguns seguranças começam a entrar em carros que estava na entrada da garagem. Desfaço minha curiosidade na desculpa de arrumar o cabelo do Vittorio que estava um tanto bagunçado e vejo quando Steffano dá algumas ordens.
— Sua escola é longe? — Pergunto curiosa.
— Não é próximo à empresa dos vinhos, acho que papai vai te levar até lá. — Ele diz e logo Steffano entra no carro e sorri para o filho que estava ao meu lado.
— O deixaremos na escola e vamos até a empresa para firmar o seu contrato de trabalho. — Diz olhando diretamente para mim.
Afirmo com a cabeça e vamos em direção à escola de Vittorio, me despeço e recebo um beijo do pequeno.
— Até mais tarde Laura, te vejo em casa, papai, te amo. — Diz tudo em uma única frase.
Acredito que ele esteja entusiasmado demais e nem deve ter percebido o quanto falou de mais. Ele se aproxima de mim, beija a minha bochecha e me abraça, travo com a demonstração de afeto de Vittorio.
Faz tanto tempo que não abraço ou sou beijada que estranho o que ele acabou de fazer, franzo as sobrancelhas e me despeço.
— Não precisa sair, todos sabem que não devem mexer com Vittorio, ele estará seguro na escola. — Steffano diz e observo os seguranças caminharem ao lado do Vittorio.
Vejo menino se distanciando e vários carros diminuindo a velocidade perto do nosso carro chama a minha direção. Steffano pode ser inteligente referente aos seus negócios, mas acho que ele não tem a mesma percepção que tenho referente a nossa segurança.
Não é porque entrarei nessa investigação que facilitarei ser morta pelos rivais de Steffano Romano. Olho para o carro que praticamente emparelha ao nosso lado, observo que Steffano ainda estava com os seus olhos sobre os meus.
— Que tal nos levar para onde temos que ir? — Digo antes que o carro faça a sua parada total.
Finalmente o carro é colocado em movimento, noto que o carro ao nosso lado não para e continua seguindo em direção oposta a nossa.
1x0
Seja quem for que está querendo a morte de Steffano Romano, encontrou alguém que o manterá vivo até que consiga as informações que preciso.
Verona é uma cidade pequena, mesmo assim não perde o seu charme, alguns pontos da cidade é um pouco mais atualizado, o prédio da empresa de Steffano é moderno e sofisticado, um prédio com a sua fachada toda espelhada e um logo enorme do V e S entrelaçados.
— Herdei a vinícola do meu pai, com os anos a transformei no que ela é hoje, fazemos exportações em grande escala para muitos países. — Diz me olhando pelo espelho.
Dou atenção a ela assim que o carro para em frente a entrada com um pequeno canteiro de mini-roseiras. Sorrio ao recordar de como a Angelina era apaixonada por essas plantas pequenas, mas nunca conseguia cultivar por passarmos pouco tempo em algum lugar.
— Vejo que fez um bom trabalho. — Digo entrando no prédio.
Assim que entramos no prédio, todos os homens olham em minha direção, me sinto incomodada com a atenção que estou recebendo, acho que meu chefe entende o meu comportamento e olha ao redor, o que faz todos seguirem o seu caminho.
Entramos no elevador e sinto os olhos dele em cima de mim, tento ignorar, mas é impossível ser indiferente, quando ia olhar em seu rosto sou salva pelo elevador que chega ao seu destino.
— Hum… — Ouço a sua reclamação atrás de mim.
Dou alguns passos para o lado, deixo que ele vá à frente para instruir o lugar onde devo seguir.
— Vamos lá senhorita, está na hora de falarmos sobre seus pagamentos e atribuições dentro de minhas casas. — Diz com uma voz pesada próxima demais do meu ouvido, o que me causou um arrepio.
Sei que ele estava tentando me seduzir naquele momento, mas se ele acha que irei para a cama com ele está muito enganado. Não misturo trabalho com prazer.
Steffano parece estar sorrindo, o vejo passar por mim e o sigo caminhando tranquilamente. Entramos onde deve ser o seu escritório e logo depois que ele se senta em seu lugar uma mulher loira com seu cabelo em coque entra e lhe entrega um envelope.
— Sente-se senhorita, Miller, tenho aqui o seu contrato de trabalho. — Ele diz e empurra o envelope em minha direção.
Me aproximo de sua mesa, com os olhos dele atento aos meus movimentos, a sua mão indica que sente na cadeira a sua frente. Finjo uma tranquilidade inexistente, pego o envelope e sento na cadeira. Retiro os papeis e começo a ler.
É um contrato simples, me dando vários benefícios, existe uma cláusula de confidencialidade e pede que more com o menino. Sobre o meu dia de folga precisa se sempre anunciado com antecedência para ser feito arranjos para que Vittorio não fique sem companhia.
— Então minhas folgas serão escalonadas? — Pergunto.
— Perceberá que nem precisará de folgas, Vittorio quase nunca está em casa, então durante o dia pode fazer o que precisar. — Confirmo com a cabeça e continuo lendo.
Não havia mais nada para questionar, então apenas pego a caneta que ele havia empurrado na minha direção e assino nos lugares marcados. Com tudo acertado, Steffano exibe um cartão preto na minha frente e fico confusa com o que ele estava me oferecendo.
— Use para o que precisar, pedi para a minha secretária fazer o adiantamento para poder comprar roupas. — Me aproximo e pego o cartão de sua mão.
— Obrigada! — Digo
Pelo seu olhar via que ele estava cheio de perguntas, deve ter feito alguma pesquisa e não encontrou o que está deixando ele bastante curioso sobre mim.
— Por que Verona?
Steffano pergunta se erguendo da sua cadeira e vindo em minha direção, com o olhar de um predador, o mesmo que se acha irresistível e com confiança suficiente para não acreditar que levará um não.
— E, por que não? — Respondo com outra pergunta.