Ilir Alban
A porrä desses dias parecem estar presos de tanta lentidão. Nunca me senti tão preso como agora e a sensação é que esse casamento nunca vai ocorrer. É real, mas parece distante. Parece que faz semanas ou meses que não vejo Ayda. Não sei como ela está e a única coisa que tenho aqui que veio dela, são as caixas referente ao enxoval de presente.
O meu humor não tem sido dos melhores e não sei como amenizar.
Para completar a tensão, o meu pai está me enlouquecendo e sinto que ele está escondendo alguma coisa. A única coisa que Selim me contou é que, alguns dos nossos anciões e outros que são do lado Liman, estão decidindo tirar o meu pai do poder para haver um controle geral. Pelo histórico de rivalidade entre o meu pai e Alessio, muitos não confiam que eles possam estar a favor da paz como dizem.
Ou seja, eu posso ser nomeado o novo líder antes do que imaginei, mas não faço ideia de quando exatamente. Aposto que o meu pai não está nada satisfeito com isso já que ele venera a sua posição. Não há nada mais importante para ele nesse mundo. Ele sabe que me ensinou muita coisa, mas eu já vi que ele não confia em mim de forma completa.
Ou seja, ele não vai abrir mão assim tão fácil!
— Eles estão reunidos outra vez. — Selim, se aproxima. — Ele não lhe disse nada? Nem deu nada a entender?
— Não! Aposto que ele está os subornando para fazer como quiser e sinceramente, eu não me vejo no lugar dele ainda. — Esse é um fato. — E como sabe, isso não vem da tradição..., é só quando ele morrer.
— Eu vejo como muitos pontos de uma organização se parecem bem com uma monarquia. Você só assume quando o seu pai morrer e você só sai quando tiver um filho para ceder o lugar a ele quando também estiver morto. Os seus outros filhos terão possíveis chances caso algo aconteça com o seu primogênito e os anciões são como um conselho privado. — Eu o olho intrigado. — É a verdade, mas esquece isso. Olha só..., a reforma aqui está quase pronta e estão preparando uma festa grande para esse casamento.
— Só imagino como será todos nós num único salão! — Penso nisso porque será a primeira vez que isso irá acontecer. — Eu espero que eles não planejem nada.
— Também espero..., os convites de casamento já foram enviados e já é de conhecimento global. Se algo ocorrer, será o fim da máfia albanesa no mundo de forma definitiva. Perderemos os poucos recursos que temos e não conseguiremos aliança alguma.
Ele está certo!
Seremos vistos como traidores e homens sem palavra. Além disso, se algum líder de organização estrangeira comparecer ao casamento e ocorrer algo, o nosso país será visto como instável. Porrä, eu espero mesmo que o meu pai não faça nada de errado. Seria um m******e aqui e isso não pode ocorrer.
Converso mais um pouco com Selim, e ele me entrega uma lista de atos que ocorrerão na cerimônia de casamento. Vários pontos que reservaram é de tradição antiga. Isso não é feito há muitos anos e não faço ideia para quê querem isso. Pensando um pouco, acho que isso vem dos anciões. O meu pai mesmo nunca foi de gostar de tantos rituais de traição.
E nem eu!
— Chegou mais coisas de sua noiva e estão preparando um quarto novo para vocês... — Selim, chama a minha atenção. — Já a viu antes?
— Já! Eu quase a matei uma vez... — Ele me olha assustado. — Mas ela escapou e depois, só a vi de longe.
— Bom, espero que seja um bom casamento. — Ele comenta sobre um jantar que ocorrerá hoje e depois, se despede e se retira.
Apesar de ter uma confiança em Selim, eu decido guardar algumas coisas para mim.
Querendo sair dessa casa para pegar um ar, eu ando em passos largos em direção à saída e pego a minha moto. Com o capacete e luvas, eu saio da propriedade sem dar chances de ser seguido e ando sem rumo algum.
Eu praticamente dou a volta na cidade e paro apenas para abastecer e depois, continuo o meu caminho sem rumo. Que vontade de ver a Ayda! Porrä, é só ela que sabe como me deixar aliviado e é capaz de me fazer esquecer toda merdä que acontece. Apesar de toda a situação, eu não vejo a hora de tê-la oficialmente. Irei protegê-la! Eu sei do risco que ela correrá naquela casa, mas farei de tudo para que será por pouco tempo.
Assim que tiver uma oportunidade, iremos sair daquele lugar ou eles irão sair.
Ao voltar para casa hora depois, eu estaciono a moto e ando em direção ao meu quarto. Começo a me despir e vou para um banho frio como de costume. Fico um longo tempo debaixo do chuveiro, apreciando a água cair sobre a minha cabeça e fazendo um esforço para tirar essa tensão.
Ao finalizar, saio indo em direção ao meu quarto e tenho uma surpresa inesperada. E ousada bem na minha cama.
— Saia! — Ordeno não tendo paciência com isso. — Não sei como entrou, mas saia!
— Qual é, Ilir! Faz tanto tempo que não nos vemos e..., eu sinto saudade! — Ele engatinha na cama e começa a sair dela.
— Eu não perguntei o que sente, eu mandei sair! — Repito tentando ainda me controlar.
— Você está tenso e sei do que precisa... — Alair, chega mais perto e tenta me tocar. — Vamos matar a saudade, vai..., lembro bem de como você é insaciável! Que saudade desse corpo... — Agarro o seu pulso e vejo-a surpresa. — O que houve?
— Nunca mais entre no meu quarto! Eu não a chamei e nunca a chamaria..., vista a sua roupa e não apareça mais! — Digo rangendo os dentes. — Afinal, o que faz nessa casa?
— O que deu em você? — Ela se solta e dá um passo para trás. — Fui convidada para o jantar de hoje e pensei que poderíamos nos ver. O que mudou?
— Tudo! Eu não a chamei, então, vista-se e saia! — Vejo-a surpresa. — Eu tenho coisas mais importantes para fazer.
— Você é um idiotä! Vai se arrepender disso e quando vier atrás de mim..., vou fazê-lo engolir essas palavras. — Vejo-a pegar as suas roupas na base da raiva e depois, a vejo sair.
Estando sozinho, eu começo a me vestir e claro, a me preparar para esse jantar que sei que será comandado pelo meu pai. Já sei que estarão presentes todos os anciões, alguns membrös de famílias grandes da Albânia e apoiadores. Todos estão literalmente desesperados a fazerem de tudo para que a paz permaneça e assim, evitar qualquer possível conflito. Ninguém mais suportará algum desentendimento e eu, sou o primeiro da fila.
Não vejo a hora disso acabar e não vejo a hora de ter pelo menos o que mais quero. Está perto, é assim que preciso pensar.