CAP 8

1306 Words
Ayda Liman Juro que não acredito que estou fazendo isso. Este vestido pinica na pele, me deixa desconfortável e me marca de uma forma indescritível. A minha imagem no espelho não sou eu. Eu nunca, em hipótese alguma escolheria algo desse tipo e por isso, eu começo a retirar por completo. Já basta a maquiagem, os cabelos presos em grampos e esse cheiro de perfume adocicado. Estou enojada! Retiro o vestido por completo e pego um hobby para me cobrir e nisso, recebo olhares desaprovadores e até assustado das mulheres aqui presente. — Quero um vestido mais solto e que não me impeça de andar... — Comento irritada. — E claro..., que não faça a minha pele coçar como se tivesse formigas. — Já penso que estou vermelha por debaixo desse tecido. — Bom, temos essa opção aqui. — Vejo um branco todo em renda e chego mais perto para ver. Ele não tem marcação, tem mangas delicadas e o bustö bem coberto. Até agora, é a melhor opção que vi antes mesmo de usar e por isso, decido experimentar de uma vez. Ele é folgado até na hora de vestir. Quando o tecido desliza pelo meu corpo, noto como é bem à vontade. O tecido não fica colado como uma segunda pele, ele é solto e o puxo na cintura para ver bem. É melhor que todos que já vi! Com ele no corpo, uma delas traz o véu e o coloca sobre a minha cabeça. Ao me ver, sinto uma sensação estranha dentro de mim e não sei dizer bem se é boa ou rüim. É confuso! Eu vou mesmo me casar e é assim que vou até Ilir. Vai ser a primeira vez que ele me verá num vestido. — Não é bem a sua cara, mas... — Valdrin, entra sem avisar. — Esta bonita! Agora posso ver como a minha irmã é uma mulher feminina sem aquelas roupas diárias. — Não tem permissão para entrar aqui! — Fico chocada com a sua ousadia. — Eu não sou o noivo. — Ele responde vindo mesmo assim. — Saiam! — Em pressa, as mulheres praticamente correm para sair da sala e ficamos a sós. Todas tem medo dele e, principalmente do meu pai. Não as condeno por isso. — Está pronta para esse casamento? — Fui preparada para isso! — Junto as mãos em frente ao meu corpo e lhe encaro. — Não, você não foi. Você sabia que isso iria acontecer, mas você foi preparada para lutar. Não ser uma noiva e é por isso que está odiando isso tudo. — Ele me olha estranho. — Isso é batom? — Reviro os olhos pela sua surpresa. — O que quer, Valdrin? Vai me dizer que está preocupado comigo? — Tem algo nisso e sinto que não é bom. — Seria estranho? — Aceno sem me dar o trabalho de responder. — Olha só, temos as nossas desavenças, mas uma coisa concordamos..., nós odiamos os Alban’s! Eu nunca concordei com esse casamento. Misturar o nosso sangue não é sinal de força, é de fraqueza e nossa linhagem sempre estará ligada com eles. Fora que, nada garante que depois desse casamento tudo irá ficar realmente em paz e você..., pode nunca mais sair daquela casa. — Concordo em partes com o que ele diz. — Quer correr o risco? — O que você sugere? — Ele olha para os lados e chega mais perto. — O que está fazendo? — Eu posso tirá-la daqui e levá-la para um local seguro. — Abro os olhos incrédula com ele. A sua voz sai em sussurro para ninguém ouvir. — Nada irá cair sobre você ou sobre mim. Irá parecer que foi sequestrada e eles serão os culpados. — E a guerra vai continuar e dessa vez mais severa. Tem noção desse absurdo? — Não creio que ele pensou nisso. Eu chegaria a pensar que Marius, pensasse nesse aspecto, mas ele? Isso não faz sentido! — Quer mesmo ficar, se casar e pagar o preço? O que deu em você? — Ele se mostra furioso, mas não mostro favorecimento a seu plano. — Eu não vou cair nessa. — Dou meia volta e retiro os saltos e o véu. — Eu sempre soube da sua aproximação com nosso pai e eu não sou ingênua de pensar que quer mesmo me ajudar. — Ele mostra querer falar. — Basta! Eu não quero mais ouvir nada e essa conversa nunca existiu. — De costa a ele, saio de perto e entro na sala ao lado. Valdrin, só pode achar que eu sou uma idiotä. Como ele tem coragem e ousadia de vir a mim e sugerir tal coisa? Como se eu fosse uma ingênua que iria acreditar nele depois de tudo? Nunca tivemos uma boa relação, principalmente porque ele sempre foi grudado a nosso pai. Ele sempre fez tudo para obedecer às ordens, mostrava concordar com os absurdos e quantas e quantas vezes ele mesmo fez atrocidades sem questionar. Valdrin, é igual a ele! Não tem compaixão, não é confiável e muito menos deixou de seguir as ideologias de nosso pai. Eu sou a única contra e nunca hesitei em mostrar. Eu começo a retirar o vestido e pouco depois, as mulheres retornam. Sem cabeça para essas coisas, eu digo que já escolhi o vestido e tudo mais. Só quero me livrar dessa cerimônia pré-casamento. Esses detalhes não é comigo! Saindo de perto delas, eu ando em direção ao meu quarto e fecho a porta passando a chave. Ando em direção à cama e simplesmente me jogo nela e olho para o teto. Porém, ouço um som minúsculo e me sento num salto. — Apareça! — Ordeno olhando para os lados e vejo uma sombra. — Sou eu! — O susto vem com tudo. — Porrä, Marius! Que caralhö... — O nervoso me domina inteira. — Ficou maluco? O que faz no meu quarto? — Você ficou aqui dentro o dia inteiro e precisava falar com você. — Ele sai detrás das cortinas e chega mais perto. — Adoro ouvir você falar palavrão. É tão atraente! — Não me insulte! O que é tão sério que você precisou vir aqui? — Eu me levanto e vou até ele. — Se te pegarem, estaremos mortos! — Sabia que o seu irmão viria? — Negö na mesma hora. — Ele chegou na madrugada e depois que se falaram, ele ficou até o amanhecer no quarto de seu pai e só saíram pela manhã. — Isso é estranho. — Ele estava acordado naquela hora? — Ele confirma. — Então, ele já o esperava. — Dou meia volta e fico pensando. — Valdrin, veio a mim e sugeriu fugir com ele no dia do casamento. Disse que tinha um plano e que toda a culpa seria colocada nos Alban’s. — Não aceitou, não é? — Negö na mesma hora. — Você sabe que não concordo com esse casamento, mas não confio em seu irmão. Ele e o seu pai estão tramando alguma coisa e quero descobrir..., bom, espero conseguir antes desse casamento. — Espero que descubra. — Eu o encorajo. — Só tome cuidado! — Será a primeira a saber e se eu puder evitar esse casamento..., eu farei! — Fico tensa ao ouvi-lo falar assim. Marius, deixa um beijo nos meus cabelos e se prepara para sair pelas passagens secretas. Há diversas delas pela mansão. Ficando sozinha agora, eu fico pensando nessa situação toda. Se porventura, conseguissem cancelar o casamento, como eu ficaria com Ilir? A resposta é, eu não ficaria. Eu seria dada em casamento para qualquer outro e estaria condenada. Já sou odiada por muitos só por ser filha de meu pai já que a fama dele não é boa. Eu preciso desse casamento e ele precisa acontecer o quanto antes.
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