Capítulo 7

1383 Words
Beatriz refez o mesmo conhecido caminho, se equilibrado pelas pedras do riacho. Também, como sempre, seu vestido não saiu ileso, molhando toda a barra. Ela não se importava. Não se importava com nada quando estava indo para a casa do Lewis, aquele era o seu lugar de paz, o melhor momento do seu dia. Se bem que agora Arthur estava ali. Aquele idi0ta! Falando sobre ter tido i********e com outras mulheres como se fosse um prost1tuto. Beatriz estaria mentindo se dissesse que aquilo não a irritou. Por alguma razão, ela acreditou que haveria fidelidade em seu casamento, mas agora começava a achar que Arthur seria como tantos e tantos homens por aí. A grande maioria dos casamentos era regado à traições, as vezes discretas e outras nem tanto. Sempre dos homens. Ela torcia para que as mulheres revidassem também, que apenas elas fossem mais discretas, por isso pareciam mulheres tolas que aguentavam a falta de consideração dos seus maridos caladas e obedientes, enquanto na verdade estavam se esbaldando com homens mais jovens e bonitos. Nada disso, porém, era o que Beatriz queria para si mesma. Ela só queria ser feliz. E ela seria, independente de Arthur. Aquela era uma promessa que fizera a si mesma há muito tempo atrás. Ela sorriu ao chegar à propriedade Lewis e continuou sorrindo por todo o caminho até a entrada da casa. No caminho, cumprimentou todos os trabalhadores do lugar e recebeu muitos convites de "venha bater um papo mais tarde". A sensação de ser querida aqueceu o seu coração, mas Beatriz sabia que provavelmente não voltaria hoje. Hoje seus pais e seu irmão viriam para almoçar e acertar sobre o casamento. Apenas o pensamento de ter eles ali era o bastante para fazer a jovem suar. Ela gostaria de nunca precisar misturar os seus dois mundos, a mansão dos Lewis deveria permanecer intocada, infelizmente ela não tinha tantas escolhas. Talvez quisesse menos ainda que os Lewis fossem até a sua casa. James a atendeu como sempre, ele já a esperava por volta daquele horário - Bom dia, senhorita Beatriz. É um prazer vê-la - Bom dia, James! O prazer é sempre meu. Onde está o pai? - Em seus aposentos, mas o garoto está nos estábulos - O garoto?, - Arthur - Ah ... certo, obrigada A primeira coisa que Beatriz fez foi ir até a cozinha para falar com Madalena e garantir que estava tudo perfeito para o jantar dessa noite. Ela sabia que a comida e organizada de Madalena eram impecáveis e ainda assim, sabia que podia não ser o bastante para a sua mãe. Como queria poder pular aquele dia! Depois Beatriz decidiu ir até o estábulo, meio incerta se de fato deveria estar indo até lá. No dia anterior o seu passeio com Arthur não havia terminado nada bem. Mas eles precisavam se acertar antes do jantar, não é? Sua família estaria aqui vigiando cada movimento que ela desse essa noite. Não que eles fossem se importar de perceber que Arthur era um saf4do e g4linha, eles não poderiam ligar menos para detalhes como esse, mas por orgulho, Beatriz não queria que eles percebessem qualquer desconforto entre ela e o seu noivo. Ela queria estragar na cara deles que seria feliz. Imensamente feliz com o seu futuro marido, vivendo naquela casa tão maior que a deles e bem longe de tudo o que a família representava. Mesmo que fosse mentira. Bem, ela precisava tentar entrar em bons termos com o herdeiro Lewis. Por mais que ainda se sentisse irritada com a conversa dos dois na noite anterior. Beatriz odiava a ideia de ter que abaixar a cabeça para ele e ser a que pede desculpas, ela abaixou a cabeça vezes demais na sua vida. Certo ... ela iria apenas conferir. Talvez ele nem tivesse mais no estábulo a essa hora, ela havia demorado na cozinha conversando com Madalena. Para o seu desagrado, ele estava lá. Acariciando o focinho de Chocolate, que ele insistia em chamar de Trovão. Beatriz parou para observar sem ser vista. - Você sentiu a minha falta, companheiro? Eu senti a sua. Eu sei, fiquei muito tempo longe, não foi? E ainda assim parece tão pouco - ele suspirou - queria poder te levar comigo para conhecer o mundo lá fora. É, você adoraria. Tantas aventuras, tantos lugares novos. - Beatriz desejou aquilo: aventuras. Era tão injusto que ele tivesse vivido oito anos de aventuras enquanto ela ainda estava ali, presa. Dia após dia. - Mas acabou. Agora estou de volta. Era nítido o pesar em sua voz. Uma parte dela se compadeceu, mas a outra não. Arthur era um homem abençoado. Ele era só por ter nascido homem. Mas não apenas isso. A vida foi boa com ele. Uma família que o amava e o apoiava, dinheiro para suprir qualquer necessidade, viagens, aventuras ... Ele tivera tudo. Ela, nada. Cantarolou enquanto entrava no lugar, para deixar claro a sua presença. Arthur se sobressaltou, parecendo um tanto envergonhado por ter sido pêgo falando com um animal. Teria ela ouvido a sua conversa? - O que está fazendo aqui? Beatriz respondeu com um dar de ombros desinteressado - Eu sempre venho ao estábulo Que maravilha! Aquela mulher estava em todo lugar, seria possível? - O estábulo não é lugar para uma dama Aquela, aparentemente, foi a coisa errada a se dizer. O olhar de Beatriz se tornou mortal - Como disse? - O estábulo não é lugar para uma dama Repetiu calmamente. Ela estava muito enganada se achava que poderia intimidar o futuro duque. Aquela mulher era minúscula, pelo amor de Deus - E por que não? Você pode me dar um bom motivo para qualquer lugar, e não só aqui, ser considerado apropriado para homens e não para as mulheres? - Arthur abriu a boca para responder, mas ela não deixou que ele continuassem - Você não pode porque não existe um bom motivo para isso. É besteira. E você é um machista! - Um o que? - Um homem que se acha superior por ter nascido homem - Eu sei o que significa ser machista, senhorita Ele frizou o senhorita porque parecia que aquilo a incomodava. No dia anterior ela havia insistido para que ele a chamasse pelo seu nome - Se sabe o que é, sabe bem que você está sendo um, senhor - Essa conversa é inútil. O que quer aqui? Bem, ela queria tentar apaziguar as coisas antes do jantar, mas estava claro que aquilo não aconteceria. Como ela pode ter achado por um momento que Arthur ainda era o mesmo garoto gentil de quando criança? Esse novo Arthur era um sínico, isso sim. - Eu vim ver o Chocolate - Trovão. - respondeu seco - Chocolate Arthur bufou - Você é completamente impossível! O cavalo é meu! - Eu não me importo Beatriz passou direto por Arthur e foi acariciar o cavalo que observava a briga como se entendesse o que estava se passando. Sob o toque da dama, ele se derreteu todo e quase parecia abanar o r**o. Arthur não podia acreditar no que estava vendo . Que grande traidor - Diz pra ele, Chocolate, fala que perdeu o direito sobre você depois de ficar oito anos sem te ver - Para de tentar influenciar o meu cavalo - O seu dono é meio ranzinza, você não acha, Chocolate? Ela continuou como se Arthur nem estivesse presente. Ela iria enlouquecê-lo! Era só o segundo dia e ela iria acabar com a sua sanidade - Honestamente, você está agindo como uma criança Ela olhou para ele - Eu nunca agi como uma criança E essa frase parecia carregada de significados que Arthur não entendeu e, naquele momento, não se importava em tentar - Vamos voltar para a casa. Quero conversar com você sobre algo A vontade de Beatriz era bater o pé e dizer que não. Apenas pelo prazer de querer discordar dele. Mas na verdade ela também tinha coisas para falar. Seus pais estariam por ali em breve e tudo precisava ser perfeito. - Vamos... Mas só porque eu também tenho algo para conversar Ela acrescentou e saiu marchando para fora. Arthur xingou baixinho, revirou os olhos, trocou um olhar de dor com o cavalo, que parecia rir dele, e seguiu a noiva.
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