— Isso não foi um problema — dá uma resposta vaga.
Depois da sua resposta, a Alicia mudou de assunto, isso me deu mais certeza que ela não respondeu a verdade, mas isso também não me interessa.
Depois do almoço, o Rui inventou de jogar poker, eu não joguei só fiquei olhando. O Rui, apesar de ser um ótimo jogador, perdeu todas as partidas, eu tenho que admitir, a Elizabeth é muito boa.
— Ah, fala sério! Você não sabe perder, não!? — O Rui murmurou desanimado. — Alex, vem jogar só para eu ter o prazer de vê-la perdendo — convidou-me, eu fui campeão em alguns torneios aqui na cidade. Olho pelo canto dos olhos e vejo a expressão esperançosa dela.
— Eu não. — Eu até queria fazê-la perder, mas depois de ver sua expectativa, eu desisti.
Como eu já esperava, o motivo do almoço é porque minha mãe decidiu aceitar o maldito convite daquelas duas, ela vai para Las Vegas na próxima semana. Acabamos nos exaltando no final da noite.
— Alex, por favor, meu filho… — novamente, ela insiste com a voz suplicante.
— Mãe, eu não preciso daquele homem na minha vida. Quantos anos nós sobrevivemos sem ele?
— Mas não é por isso que eu quero ir, Alex, eu quero ir porque ele está morrendo. O SEU PAI ESTÁ MORRENDO! — Grita as palavras e dá para sentir o seu desespero.
— Eu não acredito nessa história da carochinha, mãe. NÃO ACREDITO NAQUELE HOMEM! — Gritei de volta. Ela balança a cabeça tristemente, fazendo meu coração doer, é muito difícil vê-la assim.
— Eu sei disso, mas essa é uma boa oportunidade para você provar que está certo, que o seu pai está mentindo. Não acha?
No final não consegui resistir ao pedido dela, isso já era esperado. Eu não estou nada animado, mas essa é uma excelente oportunidade para falar com aquele homem, tudo que ficou entalado na minha garganta esses anos todos.
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Estamos instalados em um hotel, numa famosa avenida, em Las Vegas, hoje vamos descansar por aqui e amanhã é o dia de encontrar o filho da p**a. Já estou preparando meus nervos para aguentar esse momento sem sucumbir a minha vontade de quebrar aquele velho na p*****a.
— Alex, por favor, não faça nada por impulso! — Minha mãe diz quando estamos nos preparando para dormir.
— Eu sei mãe, pode ficar tranquila, eu vou ser simpático, não vou brigar ou estragar a paz do momento — respondi irônico.
— Eu sei que esse momento é difícil para você, mas um dia você verá que ele foi necessário.
Eu duvido muito, mas concordo mesmo assim. Não vou estragar a empolgação dela.
É tão ridículo ver minha mãe agindo como uma adolescente, ela está toda feliz e saltitante, a minha vontade é dá um sacode nela, para ver se ela lembra o que esse maldito homem fez com a gente. Mas eu prometi me comportar e eu sempre cumpro minha palavra.
Às dezoito horas a Elizabeth veio nos buscar.
O cassino é muito bonito, é uma construção que foi feita no intuito de mostrar o status milionário do dono e seus frequentadores.
— Vocês esperem aqui, eu venho buscá-los assim que o Guy chegar — fala com um sorriso.
Pelo jeito que está maquiada, uma maquiagem pesada escondendo a cara de menina, ela está trabalhando. Quando foi nos buscar, ela estava com um sobretudo cobrindo o corpo, assim que chegamos aqui no cassino, ela tirou e guardou no armário, exibindo um vestido vermelho, muito justo, muito curto e com as costas nuas, é nojento vê-la vestida assim, ela percebe o meu olhar de repulsa e abaixa a cabeça, fingindo está envergonhada.
Quase uma hora depois, finalmente ela voltou para nos chamar. Minha mãe está tremendo de tão nervosa que está, parece uma adolescente indo encontrar o crash no baile de formatura. Assim que entramos no grande salão de jogos, eu não preciso nem perguntar quem é o homem, ele está lá olhando a gente e fingindo emoção.
— Eu sinto muito, Sarah, eu sinto muito ... — repete as palavras enquanto abraça demoradamente a minha mãe. Causa-me náuseas essa ceninha dele.
— Esse é o Alex, ele é nosso filho — minha mãe puxa-me para ficar frente a frente com o homem que eu tanto odeio.
Ele me olha por um longo tempo antes de me abraçar. Sua expressão surpresa não me passa despercebido. Minha vontade é empurrá-lo, mas eu prometi à minha mãe que iria me conter, pelo menos por enquanto.
— Você é muito bonito, meu filho — murmurou com a voz rouca — Eu estou muito orgulhoso do homem que você se tornou — consigo sentir seu coração acelerado batendo contra seu peito, enquanto ele me abraça. Eu queria não sentir nada, eu realmente queria não gostar desse abraço, mas eu… gosto, infelizmente eu não me blindei o suficiente.
Nós conversamos por um tempo, ele sempre tenta puxar assunto comigo, mas eu sou sempre seco nas respostas. Ele olha minha mãe com um grande desejo nos olhos, é possível ver a paixão neles, aliás, os olhos dele tem a mesma cor dos meus, para o meu castigo, sou uma cópia jovem dele.
— Então, você frequenta sempre o cassino onde as meninas trabalham? — Minha mãe pergunta.
— Sim, eu gosto de vir aqui me divertir um pouco. Eu moro sozinho desde que você foi embora, então venho aqui para distrair-me.
— Elas são muito legais, mostram ser boas meninas. Por que elas trabalham aqui? — sempre curiosa, a senhora Sarah.
— Conheço a Liz há cinco anos. Ela é muito divertida e um pouco doidinha, ela vive aqui no cassino, eu sempre tratei ela e a Alicia como filhas… — tenho vontade de rir dessa fala dele. Não cuidou nem do próprio filho, mas adotou duas estranhas — já a Alicia conheci há dois anos.
— É estranho, duas jovens tão bonitas trabalhando em um lugar assim.
— Não é tão r**m, elas ganham dois mil dólares por mês, tem folga, férias, tem um lugar para morar. As pessoas têm preconceito por causa das roupas, mas esse é um trabalho normal, elas só nos atendem, nos servem bebidas e jogam. Elas são todas ótimas garotas.
Eu nunca vi minha mãe tão feliz, infelizmente acho que não será fácil levá-la de volta para Chicago. Depois de todo aquele papo, nós passamos no hotel e pegamos nossa bagagem, aquele velho conseguiu convencer minha mãe a ir para a casa dele, ou melhor, casa não, uma mansão. O velho é realmente milionário, na vila que ele mora, é assim que ele chama o lugar: vila, porque ocupa quase o quarteirão todo, tem duas casas e mais um pequeno clube para festas com vários quartos para os convidados.
No segundo dia ele me levou até a empresa, eu não queria ir, mas minha mãe ficou enchendo minha cabeça até eu acompanhar o velho, o escritório fica em um prédio ao lado do shopping. As pessoas ficaram nos olhando, olhares com um misto de surpresa e curiosidade e o velho fez questão de nos apresentar a todos como sua esposa e filho.
Estava tudo correndo bem, até ele começar a passar m*l, foi uma correria até ele se estabilizar depois de receber os cuidados médicos. Até agora não tínhamos tocado no assunto da tal doença, mas assim que ele nos leva para o seu escritório, estampando uma cara decepcionada, acho que é hora de ouvir sobre ela.
Continua...