JASMINE
Após a saída dos traficantes da minha casa, fui preparar um café forte para levar ao meu pai, que estava dormindo. Ao entrar no quarto, chamei-o até que ele acordou, um tanto assustado.
- Pedro: O que foi, menina?
- Jasmine: Trouxe seu café, pai. Beba tudo para tentar aliviar essa ressaca, por favor. Preciso conversar com o senhor.
Ele tomou o café e reclamou do sabor excessivamente forte.
- Pedro: Agora me deixe, quero dormir.
- Jasmine: Pai, por que você pediu dinheiro emprestado ao traficante? Está querendo que eles nos coloque na rua, sem um lugar para ir. E como vamos devolver o dinheiro que o senhor pegou com eles?
- Pedro: Não encha, menina. Isso é um problema meu. Deixe-me em paz.
- Jasmine: Um problema nosso, pai. O senhor m*l consegue ficar de pé de tão bêbado. Estou cansada disso! É a mesma coisa todos os dias; só sabe beber e agora temos essa dívida com o traficante. Como vamos pagá-la, pai?
- Pedro: Eu vou dar um jeito, não importa. Deixe isso comigo e saia daqui. Volte para a cozinha.
Meu pai não está percebendo o perigo que representa dever favores a esses traficantes; é uma questão que pode ter consequências graves. Fui para a cozinha para iniciar o preparo do jantar e percebi que estava faltando alguns ingredientes. Então, peguei um dinheiro que estava em cima da geladeira e fui ao mercadinho local para comprar o que precisava.
Após sair do mercado, enquanto atravessava a rua, me distraí admirando o pôr do sol. Foi então que levei um susto ao ver uma moto frear abruptamente ao meu lado e minhas compras acabou caindo no chão.
Abaixei para pega- las, até ouvir a voz do dono da moto.
Não olhei para quem era, mas, ao ouvir a voz profunda do homem, me senti imediatamente assustada.
Quando ele se abaixou e segurou firme meu braço, fazendo-me levantar, olhei em seus olhos e senti um frio na barriga. Era o dono do morro, figura sobre a qual tanto ouvi falar, mas que nunca havia visto pessoalmente, apenas à distância. O jeito dele me intimidou, pedi desculpas e mencionei que ele estava me machucando. As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.
Ele então soltou meu braço e saiu acelerando sua moto. Peguei minhas compras e corri para casa, já estava bastante nervosa com os traficantes que haviam me assustado mais cedo e ver o dono do morro tão próximo confirmou meus temores e me deixou realmente apavorada.
Dirigi-me ao quarto e constatei que meu pai estava dormindo. Então, desci até a sala e fui tomada por lembranças do olhar aterrador que o chefe do morro possuía. Somente ao lembrar disso, um medo profundo me invadiu; eu nunca mais desejaria cruzar com ele. Por essa razão, evito sair de casa. O que comentam a respeito dele me aterroriza, e meus pensamentos foram interrompidos quando meu pai entrou na sala.
Pedro: Caramba, que dor de cabeça horrível! Me arruma um remédio, Jasmine.
Jasmine: Pai, o senhor precisa parar de beber. Estou cansada de vê-lo desse jeito.
Fui até a cozinha, peguei um remédio e um copo de água. Entreguei a ele, que tomou.
Pedro: Eu bebo para esquecer a vida que levo.
Jasmine: Que vida, pai? E para que o senhor pediu dinheiro ao dono do morro? Os capangas dele vão voltar hoje à noite para falar com você.
Pedro: Eles estiveram aqui?
Jasmine:Sim, pai, acabei de mencionar isso com o senhor, mas estava tão alterado que talvez não se recorde. eram dois traficantes de má fama, e eu não gostei do jeito deles. O que você estava pensando, papai?
Pedro: Fiquei desempregado, filha. A única saída foi pedir um empréstimo ao dono do morro. Desculpe, não quis preocupá-la.
Jasmine: Como o senhor pode fazer isso? Poderia ter me contado; eu poderia ter arrumado um emprego na cidade. Não é justo! Agora me diga: como vamos pagar essa dívida que o senhor contraiu? Eu não tenho emprego, o senhor foi demitido... O que será de nós agora, pai?
Assim que terminei de falar, escutei batidas fortes na porta.
Jasmine: São eles, pai! E agora? (começo a chorar).
TERROR
Fala, rapaziada! Me chamo Matias, vulgo Terror. Sou o sub do Cobra no morro.
Eu o conheço desde pequeno, quando seus pais faleceram. Depois, ele assumiu o comando do morro ainda moleque. Com o passar dos anos conheceu Simone por quem , se apaixonou , e tornou sua fiel perante ao morro inteiro. Mas tudo desmoronou quando ele encontrou Simone com quem achávamos que era nosso amigo, o covarde do Mateus, que sumiu e deixou a mulher à mercê do Cobra, que só não a matou porque a mãe entrou na frente. Se não fosse por isso, ele a teria matado de tanto espancar a mina. Desde então, Simone saiu do morro com a família, e o Cobra se transformou nesse monstro que ele é hoje, tratando as mina como objetos, transa com elas e depois agride elas. Não concordo com essa situação e falo isso abertamente com ele, mas quem disse que ele escuta? Ele acha que estou interessado nas mulheres com quem ele transa. Tudo isso é resultado da experiência dolorosa de ser traído pela namorada, justo no dia que ele iria pedir ela em casamento, e por quem achávamos que era nosso amigo.