Um mês depois
Laura
A melhor coisa que fiz foi contratar o James para ser meu segurança, ele tem feito um ótimo trabalho.
O Bernard ficou insistindo que eu contratasse um segurança, mas quando fiz isso ele parece que não ficou muito satisfeito, acho que ele subestimou a minha inteligência e achou que eu não ia seguir a sua sugestão.
Mas, depois daquele ataque eu fiquei preocupada e preferi não correr mais risco. Como o James mesmo me disse que se o Bernard está com intesao de ocupar meu lugar na empresa ele vai fazer de tudo para consegui e eu preciso está atenta e prevenida.
Essa semana eu senti que o papai estava um pouco estranho comigo, sei que no final de semana eu extrapolei um pouco na balada e me descuidei e um jornalista acabou postando algumas fotos minhas um pouco comprometedora com o cara que eu estava paquerando.
Isso foi a gota d'água para deixar o meu pai mais que irritado. O James tem certeza que foi mais uma armação do Bernard para meu pai achar que estou manchando a imagem da empresa e não posso assumir a presidência, já que ele está deixando o cargo, e eu acho que ele tem toda a razão, o James é um cara muito observador.
Me levanto e tomo meu banho e assim que fico pronta pego minhas coisas e desço e vou tomar meu café.
__ Bom dia, Beth.
__ Bom dia Laura, vai querer o de sempre.
__ Só um café Beth. Meu pai já saiu.
__ Sim, ele é seu Bernard saíram bem cedo, ah ia me esquecendo a sua tia também foi com eles.
__ Ih, já vi que hoje o dia vai ser daqueles.
__ O senhor seu pai não estava muito paciente hoje, seu primo começou a mostrar umas fotos e algumas reportagens e eu só escutava seu pai resmungando.
__ Aquele i****a devia esta mostrando as fotos que tiraram de mim na festa, atiçando mais ainda a raiva do meu pai.
__ E sinceramente Laura, seu pai não estava muito bom não, ele bateu na mesa umas três vezes a cada vez que ele mostrava uma foto diferente e claro que a megera, ops.. quer dizer a sua tia ficava atiçando mais ainda.
__ Pode falar Beth, a tia Sônia é uma megera mesmo.
Termino meu café e já me ajeito e assim que saio já encontro o James a postos.
__ Bom dia Laura.
__ Bom dia James.
__ Para a empresa?
__ Sim.
Seguimos nosso caminho em silencio, quebrado apenas pelo toque do meu celular, olho e vejo o nome do meu pai.
__ Onde você está Laura?
__ Bom dia para o senhor também pai.
__ Quero saber onde você está?
__ chegando na empresa.
__ Assim que chegar venha direto para a sala de reuniões.
__ Sim senhor.
Odeio quando o meu pai fala assim, quando ele resolve dar ouvidos ao Bernard e a tia Sônia fica insuportável comigo.
Chego a empresa e desço e sigo direto a sala de reuniões, entro e ele está sentado em sua mesa com um ar nada bom.
Me manda sentar e já começa a falar, quer dizer me dá um sermão como se eu tivesse dez anos de idade.
Aperto a borda da mesa entre meus dedos, com toda força, como se isso fosse capaz aplacar a raiva que passeava solta dentro de mim, queimando em minhas entranhas, enquanto ouvia meu pai falar comigo com aquela rispidez que eu detestava, mas que fazia parte dele.
Observava-me com seus olhos enrugados, carregados de uma insuportável autoridade, falava comigo como se eu fosse uma pessoa completamente irresponsável e não soube lidar com os cuidados com a empresa, como se eu fosse levar a empresa a falência.
Depois de três anos na vice presidência ele se achava no direito de vir a mim, ameaçar entregar a minha parte que me é de direito ao Bernard, que nada fazia de relevante ali dentro, caso eu não arranjasse um maldito marido e lhe desse um neto.
O que o casamento tinha a ver com os negócios? Só porque eu não quero me amarrar a ninguém não significa que não vou conseguir levar os negócios a frente.
__ Nem por um minuto, deixe passar pela sua cabeça que sou incapaz de fazer o que estou dizendo.
Sua voz áspera ecoou pela imensa sala de reuniões, onde havia lugar para uma dúzia de pessoas, mas apenas nós dois nos encontrávamos, despertando-me dos pensamentos. Era a única pessoa na face da Terra que se atrevia a falar comigo naquele tom.
__Você tem um prazo de seis meses para se casar e me dar um neto, ou passarei a presidencia ao Bernard. Embora não seja meu filho ele também é da família e mesmo sendo mais novo que você já vai constitui uma família, e em breve terá filhos que garantirão que nossos negócios não irão parar nas mãos de estranhos futuramente.
__ Se os filhos dele forem inúteis como ele, a empresa terá mais futuro sendo doada aos mendigos da Wall Street.
Continuei tratando o assunto com deboche, pois não havia um argumento minimamente sério para rebater um absurdo daqueles.
__Já chega!
Ele gritou, esmurrando a mesa com o punho cerrado.
__ Você não me deixa fazer parte da sua vida Laura, só te vejo aqui na empresa nas reuniões e em casa só quando sai e por fim agora só acompanho suas aventuras pelas manchetes nas redes sociais e sei que tem um exército de homens à sua disposição. Então escolha um deles e se case. Não estou te pedindo nada de mais. Depois que o meu neto nascer, você se separa, já que prefere viver na farra, com um homem diferente a cada semana.
Ele se levantou, pegando sua valise, ajeitando o paletó, pronto para sair.
__ Não se esqueça: você tem seis meses, tempo que eu estou deixando a empresa. Não voltarei a falar sobre esse assunto. Se não cumprir o que estou ordenando, Bernard será o presidente da TecnoSystem e você será rebaixada ao cargo dele.
Sem mais, deixou a sala, caminhando devagar, com a postura curvilínea dentro do terno caro. Apesar dos seus sessenta anos, tinha passos firmes que ecoavam pela sala enorme.
Fiquei imóvel, paralisada no lugar, a raiva pulsando quente em minhas veias. Minha vontade era de quebrar tudo à minha volta.
Então era isso? Toda a minha dedicação ao trabalho não significavam nada diante do fato de que eu não desejava me casar ou ter filhos? Eu não tinha nada contra quem se submetia ao matrimônio, apenas não o desejava para mim e tinha minhas razões para isto.
Movendo-me mecanicamente, me levantei e caminhei até a janela, observando o ápice dos edifícios que se estendiam até onde a vista podia alcançar no movimentado centro da Califórnia as lembranças do passado teimando em tomar-me os pensamentos, sem que eu pudesse evitá-las. Eu ainda podia visualizar claramente o rosto dele, a forma como me encarou quando descobri tudo. Phelipe definitivamente era a razão pela qual eu desisti do amor, ou mesmo passei a desacreditar na existência dele. Portanto não havia razão para que eu colocasse outro homem em minha vida para algo mais que algumas noites de sexo.
Entretanto, agora era necessário que eu me casasse, por causa da chantagem descabida do meu pai, pois não podia permitir que o Bernard tomasse o meu lugar na empresa, não apenas porque era um incompetente, mas porque trabalho duro para que a TecnoSystem chegasse onde chegou, embora o meu pai não reconhecesse meus esforços.
Inferno! Por que não teve mais filhos com minha mãe se pretendia que seus negócios estivessem sempre na família? Se eu fosse uma roqueira que preferisse sair pelo mundo tocando em uma banda, o que ele ia fazer com a empresa?
Sua chantagem me enfurecia cegamente, principalmente porque não havia nada que eu pudesse fazer a respeito, não podia confrontá-lo, estava coagida, da forma como jamais me permitia estar, como não tinha o costume, pelo contrário eu era uma mulher decidida tanto nos negócios quanto na vida pessoal.
Agora meu pai vem e me colocava em uma situação de humilhação e desvanecimento que eu abominava, tirando proveito do fato de que eu era mulher e a única herdeira de tudo.
Dominada pela raiva, atravessei a porta que dava acesso à minha sala e fui direto para o frigobar no canto do amplo cômodo em busca de uma dose de uma bebida forte, quando finalmente perdi o controle sobre mim mesma e atirei a garrafa com a bebida contra a parede, com violência, estilhaçando-a, o líquido marrom manchando a parede marfim e os estofados brancos, os cacos de vidro voando para todos os lados.
No instante seguinte, houve uma leve batida na porta e esta se abriu para que a Jenny entrasse, seus olhos azuis claros varrendo a bagunça dos cacos de vidro antes de focarem meu rosto.
__ Senhorita Mueller a reunião com os franceses será em dez minutos.
Jenny era minha secretária há três anos, além de inteligente e eficiente, era dona de uma beleza.
__ Cancele. Não estou com paciência para isto.
Abri outra garrafa de uísque e servi-me da bebida, enquanto Jenny me observava cautelosa, claramente tentando decifrar o que acontecera entre mim e meu pai.
Embora estivesse acostumada a me ver tensa depois de receber uma visita dele, nunca antes me vira naquele estado, sabia que a coisa era grave.
Agora só me resta encontrar alguém que sirva para um marido de faxada até conseguir acabar com essa palhaçada que meu pai resolveu inventar.