POV ROBERT
A ansiedade me consumia enquanto me preparava para a entrevista que eu, o CEO da Parker Technology, estava prestes a realizar. A vaga de assistente de marketing freelancer divulgada por Emma Williams, minha ex-funcionária, havia chamado minha atenção. Era uma oportunidade que eu não podia deixar passar, uma chance de conseguir trazê-la de volta. No entanto, o fato de eu estar prestes a passar por uma entrevista de emprego era desconcertante, para dizer o mínimo.
Eu nunca havia passado por uma entrevista de emprego em toda a minha vida. E agora, aqui estava eu, prestes a entrar em um processo seletivo como qualquer outro candidato.
No dia da entrevista, escolhi meu melhor terno, pois eu queria causar uma boa impressão em Emma e mostrar a ela que estava genuinamente interessado na vaga.
A entrevista para a vaga de assistente de marketing freelancer, divulgada por Emma Williams, minha ex-funcionária, estava marcada para o horário do almoço, o que era perfeito para mim. Isso me permitiria sair da empresa sem levantar maiores questionamentos.
Quando estava saindo da minha sala na sede da Parker Technology, não pude deixar de notar que meus funcionários estavam vestidos de maneira muito mais casual do que eu. Muitos deles usavam jeans e camisetas, enquanto eu estava impecavelmente vestido com meu terno sob medida. Isso me fez sentir um tanto deslocado e me fez questionar minha escolha de vestimenta.
Ao entrar no elevador, reparei em um jovem que estava no canto, usando uma roupa que combinava com a dos outros funcionários. Ele tinha um porte físico semelhante ao meu e estava completamente alheio à minha presença. Foi então que tive uma ideia impulsiva.
Me aproximei do rapaz e falei baixinho, para que os outros não ouvissem. "Ei, você se importaria de trocar de roupa comigo por um tempo? Eu realmente preciso parecer mais... casual."
O rapaz me olhou, surpreso com minha sugestão. Ele perguntou, com um toque de incredulidade em sua voz, "Você está falando sério?"
Eu assenti, tirando minha carteira do bolso interno do terno. "Sim, estou falando sério. Eu lhe dou mil dólares em dinheiro agora mesmo."
Os olhos do rapaz se arregalaram quando ele viu o conteúdo da minha carteira. Mil dólares era uma quantia significativa para ele, e parecia que ele estava pensando seriamente na oferta.
No entanto, ele ainda tinha algumas dúvidas. "Mas e se alguém me vir com seu terno?"
Eu sorri, tentando tranquilizá-lo. "Eu só preciso disso por um curto período de tempo. Ninguém vai perceber. E, acredite em mim, você não vai se arrepender."
Depois de mais alguns segundos de contemplação, o rapaz finalmente concordou. Saímos do elevador e fomos até a um dos banheiros, onde trocamos nossas roupas. Ele me entregou sua mochila com suas roupas e aceitou o terno que eu estava oferecendo. Foi uma troca rápida e discreta, e eu agradeci a ele pela gentileza.
As roupas eram um pouco apertadas, mas eu não me importava. Era uma pequena inconveniência para me sentir mais à vontade para não levantar suspeitas.
Depois de trocar de roupa, fiz o caminho até o estacionamento para pegar meu carro. Foi quando me deparei com meu irmão, Timothy, chegando.
Timothy me olhou dos pés à cabeça, claramente surpreso com minha aparência casual e despojada. "Que roupas são essas?", ele perguntou, com uma sobrancelha arqueada.
Eu senti a necessidade de explicar minha mudança de visual de forma rápida. "Ah, isso? Bem, eu molhei meu terno com café, e essas roupas estavam disponíveis no achados e perdidos aqui na empresa. Estou indo para casa me trocar agora mesmo."
Timothy olhou para minhas roupas com desgosto, como se elas fossem a pior coisa que ele já tinha visto. Ele então soltou uma risada. "Bem, parece que você realmente 'encontrou' algo nos achados e perdidos, de alguém que fez questão de 'perder' essa roupa."
Ri nervosamente, aliviado por Timothy acreditar na minha história improvisada. Ele não fazia ideia do verdadeiro motivo por trás da minha mudança de roupa. "Sim, você tem razão."
Ele balançou a cabeça em desaprovação, mas parecia satisfeito com minha explicação. "Bem, vá logo para casa e troque essas roupas, antes que te confunda com um funcionário qualquer."
Concordei com um aceno de cabeça e me despedi do meu irmão. Enquanto caminhava em direção ao meu carro, senti um misto de alívio e ansiedade. Minha farsa havia funcionado por enquanto, mas eu sabia que teria que tomar cuidado para manter minha verdadeira identidade em segredo durante a entrevista com Emma Williams.
***
O endereço que Emma me enviou me levou a um local inesperado: o East Palo Alto, um bairro mais modesto do Vale do Silício, composto principalmente por famílias de baixa renda e imigrantes.
Estacionei meu carro a duas quadras do endereço fornecido por Emma, para não chamar a atenção com um veículo caro e manter meu disfarce. Em seguida, caminhei em direção ao modesto prédio de apartamentos. Era uma experiência incomum para mim, já que raramente me encontrava em lugares como aquele.
O prédio era simples, com o elevador quebrado, e eu sabia que teria que subir as escadas até o andar do apartamento de Emma. Era algo que eu jamais imaginaria fazer em toda a minha vida. Subir escadas em um prédio modesto no East Palo Alto era uma experiência que me fazia sair da minha zona de conforto.
Conforme subia os degraus, eu me sentia cada vez mais desconfortável. Aquela roupa apertada, o suor que se formava em minha testa e o ambiente completamente diferente do que eu estava acostumado contribuíam para minha sensação de deslocamento. Eu estava prestes a entrar em um mundo que era completamente alheio à minha realidade como CEO.
Finalmente, cheguei ao andar do apartamento de Emma. Respirei fundo e toquei a campainha, tentando manter a calma. Poucos segundos depois, a porta se abriu, revelando a figura de Emma Williams.
Assim que Emma abriu a porta, minha respiração quase parou. Lá estava ela, a ruiva de olhos verdes que tinha mexido com meu ego e desafiado minha posição no elevador. Seus cabelos ruivos caíam em cascata sobre os ombros, destacando seus olhos verdes. Ela estava tão linda quanto eu me lembrava.
Seu sorriso era genuíno e acolhedor, e por um momento, esqueci minha identidade falsa e a verdadeira razão da minha presença ali. Ela parecia surpresa ao me ver, e seu olhar percorreu minhas roupas simples e meu rosto, tentando me reconhecer.
"Bobby Davis?" ela perguntou, com um tom de surpresa na voz.
Assenti, um sorriso leve no rosto. "Sim, Bobby Davis. Vim para a entrevista."
"Eu não acredito que é você!" Emma exclamou. "O cara do elevador! Desculpe por aquele dia, eu estava muito frustrada, e... Bem, você sabe como é."
Sorri, disfarçando meu prazer com o reencontro inesperado. "Não se preocupe, eu entendo. Acontece com todo mundo."
Ela assentiu e então perguntou: "E como foi a entrevista na Parker Technology? Conseguiu a vaga?"
Sabendo que precisava manter meu disfarce, decidi mentir. "Na verdade, acabei desistindo da vaga. Decidi que não era o que eu estava procurando no momento."
Ela pareceu um pouco surpresa com minha resposta, mas logo retomou a compostura. "Entendo. Bem, vamos ao que interessa. Vamos começar a entrevista, certo?"
Emma me convidou a entrar, e eu adentrei seu modesto apartamento. O ambiente era simples e aconchegante, muito diferente do cenário corporativo luxuoso ao qual eu estava acostumado. Ela parecia animada com a minha presença e não perdeu tempo em começar a conversa.
A ruiva me convidou a sentar no sofá da sala, onde ela havia preparado uma pequena mesa com água e alguns documentos relacionados à entrevista. A conversa fluiu de maneira tranquila, e Emma se mostrou uma entrevistadora competente e atenciosa. Falamos sobre minha experiência anterior, minhas habilidades e minha motivação para a vaga.
Conforme a entrevista avançava, minha admiração por Emma crescia. Ela era profissional e carismática, e eu podia ver por que ela havia se destacado na Parker Technology. A conversa foi se aprofundando, e eu senti uma conexão genuína entre nós, apesar do meu disfarce.
Então, chegamos à última pergunta da entrevista, uma pergunta que eu não estava preparado para responder.
"Como um rapaz que mora em East Menlo Park tem um relógio que custa mais que meu apartamento?" Ela perguntou, com um sorriso curioso nos lábios.
Eu olhei para o relógio no meu pulso, frustrado por ter me esquecido de tirá-lo. Precisava de uma resposta rápida, uma desculpa que justificasse aquela aparente discrepância. "É uma herança de família", eu menti, tentando manter minha expressão tranquila.
Emma riu levemente, parecendo satisfeita com minha resposta. "Entendo. Bem, Bobby, foi um prazer conversar com você. Darei o retorno em breve, assim que analisarmos todos os candidatos."
Eu agradeci e me levantei para partir, com a sensação de que meu disfarce havia funcionado perfeitamente. No entanto, ao me despedir de Emma e olhar nos olhos verdes que me encantavam, eu sabia que essa missão de me infiltrar na empresa dela estava apenas começando. E, de alguma forma, eu estava ansioso para ver aonde ela me levaria.
Enquanto caminhava de volta ao meu carro estacionado a algumas quadras dali, refleti sobre a experiência. Aos poucos, eu estava começando a compreender que essa jornada não seria apenas sobre a empresa, mas também sobre descobrir mais sobre mim mesmo e as pessoas ao meu redor.