Capítulo 3: O quartel II

1158 Words
Melissa Richard narrando Kayth era bem mais novo e bonito do que eu esperava. um homen na casa dos trinta e cinco anos, cabelos loiros encaracolados, pele dourada de sol, olhos violetas, alto e com músculos bem definidos, lábios avermelhados e bem desenhados, sobrancelhas grossas, nariz fino e um rosto masculino muito atraente. Tinha um ar de tédio, e uma postura ereta e defensiva, com certeza militar. Depois de analisar descaradamente o homem, me dou conta de que ele também está me olhando analiticamente, mas por motivos diferentes, provavelmente. Para determinar que tipo de habilidades eu poderia ter no meu corpo esguio e de aparência delicada, e quanto trabalho e tempo poderia ser necessário para me treinar e me tornar uma guerreira minimamente capacitada. Seu olhar se desvia para Amara, e ele abre um sorriso preguiçoso, que ela retribui com um sorriso brilhante. O comandante fala: -Olá Amara, querida. Há tantos anos não nos vemos. Por favor, entre em meu escritório para tratarmos do assunto que me adiantou na carta.- Ele sequer se deu o trabalho de reconhecer a minha presença na sala de espera. Fico encostada na pilastra, esperando que algo aconteça, que minha mãe me apresente, ou que ele ao menos me dirija a palavra, mas ele vira e caminha em direção ao escritório com Amara logo atrás. Cinco minutos depois de se retirar, Kayth volta à sala de espera, acompanhado de um rapaz muito bonito e estranhamente familiar. Em sua postura de autoridade, o comandante fala: -Esse é Alexander Delyon. Ele te acompanhará em um tour pelo quartel e depois mostrará o quarto que foi designado para a senhorita. Eu a espero em meu escritório amanhã depois do café da manhã, para testar seus conhecimentos e suas habilidades e determinar o curso de seu treinamento e instrução. Está dispensada, Soldado Richard.- Inclino levemente a cabeça, e respondo com um firme, mas respeitoso: -Sim senhor.- Kayth me dá as costas e volta ao escritório. Com isso, o soldado Delyon se põe a caminhar e eu o sigo, mantendo uma distância segura. Ele olha uma única vez para se certificar que eu o estou seguindo. Então ele fala: -O Kayth ficou muito satisfeito com a sua postura e com o respeito que demonstrou. Eu diria que ele gostou particularmente de você.- Dá um riso debochado que me deixa estranhamente a vontade. Dou um sorriso mínimo e falo: -Estou ensaiando essa postura submissa e obediente desde que decidi vir para o quartel.- Delyon gargalha e retruca: -E logo quando eu estava achando que você era obediente por natureza.- É minha vez de gargalhar. Respondo: -Eu não sou exatamente obediente. Eu diria que sei quais brigas comprar e quais aliados são necessários para vencer essas brigas. No caso de Kayth, espero que minha postura o convença a ficar do meu lado e desconsiderar o desejo de Amara de que ele me mande para casa a todo custo.- Alexander me olha, impressionado com a confissão. -Coitado do meu pai. Ele vai sofrer quando descobrir que se enganou sobre sua personalidade.- Diz Delyon, rindo. Me surpreendo com suas palavras, e pergunto: -Pai? Mas não têm o mesmo sobrenome?- me sinto envergonhada, mas antes que eu possa me desculpar ele responde: -David me adotou quando eu tinha dez anos, e cuidou de mim desde então, como qualquer bom pai cuidaria de um filho de sangue.- Não tenho palavras diante da história de Alexander. Parecendo querer por um fim a esse assunto, Delyon fala: -Kayth disse que você e Amara estavam prestes a se atracarem na sala de espera. Se não for muita indelicadeza minha, permita-me perguntar: o que houve?- Solto um riso debochado e respondo: -Eu a provoquei. fui além do limite da tolerância dela. Não teve um motivo específico, eu só queria me despedir dela e de seu controle sufocante. Achei que tirar ela do sério, mostrando que ela não controla nem o próprio corpo seria uma despedida a altura.- Alexander me olha, surpreso. E comenta: -Se você é tão habilidosa a ponto de tirar a assustadora Amara Richard de seu estado natural de equilíbrio e autocontrole, então é muito bom para nós que você tenha decidido vir para cá. Significa que temos um trunfo contra as armações dela.- Acabo gargalhando. Faço uma reverência debochada e digo: - É sempre um prazer frustrar os planos sujos da minha mãe.- Agora Alexander quem gargalha. Então ele volta a postura séria e diz: - Brincadeiras a parte, seja muito bem vinda ao quartel de Midley Wood, senhorita Melissa Richard.- Dou um sorriso genuíno, e respondo: -Obrigada, senhor Delyon. Tanto pela acolhida quanto pelas risadas que me fez dar. Não pense que eu não sou grata por tamanha gentileza, mas essa acolhida é apenas sua? Não é? O que devo esperar dos outros?- Alexander fica tenso imediatamente, e então diz: -Me chame de Alexander. Quanto aos outros, tudo que posso dizer é que seja discreta, ignore as provocações. Ande comigo ou com seu irmão, tente conhecer Aline Di Angelo e mantenha distância dos veteranos. Se fizer isso, com certeza ficará bem.- Dou um riso nervoso e respondo: -Parece uma longa lista. Mas vou me esforçar para seguir todas as suas ordens, capitão.- Ele gargalha novamente e diz: -Olhe só você. O retrato da obediência e da submissão- É minha vez de gargalhar. Retruco: -Como eu lhe disse: Sei quais brigas comprar e sei de quais aliados preciso. Mas aqui, preciso de mais do que aliados, preciso de amigos. E vejo grande potencial em você para ser um deles.- Alexander Sorri, e eu sorrio em resposta. Fico surpresa ao perceber que já sorri para ele mais do que costumo sorrir em um mês inteiro. Ele me deixa muito a vontade perto dele, de uma maneira que geralmente só meu irmão mais velho consegue deixar. Ao pensar em Sebastian, me dou conta de que a familiaridade que notei em Alexander se deve a uma ampla semelhança entre ele e meu irmão. não fossem os arcos das sobrancelhas e os lábios levemente mais grossos, ele poderia ser uma cópia fiel de Bash. estou prestes a comentar tal semelhança, quando ouvimos o som de espadas se chocando. Apressamos os passos e paramos de frente para um pátio a céu aberto, onde dois garotos pouco mais velhos que eu treinavam combate com lâminas longas. Um dos garotos me parece conhecido, enquanto o outro ainda permanece semi escondido pelo parceiro de treino. Me inclino na direção de Alexander e pergunto: -Aquele não é Nicolas Di Angelo?- Raiva toma a expressão de meu guia. E ele fala: -Exatamente. Inclusive, tome cuidado com ele. É quase certo que ele vai implicar com você por ser novata. tente manter a distância.- Dou um sorriso de gratidão a Alexander, por sua preocupação, e falo: -Di Angelo é um daqueles garotos que tem mais beleza do que habilidades. Não tenho dúvidas que poderia me defender dele com facilidade, no caso de ele resolver implicar comigo.-

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