************* Capítulo 6 ************
************* Canatre **************
Precisei arrumar uma tenda rapidamente para uma família de três irmãos, eles não conseguiram aproveitar a lona improvisada, e me chamaram. Gosto de ajudar, por mim ficaria o dia inteiro na lida, e até a noite se precisasse. Assim os dias passariam menos ansiosos, esperando o dia que a nossa fêmea aceitasse nossa presença em seu leito.
Estava cansado de dormir no sofá, enquanto via o Birlan na sua forma mais fofinha para agradá-la. Deitado na palha sem reclamar de nada, pois queria pelo menos estar perto dela de alguma forma. De qualquer maneira. Contudo, Bea, olhava-o atentamente, como se existisse somente ele ali. Só faltava chamar o lobo branco para se enfiar nos lençóis, carregados daquele cheiro tentador de pureza. Inalar esse perfume audacioso todos os dias tem sido meu fardo, além de admirar uma moça extremamente bela andando aos arredores da montanha, sendo cuidadosamente resguardada de qualquer perigo. É claro. Todos aqui faziam essa vigília.
Terminamos, deixando-a bem alinhada.
— Por que não constroem uma casinha de madeira? Assim ficariam mais a vontade. Uma chuva de cair granizo está perto de chegar por essas bandas.
Os irmãos me olham atentamente. Pareciam querer perguntar algo. Já tinha certeza qual assunto seria. Beatriz.
— Ficaremos bem, lembra quando nevou nesse vale? — Brum, da família Ganai, socou no peito do outro. Idêntico a ele, só que na versão mais contido, este cruzou os braços. Observando-me, sem desviar o olhar.
Mentalizei... A tenda deles podia ser arrumada pelas suas próprias mãos, trouxeram-me aqui por algum motivo específico. Espero que não pesam o que obrigatoriamente precisei conceder a outro. Devido sua hierarquia.
— Pois é. — Respondeu seco. — E nos saímos muito bem, aquilo não foi nada. Podemos aguentar qualquer temperatura.
— Porém, fiquei animado quando rapidamente derreteu a neve. Gosto dessa brisa suave. — Comentou o terceiro do trio.
— Acha que a fêmea vai aceitar vocês dois? — Ghael foi direto no ponto.
Bufei, chateado por ser essa pergunta.
— Vocês não mudam o repertório? Acham que podem substituir a nós que fomos a caça? — Alfinetei-os, pondo as mãos na cintura num gesto intimidador. Sem um pingo de paciência.
— Não estamos a procura de encrenca, Canatre. Apenas estamos...
— Ansiosos? — Respondi em em forma de pergunta, deixando-os desconfortáveis comigo.
A maioria sempre ficava.
— Principalmente, mas acima de tudo preocupados. Por isso conversamos entre nós para fazer a patrulha. Um em cada período do dia. Invés de fazermos juntos pelo anoitecer. Não iremos deixá-la fugir. Tem nossa garantia.
— Interessante... — Andei até onde os três irmãos gêmeos estavam, fazendo-os serem obrigados a caminhar de ré. Ergui a mão, passando os dedos no queixo, como se estivesse pensativo. Mas estava ficando puto! — Então por que diabos não estão executando exatamente isso!
Esplanei, curto, rápido e totalmente hostil.
Se olham querendo apoio moral um do outro.
— Nos vamos começar amanhã, pensamos nisso hoje. Acalme-se Canatre. — Discorreu o mais ativo.
— Se estão matutando rouba-la...
Apontei-os, deixando a íris verde surgir com mais fervor. Ameaçando me transformar num leão feroz.
— Não pensamos nisso, queremos essa união. E assim termos esperança. Queremos lhe pedir algo. — Adiantou-se o líder do grupo.
— De que? Além do líder que pediu a primeira gestação da Bea para ele, reivindicando algo que ainda nem se concretizou, o que vocês desejam?
Com o dobro do tamanho deles podia me regozijar de uma falsa sensação de ser o comandante dessa matilha. Teddy me dava carta branca para atuar nisso, e por essa razão ninguém se metia comigo e com o meu irmão. Ainda mais agora que fomos exaltados, trazendo um alívio esplendoroso nesses seres mágicos.
— Bom... Se o chefe já fez a reivindicação, queremos a segunda gestação da fêmea dos Hangar. — Ditou sem temor.
Afastei-me, completamente tomado pela irritação.
— Vão embora seus abutres do inferno!
Esbravejei em alto e bom som, acarretando numa centenas de olhares curiosos. Todos atentos para uma possível briga, e se fosse de animais diferentes teria sim morte. Alguns jovens, como estes aqui, não podiam controlar o que se transformaria. Diferentemente dos meus anos de vida de transmutado.
— Canatre! Estamos negociando, qual o problema nisso?! — Falou o do meio.
Cego de ódio apertei as juntas, trincando o maxilar. Me preparando para transformar.
— Só desejamos um lugar de respeito nessa matilha! — Argumentou outro. Já nem me importava quem era quem.
— E se vier duas meninas no mesmo ventre, heim?!
Parei, reformulando o pensamento inesperado. Mas a respiração estava cada vez mais pesada, impossível de controlar a vontade de...
— O quê está acontecendo aqui? Podem me explicar?
Beatriz surgiu bem na hora, ao olha-la precisei engolir a fúria pré existente em meu interior. Logo atrás dela veio o chacal, olhando-me fervorosamente.
— Sua noiva lhe fez uma pergunta, Canatre. Responde a moça.
Bea olhou para ele, e depois retornou devagar, fitando a mim de maneira mais doce.
— Eu... — Desacelerei os batimentos, usando seus olhos cativantes como catalizador. E funcionou, inesperadamente.
— Com sua licença líder e futura mãe da nossa tribo.
Os trigêmeos se despediram rapidamente, após reverenciar de modo cortez a minha fêmea. Nem chegaram a olha-la nos olhos, tamanho o repeito imposto segundo as leis de posse da nossa alcatéia.
— Depois explico, quando voltarmos ao nosso lar. E... Noiva?
— Sim. Mas tenho umas condições para aceitar o casamento.
— Casamento?
Achei que nos uniria-mos normalmente numa noite de luar. Sem precisar desses arranjos. Birlan primeiro, e eu poderia ir depois. Se ela ainda me quisesse. A primeira vez de uma fêmea costuma ser... dolorosa. Mesmo instigando-a ao máximo do prazer. Minha amada Joana sofreu nas núpcias, e eu era inexperiente nas artes sexuais. Contudo, lhe dei todo o amparo e carinho necessário. Além do amor puro que ainda nutro por ela.
Olhei-os, notando uma certa amizade emanada vindo deles.
— Se sou preciosa assim para vocês, quero tudo o que tenho direito. Inclusive um chalezinho. E livros para estudar como qualquer pessoa faz quando quer se formar.
Pisquei os olhos voltando a si. Aquela doçura enfim fazia algum sentido. Bea, estava negociando. Como os machos daqui querem fazer.
— Cerimônia sim.
Sorriu agradecida.
— Agora, me oriente o motivo do chalé. Seria para ter onde estudar?
O sorriso anplio-se. E a mão dele tomou o ombro da minha futura esposa com ânsia, sei que não era preciso mais aquilo despertou um ciúme felino. Agitado mas veias. Ele sentiu a conexão, e manteve o toque amigável bem ali diante das minhas vistas. Mesmo sabendo de antemão o quanto aquilo me corroía por dentro.
— A noiva dos irmãos Hangar deseja um casinha somente para ela. Nesse período de noivado. A corte. Conversamos pelo caminho, e convenhamos que seria o melhor a ser feito. Concorda comigo, Canatre? Novos arranjos as vezes são necessários.
Sabida, tinha plena convicção da minha resposta. Parecia esperar por ela. Sorriu, sabendo o qual vulnerável me encontrava. Odiava ser o segundo no controle quando algo não saia do meu agrado. Teddy gostava de testar até onde ia a minha submissão a ele, pois dizia-me que eu era um forte candidado a virar o próximo chefe, caso ele morresse em combate. Ou... Se eu o matasse.