Camila:
—Tá louca garota?
—É minha função fazer isso Lucy!—falei
A viajem havia sido bem de boa, nos instalamos no hotel, e em seguida fomos para a visita ao jardim do hotel em questão, que seria nosso trabalho da faculdade.
Observar, anotar, e no fim criar nossa própria maquete de um jardim.
Estava tudo bem até ver a Lucy, minha colega de classe, chutando lixeiras.
Eu sabia que iria sobrar para mim, mas como a tarefa de fazer anotações era minha, eu tinha que escrever aquilo no nome dela.
E ela ficou furiosa.
—Não fica se achando por estar com esse papelzinho na mão não tapada!—ela disse— Todos nós sabemos a sonsa que você é, Virgem Maria.
—Lucy, não pode falar assim comigo!—falei—Está me ofendendo.
—Mas você é tudo isso!—ela falou sorrindo.
—Não vou ouvir isso!—falei me virando para sair.
Antes que eu desse dói passos ela me empurrou contra o chão.
—Se atreve a me dar as costas?—ela gritou irritada.
—Hey!—ouvi a voz do professor Bruce.
—Se livrou dessa, tapada!—ela disse e saiu de lá.
—Camila?—o professor se ajoelhou na minha frente—Tudo bem?
—Sim!—falei—Só foi um arranhão.
Um arranhão bem grande, já que meu joelho sangrava.
—Vem, vamos limpar isso!
Ele se levantou e me ajudou a levantar também.
Com cuidado ele me ajudou a ir até um banco .
Involuntariamente senti o cheiro dele, era tão bom, másculo e amadeirado.
E a forma como ele me levantou como se eu fosse uma pluma.
Ele era forte e bonito, mas não só isso, tudo nele era sexy.
Ele me deixou no banco e pediu para que eu esperasse lá.
Uns 10 minutos depois ele retornou com alguns curativos.
—Preciso limpar isso!—ele disse—Suba um pouco a barra do vestido.
Sem contestar eu puxei a barra do vestido para cima e deixei o joelho machucado a mostra.
—Por quê aceitou que ela te machucasse?—ele questionou enquanto limpava o ferimento.
—Ela... ela me empurrou por trás!—respondi.
—Entendo!—ele disse—Eles fazem isso com você porque você sempre se desculpa com todos, mesmo quando não tem culpa.
—Minha tia me ensinou a não ser agressiva!—falei.
—Mas não deve aceitar esse tipo de coisa, é m*****o, leviano!—ele disse.
A forma como ele falava era tão doce.
Eu estava sorrindo por dentro apenas por ele estar sendo atencioso comigo.
Até que...
—Nossa, o que aconteceu com ela?—era a tal namorada dele.
Minha pequena felicidade murchou.
—Longa história!—ele disse sério pondo o curativo no meu joelho.
—Está tudo bem com você?—ela perguntou.
Ela era linda, olhos claros, cabelos castanhos, só um louco não gostaria dela.
—Está sim!—falei.
—Por quê está aqui Diana?—ele questionou se levantando.
—Alguns alunos de administração também vieram nesse passeio!—ela disse.
—Não soube de nada!—ele disse.
—Ah, foi decidido hoje, não deu tempo te contar!—ela sorriu.
Legal, ela mudou o próprio cronograma para estar perto do namorado.
Não julgo, também faria o mesmo se namorasse um cara como ele.
—Entendi!—ele disse sério—Camila, se mais algum dos seus colegas tentar te machucar por fazer as anotações pode dizer a eles que serão suspensos por 1 semana.
—Hummm, que atencioso!—ela disse.
—Tudo bem professor!—falei inciumada e irritada—Não precisa me tratar como estudante de jardim de infância, eu sei me defender sozinha.
Ele me encarou por um instante e então sorriu.
—Tudo bem então!—ele disse.
Me levantei para ir ao meu quarto.
—Quer ajuda lindinha?—a tal Diana perguntou educadamente.
Era isso que me matava, mesmo que eu gostasse do namorado dela, e detestasse saber que eles estavam juntos, eu não podia odiá-la, pois ela era realmente uma garota legal.
—Não, obrigada!—falei—Eu posso ir sozinha.
—Tudo bem!—ela sorriu.
Sem dizer mais nada, peguei minha lista e saí de lá deixando os dois sozinhos.
Afinal, eu estava sobrando.
Caminhei até o fim do jardim e olhei para trás, ela estava ajeitando a camisa dele e sorria o tempo todo.
Eles formavam um casal bonito, eu tinha que admitir.
Voltei para o quarto de hotel e depois de um banho rápido me pus a trabalhar igual louca no trabalho sobre o jardim.
Mas eu estava sem inspiração.
Me joguei na cama e fechei os olhos.
"—Sabe que flores são essas?—minha mãe questionou.
—Begônias?—perguntei.
—E essas?—ela perguntou sorrindo.
—Orquídeas!
—muito bem!—ela sorriu—Essas?
—Bromelias e cactos!—respondi—Por quê estão separadas assim mamãe?
—Porque construiremos nosso jardim com elas!—ela disse tocando meus cabelos—Um jardim cheio de amor e alegria.
—Vai ficar lindo!
—Vai sim minha fadinha!—ela sorriu"
Abri os olhos e pulei da cama num salto.
—É isso!—sorri—Um jardim cheio de amor e alegria.
Me sentei novamente na mesa, peguei papel e lápis e comecei a desenhar.
Quando dei por mim já era noite.
—Camila!—Karen, minha única amiga da faculdade pôs a cabeça numa brecha da porta—Não vai descer, o professor fez uma fogueira, vem também.
—Já vou!—sorri para ela.
Guardei meus materiais e após tomar outro banho e me trocar desci para o saguão do hotel.
—Com licença!—falei com o consierge na recepção do hotel—Onde o professor Bruce Miller está reunido com os alunos.
—O senhor Miller está na nos fundos do hotel!—ele disse—Pode seguir reto pelo lado direito do hotel e verá a fogueira.
—Obrigada!—agradeci.
Sorrindo deixei o hotel, mas ao sair pela porta, ouvi sem querer uma conversa entre Diana e outra garota.
—Então, você não disse o real motivo da sua vinda até aqui para seu irmão?—a outra perguntou.
—Lógico que eu não contei!—ela sorriu—Imagina se eu falasse para ele que eu vim atrás do meu namorado, ele ficaria louco.
—Ele é meio ciumento não é?—a outra garota perguntou.
—Meio?—ela disse—Ele é super ciumento, eu nem tive coragem de dizer para ele que estou namorando.
As duas sorriram.
Absorvi a conversa das duas enquanto caminhava.
Então eu estava certa, ela havia realmente vindo atrás do professor Bruce.
Aquilo me causou uma certa dorzinha no peito.