Capítulo 2

1080 Words
Yuri tinha olhos sombrios ao se voltar para o seu subchefe, Dimitri. Ele não havia esquecido o que os idiotas estavam fazendo durante a apresentação da sua garota, e aquilo não iria ficar daquele jeito. — Espero que os nossos convidados já estejam me aguardando — disse ele, caminhando para o seu carro. — Com toda certeza, Dom. Sei que jamais perdoaria o que eles fizeram — respondeu Dimitri com um sorriso de canto. — É por isso que está comigo, Dimitri — disse Yuri, dando um tapa no ombro do subchefe antes de entrar no carro. Ele observou por um tempo o carro de Sofia se afastar, seguido por outro veículo. Era bom saber que os seus homens estavam levando o trabalho a sério. Yuri não tolerava erros, e, no que se tratava de Sofia, menos ainda. Só de pensar na mulher perspicaz que Sofia era, ele se sentia sortudo por tê-la no seu caminho. E depois do que ela tinha dito, Yuri sabia que precisava conversar com Ricardo. Não queria que Sofia ficasse no escuro em relação a ele. O carro cruzava lentamente as ruas da cidade. Yuri não tinha pressa; a sua presa não fugiria de onde estava. Ele havia reservado um dos galpões dos seus aliados para aquele serviço. Seu lema era: olho por olho, dente por dente. E ele aplicava isso no sentido literal. Yuri arrancaria, um a um, os dentes dos m*lditos que ousaram tumultuar a apresentação da sua bela. Quando o carro parou, ele desceu acompanhado dos seus homens. Entraram no galpão, onde Yuri avistou três homens pendurados por correntes. Os rostos deles exibiam alguns hematomas, mas nada sério... ainda. Yuri observou com desgosto os homens à sua frente. Para ele, era um tédio lidar com aquilo, mas queria que eles servissem dê exemplo para os próximos que ousassem atrapalhar Sofia. — Espero que saibam o que a minha presença significa — disse ele, encarando-os com seriedade. Yuri retirou o seu sobretudo e o entregou a um dos seus soldados. Os homens à frente não perdiam nenhum dos seus movimentos, observando enquanto ele tirava o paletó e dobrava as mangas da camisa até os cotovelos. — E eu achando que não ia me sujar hoje — comentou com um sorriso no rosto. — Por favor, nos deixe ir! — pediu um deles, debatendo-se nas correntes. — Mas é claro — respondeu Yuri, olhando para ele. — Vocês não valem o tempo que eu levaria para desovar os seus corpos. O sorriso. Eles olhavam para o sorriso de Yuri, curvando-se como o de um tubarão, enchendo os seus olhos de horror com aquelas palavras. — Olha, senhor... — começou um deles, mas o soco que Yuri desferiu no seu estômago o fez se calar. Ele assistiu com prazer o homem empalidecer à sua frente. — Não me lembro de ter pedido que falasse — disse Yuri, dando um tapinha no rosto do homem. — Se eu ouvir a sua voz novamente, vou usar o seu p*u para calar a sua boca. O pavor inundava o pobre homem, cujo corpo tremia ao encarar os olhos de Yuri. Ele olhava para Yuri como se estivesse diante do próprio d***o. O que, na verdade, não estava muito longe da realidade. — Você não me mete medo, i****a. Não sabe com quem está mexendo! — desafiou o homem ao lado do primeiro. — Acho que você não entendeu direito. Isso aqui não se trata de conexões, e sim de acerto de contas. Ninguém vai te livrar das minhas mãos. — Não pense que... — A próxima coisa que ele sentiu foi o punho de Yuri quebrando o seu nariz. — Que droga! — reclamou Yuri, olhando os respingos de sangue na sua camisa. — Sabe quanto custa uma camisa dessas?! — Olhe as roupas dele, Dom. É claro que ele não sabe — disse Dimitri, rindo ao fundo. — Dom? — perguntou o último homem, confuso. — Me desculpe — respondeu Yuri, dando um passo na direção dele. — Dom Yuri Yvanov, líder da máfia russa. Yuri assistiu os olhos do homem se arregalarem de medo. Ele estava tão apavorado que acabou se urinando nas próprias roupas. — Fala sério... Está vendo por que não gosto de lidar com esses ninguém? — disse Yuri, afastando-se. — Deixe que eu cuido disso, Dom. Não precisa sujar as suas roupas — sugeriu Dimitri, avançando. — Quero eles se arrastando — ordenou Yuri. — Seu desejo é uma ordem, Dom — respondeu Dimitri, pegando um taco das mãos de um dos soldados. Os sons que se seguiram no galpão foram os gemidos de dor dos homens e os seus pedidos desesperados para que Dimitri parasse. Mas Dimitri não estava no clima para misericórdia naquela noite e continuou se divertindo. Quando Dimitri terminou, os três homens estavam inconscientes, ainda presos às correntes. Yuri deu uma última olhada antes de virar as costas e sair. — Larguem eles em algum beco. Não me importa onde — ordenou ele, já entrando no carro. — Como desejar, Dom — respondeu um dos soldados, fechando a porta do veículo. O carro seguiu para o apartamento de Yuri, mais ao centro da cidade. Ele passaria a noite ali para ver Sofia no dia seguinte. Depois, partiria para a Itália, onde visitaria a sua irmã Oksana, prestes a dar à luz trigêmeos. O telefone de Yuri tocou. Ele sabia quem era antes mesmo de atender. — O que foi, Rino? — atendeu. — Que droga você pensa que está fazendo, russo?! — gritou Ricardo, irritado. — Está falando do convite para jantar com a sua irmã? — perguntou Yuri. — Claro! Do que mais seria? Você a assustou, Yuri. Se fizer isso de novo, eu te mato! Yuri revirou os olhos. Ricardo era o típico irmão superprotetor. — Você sabe que eu a amo, Ricardo. Só queria sair um pouco com ela, conhecê-la melhor. — Eu sei, Yuri. Mas tenha paciência. Quando ela vier aqui, vou contar tudo a ela. Yuri suspirou, aliviado. Tudo ficaria mais fácil quando Sofia soubesse das suas reais intenções. — Obrigado, Ricardo. Vou me comportar — disse ele, relutante. — Espero mesmo. Mas, só por precaução, os meus homens estarão por perto. — Qual é, Rino! — reclamou Yuri. — Sem reclamação, Yuri. Ou ligo para ela e digo para não ir. Yuri ouviu aquilo franzindo a testa. — Tudo bem — cedeu, por fim. Não havia como ganhar essa briga com Ricardo.
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