Ricardo não perde tempo e acerta um soco no nariz de Yuri. Ele cambaleia para trás, segurando o nariz, que começa a sangrar. Ricardo exibe um sorriso no rosto, mas o russo ainda não tinha saído do jogo. Yuri parte para cima de Ricardo, desferindo um soco nas suas costelas. Ricardo devolve o golpe com uma cotovelada no estômago.
Ambos estavam equilibrados em força. Eram bons lutadores, e, mesmo lidando com questões burocráticas, treinavam diariamente para manter a forma. No mundo do crime, não se podia vacilar com os cuidados pessoais. Estar em forma e preparado para tudo era fundamental nesse ramo de trabalho.
Ricardo circula Yuri e o ataca, desferindo um chute no seu peito. Yuri cai no chão, e Ricardo se joga sobre ele, imobilizando-o no tatame.
— Desista! — ordena Ricardo, apertando o pescoço de Yuri em um mata-leão.
— Nunca! — responde Yuri, ficando vermelho. Com dificuldade, ele consegue acertar um soco nas costelas de Ricardo, que acaba soltando-o. — Não vai vencer tão fácil, Rino.
— Não quero que seja fácil. Quero que seja honesto — retruca Ricardo, atacando Yuri novamente.
Os minutos se arrastam enquanto Ricardo e Yuri continuam lutando sem trégua. Ricardo já tinha um olho roxo, e Yuri, o nariz quebrado. Ambos estavam cobertos de hematomas e visivelmente cansados, mas nenhum cederia. Todos podiam ver isso em seus olhos.
— Vou dar mais dez minutos a vocês. Se não tivermos um vencedor, vou declarar empate — avisa Vito, vendo que o tempo da luta já tinha acabado, mas ciente de que nenhum deles desistiria.
Eles se encaram como se a suas vidas dependessem disso. Atacam-se novamente, caindo no tatame. Ricardo torce o braço de Yuri enquanto Yuri o imobiliza com as pernas. Estavam em um impasse. Com um forte puxão, Ricardo desloca o ombro de Yuri, forçando-o a soltá-lo. Vendo que Yuri estava imobilizado, Vito encerra a luta.
— Acabou! — declara Vito, indo até Yuri.
— Não mesmo. Ainda não acabou! — diz Yuri, trincando os dentes de dor.
— Aceite, é melhor, russo — aconselha Vito. — Vamos colocar esse ombro no lugar.
Ricardo se posiciona atrás de Yuri enquanto Vito segura o seu ombro. Com um forte empurrão, ele coloca o ombro de Yuri de volta no lugar.
— Pronto, russo. Já pode aceitar outro desafio — brinca Vito, dando um tapinha nas costas de Yuri, sorrindo.
Ricardo estende a mão para Yuri e o ajuda a se levantar do chão. Juntos, caminham até onde os outros estavam.
— Nosso campeão, pessoal: Ricardo! — anuncia Vito, erguendo a mão do vencedor.
Os membros da Fênix se levantam, fazendo uma algazarra com a vitória do chefe. Yuri se senta em um banco e pega uma toalha para limpar o rosto.
— Fez uma boa luta, russo. Impressionante — diz Xavier, sorrindo enquanto oferece uma cerveja.
— Ricardo é duro na queda — responde Yuri com um sorriso de canto. Ele queria ter vencido, mas não estava chateado por ter perdido, pois sentia que ele e Ricardo haviam deixado a tensão entre eles para trás.
— Lutou bem, russo. Tenho que admitir — diz Ricardo, sentando-se ao lado dele. — Estamos em trégua.
Aquelas palavras abrem um largo sorriso no rosto de Yuri. Parecia que cada minuto daquela luta tinha valido a pena.
— Agora que vocês já se acertaram, bora almoçar, pessoal! — grita Charles, animado.
— Esperem! — diz Ricardo, interrompendo a movimentação.
— O que foi, Ricardo? — pergunta Vito.
— Cadê meu prêmio? — pergunta Ricardo, sorrindo ao ver os olhos dos amigos se arregalarem. Então, todos se voltam para Aurélio, que estava quieto no seu canto.
— Não me olhem assim! — responde Aurélio, levantando-se e pegando o celular. — Para qual conta você quer que eu envie?
Ricardo olha para Yuri e depois para Aurélio, tendo uma ideia que parecia promissora.
— Deixe na sua conta por enquanto, Aurélio. A temporada de caça está chegando no sul. Acho que vou comprar um lugar para podermos nos divertir este ano — diz Ricardo, sorrindo.
— Agora sim estamos conversando! — anima-se Aurélio. Ele adorava as competições de caça da organização. — Acho que, este ano, devemos deixar a Síria fora dessa.
— Fala sério, Aurélio! Vai me dizer que está cansado de perder? — pergunta ela, sorrindo.
— Ele está certo. Todo ano você leva o prêmio — comenta Nico.
— É verdade, mas, este ano, temos alguém que poderá nos vingar — diz Aurélio, sorrindo, dirigindo-se a Hideo. — Não é mesmo, j**a?
Os olhos de Hideo se arregalam ao ouvir as palavras de Aurélio. Ele percebe os olhares expectantes de todos e fica assustado por um segundo. Ao olhar para Síria ele via que seria um grande desafio a vencer em uma competição, ele via nos seus olhos que ela não facilitaria para ninguém.
— Oh, não! — diz ele, afastando-se. — Não me coloquem nessa.
— Lamento, mas você acabou de ser convocado — declara Ricardo, vendo o desespero do amigo.
— E se eu perder? — pergunta Hideo, arqueando a sobrancelha.
— Vai ser só mais um depenado pela Síria — brinca Charles, caindo na risada.
— Eu também quero participar! — diz Oksana, de onde estava.
— Eu sei, loira, mas nossos pequenos provavelmente já terão nascido. Não tem como você ir — explica Aurélio, com carinho.
— Falou bem, Dom Aurélio. Já que os seus filhos vão ter nascido, você vai ficar comigo para cuidar deles — provoca ela, agarrando a camisa dele e olhando fixamente nos seus olhos.
— p*u mandado! — grita Nico, fazendo todos rirem.
— Ei! — protesta Aurélio, embora exibisse um sorriso. — Acho que podemos contratar alguém para ir junto. Assim, você pode sair um pouco. O que acha?
— Agora estamos conversando, moreno — diz ela, puxando-o para um beijo.
— Com certeza, o maior p*u mandado de todos! — brinca Charles, rindo da conversa. Aurélio não se importava com as provocações. Ele havia esperado muito tempo para ser chamado de p*u mandado, e, desde que fosse por Oksana, estaria feliz.