Capítulo 2

997 Words
Mestre Narrando... -Da calçada vejo ela através do vidro da janela, linda, meu anjo de fogo, admiro aqueles olhos de jabuticaba, olhar tão triste, pele clarinha como a neve, o nariz delicado, a boca farta e bem desenhada. -Quando ela me vê abre um sorriso enorme mas em seguida começa a bater desesperada na janela, parece estar trancada, logo o fogo vai tomando conta e a última coisa que escuto é ...Socorro Dani! -Dou um pulo na cama assustado sinto o suor escorrendo pelas costas, passo a mão no rosto pra acordar, tive mais um pesadelo com o meu anjo de fogo. -Impossível não pensar quem é ela, onde anda agora, como será que está, quais serão seus medos, vontade de cuidar e proteger mesmo que de longe. -Vou me explicar, uns 4 anos atrás estava no Morro em frente a boca conversando com o Xangai enquanto Fera não chegava pra gente resolver um B.O. -De repente passa uma menina em passos acelerados, lágrimas correndo, assustada, ela parecia fora de si, nem olhava para os lados. -Fiquei em transe olhando pra ela,nem foi com malícia, meu coração acelerou, a lágrima dela me dava angústia, vontade de pegar no colo e cuidar, proteger do mundo. -Parecia um negócio de alma, linda pra c*****o, cabelo vermelho, um anjo de fogo. Mas era muito novinha, jamais eu ia cair pra dentro mas queria ser presente mesmo de longe. -Mandei Xangai ir atrás, descobrir tudo o que pudesse sobre ela, aquele ali era meus olhos e ouvidos,eu sabia que podia contar,são poucos mas tenho os de fé. -Levanto jogo uma água no corpo, desço e a Dona Lia já está na cozinha, ela tem 60 anos, está comigo a muitos anos, hoje só cuida das refeições por escolha dela e orienta os funcionários. -Dou um beijo na cabeça da véia que é uma vó pra mim, tomo a minha vitamina, no escritório respondo uns e-mails das Concessionárias, resolvo umas coisas da facção e vou correr. -Sou metódico, gosto de rotina, é bom pra se sentir no controle, da pra identificar melhor quando há problemas. -Hoje eu moro num condomínio de casas na Barra da Tijuca, a decisão de sair do Morro foi estratégica,evitar que ligassem o tráfico a mim mas como nasci e cresci no Complexo isso me dá uma desculpa para ir lá e até ter uma casa. -Vocês devem estar pensando esse homem é neurótico, mas preso demais minha liberdade, nem quero arriscar de perdê-la. -Tenho uma casa boa,bem localizada e segura no Morro, quando as coisas apertam e os inimigos caem matando em cima , fico por lá um tempo. -Me amarro na minha favela,muita lembrança boa,os moradores antigos me conhecem,curtir um pagode, jogar um futebol,lado r**m quando tem invasão. -Polícia sobe o morro com sangue nos olhos, atirando em tudo que se move, esculachando os moradores, tem até os que levam tudo de valor que acham, mas eles são a lei. -Depois da corrida,tomo aquele banho maneiro coloco uma roupa no estilo, sou enjoado,gosto de coisa de qualidade mas sem essas manias de bandido emocionado que usam correntes de ouro grossas, cheios de dedeiras, roupas da marca do jacaré e boné enfiado na cara. -Também não curto terno, essas paradas de playboy, aprendi a manter a essência,sempre fui pobre, favelado, mantenho a humildade, tô vestindo uma Polo da Raph Lauren que custa 700 conto mas me chama pra comer um podrão e tomar uma gelada que vou rapidão! -Parti pra Concessionária aqui da Barra pra ver um problema que tava rolando, apareço cada dia numa, de surpresa pra ver como anda. -Patrícia não para de mandar mensagens já pesando na minha mente pra passar na casa dela, buscar umas malas e ela pra dormir lá em casa, ainda estou me acostumando com isso. -Difícil pra quem é cheio de mania e sozinho numa casa a muito tempo ter gente junto , dividir a cama, essas paradas de convivência, mas dizia minha vó: quem inventa aguenta. -Fui rumo a casa da Pati falando com o Fera no rádio pois perderam um carregamento de armas que deveria chegar no Morro hoje. -Paro na porta respondendo mais umas mensagens e escuto a gritaria lá dentro, uma voz eu conheço a outra não mas as coisas que a Patrícia fala me deixam de alerta, bato na porta e ela vem toda sorridente me abraçar e beijar. Patrícia: -Oiii meu bem! Que saudades!-fala me puxando pra sala. Mestre: -Que gritaria é essa Patrícia?-pergunto sério. -Ela me dá uma desculpa que não boto muita fé e vem com papo de apresentar minha nova filha, virou loja de brinquedo essa p***a? Entra escolhe e leva a boneca nova. -Quando me viro já não ouço mais nada, fico enfeitiçado olhando,É ELA!O meu anjo de fogo. Maisss linda do que a primeira vez que vi, com carinha de menina mulher, doce e dona de um olhar desafiador. -Saio do meu transe com a Pati me chamando e apresentando Helena, puxo pra um abraço e sinto o cheiro dela, um doce delicioso que no fim parece ter algo mais marcante,parece canela. -Ela sorri e me chama de Dani, porraaaa, virei um velho romântico só pode, até a voz dela é agradável, tudo nela é encantador até esqueço que estou a abraçando. -Mas tudo que é bom dura pouco sua mãe já começa um xilique pois a menina me chamou de Dani, aproveito e chamo ela de Lena que me dá outro sorrisão. -A Pimentinha me chama de Paidrasto e sai, dou uma risada sincera e vejo a outra de bico, tô ligado que Patrícia odeia dividir atenção, só lamento por ela. -Sinceramente tenho visto umas atitudes nela que me fariam desistir desse casamento mas tudo tem um fim para um meio, sorte a dela. -Helena vai ter toda minha atenção, não posso encostar mas cuidar, proteger e tornar a vida dela boa isso pode, estou aqui meu anjo de fogo e vou fazer de tudo por você.
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