Capítulo 27

1116 Words
Helena Narrando... -Fui na onda deles e resolvi me arrumar para o pagode,passei a vida ouvindo minha mãe falar que eu era um tipo comum e sem graça. -Que teria muita sorte se um homem quisesse algo a mais comigo, a gente se desacredita, se acha pouco, ainda mais depois de levar um pé na b***a. -Mas também o que eu pensvaa, um homem experiente, rico e poderoso, podendo escolher a mulher que quiser ia ficar justo comigo? -Inexperiente, sem graça, um mulher simples , a única coisa que tenho mais diferente é o meu cabelo. -As meninas ficam dizendo que me falta mais autoestima, que Patrícia ferrou com o meu psicológico, incentivaram até a ir procurar uma psicóloga. -Mas tudo envolve grana, minhas economias sempre tiveram um objetivo que era sair de casa pra longe da Senhora Minha Mãe! -Agora foi que ferrou tudo, fui demitida por faltar nesses dias que me afundei na cama, esqueci do mundo lá fora, me desidratei de tanto chorar. -Me parece tão errado aceitar o dinheiro do Mestre, sinto como se tivesse vendendo o resto da minha dignidade. -Recebendo uma compensação do tipo valeu pelo serviço prestado mas não precisamos mais, obrigada. -Sem contar que se quero minha liberdade e independência tenho que conquistar pelo meu esforço não ficar pegando dinheiro de macho. -Era meio caminho andado ter essa grana para colocar meus planos em prática? Com certeza mas Deus me deu dois braços, duas pernas e saúde pra correr atrás, então pronto! -Se é pra se afastar, romper os laços vamos fazer, Tia Bete sempre diz: deva dinheiro mas não deva favor! -Não quero ser cobrada depois muito menos apontada como interesseira, até porque teve sentimento real, a troca foi verdadeira. -Me olho no espelho grande do quarto, gosto do que vejo, o vermelho da blusa e do batom destacam na minha pele pálida, pela primeira vez em muito tempo me sinto bonita. -Na sala encontro o povo, ganho vários elogios saio de casa me sentindo confiante,o que dura pouco pois quando entramos no pagode dou de cara com a Patrícia e o Mestre. Fera: -Leninha olha pra mim, finge que falei algo engraçado e ri.-diz e gargalho chamando atenção. Helena: -Tu não existe cara!-fala rindo. Fera: -Ihhh filhona, é r**m que tu vai sair por baixo, vai nada! É meu irmão, consideração é máxima mas vacilou de trazer essa mulher aqui!-diz verdadeiro. Helena: -Ele veio curtir o pagode com a mulher dele, errada sou eu de pensar que era algo pra ele.-digo. Fera: -Meu p*u que eles tão certos! Ela é tua mãe,me perdoa aí mas é uma Cascavel!-diz. -Nisso Daniel vem cumprimentar Fera e o resto das pessoas, eu saio bem plena fingindo que nunca nem vi. -A bênção, vulgo minha mãe vem me dar oi, aquele sorriso de vitoriosa que ela sempre carregou, arrogante toda vida. -Sigo plena, ignorando a presença deles,bebo uma cerveja e observo ao redor, alguns caras me olham, até que recebo um papel com um número de telefone e um nome. -A sensação é maravilhosa, sentir que estou sendo desejada, mas acaba rápido quando vejo Patrícia pendurada no Mestre. -A raiva sobe, repito mentalmente que ele é o marido dela, eu sou a intrusa, mas dói e já me arrependo de ter vindo. -As meninas me puxam pra dançar, fico ali com elas me movimentando meio tímida não sou nenhuma sambista, ao contrário da Tia Bete e Sara que arrasam. -Sabe aquela sensação de alguém te olhando? Pois quando viro nossos olhares se cruzam , sinto um choque percorrer meu corpo,por uns minutos a gente se encara, parece que aquele olhar quer me dizer tanta coisa. -Somos interrompidos com a Patrícia pegando no pescoço dele e dando um selinho, acordo pra vida, ele não é meu. -Penso em sair dali correndo, aí mais uma vez ela ganha, não vou permitir isso, me esforço pra curtir e deixar eles de lado. -Nisso Fera me puxa pra dançar, o que nos faz rir muito porque não sou a mais coordenada e piso no seu pé, vejo Mestre bufando de braços cruzados nos encarando. -A música acaba, Fera volta para o seu lugar , observo os dois discutindo, Daniel apontando o dedo na cara dele,já nem entendo nada. -O cara me dispensa, vem esfregar a relação feliz na minha cara, ainda quer achar r**m o outro dançar comigo? Doente do caramba! -Tento seguir firme,ir embora é perder a guerra esse gostinho eles não vão ter, um cara loiro se aproxima se apresentando e puxando um assunto qualquer. -É turista matando a curiosidade de conhecer a favela, Matheus seu nome, tem 28 anos e mora em Belo Horizonte, agradável, bom de papo, gentil e gatinho. -Nossa conversa flui, ele é divertido, me enche de elogios, me sinto bem, desejada, paquerada como uma pessoa normal. -Tentamos dançar uma música mas ele têm dois pés esquerdos só pode,trocamos contato pois eles ainda vão ficar uns dias na cidade. -O outro sumiu, deixou Patrícia lá plantada e sozinha, deve ter ido buscar uma nova vítima, que se explodam os dois juntos. -Matheus começa a investir pra ficar comigo, toda hora faz um carinho no meu rosto,coloca meu cabelo atrás da orelha,o clima muda,sinto vontade de deixar rolar. -Nos abraçamos, seu cheiro é uma delícia,uma conversa no ouvido vai acontecendo, aperta a minha cintura e quando vai me beijar vejo uma mão no seu ombro é o Xangai. Xangai: -Aí parceiro, passeio acabou, hora de descer o Morro!-fala sério, Matheus fica confuso pois ele não fez nada. Matheus: -Qual o problema irmão? Deixaram a gente subir pra curtir e não fizemos nada de errado.-diz. Xangai: -Não sou teu irmão, meu conselho é junta teus amigos e mete o pé por bem, que se for por m*l tu não vai curtir, favela têm lei.-diz. Helena: -Tá maluco Xangai? Por quê dessa palhaçada?-falo baixo vendo que já atraímos uns olhares. Xangai: -Na boa Helena, só sigo ordens e ele vai descer.-fala firme. Helena: -Perdão Matheus de verdade!Vai lá pra evitar problemas pra você, conversamos em outro momento.-falo envergonhada. -Ele tenta argumentar mas acaba vendo que o melhor é ir, nos despedimos, ele chama os amigos e sai escoltado por um soldado. -As meninas vêm perguntando o que houve, falo por cima, só quero sair dali, procuro Fera pra entender o que tá havendo mas é outro que sumiu. -Cruzo o olhar com Patrícia que me encara cheia de ódio mortal que até me arrepia, as meninas me chamam e vamos embora. -Chego em casa tomo um banho, digo que não quero conversar e me enfio na cama, penso muito tá mais do que na hora de sumir desse Rio de Janeiro.
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