Capítulo 1 - Luara

856 Words
– Oi, posso entrar? – Meu irmão pergunta da porta. – Pode. – O que você está fazendo aí? – Aponta para o celular que estou na mão. – Conversando com a Char. – Charlotte é minha amiga, estudamos juntas e ela tem uma queda pelo meu irmão. – Sabe que vamos para Itália amanhã né? – Ele me olha com pena e eu o entendo, estou sentindo o mesmo por mim. – É, fiquei sabendo, o tal noivado será no sábado né? – Pergunto com vontade de chorar. – Lua, vem cá minha borboleta – Ele me abraça e eu me permito chorar. – Você sabe que se eu pudesse fazer alguma coisa, qualquer coisa para evitar esse casamento eu faria né? – Balanço a cabeça em sinal positivo. – Infelizmente eu não posso e me sinto um merda por isso. – Você não tem que se sentir assim, isso não é culpa sua – Falo, pois é a verdade. – Essa merda toda é culpa do papai! – Eu sei que você está nervosa e que nesse momento você não consegue entender as razões dele, mas ele fez isso para salvar a nossa família, seriamos mortos, todos nós. Ele está sofrendo muito com tudo isso, a mamãe também, você pretende ficar ignorando eles até quando? – Não sei. – Respondo sincera, ainda estou com raiva, não sei se um dia perdoarei meu pai. – Com a mamãe eu estou falando, é que ainda estou aceitando essa situação toda sabe? Preciso de um tempo ainda para assimilar tudo, eu vou superar, eu tenho que superar. – Fica bem. Prometo fazer tudo que estiver ao meu alcance para que nada de m*l te aconteça. – Ele beija o topo da minha cabeça, me abraça bem forte e se levanta para sair. – Boa noite minha borboleta! – Victor? – O chamo e ele me olha. – Sobre o meu futuro marido, ele é vinte anos mais velho que eu, ele é muito feio? – Pergunto porque sei que meu irmão já viu ele várias vezes, pois é ele que trata os assuntos da nossa família. – Olha, sabe que o único homem bonito dessa terra sou eu né? – Ele fala rindo, convencido! –Mas ele é boa pinta, não é velho não, pode ficar tranquila. – E sobre as coisas que falam dele? É verdade? – Pergunto já com medo da resposta dele. – Não pensa nisso agora. – Olho pra ele com um olhar de repreensão, ele sabe que quero uma resposta. – Tá, tudo bem, se você quer saber. As coisas que falam dele é verdade, já acompanhei ele em algumas missões e posso dizer que é até um pouco pior, agora que já tem sua resposta vai descansar, vamos sair amanhã cedo. Ele sai do quarto e eu fico em pânico. Eu estou fodida!  ** No dia seguinte fizemos a viagem toda em silêncio, me recuso a falar com meu pai. Os Morabitos fizeram questão que usássemos o jatinho deles, insuportáveis! Estou me arrumando para o circo de horrores que prepararam para essa noite, o meu noivado feliz. Que ironia! Será que ninguém percebe que isso é um absurdo? Eu faço 18 anos daqui três semanas e duas semanas depois do meu aniversário é meu casamento, eu nem comecei minha vida adulta, nem beijei na boca ainda, nem transei com vários carinhas aleatórios, que ódio. Só queria ser normal, fazer o que as garotas normais fazem. Eu não pedi para nascer na merda da máfia. Eu odeio essa corja! Termino de me arrumar e me olho no espelho. Estou vestindo um vestido preto justo ao corpo com uma f***a na lateral, deixo meus cabelos soltos e passo uma maquiagem leve para realçar meus olhos azuis. Eu sei que tenho um corpo bonito, fui agraciada com curvas generosas. – Você é forte Luara, vamos, coragem. – Digo me olhando no espelho, me encorajando. Chego na sala e meu pai, mãe e irmão estão à minha espera. – Você está linda borboletinha. – Meu irmão me elogia. Eu o amo muito. – Filha... – Meu pai me chama e pondero se olho para ele ou não, minha mãe me olha com tristeza e eu decido ouvir o que ele tem a dizer. – Oi. – Filha me desculpa, eu sinto muito, mas não posso fazer nada para voltar atrás, só posso desejar que você seja feliz no seu casamento como eu sou com sua mãe. Me perdoa filha, eu não sabia que seu futuro marido se tornaria o "d***o". – Era só isso, papai? – Eu estou com tanta raiva. – Filha, eu sei que seu pai fez errado, mas foi na melhor das intenções. – Claro mamãe, entregar sua filha para pagar dívidas é sem dúvidas uma das melhores intenções. – Ironizo. – Espero que você me perdoe um dia minha borboletinha. – Meu pai usa o apelido que ele me deu desde nova, segundo ele sou como uma borboleta. Meu irmão olha tudo sem falar nada. Decido não responder, não estou preparada para perdoá-lo. – Vamos? – Pergunto para encerrar essa conversa.
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