HAVANA- A REDENÇÃO DO STRIPPER

CAPÍTULO 2 | Eu adoro quando você me chama de senhorita...

MARINA

Finalmente havia chegado "o dia". Gil costumava fazer de seus aniversários pequenos acontecimentos e dessa vez não tinha sido diferente: havia reservado um lugar na área VIP de uma das mais exclusivas boates da cidade, a StarLights. O lugar era muito comentado, vivia bombando nas redes sociais e sempre aparecia alguém famoso por lá. Todos estavam animadíssimos quando passaram pelas pesadas portas duplas que separavam o hall de entrada do salão da boate.

_ Gente! Isso aqui é que é uma verdadeira gaiola das loucas... – Marina pensou bem humorada.

Música eletrônica tocando alto, garçons sarados que mais pareciam modelos circulando sem camisa servindo bebidas e anotando pedidos; elas atravessaram a pista de dança que ainda não estava lotada e foram para o espaço que seu amigo havia "reservado" dentro da boate. Imediatamente um dos bonitões sarados cumprimentou seu amigo sorrindo para todas elas também. Logo foi pedida uma rodada de shots de tequila para "esquentar".

_ Pra mim uma coca light!

_Sem essa, amiga! É meu aniversário, um shot de tequila, pelo menos você vai tomar!

Mais tarde ainda naquela noite, já estavam todas descontraídas e dançando. Ela parou para ver o amigo conversando algo com um dos caras que serviam no bar. Naquela roupa de grife e naquele ambiente luxuoso nem parecia o mesmo Gil que ia comer um cachorrão na ladeira do Acupe em plena madrugada com ela ou que dançava até o chão no ensaio da banda de pagode preferida da Carol. Elas nunca tinham vindo todas juntas numa boate com ele antes, sempre acontecia de alguma furar ou não consegui ir, mas hoje tudo tinha dado certo. Olhou em volta rindo...ali estavam seus melhores amigos...com eles dividia alegrias e tristeza, compartilhava alguns segredos e eles haviam conseguido ajudá-la a superar a fase mais dura de sua vida...

_ IIIhhh! Já conheço essa cara! – Gil se aproximou retornando do bar – Nem vem que hoje é proibido deprimir. Toma. – entregou um copo enorme com um drink super colorido. Aproveitando a deixa...– emenda ele – Quero te apresentar alguém! – e diante da reação de surpresa, dela foi logo completando: Não é nada demais! Para de bancar a freira. O homem não vai te morder...bem...

_ Gilson!

– Vem logo! Bebe e não reclama! Hoje é meu dia! Tem que me obedecer!!

_ Agora sim.! Rainha Má! – ela foi bebericando seu drink e sendo praticamente para arrastada para o balcão e, enquanto se aproximavam no mar de gente, ela olhou naquela direção e puxou o amigo pelo braço forçando-o a olhar para ela:

- Gilson. Se o "alguém" que você quer me apresentar é aquele cara com o cabelo platinado parecendo desenho animado, eu vou te matar! - ela comenta e seu amigo apenas revira os olhos e segue em direção ao bar; lá chegando, praticamente se atira entre as pessoas e Marina mais cautelosa e pouco acostumada com aqueles ambientes super lotados, ficou mais atrás enquanto aguardava a conversação; segundos depois, ela nota um sujeito moreno, alto e forte que imediatamente chamou a sua atenção chegando e pedindo uma garrafa de água perto dela.

_ Calor... – falou com forte sotaque hispânico e ela levou alguns segundos para perceber que o "bonitão" estava falando com ela. Piscando surpresa, ela respondeu com um sorrisinho sem graça. – Quer alguma coisa do bar? Peço para você, señorita. – ele se ofereceu solicito e sorriu.

_ Misericórdia que sotaque e que sorriso era aquele!? – quando ia responder, Gil se voltou e deu um grito escandaloso se jogando em cima do boy.

_ Neeeto! Estava te procurando, seu bandido! – e praticamente empurrando Marina para cima do homem, concluiu – Essa é a Marina!! Finalmente vou conseguir apresentar vocês!!! – falou abraçando os dois pelos ombros, mas como tanto ele quanto o outro homem eram altos e ela baixinha, ficaram ali presos num abraço estranho balançando ao sabor do ir e vir da boate. Marina foi logo rompendo aquele elo esquisito, sorriu meio sem graça para o recém chegado e o cumprimentou com um gesto de cabeça. Nesse mesmo momento, outro convidado do amigo chegou e ele os largou ali e foi saindo abraçado com a outra criatura.

_Ele é impossível... E bebendo então...- comentou sem jeito.

_Já estou acostumado com a "exuberância" dele... – ele responde apanhando a garrafinha de água que o atendente de dentro do balcão estendia. Ele e o cara de dentro do bar trocaram algumas palavras falando alto em meio ao som da boate. Pareciam já se conhecer bem...pelo jeito o bonitão era "cliente assíduo". – Então, señorita Marina, gostando do lugar?

_ Ah! Claro! – respondeu - e esse "señorita"... pare com isso sua doida... - pensou tentando se controlar. Não dava para ficar a fim do "peguete" do amigo.

_Você não está com uma expressão muito satisfeita.. – falou ele chegando mais perto, para o que dizia pudesse ser ouvido e ela se arrepiou quando ela ouviu aquela voz rouca com sotaque mais de perto.

_ Não. Está ok. – disse tentando ser simpática – Não é muito a minha praia. Sou mais sofá e serie, mas tô curtindo... – completou.

Toda hora alguém passava por ele e cumprimentava com um gesto de cabeça ou um toque no ombro...Um sujeito enorme e loiro, quase um Thor chegou todo espaçoso falando com ele e quase a derrubou. Aproveitou a deixa para sair de fininho tentando entender como é que ela acabou se sentindo atraída por um dos "casos" de seu melhor amigo.

Algum tempo, Marina seguia a caminho do banheiro observando de canto de olho alguns casais se atracando pelos cantos da boate. Entrou no banheiro e sorriu para a funcionária da toalete. Uma garota passou carregada em direção a saída e em seguida Carol entrou voando, visivelmente "alta".

_Amigaaaaaa! – falou passando os braços ao redor dela – Te amoooo! Vamos tirar uma selfie!! – viu logo que Carol já tinha "tomado todas" e achou melhor ir buscar uma água para a amiga. Colocou ela sentada num dos sofás próximos ao bar e foi buscar água, pois até chegar ao reservado onde estavam demoraria muito. Quando retornou com a água. Claro. Carol tinha sumido.

_Cadê a Carol gente? – perguntou retornando para área reservada.

_Tava aqui agorinha com um boy escândalo, amiga!! – Sara também já estava bem altinha e Marina, como sempre, se preocupou. Procurou Gil e o viu atracado num canto e começou a olhar em volta tentando achar Carol. O lugar era enorme: tinha aquele ambiente cheio de pequenos espaços reservados como aquele onde estavam que funcionava como uma espécie de lounge; a pista com mesas em volta do palco e mais à esquerda um longo corredor espelhado que dava nas portas por onde haviam entrado. Numa saliência lateral ficavam os banheiros e ainda tinha o andar de cima composto basicamente por pequenos sofás no fundo e um mezanino com barras de metal prateado de onde as pessoas podiam acompanhar o que acontecia no andar de baixo.

Marina observou a escada que levava ao mezanino: era larga com corrimão de neon verde e rosa flamingo tinha um primeiro lance depois um patamar e depois mais um lance que levava ao andar de cima que permitia que as pessoas parassem entre os andares e ficassem dançando ali mesmo no meio do caminho. De relance viu o vestido flúor da amiga e sua juba aloirada enquanto ela se agarrava com um sujeito grande e loiro encostado em um dos nichos do andar de cima. Foi atrás dela, mas pereceu naquele momento que todo mundo tinha resolvido fazer o mesmo! Uma verdadeira multidão! Tentando se equilibrar nos saltos que não usava muito, segurar seu refrigerante e lidar com aquele vestido super justo que parecia mais um espartilho, ela foi tentando chegar atravessando o mar de gente. Quando finalmente chegou no alto da escada, Carol não estava mais no mesmo lugar.

_ Putz! Isso não vai prestar!! - Procurou novamente e então achou sua amiga ensaiando para subir na mesa no meio de um grupinho de caras mais à frente. Tão preocupada estava em acompanhar a trajetória bêbada da amiga que foi caminhando por entre as pessoas tentando chamar a atenção dela. Baixinha, mesmo com os saltos; de quando em quando "perdia" a amiga de seu campo de visão diante de um ou outro que atravessava seu caminho.

Alguém esbarrou nela e a fez perder o equilíbrio esbarrando em mais alguém. Quase caiu de cara no chão e tentando se equilibrar, terminou segurando com força no primeiro que passou perto dela.

_ Desculpe! – foi falando logo, mas outra massa de gente a empurrou de volta feito uma mola direto para cima do sujeito que, num movimento automático, puxou-a pela cintura praticamente arrancando-a do chão para encostá-la na parede e usar o próprio corpo como "escudo".

_Oi de novo, señorita! – o "paredão" de músculos em que ela havia se segurado e que a impedira de se esborrachar no chão era justamente o "amigo" de Gilson, o tal Ernesto. – nova leva de empurrões - Tudo bem aí embaixo? – ele brincou. A "pessoa" dava pelo menos duas dela. Ela estava colada na parede e ele colado nela protegendo-a do empurra-empurra. Ela respirou fundo se sentindo um pouco incomodada com a situação e foi ainda pior – misericórdia – que homem cheiroso era esse?

_ Hum...Hum – ela balançou a cabeça em sinal afirmativo notando os lábios cheios e depois os olhos...gente...que espetáculo! Mais um empurrão e as mãos dele foram parar bem abaixo dos seus seios...

_Noite agitada! – deu um sorrisinho e ela morrendo de sem graça... – Você saiu tão rápido aquela hora...- novo empurrão e ele soltou um palavrão em espanhol que ela não entendeu. Nossa senhora das amigas traidoras! Ela achou muito sexy, ele xingando em estrangeiro com aquela fala rouca! - Subindo ou descendo?

_Descendo.- Ela se forçou a pensar com a cabeça e não com outra parte da sua anatomia.

_ Ok. – de pronto segurou bem forte nela pela cintura e saiu abrindo caminho. Bem... na verdade, ele estava praticamente carregando ela escada abaixo – Pronto. Sã e salva! - brincou.

_Obrigada! – ela ensaiou as palavras, mas logo um monte de gente se interpôs entre ela e seu salvador e ela viu Carol gritando seu nome e vindo na direção dela. Aliviada, se voltou para continuar agradecendo ao homem, ele já havia sumido...

_ Onde você tava amiga? Tava te procurando!! – dizia Carol em sua euforia alcoólica. Eu tava dizendo ao Gil que amo ele. Amo a Sara, Amo você...Eu amo todo mundoooo!!!

De repente o jogo de luzes da boate mudou e Gil começou a bater palmas empolgado.

_ Agora que a festa vai começar!!!

O DJ logo começou a dar as palavras de ordem do momento e as pessoas foram se amontoando em volta do palco. Quando o primeiro grupo de strippers subiu, Carol começou a dar vários pulinhos gritos e pedir pra botar dinheiro na roupa deles. Era um verdadeiro desfile de homens lindos: loiros, morenos, negros, asiáticos...Parecia um caleidoscópio de etnias despertando os desejos dos homens e mulheres presentes. Carol logo reconheceu um dos caras com que ela tinha ficado no mezanino e começou com seus gritinhos e pulinhos. Ele pareceu gostar, pois caminhou até ela e convidou a subir no palco e performar com ele.

_ Para isso ela está beeem lúcida! Bandida. – pensou Marina - De repente o DJ/Apresentador anuncia uma surpresa especial e surge um dançarino mega gostoso e sarado segurando uns balões de festa e começam a cantar parabéns para você para o Gilson!! Chocada era pouco!

Gilson subiu no palco e começou a dançar e arrancar as roupas também. Loucura total! Quando o amigo desceu e o show prosseguiu e ela achava que toda a emoção da noite já tinha sido vivida; uma nova atração badaladíssima é anunciada e a casa quase vai abaixo. Curiosa, virou-se para acompanhar quem era aquele deus do sexo que ouvia o povo em volta comentar. Ainda sorrindo, olhou para o palco e deu de cara com nada mais nada menos que o seu "salvador", o sujeito que tinha praticamente carregado ela na escada!

O "Rei da Salsa" estava no palco.

_ Misericórdia! – pensou – Como se não bastasse ser lindo daquele jeito o homem ainda dançava! Ele havia mudado de roupa e agora vestia uma calça de couro colada e uma camisa de seda vermelha que ele já começava a desabotoar, a calça mostrava com perfeição as coxas musculosas e o volume no meio das pernas. E que volume! – de repente começou a sentir um calor inacreditável.

_ Surpresa!! – Gilson gritou empolgado como uma criança – E aí amiga? Que tal?

_Amigo! Poxa que coxa! – os dois riram o trocadilho i****a. O danado do homem era a perdição em forma de gente! Enquanto acompanhava os movimentos sensuais que ele fazia no palco, notou que de repente ele olhou na direção dela e fixou o olhar... – Ficou toda arrepiada! Jesus! Me abana! – Ainda bem que estava sentada porque sentiu as pernas bambas e a boca seca. Enquanto as roupas caiam no palco ela ia ficando cada vez mais "mexida" com aquele homem. – Deus do céu! Que coisa é essa!? – ela estranhou estar reagindo tão intensamente. Ele era muito gostoso? Era. Mas ela tinha acabado de ver meia dúzia de boys deliciosos rebolando e não tinha ficado tão "ligada" em ninguém assim... Passou a língua nos lábios num gesto involuntário e o desgraçado pareceu notar! O maldito gostosão molhador de calcinha estava sorrindo para ela!!

Um garçom passou por perto com uma bandeja e, sem pensar, pegou o primeiro copo que viu e bebeu num gole só. A bebida fortíssima desceu queimando e ela começou a tossir.

_Uai! Que o Rei da Salsa está causando um verdadeiro incêndio, hein, "bunita"! – ironizou ele vendo a amiga se abanar.

_Meu fiiilho! Pelo amor de Deus! Que homem é esse?

_Eu sabia que você ia gostar!– falou como se estivesse muito satisfeito em estar certo – Então? Aprovado?

- E tem como não aprovar ? – respondeu ainda acompanhando o final da apresentação do "Rei da Salsa" - Bom a não ser que ele seja o tipo maníaco psicopata...Aí mesmo sendo um t***o, lindo e gostosão eu não vou aceitar...

- Ele é um amor. Você vai adorar ele. Eu conheço ele muito bem...

-Hum. Claro que conhece! "Biblicamente", inclusive, né seu safado?! – ela ironizou – um boy desse só podia ser do "vale"...

- Não é nada disso que você está pensando!! – ele achou graça!

- Ah! Tá bom, Santa!

❤Espero que tenham gostado!

❤Não esqueça do meu coraçãozinho (rs).❤