Capítulo 01.

2117 Words
Milana Sartori. Meu pai e eu tínhamos voltado para Milão, eu havia sentido falta daqui, principalmente da minha melhor amiga, Alessa. Meu pai e eu tínhamos ido morar em Florença por um tempo com o meu avô, pois ele estava doente e precisava de cuidados. Infelizmente, sete meses depois ele veio a falecer. O meu pai havia ficado arrasado com a perda dele e eu mais ainda. Meu pai havia trabalhado como professor de karatê, ele havia aprendido lutas profissionais e isso fez com que ele me ensinasse e me treinasse, para que eu pudesse saber me defender, caso alguma coisa me acontecesse. — Milana, me ajuda com essas caixas, por favor — pediu o meu pai. — É claro — peguei algumas caixas que estavam no chão. — É... teremos que arrumar muitas coisas por aqui — disse ele olhando ao redor da sala. — Pelo menos os móveis sempre continuaram nos mesmos lugares. — Verdade. Depois que você deixar as caixas na cozinha, suba para o seu quarto, você precisa arruma-lo e tirar o ** dos móveis. — Pode deixar. Assim que eu deixei as caixas na cozinha, subi as escadas seguindo em direção ao meu quarto. Ao entrar, coloquei algumas caixas na minha cama e fechei a porta, sentando-me na cama e retirando o meu celular do bolso da calça, ligando para Alessa em seguida. Alessa e eu nos conhecemos no último ano do fundamental, ela tinha me visto sozinha no recreio e caminhou até mim animada, perguntando-me se eu queria passar esse tempo com ela e eu timidamente aceitei. — Amiga? — Oi Milana — atendeu Alessa. — você não sabe como eu estou sentindo sua falta. — Eu também, mas adivinha? Eu voltei. —Sério?! — respondeu animada. — Seríssimo! Você poderia vir aqui em casa? — Se eu posso? Só se for agora! — disse empolgada. — Então até logo. Desliguei o celular e coloquei na estante que ficara ao lado da minha cama. Levantei-me da cama e caminhei em direção à janela, a abrindo e observando o bairro. Olhei ao redor do quarterão e logo me deparei com a casa a frente. Matteo ainda estava lá, sua janela estava aberta, mas as cortinas fechadas. Conheci o Matteo aos sete anos, quando ele e sua família vieram morar para cá. Eu estava sentada na calçada, quando o vi ajudando o pai a descarregar algumas caixas do caminhão, então resolvi ajudá-los e assim a nossa amizade começou e viramos melhores amigos. Mas houve um tempo, no qual Matteo havia mudado completamente suas atitudes comigo. O que antes era uma pessoa doce e gentil, havia se tornado a*******e e frio, e eu não fazia a mínima ideia do que poderia ter acontecido. Depois do fundamental, tudo havia mudado e eu sempre tentava conversar com o Matteo, mas ele sempre se negava a falar comigo, então parei de tentar. Desviei o olhar da janela de Matteo e avistei Alessa se aproximar da cerca da casa. Desci as escadas correndo e rapidamente abri a porta, dando um abraço apertado na Alessa. — Que saudades! — disse Alessa. — Você não faz ideia do quanto eu também estava! Entre — falei dando passagem para que Alessa pudesse entrar. — Oi Sr.Sartori — sorriu ela para o meu pai. — Oi Alessa, como está? — perguntou sorrindo. — Estou bem e o senhor? — Ótimo! — Vem, vamos para o meu quarto — falei. A puxei pela mão empolgada, a levando para o meu quarto. Assim que chegamos, entramos e fechei a porta, começando a abrir as caixas. — Então, conte-me tudo! — Contar o que? Se nada aconteceu. — Ah, qual foi Milana, não aconteceu nada mesmo? — Não, nadinha de interessante. — Que triste, mas você mudou muito, então isso já conta. — E foi bom ter mudado. E você, aconteceu o que? — Bem, você sabe que eu estava namorando, mas depois terminei, mas agora estou ficando com um outro garoto. — Sério? E quem seria esse? — Ele é lindo! É um moreno, cabelos cacheados, olhos da cor do mel e tudo de bom — respondeu Alessa apaixonada. — Uau, a paixão está grande — falei dobrando as roupas — Sim... e você? Não está gostando de ninguém? — Não mesmo, estou muito bem assim! Enfim... e o Noah, como ele está? Assim, não que eu me importe, mas é só por curiosidade mesmo. — É claro... bom, ele está bem até onde eu sei, continua saindo, dando festas... normal. — Sei... eu fico imaginando onde está a mãe dele, sempre deixa ele dar festas. — Ela trabalha muito, nem percebe, ou nem se importa. — Verdade. — Você não sente mais nada por ele mesmo? Ele foi tipo o seu "primeiro amor". — O Matteo não foi o meu "primeiro amor", aquilo tinha sido apenas uma paixão boba de criança, mais nada! E não, eu não gosto dele e além disso, ele resolveu me odiar, então... — Deve ter acontecido algo, ou alguém inventou boatos sobre você. — Eu não me importo, já tentei falar com ele e o mesmo não deu importância. — Pois é, algumas amizades nunca duram para sempre. — Espero que a nossa dure muito! — Eu também! Assim que terminamos de arrumar o meu armário, descemos para a sala e decidimos assistir um filme. Matteo Rossi. Estava em meu quarto tocando o meu violão, eu gostava muito de tocar, isso fazia eu me lembrar da Milana, quando tocávamos juntos, era divertido, isso fazia eu esquecer os problemas com os meus pais. Mas agora, tudo isso havia passado e bem... eu não posso mais voltar atrás, mesmo se eu quisesse, eu só queria fazer que ela soubesse... — E aí cara — disse Dylan entrando em meu quarto. — E aí. — Olha, eu estava olhando pela janela da sua cozinha e vi que a Milana já voltou. — O que?! — levantei-me rapidamente do puff e me aproximei da janela. — Eu vi ela cumprimentando a Alessa e olha, ela está uma gata heim. — Deixa de ser i****a — sentei em minha cama. — Sério, você precisa ver como ela mudou. Milana Sartori. Ao terminarmos de assistir o filme, desliguei a TV e esperei a Alessa ligar para o seu pai, para ele vir buscá-la. Assim que o mesmo chegou, acompanhei Alessa até o carro. — Então nos vemos amanhã na escola? — perguntou Alessa. — Claro — sorri. Lhe dei um abraço e a vi partir. Assim que Alessa foi embora, olhei novamente para a janela do quarto do Matteo e o vi olhando para mim, junto com seu amigo Dylan. Desviei o olhar rapidamente e entrei em casa. Assim que entrei, sentei-me no sofá e em seguida ouvi meu pai me chamar. — Milana, vem jantar — exclamou da cozinha. — Já estou indo. Levantei-me do sofá caminhando em direção à cozinha e assim que cheguei, peguei um prato e me servi. Em seguida me sentei de frente para o meu pai. — Está bom? Eu me esforcei ao máximo — ironizou. — O dá mamãe era melhor — sorri — Estou brincando, o seu também está bom pai. — Com certeza era, ela fazia os melhores pratos. — É... ela fazia. Ao terminar de jantar, peguei meu prato e meus talheres e levei até a pia. Terminei de lava-los e em seguida subi para o meu quarto. Assim que cheguei no mesmo, abri a porta e a fechei em seguida. Peguei um book de fotos na qual havia várias da minha mãe e comecei a vê-las. Minha mãe morreu quando eu ainda tinha onze anos, ela descobriu que estava com câncer. A princípio ela não quis me contar, mas depois eu descobri e aquilo havia sido a pior coisa que tinha me acontecido. Eu passava quase o dia inteiro ao lado dela no hospital, eu não conseguia deixá-la sozinha, porque eu sabia que ela poderia partir a qualquer momento. Antes dela morrer, a mesma me disse para eu me cuidar e ser uma pessoa forte, e que ela me amava muito, mas sem ela ao meu lado estava sendo difícil. Eu havia ficado desamparada e assustada quando fui ao enterro dela, eu não queria acreditar que ela tinha ido. Quando todos haviam ido embora do enterro, eu me debrucei no túmulo dela e comecei a chorar, e o Matteo foi me consolar com um abraço. Sei que isso foi alguns anos atrás, mas ainda doía e muito. Meu pai sempre fala para eu seguir em frente, mas eu não conseguia. Quado se tratava da minha mãe eu ficava muito emotiva e não conseguia conter as lágrimas, mas sabia que ela estava em um lugar melhor e sei que ela não gostaria de me ver triste ou chorando... Fechei o álbum de fotos e guardei em meu armário. Deitei em minha cama e logo em seguida adormeci. Na manhã seguinte, levantei-me e caminhei em direção ao chuveiro. Assim que terminei, saí do banheiro e segui até meu armário, vestindo-me em seguida. Ao terminar, calcei meu tênis e desci as escadas, indo em direção a cozinha. — Bom dia — cumprimentou meu pai lendo seu jornal. — Bom dia — sorri. — Está preparada para voltar a escola? — Nem um pouco — falei desanimada. — Não fique assim, tenho certeza que você vai gostar, principalmente porque a Alessa estará lá. — Pelo menos isso. — Eu já estou indo para o trabalho, a Alessa vai com você, certo? — Sim, ela vai. — Ótimo, até mais tarde — deu-me um beijo na testa. — Até pai. Assim que terminei de comer, peguei a minha mochila e fiquei esperando a Alessa chegar. Fiquei esperando Alessa chegar e ao passar alguns tempo, ouvi ela me chamar. Abri a porta e saí de casa. — Oi Milana — cumprimentou sorridente. — Bom dia Alessa — sorri. Do outro lado estava Matteo e Dylan entrando no carro, eu os olhei, mas assim que Matteo colocou seus olhos em mim, rapidamente desviei o olhar para Alessa. — Os mesmos patéticos de sempre... — disse Alessa os olhando partir. — Enfim, vamos andando. — Claro. — Estou tão animada por você estar estudando comigo novamente. — Eu também, ainda bem que eu tenho você. — O que seria da sua vida sem mim —ironizou rindo. — b***a — sorri revirando os olhos. Ao chegarmos na escola, entramos e caminhamos em direção aos armários. — Qual é a primeira aula mesmo? — perguntei. — De biologia — respondeu Alessa enquanto pegava seu livro do armário. — Até que eu gosto dessa aula — falei pegando o livro da matéria. — Como pode gostar dessa aula? É um tédio! — disse Alessa revirando os olhos. — Não é para tanto — ri levemente. — E o Matteo não tira os olhos de você — disse Alessa em voz baixa. — E isso está começando a me irritar — respondi trancando meu armário. Ao tocar o sinal, caminhamos em direção a classe. Entramos e nos sentamos. Enquanto a aula se passava, sentia mais olhares de Matteo sobre mim, algo que estava se tornando cada vez mais irritante. Assim que a aula terminou, pegamos nossos pertences e caminhamos em direção a quadra, para a aula de Educação Física. Matteo Rossi. Estava observando Milana no campo, confesso que não estava conseguindo tirar os olhos dela. Milana estava muito diferente, tanto em seu físico, como em seu comportamento. Ela estava linda e um pouco mais desinibida, por assim dizer. Queria chamá-la para podermos conversar, mas estava hesitante em fazer isso. Milana Sartori. Alessa e eu estávamos correndo em volta do campo, como a professora havia pedido. — Fazer esse exercício acaba comigo — disse Alessa ofegante. — Digo o mesmo. — Você voltou tão bonita e diferente que o Matteo não consegue tirar os olhos de você — falou Alessa com um sorriso cínico. — Ele está começando a me irritar um pouco mais! — respondi revirando os olhos. — Vamos ignorá-lo. Algum tempo mais tarde, assim que a aula havia terminado, seguimos em direção ao vestiário. Entramos e começamos a nos trocar, retirando o uniforme da aula. Assim que estava terminando de colocar a minha blusa, a coordenadora entrou e chamou a Alessa, a chamando até a sala da diretora. Assim que ambas se retiraram, sentei-me no banco e comecei a calçar meu tênis. Alguns pequenos minutos depois, ouvia porta novamente se abrir. Olhei para trás e avistei Matteo caminhando até mim. Levantei-me rapidamente e segui em direção à porta, mas assim que passei pelo Matteo, ele agarrou o meu braço, puxando-me novamente.
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