Milana Sartori.
Na manhã seguinte, havia acordado com uma mensagem da Alessa, comunicando que não iria para o colégio hoje. Confesso que havia ficado um pouco desanimada com a sua ausência, mas ela esteve um pouco distante nesses dias, então não faria tanta diferença.
Levantei-me da cama e peguei uma toalha, seguindo para o chuveiro. Assim que terminei, vesti o meu uniforme e calcei meus sapatos. Em seguida, desci as escadas caminhando em direção à cozinha. Entrei e me sentei na mesa, pegando um pêssego do fruteiro e comendo.
Algum tempo depois, peguei a minha mochila e me retirei de casa, seguindo até a escola. Assim que comecei a caminhar, Matteo começou a se aproximar.
— Então Milana, parece que o seu encontro durou depois da pizzaria — disse Matteo.
— E por que não duraria? — continuei caminhando.
— Bem... depois do incidente na pizzaria, com o seu "namoradinho" me dando um sermão, achei que vocês tivessem concordado em terminar o encontro.
— "Incidente"... — falei em um tom baixo, rindo levemente. — Mas não terminamos.
— Não entendi a risada.
— Aquilo não foi um "incidente" Matteo! O que o Lorenzo havia dito, serviu muito bem para você e para o Dylan, mas agora você dizer que aquilo foi um "incidente", é ser uma pessoa muito descarada!
— Do que está falando Milana? O Lorenzo não tinha o direito de ter falado com a gente naquele tom e com aquelas palavras!
Parei de andar e olhei para o Matteo.— E VOCÊ E O DYLAN TEM O DIREITO DE FALAR COMIGO DA MANEIRA QUE VOCÊS FALAM? — gritei no meio da rua.
— Milana... — disse Matteo surpreso.
— Vai para o inferno! — falei com os meus olhos marejados.
Voltei a andar, agora deixando as minhas lágrimas caírem e as secando em seguida.
Assim que cheguei na escola, entrei e caminhei até o Lorenzo, enquanto ele fechava o seu armário.
— Oi Lorenzo — o cumprimentei enquanto caminhávamos para a classe.
— Oi Milana, como você está?
— Estou bem e você?
— Estou bem. Tem visto o Matteo e o amigo dele?
— Quando eu saí de casa eu vi o Matteo, apenas ele.
— E ele conversou com você?
— Sim, mas ele falou tantas coisas idiotas, que eu acabei explodindo e gritando com ele.
— Ele mereceu! Saiba que você teve suas razões.
— Sim... espero não ter exagerado.
— Exagerado? — disse ele parando de andar e olhando para mim. — Milana, o Matteo mereceu, olha todas as coisas ruins que ele tem falado para você. Não se culpe por estar certa!
— É claro, você tem razão Lorenzo, agradeço pelos conselhos — sorri levemente.
Entramos na classe e nos sentamos, aguardando a professora e os demais chegarem.
Algum tempo mais tarde, assim que a aula havia terminado, Lorenzo e eu nos levantamos e caminhamos até o quiosque. Ao chegarmos, sentamos na pequena mesa de madeira e começamos a comer.
— E a Alessa, ela não veio hoje por que?
— Eu não sei, ele avisou que não viria, mas não disse o porque.
— Ela ainda tem estado distante?
— Sim, infelizmente — respondi desanimada.
— Não se importe muito com isso, pessoas apaixonadas infelizmente ficam assim mesmo.
— Acho que nem todas... — abaixei o meu olhar.
— Ei, você encontrará muitos amigos novos ainda, assim como já me encontrou — sorriu levemente.
— É verdade e fico feliz por ter feito um amigo novo — sorri.
— Também fico feliz por ter feito uma nova amiga.
Matteo Rossi.
Meus pensamentos estavam inquietos. Os gritos que a Milana havia dado, tinha me surpreendido muito, mas ao mesmo tempo me deixou m*l. m*l por saber que eu havia a chateado e não sabia como lhe pedir desculpas.
— Matteo, você está bem? — indagou Dylan.
— O que?
— Você está aéreo, parece estar em outro lugar.
— Não é nada, só estava pensando um pouco sobre algumas coisas pessoais.
— Entendo... Você se encontrou com a Milana hoje? Ou ainda não falou com ela?
— Não, por que a pergunta?
— Porque você está muito quieto e parece abalado com algo, e quando você entrou na classe e viu a Milana, a sua fisionomia fechou na hora.
— Não é nada, isso é apenas impressão sua.
— Sei... — respondeu Dylan desconfiado.
Milana Sartori.
Algum tempo mais tarde, assim que a aula havia terminado, me despedi de Lorenzo e comecei a caminhar de volta a minha casa. Assim que estava andando, Matteo começou a caminhar do meu lado.
— Então, eu queria saber o que está havendo com você.
O ignorei indiferente, continuando a caminhar, com a cabeça erguida.
— Tudo bem, já entendi, não vai falar comigo. Mas eu só queria saber o que tem lhe passado, porque você não é assim.
— Matteo... — parei de caminhar e o olhei. — Eu não irei contar sobre a minha vida pessoal para você. Você não é o meu amigo, aliás, você não é nada meu! Então por favor, pare de me encher o saco e volte a fazer seja lá o que você faz.
— Milana... eu só queria conversar um pouco contigo e como dito antes, eu ainda me importa com o que acontece com você.
— Às vezes você me faz rir. Eu não sei o que está acontecendo, mas eu não farei parte disso.
— Fazer parte do que? Não tem nada do que fazer parte Milana.
— Eu não sei, mas vê se para de falar comigo.
Voltei a caminha rapidamente, enquanto Matteo seguia para outra direção.
Assim que cheguei em casa, joguei a minha mochila em um canto da sala e me deitei no sofá.
Eu estava cansada e as conversas que Matteo estava tendo comigo, havia-me deixado bastante intrigada e desconfiada. Eu não sabia se ele ainda se importava de verdade comigo, ou fez alguma "brincadeira", como um desafio com o Dylan.
Pensei em ligar ou mandar mensagem para a Alessa, mas eu estava relutante, pois eu não queria ser uma pessoa que corre atrás de outra, sabendo que essa tal pessoa não quer mais nem saber ou conversar comigo.
Algum tempo mais tarde, recebi uma ligação do meu pai.
— Oi pai, como o senhor está?
— Eu vou bem e você?
— Estou bem também.
— Como está indo na escola?
— Está indo bem e espero que assim continue.
— Que bom, fico feliz que esteja tudo bem.
— E como vai em seu trabalho?
— Está indo tudo ótimo também. Querida, preciso desligar agora, até mais.
— Tudo bem pai, até.
Desliguei a chamada e subi para o meu quarto.
Ao anoitecer, comecei a me incomodar com o barulho alto que estava vindo da casa do Matteo. Levantei-me da cama e olhei pela janela. Matteo havia dado novamente uma outra festa e as luzes e o som alto eram insuportáveis.
Desci as escadas e saí de casa, seguindo para a casa do Matteo. Assim que cheguei, entrei e fui procurá-lo. Haviam muitas pessoas, inclusive, tinha visto Alessa e seu namorado e claro que aquilo havia me abalado um pouco.
— Olha se não é a gatinha com os olhos coloridos — disse Dylan segurando um copo com cerveja. — Então, veio festejar também? — sorriu.
Me afastei de Dylan, fazendo uma careta com o odor e tampando meu nariz com a mão, pois seu hálito cheirava fortemente a cerveja.
— Onde está o Matteo? — indaguei.
— Da última vez que eu o vi, ele estava no quarto.
— Tá, obrigada.
Subi as escadas e caminhei até o quarto de Matteo. Abri a porta e o vi olhando pela sua janela, fumando um cigarro.
— E aí Milana — sorriu.
— Você poderia baixar o volume da música, por favor.
— E por que eu faria isso?
— Eu estou pedindo gentilmente, eu só queria conseguir dormir.
Matteo se afastou da janela e caminhou até mim.
— Por que dormir agora? Fica aqui, festeje com a gente.
— Não, Matteo! Eu não tenho o porque festejar. Então você poderia abaixar a d***a dessa música?
— Você parece um pouco alterada, deveria ficar aqui e beber um pouco comigo.
Revirei os olhos e me virei, caminhando até a porta, mas assim que eu estava prestes a sair, Matteo me puxou pelo pulso, virando-me rapidamente.
Agora Matteo estava olhando fixo para mim, sua boca estava perto da minha, eu podia sentir seu hálito quente batendo em meu rosto e meu coração estava acelerado. O empurrei e rapidamente saí de seu quarto, descendo as escadas e voltando para a minha casa.
Matteo Rossi.
Assim que Milana se retirou do quarto, me sentei na cama.
Eu queria ter falado algo a mais para a Milana, mas não consegui. Eu estava a olhando e percebi que meu coração estava acelerado. Eu não queria sentir um sentimento a mais por ela a não ser amizade, mas eu estava começando a sentir um outro sentimento de um carinho maior e eu não estava gostando.
Quando eu havia puxado Milana para perto de mim, a única coisa que eu queria ter feito, era de ter a beijado, mas fiquei sem reação. Confesso que eu fiquei surpreso comigo mesmo, porque eu normalmente não era assim, mas a Milana fazia-me sentir diferente.