Cap. 01
Dr. Alberto Narrando:
Sou Dr. Alberto advogado criminalista a mais de 20 anos, tive minha primeira e única filha ao 20 anos de idade com a mulher da minha vida, infelizmente a gravidez era de risco e ela não resistiu, mas sou grato pela minha filha ter ficado comigo, ela é o que eu tenho de mais valioso na vida, sempre cuidei bem dela, ensinei tudo que ela precisava saber na vida, até tentei fazê-la se interessar por medicina, mas ela quis seguir os meus passos e fez faculdade de Direito, se formou a um ano e vive doida atrás do seu primeiro caso, mas eu sei que no momento certo ela vai ter.
Há 15 anos conheci o dono do morro do Vidigal, o VK, que ficou sabendo que eu era um dos melhores advogados criminalistas e me queria do lado dele pra livrar a barra sempre que necessário, no começo eu exitei, não queria me envolver com essa gente, é perigoso, eu tinha uma filha e não podia deixar que nada acontecesse com ela, mas no final acabei cedendo, ele me prometeu segurança e que sempre teria um apoio, e assim além de advogado e cliente nos tornamos grandes amigos, sabia que ele tinha três filhos, dois homens e uma mulher, o mais velho era apenas dois anos mais velho que minha menina e ele dizia que quando ele morresse, esse assumiria tudo. Esse dia chegou a 6 anos atrás, num confronto com o morro inimigo ele foi assassinado, a comunidade inteira ficou em luto, ele era querido por todos, dei todo suporte a família e me coloquei a disposição pro que fosse preciso. Seu filho então se tornou o dono do morro, e me pediu que continuasse sendo o seu advogado em consideração ao meu grande amigo eu aceitei, mas nunca deixei minha filha ter nenhum contato ou saber que eu era advogado do dono do morro do Vidigal.
A 2 anos atrás houve uma invasão no morro com a ajuda de alguém do morro a polícia conseguiu prender o Chefe, como ele é conhecido, mesmo eles não tendo prova que ele é o dono do morro ele continua preso, já consegui reduzir bastante o tempo dele aqui dentro e ainda luto pra conseguir tirar ele daqui logo, tô quase conseguindo um alvará de soltura pra ele, hoje tô aqui conversando sobre isso com ele.
Dr. Alberto: Então Chefe, falta pouco pra conseguir o alvará, preciso que tu continue com o bom comportamento que já já tu sai daqui.- falei pra ele que prestava atenção.
Chefe: Pô Dr. preciso sair logo daqui, reconheço teu esforço e sei que já quebrou muito galho pra mim, mas se eu ficar mais um ano aqui eu vou endoidar.- disse me olhando sério.
Dr. Alberto: Te entendo perfeitamente, em menos de um mês tu sai daqui, tô a um passo de consegui.- falei e ele confirmou com a cabeça.
Chefe: Beleza, confio em tu e se precisar de qualquer coisa, de grana, seja lá o que for, pode falar com o Bravo que ele te arruma as paradas tá ligado?!- falou e eu confirmei.
Dr. Alberto: Ok, vou indo e qualquer novidade venho pessoalmente te informar.
Chefe: Beleza, fé pro senhor aí.- falou e eu saí, eu realmente tô quase conseguindo com que ele saia daqui, convenci o juíz com a história de que ele é apenas um morador endividado que fazia serviços pro dono, eu sei já me questionei várias vezes se tô fazendo o certo, mas o que mais me fez continuar com isso foi o fato de ter conhecido de perto a vida dessas pessoas, o crime realmente não é o creme como eles mesmo dizem, nem sempre quem nasce e cresce na favela tem oportunidade de uma vida diferente, a família do Chefe herdou essa vida e ele faz em honra do pai que deu a vida por isso, o VK era um homem de grande coração, amava a favela e fazia tudo não só pela família, mas por toda a comunidade que confiava nele, isso tudo é sempre um conflito entre o certo e o errado.
Saí de lá e peguei meu carro voltando pra casa, moro num apartamento com minha filha, é sempre só nós dois, estacionei o carro na garagem e entrei no elevador subindo pro 10° andar, entrei no apartamento e tranquei a porta.
Dr. Alberto: FILHA!- gritei por ela assim que entrei.
Alice: TÔ NO QUARTO PAI.- disse alto me respondendo, fui até lá a vendo de frente ao computador como sempre.
Dr. Alberto: Tá tudo bem?- perguntei indo até ela e lhe dando um beijo na testa.
Alice: Tô ótima, tava aqui vendo alguns documentários.- disse me olhando e sorrindo.- E você? Como foi lá? Seja lá onde que você nunca me diz.- ela sempre me pergunta sobre aonde vou, mas não quero envolver ela nisso então é o único caso que não converso com ela sobre.
Dr. Alberto: Tudo normal, senhorita Alice.- falei cortando o assunto, ela revirou os olhos e fez cara de tédio.- vou tomar um banho, se arrume que iremos jantar fora.
Alice: Tudo bem papai.- ela respondeu e já se levantou, fui em direção ao meu quarto, guardei minha maleta, tirei meus sapatos e minhas roupas e fui para o banheiro, tomei um banho demorado e depois saí, escolhi uma roupa casual a vestindo, coloquei apenas um relógio, penteei o cabelo e passei um perfume e saí indo pra sala, minutos depois a Alice apareceu arrumada.
Dr. Alberto: Tá linda minha filha.- a elogiei como sempre faço.
Alice: Obrigada papai, você também está ótimo.- disse e eu agradeci sorrindo.
Dr. Alberto: Vamos então.- falei e saímos indo pro elevador, descemos até a garagem entrando no carro e demos partida, fomos a um restaurante que sempre vamos, nos sentamos na mesa de sempre e pedimos o de sempre, eu e a Alice amamos esse restaurante, é nossa marca, sempre viemos aqui, jantamos conversando muito e sorrindo também.
Alice: Pq não me fala sobre esse caso que o senhor tanto se dedica?- perguntou como sempre pergunta.
Dr. Alberto: Alice, já conversamos sobre isso, me pergunte sobre qualquer caso, menos esse por favor filha.- respondi como sempre respondo quando ela pergunta.
Alice: Tudo bem, não pergunto mais.- disse chateada.
Dr. Alberto: Faço isso pra sua p******o filha, tem coisas que você não precisa saber.- falei e ela concordou, continuamos conversando e logo ela esqueceu e já estava alegre novamente, terminamos de jantar, paguei a conta e fomos embora ouvindo música e cantando juntos, eu sinto muita falta da minha mulher, mas sou feliz por ter tido a oportunidade de criar com minha filha, jamais deixaria alguém fazer m*l a ela. Chegamos no prédio e entramos pra garagem, estacionei e já fui saindo.
Alice: Espera pai, meu brinco caiu.- disse se abaixando pra procurar e eu fechei a porta pra espera-la do lado de fora, nesse momento dois homens vinham numa moto, pararam na minha frente, estavam com máscaras pretas.
- Era melhor não ter se envolvido com bandido.- disse apontando a arma pra mim e disparando dois tiros no meu peito, ouvi um zumbido e caí no chão vendo a moto ir embora.
Alice: PAPAI!- escutei sua voz distante e a vi se ajoelhar colocando minha cabeça no seu colo.- Não me deixa pai, por favor.- Por mais que queria dizer alguma coisa eu não consegui, então levantei a mão segurando o seu rosto torcendo pra que ela entendesse tudo que eu queria dizer, não consegui mais manter os olhos abertos e não vi mais nada.