Até parece que vou deixar esse i****a me tirar do sério!
Ele realmente acha que pode brincar comigo e ainda se enfiar no meu projeto!
Sigo para o terreno onde está sendo realizada a construção, o hotel Ravensgod, e essa é minha chance de mostrar que consigo estar à frente de um grande projeto, vou ser uma excelente engenheira civil e meu pai ficará orgulhoso da filha que tem.
Passo a semana toda atarefada, não paro um segundo sequer, Caleb também tem bastante trabalho a fazer, o que o deixa sem tempo para me aborrecer.
O final de semana chega friozinho, visto uma roupa quente e vou ao shopping, hoje é dia de comprar livros. Compro um chocolate quente e só depois vou para a livraria, nada melhor que chocolate quente e um bom livro.
— Fernanda! — como esse i****a me achou aqui?
— Você está me seguindo? Será que vou precisar de uma ordem de restrição? — pergunto ficando vermelha de raiva.
— É claro que não, foi só uma coincidência. — diz alto demais, atraindo alguns olhares irritados.
— Pare de gritar, isso aqui é uma livraria, as pessoas estão lendo. — peço irritada.
— Desculpe. — sussurra. — Vamos sair daqui e comer algo.
— Caso não tenha percebido estou lendo. — mostro o livro — E já tenho algo para beber, então saia daqui e me deixe em paz.
— Venha, vamos logo. — ele simplesmente pega meu livro e meu chocolate quente, vai até o caixa e paga por ele, antes que eu possa processar isso ele começa a beber minha bebida quentinha.
— Você não está bebendo isso! — ameaço.
— Não, eu estava bebendo. — ele vira o copo — Acabou.
— Seu infeliz, desgra... — ele me interrompe.
— Xiiii Fernanda, isso aqui é uma livraria, vamos conversar lá fora. — ele me entrega o livro e recusa o dinheiro que ofereço.
Dou-me por vencida, é isso ou dar um tabefe nele, aceito comer algo com esse ser de outro mundo. Afinal de contas só vamos nos sentar e comer, isso não é um encontro.
— Certo, mas vamos deixar uma coisa bem clara, você está me vencendo por cansaço e se começar com gracinhas te deixo sozinho, estamos entendidos Neto?
— Certo, sem gracinhas. — ele tenta fazer o juramento dos escoteiros, não que eu acredite que ele já tenha sido escoteiro ou que saiba o que significa isso.
Saímos da livraria e vamos até uma lanchonete, a situação já não é das melhores e para ajudar os amigos idiotas dele estão todos aqui.
— Olha quem chegou! — Um dos amigos dele, Thiago grita acenando.
— Vá ficar com eles, vou pegar algo e voltar para meu livro. — me afasto.
— Mas é claro que não, você não vai me enrolar Fernanda. Vamos apenas cumprimentar e pegar uma mesa para nós, estou aqui com você e não com eles. — afirma já me arrastando, coisa que não é muito fácil de fazer, devido aos meus quilinhos a mais.
— Já disse o quanto te odeio Neto? — sussurro de forma ameaçadora.
— Prefiro ouvir você dizer o quanto sou maravilhoso. — sorri cínico.
Chegamos à mesa dos retardados e todos me medem da cabeça aos pés, observo eles de nariz em pé, chega de me fingir de burra.
— Está fazendo caridade Caleb? — todos riem da piadinha ridícula.
— Isso foi uma piada? — pergunta sério.
— Fique aqui conosco mano, a Mendonça pode ficar também. — Diego oferece, fazendo com que todos na mesa olhem para ele espantados.
— Obrigado pelo convite, mas vamos pegar uma mesa para dois. Nos vemos depois.
— Tchau! — digo e a v***a das vadias faz cara de quem chupou limão.
— Você realmente acha que isso é um encontro? — pergunta debochando — Deve ser apenas mais uma aposta.
Saio sem nem me dar ao trabalho de responder, se isso foi uma aposta estou pouco me lixando, a gordinha aqui vai comer e se mandar.
Sigo para a área de pedidos, Caleb já está pedindo o que vai comer.
— Ia pedir algo para você, mas percebi que não sei do que gosta. — ele se dá ao trabalho de parecer envergonhado.
— Um sanduíche natural e um suco de laranja, com açúcar, nada de adoçante.
— Não precisa comer só isso porque estou aqui, não ligo.
— Deixa de ser ridículo, só porque sou gorda tenho que comer igual a uma porca?
— Não foi isso que eu quis dizer, mas...
— Cale a boca Neto, vamos logo achar um lugar e nos sentar. — ficamos na mesa mais afastada do pessoal da faculdade.
O silêncio reina até que tragam nossos pedidos, Caleb pediu um mundo de coisas... depois os gordos que comem demais.
— Sabe, seu projeto está perfeito... — fala como quem não quer nada.
— Agora vou poder dormir em paz, sabendo que você aprovou. — ele me deixa irritada só de estar perto de mim — Está obviamente perfeito, sei que sou boa. — não tento ser nem um pouquinho modesta afinal de contas reconheço meu esforço para que tudo saia perfeito.
— Não precisa ser convencida. — diz fazendo uma careta fofa.
— Estou sendo realista. — fico meio abobada ao vê-lo comendo batatas fritas, hambúrguer, chips e um pedaço de torta não sei de quê. Mais um copo de 1L de Coca-Cola. — Mas, como você consegue ter um corpo desses comendo todas essas porcarias?
— Sei lá, genética? — dá de ombros.
— Se eu comesse tudo isso sairia daqui rolando enquanto você tem esse corpo, a vida realmente é muito injusta!
— Então você gosta do meu corpo? — como se alguém em sã consciência pudesse não gostar!
— Não seja ridículo, nunca fiquei reparando em você. — digo indiferente.
— Não por isso. — ele se levanta e tira a camisa.
— Você está maluco? Vista logo essa camisa! — fico morrendo de vergonha de estar aqui com esse i****a.
— Antes me diga o que acha. — um sorriso travesso estampa seus lábios.
— É legal, dá para o gasto. Agora vista logo essa camisa. — falo logo para que ele coloque a m***a da camisa.
Ele veste e se senta emburrado, com uma tromba que se alguém passar perto da nossa mesa pode tropeçar e cair.
— Como ousa mulher, nunca ninguém, está me ouvindo, ninguém disse uma barbaridade dessas! — diz me olhando sério. — Legal, dá para o gasto! — repete imitando minha voz e fazendo com que eu solte uma gargalhada.
— Vocês homens, sempre tão dramáticos. — e idiotas.
— Sua vez, vamos lá me deixe dar uma olhada no seu corpo! — encarro ele horrorizada.
— Coitadinho, ficou louco de vez... — bufo.
— Qual é Nanda, está com medo? Deixe-me ver o que tem aí. — insiste a pessoa totalmente desequilibrada.
— Isso só vai acontecer nos seus sonhos e já disse para me chamar Fernanda.
— Nos meus sonhos você não usa roupas, Fernanda! — afirma olhando dentro dos meus olhos, fazendo um calafrio percorrer meu corpo.
— Preciso ir. — me levanto, deixo algum dinheiro na mesa — Tchau! — saio praticamente correndo.
— Nanda! — o ouço gritar quando chego à porta, viro para ver o que quer agora. — Maravilhoso! Nota 10! — grita fazendo com que todos olhem para mim.
Que abra um buraco no chão e me engula!
Despeço-me com um aceno de cabeça e volto para a livraria, mas dessa vez me escondo atrás das últimas prateleiras.
Esse homem deve estar querendo me enlouquecer!