Fica um pouco complicado passar despercebida quando você é a única pessoa que segue para o escritório no topo das escadas.
Isso mesmo!
Para chegar a minha nova sala, tenho que subir uma escada e foi nessa altura que todo mundo começou a reparar que sou a nova diretora, eles até param seus trabalhos para me ver ir em direção a escada.
Ótima maneira de chegar chegando!
Só tinha duas opções, interpretar o papel da diretora que não gosta de ninguém, uma antissocial de carteirinha ou a diretora simpática e louca de quem todos gostam.
É, está bem óbvio essa p***a!
— Bom dia! — eles respondem em uníssono — Sou Meridith Perez. — um burburinho se propaga pela sala. — A nova diretora e sou péssima em discursos então só posso dizer que sempre que precisarem estarei aqui, seja para assuntos profissionais assim como pessoais! Alguma pergunta? — esse é aquele momento em que você pede a Deus para ninguém tenha realmente uma pergunta!
Mas o carma é o carma mesmo!
— Você é mesmo A — ele dá ênfase no "A" — Meridith Perez? — para deixar claro, ele pergunta em inglês, e percebo que ou esse rapaz é i****a, ou se faz de b***a, acabei de falar em português.
— É o que diz na minha certidão de nascimento. — sorrio para que eles levam isso na brincadeira, e todos me acompanham. — E acho que podemos nos comunicar em português! — eles soltam mais alguns risinhos.
— Seja bem-vinda! — Será que comecei bem? Ah p***a! Devo ter começado.
Sinto alguém ainda de olhos cravados em mim e quando procuro quem seria, para saber se ainda resta alguma dúvida, vejo o homem do elevador, o olhar dele me intriga e faz com que arrepie até os ossos do meu corpinho. Nem sei o que esse i****a faz aqui, mas pela maneira que está vestido, deve ser um dos executivos, mais um filhinho de papai.
Quebro nossa troca de olhares e subo para a sala, em cima da mesa tenho uma caixa dos meus chocolates favoritos, uma rosa e um cartão, vou até lá e leio.
OI AMOR, GOSTARIA DE ESTAR AÍ PARA VÊ-LA FAZENDO SEU PRIMEIRO DISCURSO NO BRASIL! ME FAZ LEMBRAR DE SANTA MÔNICA. BONS TEMPOS AQUELES... CHEGO AÍ NA QUARTA, ESPERO QUE ESTEJA BEM ACOMODADA E CONFIANTE QUANDO EU CHEGAR!
BEIJÃO!
PS. RODRIGO
Rodrigo Van Petri. Vulgo: melhor amigo e o pior chefe de sempre. Acho que todas as pessoas deveriam ter um amigo como ele! O pensamento me faz rir.
Estou com saudades desse crápula.
Coloco minha bolsa em minha cadeira e começo a abrir as persianas do escritório, ficando assim com uma visão panorâmica de todo o setor. Começo a pôr algumas coisas que trouxe comigo, a habitual foto da família e mais uns objetos. Estou prestes a sentar para organizar os papéis quando alguém bate na porta. Peço para entrar, quando vejo quem é, me pergunto o que esse desgraçado faz aqui.
— Bom dia, em que posso ajudar? — ele se joga na cadeira sem a menor cerimônia, como se estivesse na sala da casa dele.
— Matthew Connor Quinto. Dono da cadeia de hotéis Ravens entre outras coisas, mas já deve saber isso não é. — fala em tom de deboche.
Filho da mãe.
— Sim, Sr. Connor, sei sobre o projeto para o seu hotel. — ele olha espantado e um pouco irritado, e naquele momento gosto menos ainda dele, tenho a certeza que fará tudo para eu me lascar aqui.
— Pois bem, quero cancelar a última encomenda. Elaboraremos tudo do zero. Na verdade, quero que vocês comecem tudo do zero, essa encomenda e as que já foram feitas. E o prazo continua o mesmo. — diz arrogante.
Mas há uma coisa que ele não sabe, esse projeto é meu, então sou eu quem mando aqui, as regras são minhas e ele que terá que dançar conforme a música.
— Se é assim que quer, o senhor terá que contratar outra empresa. Não gastamos tempo, dinheiro e espaço com o seu projeto em vão. Aposto haver pessoas aqui que ultrapassaram as 8 h permitidas de serviço para ter o que pediu no tempo certo. Então peço imensas desculpas, mas isso não acontecerá. Você tem duas opções: nos deixar continuar com nosso trabalho ou pode começar a procurar outra empresa. — minha voz é calma e controlada, mas o olhar de surpresa dele é impagável e eu sorrio internamente.
— Deveriam ter te avisado que sou uma das melhores contas desse escritório.
— E você com certeza sabe que somos a melhor empresa nesse ramo.
— Essas coisas não aconteciam com a antiga diretora, não tínhamos problemas...
— Lamento! Mas como pode ver ela não está mais aqui, e como não sou nem de longe como ela, não adianta tentar jogar charme para mim, não conseguirá o que quer.
— Você não poderia se passar por ela nem no escuro! — debocha. — E eu nunca jogaria meu charme para você!
— Que bom, então estamos entendidos. Agora se me der licença, faça o favor de sair.
— Você está me expulsando? — pergunta indignado.
— Entenda como quiser, só saia! — ele se levanta bufando e sai.
Era o que me falta, além de ser um s****o é racista e preconceituoso!
Ele que vá para o raio que o parta!