Bônus - Meridith

904 Words
Fica um pouco complicado passar despercebida quando você é a única pessoa que segue para o escritório no topo das escadas. Isso mesmo! Para chegar a minha nova sala, tenho que subir uma escada e foi nessa altura que todo mundo começou a reparar que sou a nova diretora, eles até param seus trabalhos para me ver ir em direção a escada. Ótima maneira de chegar chegando! Só tinha duas opções, interpretar o papel da diretora que não gosta de ninguém, uma antissocial de carteirinha ou a diretora simpática e louca de quem todos gostam. É, está bem óbvio essa p***a! — Bom dia! — eles respondem em uníssono — Sou Meridith Perez. — um burburinho se propaga pela sala. — A nova diretora e sou péssima em discursos então só posso dizer que sempre que precisarem estarei aqui, seja para assuntos profissionais assim como pessoais! Alguma pergunta? — esse é aquele momento em que você pede a Deus para ninguém tenha realmente uma pergunta! Mas o carma é o carma mesmo! — Você é mesmo A — ele dá ênfase no "A" — Meridith Perez? — para deixar claro, ele pergunta em inglês, e percebo que ou esse rapaz é i****a, ou se faz de b***a, acabei de falar em português. — É o que diz na minha certidão de nascimento. — sorrio para que eles levam isso na brincadeira, e todos me acompanham. — E acho que podemos nos comunicar em português! — eles soltam mais alguns risinhos. — Seja bem-vinda! — Será que comecei bem? Ah p***a! Devo ter começado. Sinto alguém ainda de olhos cravados em mim e quando procuro quem seria, para saber se ainda resta alguma dúvida, vejo o homem do elevador, o olhar dele me intriga e faz com que arrepie até os ossos do meu corpinho. Nem sei o que esse i****a faz aqui, mas pela maneira que está vestido, deve ser um dos executivos, mais um filhinho de papai. Quebro nossa troca de olhares e subo para a sala, em cima da mesa tenho uma caixa dos meus chocolates favoritos, uma rosa e um cartão, vou até lá e leio. OI AMOR, GOSTARIA DE ESTAR AÍ PARA VÊ-LA FAZENDO SEU PRIMEIRO DISCURSO NO BRASIL! ME FAZ LEMBRAR DE SANTA MÔNICA. BONS TEMPOS AQUELES... CHEGO AÍ NA QUARTA, ESPERO QUE ESTEJA BEM ACOMODADA E CONFIANTE QUANDO EU CHEGAR! BEIJÃO! PS. RODRIGO Rodrigo Van Petri. Vulgo: melhor amigo e o pior chefe de sempre. Acho que todas as pessoas deveriam ter um amigo como ele! O pensamento me faz rir. Estou com saudades desse crápula. Coloco minha bolsa em minha cadeira e começo a abrir as persianas do escritório, ficando assim com uma visão panorâmica de todo o setor. Começo a pôr algumas coisas que trouxe comigo, a habitual foto da família e mais uns objetos. Estou prestes a sentar para organizar os papéis quando alguém bate na porta. Peço para entrar, quando vejo quem é, me pergunto o que esse desgraçado faz aqui. — Bom dia, em que posso ajudar? — ele se joga na cadeira sem a menor cerimônia, como se estivesse na sala da casa dele. — Matthew Connor Quinto. Dono da cadeia de hotéis Ravens entre outras coisas, mas já deve saber isso não é. — fala em tom de deboche. Filho da mãe. — Sim, Sr. Connor, sei sobre o projeto para o seu hotel. — ele olha espantado e um pouco irritado, e naquele momento gosto menos ainda dele, tenho a certeza que fará tudo para eu me lascar aqui. — Pois bem, quero cancelar a última encomenda. Elaboraremos tudo do zero. Na verdade, quero que vocês comecem tudo do zero, essa encomenda e as que já foram feitas. E o prazo continua o mesmo. — diz arrogante. Mas há uma coisa que ele não sabe, esse projeto é meu, então sou eu quem mando aqui, as regras são minhas e ele que terá que dançar conforme a música. — Se é assim que quer, o senhor terá que contratar outra empresa. Não gastamos tempo, dinheiro e espaço com o seu projeto em vão. Aposto haver pessoas aqui que ultrapassaram as 8 h permitidas de serviço para ter o que pediu no tempo certo. Então peço imensas desculpas, mas isso não acontecerá. Você tem duas opções: nos deixar continuar com nosso trabalho ou pode começar a procurar outra empresa. — minha voz é calma e controlada, mas o olhar de surpresa dele é impagável e eu sorrio internamente. — Deveriam ter te avisado que sou uma das melhores contas desse escritório. — E você com certeza sabe que somos a melhor empresa nesse ramo. — Essas coisas não aconteciam com a antiga diretora, não tínhamos problemas... — Lamento! Mas como pode ver ela não está mais aqui, e como não sou nem de longe como ela, não adianta tentar jogar charme para mim, não conseguirá o que quer. — Você não poderia se passar por ela nem no escuro! — debocha. — E eu nunca jogaria meu charme para você! — Que bom, então estamos entendidos. Agora se me der licença, faça o favor de sair. — Você está me expulsando? — pergunta indignado. — Entenda como quiser, só saia! — ele se levanta bufando e sai. Era o que me falta, além de ser um s****o é racista e preconceituoso! Ele que vá para o raio que o parta!
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