Uma Alma a Menos

Prólogo da história

Prólogo da história

Ponto de Vista do personagem principal — Henry Reymond

A surpresa atinge a todas as pessoas presentes no imenso auditório desta universidade, assim que foi realizado o anúncio em um alto tom seguinte:

— O vencedor do prêmio é... — A voz do homem responsável pelo anúncio do vencedor na premiação estudantil da universidade em que eu estudo, pronuncia com uma certa bravura e empolgação. Porém, em seguida se instala uma silenciosa pausa, antes deste mesmo passar a adotar uma voz em desdém ao ter que prosseguir com o nome do verdadeiro ganhador. — Henry Reymond!

De imediato, os diversos pares de olhos presente no enorme auditório da universidade mais renomada desta cidade, me encaram com uma estupefação nítida em deboche, o que me deixa um tanto apreensivo diante de tamanho desgosto perante a plateia presente.

Porém, apesar da minha apreensão, eu já deveria ter imaginado anteriormente que se caso eu viesse a ganhar a premiação, seria exatamente esta a reação que todos tomariam.

Infelizmente, o egocentrismo reina pelos corredores deste local, o que faz com que ninguém nesta eminente universidade seja capaz de reconhecer uma merecida vitória em premiações sobre outra pessoa, a não ser que eles mesmos sejam os próprios detentores dos prêmios. O egocentrismo orgulhoso molda a mente de cada universitário que aqui estuda. Uma triste realidade, diante de uma competitividade constante e preocupante.

No mesmo instante, na intenção de não me intimidar, eu ergo a minha cabeça como uma afronta a todos os olhares que estão a me criticar. Eu mesmo sei a minha dedicação sobre os diversos meses de trabalho árduo e noites em clara que eu passei para poder alcançar a minha meta, por isto nada melhor do que eu mesmo para me parabenizar pelos méritos que eu agora estou a conquistar. Desta forma, eu opto por não me importar com as críticas desconstrutivas que eu recebo, uma vez que estas só me levariam à beira de uma decepção sem nexo. Diante de situações como estas, eu preciso aprender com a vida que eu mesmo tenho que ser a pessoa a quem mais se orgulha de minha própria luta, e mesmo assim, eu sei que em um lugar especial alem das barreiras meramente carnais, os meus falecidos pais também estão com sorrisos orgulhosos sobre o meu esforço.

Em postura, eu me levanto de meu assento, o qual está escondido ao final do auditório, e assim eu posso perceber com uma maior clareza o desdenhar presente nas diversas pupilas carregadas com uma inveja cortante acompanhando singelamente os meus movimentos. Nenhum aplauso, nenhuma gratificação, apenas se fazem presente os múrmuros de descontentamento e deboche pelo anunciado. Como renomados universitários do curso de psicologia, presentes em peso neste auditório, estes optam adotar um comportamento da uma forma completamente errada e que não deveria estar na possibilidade de concretização diante dos princípios o qual tanto nós lutamos a defender. Não deveria ser este o comportamento partindo deles, que tanto se dizem detentores de imensa inteligência psicológica.

Porém, já seria de tamanha evidência que eles não aceitariam muito bem que logo eu, um aluno não detentor de boas condições financeiras e com a pele escura demais para a tão normalidade clara dos que aqui fazem parte desta pequena cidade, esteja agora recebendo o prêmio que todos estes estavam a disputar. É lamentável que eles hajam desta forma desrespeitosa, apesar de ser um assunto que vem sendo muito bem abordado por os nossos tempos atuais, mas os moradores desta pequena cidade ainda possuem muitos preconceitos vivos e crescentes. Algo que é bem revoltante, mas ninguém faz nada para o contrário a isto, e se fizer pode ser até apedrejado pela própria equipe policial que deveria em tese nos proteger. Enfim, bem-vindos a esta redoma de horrores em que eu moro.

Na intenção de não deixar os meus pensamentos me consumirem a uma forma de paralisar os meus passos, eu desperto de meus pensamentos e volto a focar em minha realidade presente com a permanência de uma postura confiante. Se não por mim, pelo menos por todos aqueles nesta cidade que também estão em mesma classe social que a minha, e assim eu não devo demonstrar uma submissão de nenhuma forma perante as suas repressões. De imediato, eu me retiro dos assentos e direciono os meus passos pelo imenso tapete avermelhado que segue rumo ao palco. É nítido que o clima frio no ambiente é carregado de tensão, pelo menos para mim, que apesar de demonstrar firmeza ao meu exterior, é inegável dizer que em meu interior eu sou atacado por um extremo desconforto diante dos diversos olhares reprovadores. Eu consigo imaginar neste o exato propósito que se conectam às suas intenções que estes tem ao me direcionar tal desgosto. A situação é desagradável, mas eu não deixo com que eles me intimidem ou abalem o meu emocional, apesar da imensa pressão que eu estou a sentir por tanto aspereza para que eu desista do prêmio.

Na verdade, ignorando todos estes m*l olhares, os meus sentimentos se focam em um orgulho de mim mesmo por toda a minha trajetória, eu guio os meus passos com extrema firmeza e convicção, ao direcionar os meus pensamentos para que assim como qualquer um, eu também mereço poder chegar ao topo, afinal todo trabalho bem f**o deve ser reconhecido, e eu me esforcei como ninguém para alcançar esta meta.

No palco a minha frente, está o diretor da faculdade e também melhor pesquisador do ramo da humanidade, Dr. Thuson. O seu olhar frio não n**a a insatisfação de ter proferido o meu nome como o ganhador do prêmio. Eu tenho a certeza de que se ele pudesse mudar o meu nome daquele envelope dourado, sem perder tempo o faria. Sem dúvidas alguma, ele faria de tudo para colocar o seu filho, James Thuson, no topo. Porém, ao contrário dele ou de qualquer outro universitário, James aparenta ser um cara tranquilo e sabe devidamente como se comportar em cada situação. E talvez, neste exato momento, sentando na primeira fileira do imenso auditório, ele seja o único que sorrir para a minha vitória.

Em passos firmes, eu subo no palco a minha frente, mas eu sinto a apreensão parecer ainda maior diante de que eu sou o centro das atenções de todos os olhares reprovadores. Do espaço elevado no palco, eu passo a ter uma visão ainda maior em notar o nítido descontentamento presente na expressão de cada um aqui presente, fazendo com que a situação posta sob mim se torne ainda mais intimidadora. Como que estas pessoas são capazes de transformar uma premiação honrosa em um show de humilhação? Mas mesmo diante disto, eu continuo firme em minha postura, orgulhoso de mim mesmo ao me auto parabenizar pelos meus esforços que de qualquer forma nunca seriam aplaudidos por aqui. Salvo se o detentor de tamanha dedicação seja rico e pertencente a uma cor de pele mais clara, neste último caso, assim receberá aplausos até do candelabro de cristal.

Dr. Thuson hesita de prosseguir com a premiação diante de seu evidente desgosto perante a isto, o que me dá a impressão de que se ele tivesse algum poder sobrenatural, certamente me faria desaparecer deste local. Mas ele n******e, e nem eu me renderei a esta pressão, fazendo com que ele seja obrigado a continuar com os trâmites da premiação. A contragosto, ele ergue o renomado troféu de primeiro lugar na competição mental em minha direção, totalmente a demonstrar o quanto ele está indignado por ter que o entregar em minhas mãos. Mas, enfim, o reluzente objeto passa a estar na minha posse como um grande mérito por todo o meu trabalho árduo na moldação de meu intelectual.

Por um momento, ao segurar o objeto reluzente em minhas mãos, nenhum dos olhares ou expressões ruins passam a me importar. O incômodo já não está mais presente em minha mente, sendo consumida por sensações felizes e orgulhosas diante de eu ter batalhado duro por esta conquista, e assim eu poder a ter bravamente em minha posse por mérito próprio. Eu consegui a minha meta tão almejada nestes tão demorados e árduos meses: o meu nome brilha como um dos melhores universitários que a área sociológica desta renomada Universidade detém, mas mesmo assim eu ainda permaneço com os meus pés ao chão, sabendo que eu ainda precisarei de muita persistência e esforço para ser realmente considerado o melhor. Se bem que, nesta caminhada, eu sei bem que eu sempre estarei em um processo de aprendizado, como um empolgado e eterno aprendiz loucamente apaixonado pelos caminhos que trilham os bons estudos.

A minha consciência está tranquila quanto a toda a premiação, uma vez que eu sei que a escolha do prêmio partiu de uma concorrida pesquisa aprofundada sobre as gestões de hospitais, e a seleção foi feita pelo renomado e eminente Dr. Faris, a grande mente por trás da fundação desta universidade. Este mesmo o qual eu estou a mencionar por sua vez, ao contrário de muitos que habitam a cidade, detém de frases principais como o seu mantra de que qualquer um que se esforce e busque pelo amplo mundo da inteligência intelectual e do conhecimento merece se orgulhar dos próprios passos e ser reconhecido. Este foi um dos motivos que me fez escolher esta universidade como a detentora dos meus sonhos estudantis.

De prontidão, eu sorrio de orelha a orelha, prontamente ao demonstrar a felicidade enorme que eu passo a ter em meu organismo. Este reconhecimento abrirá muitas portas para a minha vida profissional. Eu tenho em mente que todo o meu trabalho árduo valeu a pena. Os sonhos são reais, e depois de muito esforço eu posso enfim aproveitar os meus dias de glória. Nada poderá me abalar hoje, a melhor notícia faz parte da minha realidade.

Continua ...