Capítulo quarenta e dois — As lágrimas doloridas

4978 Words
Capítulo quarenta e dois — as lágrimas doloridas Ponto de vista da personagem principal Olhei para ele como se lhe mandasse prosseguir. -Você gosta dela? -Claro pai! Ela é minha melhor amiga! Eu a amo! -Não foi desse jeito que eu perguntei, digo não tenho dúvidas que tu a ama, mas quero dizer você gosta dela mais que amigos? Não respondi, ele me pegou de surpresa, não sei o que dizer, eu gosto dela desse jeito? Não sei, eu realmente não sei. Nunca tinha parado pra pensar nisso. -Acho que isso responde a minha pergunta, não tenha medo Justin, não mandamos no nosso coração mas você acertou em cheio se apaixonando pela Mel, ela é uma ótima menina - ele me disse dando um sorriso - boa noite filho! Ele saiu andando escada abaixo. Entrei no meu quarto, e fiquei pensando no que ele disse. Será que eu a amo desse jeito? Será que estou apaixonado pela Mel? Pela minha melhor amiga? Só isso explicaria os diversos sentimentos e coisas que sinto quando estou com ela. Sacudi minha cabeça afastando esses pensamentos, peguei os DVDs em cima da cama, desliguei a luz do quarto, fechei a porta da varanda assim que passei por ela e pulei para a varanda de Mel. Passei pela janela e a mesma agora estava coberta pela cortina, abri a porta e a fechei quando passei pela mesma, me virei e Mel já estava dormindo, tão fofa! Continua... Arremessei um soco no rosto do homem. Ele nem se quer demonstrou desconforto ou qualquer sinal de dor. Engoli em seco. Seu maxilar travou em raiva. Meu rosto girou em 360 graus perfeitos, fui parar no chão desnorteada. Minha bochecha direita arde dolorosamente com a intensidade de seu golpe. Ele caminhou para fora do local em passos superiores. Arrastava a pesada porta. Meu olhar de imediato se guiou a Ryan, tão fraco. Voltei a guiar meu olhar ao homem levantando-me apressada. Empurrei-o tentando impedir de fechar a porta. O homem nem ao menos se moveu. Ele direcionou seu ríspido olhar a mim. Tão rapidamente quanto um piscar de olhos sua grande mão se fechou fortemente em meu pescoço. De imediato levei minhas mãos tentando soltar-me. A falta de ar me atingiu avassaladora. As tentativas desesperadas são inúteis. Seu forte aperto é impossível de fugir. Sua força é imprescritível. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX JANTAR. IMPORTANTE Os meninos aos poucos se retiraram ao se separarem, Ryan deu-me um beijo em meu rosto, dizendo-me que voltaria logo, antes de sair. —Vamos dançar. ― Nicholas afirmou, fazendo-me olhá-lo. Fiquei surpresa ao perceber que ele direcionava sua fala a mim, estendendo sua mão em minha direção ao olhar-me. ―Vamos, é um ótimo jeito de você perder seu nervosismo. Receosa, peguei sua mão hesitantemente. Não sei se dançar seria a melhor opção, estou muito nervosa com tudo isso, consequentemente serei muito desastrada. Ainda mais dançando na presença de Nicholas. Ele conduziu-me até a pista de dança. Tem muitos casais dançando, me sinto um tanto sufocada em plena multidão. A música que toca é calma. Um sorriso preenche meus lábios ao me satisfazer com a música. Violin do cantor Amos Lee. Em um movimento hesitante, apoiei meus braços em seus ombros, e suas mãos foram para minha cintura, guiando-me pelo ritmo lento. Logo começamos uma dança calma. Nicholas fixa seu olhar marcante em meus olhos. Seu olhar me desconcerta, tão profundo que ele poderia ver até mesmo os mínimos detalhes de toda minha alma. —No que tanto pensa? ―Nicholas perguntou depois de um tempo focados nesse olhar. —Nada não. ― sussurrei, confusas sobre as sensações que sinto. No intuito de desviar de seu olhar profundo, encostei cautelosa minha cabeça em seu ombro direito, aproximando-nos ao continuar lentamente o ritmo da música. De repente Nicholas se afasta em uma pequena distância, apenas o suficiente para novamente focar seu olhar sobre o meu. Ele analisa-me. Senti sua mão máscula tocar de forma delicada meu rosto, acariciando-o lentamente. Como uma hipnose, encontro-me perdida e focada apenas nele. O ambiente parecia propicio para um clima romântico que aos poucos se instalava no ar. Seu olhar guiou-se lentamente á minha boca. Nicholas, aos poucos, aproximou seu rosto. Com nossas testas coladas, sentíamos a respiração um do outro por nossa proximidade, fazendo-me fechar os olhos, ao sentir sensações boas perante aquilo. Não sei ao certo dizer o que eu senti assim que lábios macios encontram-se com os meus, em um beijo. Nicholas voltou a guiar suas mãos à minha cintura, puxando-me para mais perto. Suspirei, rendendo-me a seus encantos. Não entendo o porquê de tudo parecer tão novo, a cada beijo com Nicholas é como se ainda fosse o primeiro. Por que sempre me causa esse sentimento tão bom? É como se o mundo pudesse acabar agora e eu não me importaria, contanto que eu esteja em seus braços. Que pensamentos e sensações mais clichês. Isso não deveria acontecer. Nem os beijos, nem as sensações, e muito menos os sentimentos... —Nicholas! ― Ouvi uma conhecida voz em um tom surpreso. Afastei-me rapidamente de Nicholas, encarando a Ryan. Ryan estava surpreso com o que viu, mas logo sua expressão adotada certa decepção ao me olhar. Eu sabia que ele não ia concordar se ele soubesse o que está acontecendo entre nós. De fato, não temos nada. Mas ultimamente, esses beijos, esses sentimentos, esses pensamentos, as sensações.. estão tudo me deixando tão confusa. Abaixei meu olhar, envergonhada por meu ato. —O que foi Ryan? ―Nicholas perguntou ríspido. —O achamos! ―Ryan disse, desviando seu olhar de mim ao direcioná-lo a Nicholas. Um sorriso vitorioso brotou nos lábios de Nicholas. Ryan apontou para Charlie e Christian, os quais nos olhavam de longe. —Cuida dela! ― Nicholas disse autoritário, e rapidamente já ia em direção aos dois. Acompanhei meu olhar a Nicholas, Charlie e Christian, os quais subiam uma grande escada. Hesitante, guiei meu olhar a Ryan, a quem me olha. Sua expressão séria me faz engolir em seco, nervosa pelo o que possa estar passando em sua mente, sei que seus pensamentos estão voltados sobre a cena que ele presenciou uns minutos atrás. Ryan suspirou frustrado, balançando sua cabeça negativamente. Ele afastou-se, entrando na multidão pela pista de dança. Engoli em seco, temendo essa reação. Ryan está chateado comigo. E de certa forma, ele tem razão. Que tipo de inteligência eu tenho para estar se envolvendo dessa forma com meu sequestrador/pessoa que destruiu minha vida? Provavelmente nenhuma. Isso é muito confuso. Nada disso deveria estar acontecendo. Respirei fundo e entrei na multidão, em busca de Ryan. Meu olhar logo se focou nele, encontrando-o no pequeno bar aqui presente, Ryan ergue sua mão ao barman ao fazer seu pedido. Lentamente me aproximei, sentando-me cautelosa ao seu lado. Ryan está com o olhar fixo em um quadro, demonstrando que evidentemente seus pensamentos falam mais alto. Ao mesmo tempo em que ele está pensativo está confuso. —Você está chateado comigo? ― Perguntei receosa. Ryan ignorou-me completamente, nem se dando o trabalho de me olhar. —Olha, eu sei que eu errei em ter guardado segredo sobre isso, mas eu não sabia como te contar, e nem achei que seria necessário. É algo que eu não espero que aconteça, mas que simplesmente sou levada por essas sensações e acontece do nada. —Vocês já estão com isso há quanto tempo? ―Ryan perguntou sério, ainda permanecendo seu olhar fixado no quadro. —Pra falar a verdade eu não sei. —Quantas vezes isso já aconteceu? ― Ryan voltou a perguntar. —Eu não sei exatamente quantos, mas foram poucas. Como eu disse, não é uma coisa que eu espero pra ficar contando quantas vezes foram. Simplesmente vem do nada. ― Franzi a testa, confusa e incomodada com o assunto. —Shopia, o que deu em você pra se envolver com o Nicholas? ― Ryan perguntou em um tom indignado, finalmente direcionando seu olhar a mim pela primeira vez nessa conversa. ― Você sabe como ele é, sabe que isso nunca daria certo. Ele não é um cara de uma garota só, você sabe disso! —Eu sei.. ― suspirei. ― Ryan eu não sei exatamente o que está acontecendo comigo, eu... —Eu sei o que está acontecendo, e me indigno por isso. ― Ryan me interrompeu pouco exaltado. ― Você está apaixonada pelo Nicholas. —Não Ryan! ― respondi rapidamente. ― Lógico que não. Como eu poderia... ―Nutrir sentimentos por uma pessoa a*******e como ele? ― Ryan interrompeu-me, completando minha fala. ―Você fez isso. ―Não eu... ― novamente sou interrompida. —Você tem noção no que se meteu Shopia? ― Ryan disse. ―Você é ou se faz de burra para tomar atitudes tão idiotas como essa? Se envolver dessa forma com o seu sequestrador? Será que você se lembra que foi ele quem acabou com sua vida? Não consegue entender o perigo que está correndo por isso? Você deveria estar planejando fugas, não se apaixonando. Era bem evidente sua irritação. Não fico com raiva dele por isso, pois concordo com cada palavra. Suas perguntas são feitas em grande frequência por mim mesma. Mas eu não compreender-me. Como posso saber controlar esses tipos de sensações que sinto quando estou perto de Nicholas, se nem ao menos sei o que está acontecendo comigo?! —O que você vai fazer com r*****o a isso? ―Ryan perguntou mais calmo após um tempo. —Eu não sei. ― Sussurrei incomodada. Ryan suspirou decepcionado ao balançar a cabeça negativamente, antes de dar uma golada generosa em sua bebida. Ergui minha mão ao chamar o barman, intencionando pedir uma bebida para mim. Porém assim que eu iria fazer meu pedido Ryan tomou a palavra primeiramente. —Ela quer apenas um refrigerante. ― Ryan disse ao barman. —Na verdade eu quero uma bebida com álcool. ― contrariei sua fala, direcionando-me ao belo rapaz na minha frente, a quem trabalha como barman. ― Qual me recomenda? —Não. ―Ryan interrompe. ― só um refrigerante mesmo. O rapaz assentiu se retirando, enquanto eu encaro a Ryan. —Ryan! ― o repreendi. ―Já sou maior de idade. Já posso beber. ―Claro que você pode beber.. ―ele disse óbvio. ― Água, refrigerante, suco.. —Não. ― ri de seu comentário. ― eu quero alguma bebida com álcool, é bom pra distrair em momentos como esse. —Você não vai beber álcool. ― ele disse autoritário, dando um gole em sua bebida. —E por que não? ― perguntei cerrando os olhos. ― Você está bebendo. —Eu posso, pois sei me controlar. ― ele disse. ― E estou dizendo que você não vai beber qualquer bebida que tenha álcool, portanto deixe de insistir. —Ah ok papai. ― zombei por seu comentário. —Sou seu pai mesmo. ― Ryan disse em um tom óbvio, me fazendo rir. ― Então seja uma filha obediente e comporte-se. —Então deixe de ser um pai chato e faça os gostos de sua filhinha linda do seu coração. ― Rebati em meios aos risos. —Minha filha está meio rebelde esses dias. Merece, são alguns castigos. ― Ryan olhou para mim desafiador, antes de cairmos na gargalhada. —Ryan, você é muito engraç... — minha fala foi interrompida pelo que pareciam altos disparos de tiros. Assustada, observo apavorada ao meu redor, vendo pessoas gritando e correndo completamente assustadas. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX PENSAMENTOS SOBRE BRYAN: Nicholas ligou seu carro, colocando-nos na estrada. Meus pensamentos rapidamente voltaram a se guiar na situação desastrosa de Bryan. Não sei como eu posso solucionar isso, e me assusta grandiosamente saber que estou sendo perseguida e caçada por um maníaco. Assombrosos pensamentos gritam tão alto em minha mente que nem percebo a paisagem da janela que meu olhar está direcionado. Meu olhar está longe, no mundo dos pensamentos, imaginando coisas e mais coisas oriundas dessa situação. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX SORVETERIA: —Olá! – A garçonete que logo se aproximou disse educada. – Já tem em mente o que gostariam? Ou preferem ver o cardápio? —Eu quero apenas uma água. ― Nicholas disse ríspido, olhando diretamente para mim. – e você? —Eu não quero incomodar, portanto também ficarei apenas na água. ― disse envergonhada, não querendo abusar de seu bom humor. —Peça o que quiser. ― disse Nicholas. ―Eu te trouxe aqui justamente para que o sorvete faça o papel em te deixar mais calma e confortável para que a séria conversa não seja tão incomodante. —Então, eu gostaria de um sorvete de creme com chocolate na casquinha, por favor. – disse. Há tempos não tomo meu sorvete favorito. Simplesmente amo esse sabor. —Mais alguma coisa senhor Schmutz? – a moça voltou a perguntar. Olhei-a confusa ao pensar ter escutado sua voz em um tom tanto malicioso. Confirmando minhas dúvidas e afirmando minha confusão, ela possui um leve sorriso malicioso ao olhar para Nicholas. Nicholas parece entender algum tipo de recado subliminar. Seu olhar passeia pelas curvas bem avantajadas presentes no corpo da moça, coberto por seu uniforme de trabalho. Engoli em seco, incomodada com aquela troca de olhares desapropriados. De imediato, desviei meu olhar. —Não. ― disse Nicholas ríspido. Fazendo-me dar um suspiro aliviado por enfim aquela cena ter tido um fim. Engoli em seco ao perceber que meu suspiro foi um tanto alto e acabou por chamar a atenção de Nicholas. —Qualquer coisa é só pedir! ― a moça continuava em seu tom malicioso. Logo ela se retirou, em busca de nossos pedidos. Guiei discretamente meu olhar para Nicholas, logo percebendo que ele me analisa atentamente, com uma expressão confusa. Rapidamente voltei a desviar meu olhar, incomodada. —Estava com ciúmes? ― Nicholas perguntou, chamando novamente minha atenção. —O que? ― franzi o cenho com sua pergunta sem sentido. ―Claro que não. —Não precisa ficar com ciúme. Annabelle nem é tão gostosa assim. —Eu não estou com ciúmes, poupe-me. ― disse incomodada com sua fala sem coerência. ― Eu apenas estava incomodada de estar servindo de vela aos dois. —Eu e ela apenas transamos, nada demais. ― Nicholas disse continuando sua fala ao ignorar a minha. Arregalei meus olhos por essa informação completamente desnecessária, meus ouvidos poderiam ter sido poupados. —Por que ficou envergonhada? ― perguntou Nicholas curioso. ―Não vai me dizer que você é virgem. —Eu não, eu... ― suspirei fundo, recuperando-me. ― Não viemos aqui para conversar sobre isso. —Não gosta de s**o? —Isso é um assunto particular. ― disse incomodada. ― Não converso sobre isso com qualquer um. —Ele te obrigou, foi? Para ser um assunto tão traumático a você. ―Nicholas questionou, causando-me confusão. Está tão evidente em mim o trauma que vivi por esse assunto? ―Como você...? ― engoli em seco, tentando novamente me recompor. ―Vamos logo ao ponto determinado. Não vai dizer logo qual a proposta que você iria me fazer? Nicholas endireitou-se em seu assento, adotando uma postura mais séria. Assim que começaria a pronunciar suas palavras, foi interrompido. —Aqui estão seus pedidos. ― A jovem garçonete disse, entregando-nos respectivamente o que pedimos. —Obrigada. ― Disse gentil. Porém ela nem ao menos direcionou seu olhar a mim, apenas encara a Nicholas. —Tem certeza que não vai querer mais nada senhor Schmutz? ― Ela novamente perguntou. Seu tom malicioso continuava presente. —Já disse que não Annabelle. ― Nicholas pronunciou rispidamente, fazendo-a soltar um suspiro decepcionado, e logo se afastar. Senti um sentimento tão bom em dar a primeira lambida no meu sorvete favorito a minha frente, sinto-me como se eu apenas estivesse tirando férias de minha real vida. Nicholas deu um gole em sua água, e começou sua pronuncia. ―Você realizou um ótimo trabalho em despistar aquele carro vermelho na noite de ontem. E por isso, estive pensando que, como você vai passar sua vida inteira como objeto de contrato, poderia assim passar para algo mais, ficando no mesmo patamar que Ryan ao trabalhar para mim. ―Eu não me meto em crimes. ― respondi. ―Não vou me envolver com isso. ―Escuta melhor. ― ele continuou. ― Se você aceitar ganhará alguns benefícios. ―Sinto muito, mas não... ― ele me interrompeu. ―Você nem escutou quais. Já viu como é com Ryan? Ele não parece ter limitações como você tem. Ele tem a liberdade de sair ou fazer o que quer, apenas em troca tem que me oferecer sua fidelidade, trabalhando para mim. ―Trabalhando com coisas completamente erradas? Nem minha liberdade seria o suficiente para que eu me envolva com isso. ―Tudo bem. Vou refazer a proposta. ―Nicholas deu uma pausa, pensativo, antes de continuar. ―Você apenas trabalhará como minha acompanhante. Fará coisas simples como: Acompanhar-me em festas ou reuniões, e distrair determinadas pessoas quando eu ordenar. ―Eu não sei.. ― suspirei, sua proposta agora parecia tentadora. Eu não me envolveria em nada errado. Apenas seria acompanhante. É uma possibilidade que vale a pena se pensar só para ter minha liberdade novamente. ―Mas eu poderia voltar com minha vida normal? ― Questionei desconfiada. ―Em meia parte. Não atrapalharei sua vida, e você poderá continuar fazendo o que pretendia antes. ― respondeu Nicholas. ― Porém quando eu precisar esteja à posta para seu serviço, e deverá sempre demonstrar fidelidade. ―Tudo bem. ― Disse um tanto hesitante por estar desconfiada, mas vencida pela tentação dos benefícios em sua proposta. ― Eu aceito. ―Ótimo! ― Nicholas deu um leve sorriso em satisfação. ―Acabe seu sorvete, pois realizaremos agora o primeiro teste. ―Como assim? ― perguntei confusa. ― Que teste? ―O que eu disse sobre demonstrar fidelidade. ― Nicholas respondeu ríspido. ―Realizarei testes para saber se você realmente me oferecerá sua fidelidade. Não achas que eu vou te dar sua liberdade do nada, podendo correr o risco de você me causar um prejuízo ao fugir, não é mesmo? ―E caso eu não passe no teste? ―questionei nervosa. ―A proposta se desfaz? ―A proposta ainda estará de pé. Porém tirarei o beneficio de você ir onde quer, e de poder voltar à sua casa. ―Mas se você tirar o benefício da liberdade não restará nada, não mudará nada no modo como é agora. ―Então é bom que você passe no teste, certo? Nicholas encara-me desafiador. Desviei meu olhar, incomodada e nervosa, com esse suposto teste. Voltei a terminar de tomar meu sorvete, mas não consigo nem ao menos concentrar-me nessa simples tarefa, minha mente falta me deixar louca. Seja o que for que Nicholas pretende realizar, preciso sair-me bem, caso contrário jogarei a possibilidade de estar livre fora novamente. ... Assim que saímos da sorveteria, Nicholas guiou-nos até o Mc' Donald, onde por lá almoçamos, devido ao horário de almoço. Não demoramos muito por lá, apenas nos alimentamos e por fim voltamos à estrada. Ainda não sei exatamente qual o teste que Nicholas está pretendendo, mas ele parece estar adiando ao ter mais tempo para calcular tudo a correr devidamente como planeja. Não sei qual é o nosso destino no momento, mas creio que estejamos fazendo o caminho de volta à sua casa. —O que você e o Ryan têm? ― Nicholas perguntou, chamando minha atenção. Seu olhar permanece focado atentamente na estrada a sua frente. —Como assim? ― perguntei, franzindo o cenho, confusa com sua pergunta. —Que tipo de relacionamento vocês têm? ― Ele refez sua pergunta, meio desconfortável, coçando a nuca e se ajeitando no banco. ― Eu pensei que vocês fossem apenas melhores amigos. —Mas nós somos. Apenas melhores amigos. ― disse permanecendo confusa com seu questionamento. —Se vocês fossem apenas melhores amigos, não transariam. ― Nicholas disse. ― Ah não ser que sejam amigos coloridos. —Nós não transamos. ― disse rapidamente. ―Não somos amigos coloridos. —Não? ― Nicholas parecia confuso. —Eu pensei que sim, já que Ryan estava apenas de roupa intima na sua cama essa manhã. —Não, não.. ― disse rapidamente, envergonhada ao lembrar-me da situação. ― Ryan estava daquela forma, pois ele não consegue dormir com roupas. Apenas isso. ―Hum.. ― Nicholas finalizou a conversa, apenas atento a estrada, enquanto eu voltei a guiar minha atenção para a paisagem na janela ao meu lado. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX PRIMEIRO TESTE; CASA DELA: NÃO! Franzi o cenho, confusa, assim que adentramos uma rua a esquerda. A vizinhança parecia familiar. Muito familiar. Logo me dei conta de que se tratava da rua de minha verdadeira casa. Guiei meu olhar rapidamente para Nicholas, com diverso pontos de interrogações, mas ele continua apenas focado na direção do carro, cm uma expressão séria. Será que ele ao menos sabe que essa é a rua de minha casa? Minhas dúvidas rapidamente foram respondidas quando Nicholas estacionou seu carro em frente aquela pequena casa bege tão familiar a mim quanto qualquer outra. Arregalei meus olhos, surpresa e um tanto assustada. Estamos na frente de minha verdadeira casa! Repito: MINHA CASA! Guiei meu olhar a Nicholas, completamente desconfiada por sua atitude. Pelo que penso, esse deve ser o teste de confiança. Provavelmente Nicholas quer saber como eu agiria, caso ele der minha liberdade e eu volte a morar por aqui. Nicholas nem se quer me disse nada ou direcionou seu olhar a mim, ele apenas retirou seu cinto de segurança e se retirou do carro. Nervosa e surpresa, m*l consigo conter a felicidade de poder estar aqui novamente. Saí do carro, meio desnorteada pensando seriamente que isso deve ser apenas um sonho. A euforia está em todos os meus pensamentos e ações. —Filha? ― Gelei de tanta euforia ao ver minha mãe largando os equipamentos de jardinagem e correndo em minha direção. Ela me abraçou fortemente e eu retribuo o abraço na mesma intensidade. Como é bom poder m***r aquela sufocante saudade. Não consigo controlar as lágrimas de felicidade em poder vê-la novamente. —Minha filha, por onde você andou todo esse tempo? ― Mamãe perguntou preocupada ao olhar fixamente em meus olhos. Ela não estava diferente de mim. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, causando-me um aperto no coração. —Eu... ― Tentei pronunciar algo, ou simplesmente inventar uma desculpa, mas uma grave voz masculina e muito bem conhecida por mim, me interrompeu. —Shopia! ― Meu pai disse ao passar apressado pela porta de entrada da casa, rapidamente vindo em minha direção, e logo me envolveu em um abraço apertado. Retribui o abraço fortemente. —Onde você estava? ―Papai questionou ao olhar-me. Guiei meu olhar, nervosamente, em busca de Nicholas. Encontro-me completamente nervosa demais pra conseguir mentir para meus próprios pais. —Ela fez uma pequena viagem com os amigos. ―Nicholas disse ao meu lado, entendendo minha situação. —Ryan avisou sobre a fazenda de sua amiga. Mas demorou muito tempo para você voltar filha. ―Mamãe disse. ―Ficamos preocupados. —É, acabou durando mais tempo que o planejado, mãe. ― disse rapidamente, tentando contornar a verdadeira situação. ― O sinal por lá não pega muito bem, por isso não tive como avisar. Franzi o cenho ao perceber que meu pai e Nicholas se encaram com inimizades. Estranho a reação dos dois. —Você foi realmente a uma fazenda, ou estava na casa de certas pessoas? ― Papai questionou desconfiado. Engoli em seco, nervosa, ao lembrar-me da ligação de meu pai hoje mais cedo para a mansão de Nicholas. Talvez, ele já saiba que eu estou mentindo. —Deixe isso para lá, o importante é que você está de volta. ― Mamãe interrompeu o interrogatório de meu pai, fazendo-me agradecê-la mentalmente, sentindo-me aliviada por não precisar mais ter de inventar mentiras para responder as perguntas. Claro que eu não estaria confortável com todo esse interrogatório, até porque todas as respostas não passarão de mentiras. Papai encarava a mim e a Nicholas, com um olhar desconfiado. Sei que ele sabe que estamos escondendo algo. —Vocês devem estar cansados, venham! ―Mamãe disse puxando-me pra dentro de casa. ― Fiz bolo de brigadeiro, o seu favorito filha. Olhei rapidamente para trás, ainda sendo puxada em direção à entrada de casa pela minha mãe, percebi que Nicholas ainda estava parado. Ele encostou-se ao seu carro, colocando suas mãos no bolso, olhando-me atentamente. —Nicholas. – Chamei-o parando de andar, e me virando pra ele. ―Venha também. Não sei exatamente se isso é realmente o suposto teste que ele informou-me anteriormente, porém sinto que o melhor a se fazer seria excluir de vez qualquer tipo de desconfiança que ele possa vir a ter. —Estou melhor aqui. ― Nicholas disse ríspido. Ignorei seu tom de voz, aproximando-me dele. —Ah.. ― Mamãe pigarreou. ― Eu vou esperar vocês lá dentro. O tom de voz de minha mãe denunciava que ela percebia que precisávamos de espaço para conversar a sós, ela logo adentrou a casa. —Qualquer coisa, Grite! ―Papai disse autoritário e meio desconfiado, acompanhando minha mãe em direção ao interior da casa. Percebo que papai não confia em Nicholas. Claro, quem confiaria em um homem a*******e como ele? Porém, de certa forma, os dois parecem esconder algo, parece muito mais do que um simples “Não fui com a sua cara”, talvez seja apenas coisa da minha cabeça, mas a situação aparenta que eles se conhecem há mais tempo, e de uma forma nada agradável. Uma inimizade parece estar presente. Voltei a olhar para Nicholas, a quem retira do bolso uma caixinha de cigarros, pegou um, guardando o resto, e o acendeu. Franzi o cenho em desagrado por sua opção de fumar. —Por que exatamente você me trouxe aqui? ― Perguntei, me encostando ao seu lado no carro, tentando compreendê-lo. —Porque eu quis. ― Nicholas disse ríspido, soltando a fumaça do cigarro, pela boca, o que me fez tossir ao inspirá-la. —Não foi só por isso! ― disse recuperando-me da tosse. Nicholas nada disse, apenas a continuar tragar o seu cigarro. ―Isso faz parte do teste? Nicholas suspirou soltando de uma vez a fumaça. Olhou-me com incomodo. ―Você não sabe ficar quieta. ―Ele murmurou. ―Vamos ver como você age com r*****o a isso. Sua reação implicará muito na possibilidade de sua suposta liberdade. ―Eu tenho que agir naturalmente? E o que digo aos meus pais? Digo que voltei para ficar, ou terei que retornar a tal “fazenda”? ―Aja do jeito que achar adequado. O melhor jeito que você acha que não interferirá na minha decisão. Caso contrário, você continuará lá em casa. Hoje vou apenas observá-la. ―E você vai entrar? ― Voltei a questionar, ainda tentando compreender melhor esse tal teste. Tudo precisa ser feito corretamente, preciso entender cada detalhe. Nicholas apenas balançou sua cabeça negativamente, tragando novamente seu cigarro. ― E como pretende me avaliar? Nicholas bufou irritando-se. Guiou seu olhar irritado a mim. ―Já irei. Vá logo. Senti-me bastante incomodada e irritada quando Nicholas soltou toda fumaça de sua boca em minha direção, fazendo-me tossir descontrolada. Irritada por seu ato desrespeitoso, em um rápido movimento, peguei o cigarro de sua mão e o joguei no chão, pisando em cima, apagando-o. Nicholas esbravejou um palavrão, olhando-me furioso e um tanto descrente por minha reação. —Caso for aparecer, estarei lá dentro, provavelmente na cozinha. ― disse com a voz em um tom firme, ainda irritada por seu ato anterior. Caminhei até a entrada, adentrando a casa e o deixando para trás. ... Como é bom novamente estar em família, na presença das pessoas mais importantes em minha vida. Risadas vão e vem. A felicidade em poder estar novamente em um momento como esse, me enche dos melhores sentimentos. De repente, percebo a presença de Nicholas, a quem está encostado discretamente na porta da cozinha. Ele apenas nos observa, atento. Logo meus pais guiam suas atenções para a direção de meu olhar, encontrando-o. ―Venha comer bolo de brigadeiro, querido. ― Mamãe disse gentilmente, chamando-o a acompanhar-nos. ―Briga.. o que? ―Nicholas parecia confuso com a palavra pronunciada por minha mãe. ―Brigadeiro. É um doce brasileiro. ― respondeu ela. ―Gostam do Brasil? ―Nicholas perguntou. Sua expressão denunciava que ele não sabia ao certo como agir. ―Somos uma família de brasileiros. ―Ela sorriu orgulhosa. Nicholas demonstrou surpresa. ―Venha. Você vai amar essa especialidade culinária do Brasil. Mamãe caminhou até Nicholas, puxando-o à mesa, a quem se sentou a minha frente. Papai levantou-se incomodado e retirou-se da cozinha, novamente estranhei sua reação. Minha mãe logo serviu Nicholas. Ele parece sem jeito diante de suas gentilezas. ――Não disse que amaria? ―Mamãe disse ao observá-lo saboreando a deliciosa sobremesa. Nicholas deu um leve sorriso sem jeito. ― Bem, agora tenho que dar início à lavagem de umas roupas. Já volto. Minha mãe sorriu, logo se retirando da cozinha. Novamente encontro-me sozinha com Nicholas, o que não me deixa muito bem. Sua presença não é uma das melhores, mas... —Até agora você está indo bem. —Nicholas disse. Ao guiar meu olhar a ele, suspirei ao lembrar-me de que isso tudo não passa de um teste. Caso eu não passe, nunca mais terei novamente o privilegio de estar com minha família. ―Acho que não será uma ameaç... ― O interrompi, não conseguindo controlar uma alta risada ao perceber que seus dentes estavam melados de brigadeiro. A cena que se fez presente tinha sua graça. ―Do que está rindo? ― ele perguntou confuso ao meu estado. Estou tendo um ataque de risos, m*l consigo falar para explicá-lo. Nicholas pegou seu celular no bolso, olhando em seu visor, logo em seguida conferindo o que havia de errado em seus dentes. Rapidamente tratou de limpá-los com a ajuda de sua língua.
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