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1291 Words
Hoje é dia de festa no orfanato, a celebração de aniversário de uma das meninas. O dia está com o céu ensolarado, a temperatura está agradável, deixando o ambiente propício para aproveitar a parte externa do pátio, pensando nisso os assistentes que trabalham no local resolveram montar a mesa do bolo e a decoração cedo e na área externa para que elas pudessem aproveitar o máximo possível o dia perfeito que a cidade ganhou hoje antes das aulas que sempre são na parte da tarde. As meninas estavam animadas e ajudavam alegremente e serviam os aperitivos e as bebidas, elas estavam falantes e riam alegremente até perceberem o seu Gerônimo, o faz tudo do orfanato seguir rumo ao portão. Receber visitantes sempre era algo inusitado já que quase ninguém atrás desses muros se preocupam com as meninas que residem nesse local. Todas elas sabem que foram deixadas aqui por algum motivo triste e a maioria não tinham esperanças de saírem daqui com uma família já que as adoções estavam ficando cada vez mais escassas nos últimos anos. Bianca era uma delas, já tinha perdido essa esperança há muito tempo. Agora ela nutria o sonho de reencontrar a mãe em algum momento da sua vida depois que chegasse a sua hora de sair desse lugar. Todas elas observavam com atenção a entrada dos visitantes e ficaram com medo ao verem seus rostos sérios e carrancudos, enquanto se juntavam e se perguntavam entre grupinhos: ‘Quem aqueles homens poderiam ser?’ A festa ficou interrompida até os homens adentrarem o ambiente e sumirem no fim do corredor, depois disso ela voltaram a conversar, se divertir, comer e brincar. Enquanto isso dentro do escritório da diretora Cassandra… —Eu vim buscar Bianca! A senhora ainda olhava para ele com o rosto sério quando se perguntou: —E porquê agora? —Não lhe devo explicações. O rosto da senhora enfim demonstra um pouco de preocupação em meio a seus olhares e então ela decide tentar intervir a esse pedido repentino já bem preocupada com o futuro da meiga Bianca. —Senhor, a menina está a um ano de completar a maioridade, não pode deixá-la por mais um tempo? —Sinto muito, mas ela vai conosco hoje! Andrea ouvia tudo com atenção ficando intrigado com a conversa que ouvia e a forma com que seu pai falava com a mulher, afinal quando foi que ele se desculpou com alguém? A conversa seguiu e a cada momento a mulher demonstrava mais interesse em mantê-la. —O que eu posso fazer para que ela não seja levada? —Nada, por favor entregue logo a menina e vamos acabar com isso. Não tenho muito tempo e muito menos paciência para isso, Cassandra. A diretora conhecia bem a personalidade de Francesco e sabe que ele não está mentindo, então pede: —Nós podemos conversar sozinhos? Andrea olha para o pai que o encara e o dispensa apenas com a cabeça, achando aquela situação ainda mais estranha do que antes ele apenas sai do ambiente e aguarda do lado de fora. Assim que a porta maciça se fecha ela o questiona: —Vai levá-la para vendê-la, né Francesco? —Isso não é da sua conta, o seu trabalho você já fez! Cuidou dela para a mãe dela, agora chegou a hora de me entregá-la. E vamos logo com isso porque a minha paciência com você já terminou! Contrariada e sem poder impedi-lo, Cassandra começa a preparar tudo o que precisa para entregar a menina. O seu peito se aperta como se estivesse comprimindo o seu coração, a preocupação a assola e ela pensa na promessa que fez a si mesma de proteger a menina Bianca e em como estava falhando nesse momento. Ela se levanta, abre a porta, chama o seu Gerônimo que estava aguardando assim como Andrea e o ordena: —Traga a ragazza Bianca! Ele a olha triste para ela, abaixa a cabeça consciente que não pode fazer nada e sai rumo a área externa. Já ela olha feio para Andrea e volta a fechar a porta, voltando para o interior do cômodo. (...) Senhor Gerônimo caminha cabisbaixo até a área externa procurando a menina, quando a encontra seu coração se aperta ainda mais pois ele vê o quanto ela está se divertindo em meio a brincadeira Regina Bella. Ela está lindamente com seu vestido novo sorrindo, informando a uma das outras meninas qual animal ela precisa imitar. Enquanto ele caminha em direção a elas, ouvi o som da risada dela ao ouvir a imitação da amiga e se sente mais triste por saber que muito provavelmente não ouvirá mais esse som que tanto ama. Os se conhecem desde a chegada dela no orfanato, ele presenciou todos os momentos importantes na vida dela e dividiu muito ensinamentos também. Ele tem um carinho especial por ela assim como a maioria das pessoas do orfanato. Quando ele se aproxima o suficiente, a chama pelo o nome: —Ragazza Bianca! Imediatamente ela procura pela a voz pois não tinha se dado conta da presença dele antes, ainda sorria quando os seus olhos se cruzaram mas ao perceber o olhar dele o sorriso fugiu a sua face. Instintivamente ela soube que a sua vez tinha chegado e que provavelmente isso não significava uma coisa boa já que o seu amigo claramente não estava feliz. Ela sentiu a sua garganta se fechar, tentou engolir a saliva mas encontrou dificuldade, sentiu como se um enorme bolo seco tentasse passar, em seguida o ar faltou em seus pulmões, seu coração acelerou e ela travou. As suas amigas perceberam a mudança do clima e pouco a pouco se calaram enquanto olhavam para o bom senhor e aguardavam a informação que chegou em seguida: —Desculpe Bianca, mas vieram te buscar! O coração da meiga italiana afundou em seu peito ao ouvir a confirmação naquelas palavras, seus olhos lacrimejaram e uma lágrima solitária escapou contra a sua vontade. Suas amigas ficaram assustadas com a informação e logo começou o burburinho em volta dela. —O que está acontecendo? —Quem veio buscá-la? —Ah, não! Uma série de perguntas e exclamações começaram a se seguir, elas ficaram agitadas e logo o olhar de Bianca procurou a sua melhor amiga Anna que já seguia em sua direção abrindo os braços pronta para abraçá-la e perguntava preocupada: —Porque querem te levar agora? O corpo das duas se chocaram em um abraço apertado e temeroso enquanto Bianca respondia: —Eu não sei! A vontade de Bianca era permanecer presa ao abraço da amiga mas o seu Gerônimo a chamou: —Vamos pegar as suas coisas, bambina. O medo de Bianca aumentou, ela sentiu como se o seu mundo quase que perfeito estivesse virando de ponta a cabeça enquanto via tudo saindo do seu lugar em câmera lenta. Anna olhou para ela e falou esperançosa: —Vamos falar com a diretora Cassandra, vamos pedir para que ela faça algo! As duas são amigas inseparáveis, Anna havia chegado no orfanato com quatro anos e desde então elas se tornaram grandes amigas. Uma fagulha de esperança brotou no coração de Bianca, afinal a diretora sempre se mostrou atenta às necessidades das crianças. Baseado nisso, segurou firme a mão de Anna e falou ao senhor: —Deixemos falar com a diretora, por favor. —Sinto muito Bianca, mas acredito que a decisão já tenha sido tomada. Vamos pegar as suas coisas. Rendida ao seu destino, ela abaixa a cabeça e segue ao dormitório com o senhor que tocava gentilmente o seu ombro para passar conforto enquanto a direcionava, a sua amiga que segurava firme a sua mão tentando passar a força que ela não tinha e o restante das meninas que caminhavam a sua volta.
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