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1091 Words
Andrea e Francesco seguiram para o heliporto, eles optaram por voar, seguiram de helicóptero para o interior da Toscana e lá pegaram um carro para Cortona para ser mais exato. Fizeram assim porque não queriam perder muito tempo no trajeto e porque Francesco não se dá bem em viagens muito longas de carro, o que claro, Andrea adorou já que voar é um dos seus hobbys preferidos e ele pôde praticar um pouco ao lado do piloto. A viagem seguiu com um patriarca nervoso por não saber o que encontraria e como seria a sua reação ao ver a filha pela primeira vez, ele nunca falou sobre esse assunto com alguém além da esposa no dia que contou sobre a criança mas se perguntou em várias momentos diferentes como seria a filha e como seria a vida deles se ela fizesse parte da família. ‘Francesco parece ser um homem duro e sem alma por fora, mas isso é porque guarda para si os sentimentos para não mostrar fraqueza. A única pessoa que conhece verdadeiramente esse homem é a sua esposa Emma, pois com o seu jeito amável e doce perfurou a casca dura que ele criou ao longo da sua trajetória.’ Ele começou a se sentir agitado durante o voo a cada novo pensamento, mas conversar com o seu filho não seria opção porque além desse não ser o seu feitio, o momento também não era adequado pois o mesmo estava curtindo o voo como se isso fosse a coisa mais divertida do mundo. O barulho durante o voo era alto mas nem isso conseguia fazer abafar a sensação que ela tinha de estar ouvindo o seu coração bater em seu peito. Todo o caminho pareceu um martírio onde ele estava indo para buscar a única pessoa no mundo que precisava realmente manter distante para o bem do seu casamento mas que era peça fundamental nos planos do nosso Dom. ‘A vida tem uma maneira estranha de pregar peças.’ O voo foi sem problemas e rápido, e logo estavam em um carro de luxo indo em direção ao orfanato, subindo as ruas de pedras até quase ao topo do monte onde fica a cidade. Francesco já tinha ido algumas poucas vezes no local antes, inclusive com a sua esposa, mas isso tinha sido antes de saber que a filha residia em Cortona. Depois disso nunca mais retornou ao local para evitar qualquer possibilidade de acabar indo conhecer a menina pois havia jurado a Emma que ele se manteria o mais longe possível dela. Essa havia sido a promessa mais difícil de cumprir para Francesco que internamente reprimia uma vontade de se aproximar da menina. O local é lindo e a visão é de tirar o fôlego, embora seja relativamente uma cidade pequena, tem quase tudo que um centro urbano possui. Além das ruas serem de pedras, as casas também são, o que deixa a cidade com uma característica rústica e medieval bem característica. O clima é agradável e embora as ruas sejam bem estreitas, é possível transitar com facilidade na maior parte delas com carros pequenos. Eles seguiram em silêncio até o carro parar na frente de um portão grande de madeira maciça, sendo avisados pelo o motorista que chegaram, os dois saíram do carro rapidamente. Fora do automóvel ouviram os gritos animados de muitas vozes femininas que pareciam estar na parte externa do orfanato, Francesco sentiu seu coração acelerado, mas mesmo assim se aproximou do portão e sacudiu o pequeno sino que servia como campainha do local. Ele estava ainda mais nervoso que antes, ao ponto de suar, então pegou o lenço que sempre deixa em seu bolso e passou na testa enquanto aguardava ser recepcionado por alguém, ouvindo enfim uma das perguntas tolas do seu filho: —Está nervoso padre? —O que você acha? Não viemos buscar um animal de estimação, sabia? —Calma padre, eu sei. Viemos buscar a salvação de Beatrice! Não se preocupe, tudo dará certo. Internamente Francesco se perguntava como isso daria certo já que independente de quem fosse, as duas eram suas filhas e casar qualquer uma delas com Riccardo estava começando lhe parecer uma péssima ideia. — Será que hoje é dia de festa? Andrea perguntou tentando encontrar uma forma de olhar para dentro do orfanato, mas sem conseguir, desistiu em seguida. —Pelo jeito sim. Os dois voltaram a ficar em silêncio assumindo os seus rostos típicos de mafiosos enquanto aguardavam serem atendidos, até que de repente um senhor bem idoso e de pele escura abre o portão e pergunta: —Buongiorno! Como posso ajudar? Mais uma vez ele respirou fundo tentando manter o seu rosto imparcial e falou: Francesco: —Preciso falar com a diretora Cassandra, é algo que interessa a ela! O homem ainda desconfiado observa os dois por um momento, porém decide deixá-los entrar porque pela forma que se comportam e como se vestem sabe quem eles são e que não desistiriam com facilidade, então ele abriu mais o portão para dar passagem a eles que conseguem ver a agitação que rola no pátio amplo do lugar. Como imaginaram, acontecia uma festa no local e um grupo enorme de meninas estavam no pátio. Ao todo deveriam ser mais de 150 meninas de várias idades diferentes, e todas elas olhavam para o portão, e assim que os viram entrando ficaram em silêncio enquanto os observavam. Andrea olhou para cada rosto que estava à sua frente se perguntando qual delas era a sua irmã enquanto Francesco se perguntava qual dela era a sua filha. O senhor que os recebeu os direcionou para a sala da diretora que parecia estar muito bem escondida na parte final de um corredor longo ao quão eles seguiram em silêncio ainda olhando as meninas até onde conseguiram. A cada novo passo que eles davam em direção a sala, mais agitados os dois ficavam. Ao chegar em frente ao local, o senhor parou, bateu na porta e ficou aguardando a instrução para entrar, que não demorou a chegar. Ele entrou sozinho fechando a porta atrás de si e depois de alguns poucos segundos retornou a abri-la e os permitiu enfim entrar no ambiente. Os dois passaram pela porta que foi fechada novamente depois que o senhor saiu e então eles ouviram a voz suave da senhora que estava sentada atrás da sua mesa também de madeira maciça e que os olhava séria como se esperasse por problemas. Ela foi a primeira a falar com o seu jeito decidida: —Quem vocês vieram buscar aqui?
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