Desço as escadas pisando duro no chão, pego minha bolsa de cima do sofá e saio pela imensa porta atravessando o gramado ao invés de andar pela trilha de cascalho.
O segurança que havia me recebido surge enquanto tento dar a partida no carro.
– O mecânico está a caminho – ele diz – aliás, sou Kurt – ele se apresenta ainda intrigado comigo que aperto o volante pisando no acelerador.
– Argh! – Rosno batendo no volante observando Joanna a senhora de cabelos cor de marsala, olhos verdes e óculos vermelhos vir em minha direção, com seu vestido vinho.
– Senhorita Johnson – ela me chama, mas eu faço um gesto para ela se calar.
– Eu escutei tudo, eu já estou me retirando – digo, mas ela n**a.
– Eu sinto muito pelo que o Senhor Whitmore disse, ele...
– É um ingrato – completo a frase.
– Eu sei que está nervosa, mas precisamos de você. O Senhor Whitmore está inválido.
– Eu nem sei cuidar de uma criança, e esse Senhor Whitmore é um... Um... – retruco fuçando no meu porta luvas como se a solução para os meus problemas estivesse ali – c****e! Estou com tanta raiva desse cara – digo para mim mesma e ela faz sinal para que Kurt vá.
– Senhorita Johnson, será que podemos conversar? Lá dentro, a senhorita precisa se acalmar – ela toca meu braço por um instante mas assim que nota minha selvageria ela recolhe a mão – Esqueça o que o Senhor Whitmore disse ele só está um pouco sensível aos últimos acontecimentos – ela diz enquanto faz sinal para que eu a acompanhe, mas eu n**o.
– Sensível? Ele é um ingrato, eu atropelo ele e é assim que ele me agradec... Digo, eu... Eu... Prontifico-me a cuidar da filha dele até que se recupere e ele diz que não me quer aqui e que vai me demitir? Eu nem fui efetivada ainda – indago irritada e Joanna assente passiva.
– O Senhor Whitmore só está chateado pelo o que aconteceu...
– Eu sei que isso é tudo culpa minha Joanna, mas, eu... Eu estou perdida, ele é meu chefe que eu nem conhecia e aí quando eu ia conhecer, era para um reunião aonde ele ia sair demitindo funcionários por causa de uma suposta falência e eu simplesmente atropelei ele no meio do caminho. Agora estou aqui na mansão dele para cuidar da filha dele...
– Eu sei, nem eu consigo processar tudo isso de uma vez, mas eu vou conversar com ele.
– Sei que só está falando isso para que eu fique – digo ela dá os ombros novamente – Mas não dá, eu tenho tantos assuntos para resolver do meu casamento, quer dizer, eu não vou casar mais então...bem, você sabe, buffet para cancelar, decoradores para dispensar, os meu vestido para devolver – e aí faço uma pausa espremendo os olhos para que as lágrimas não escorram pelos meus olhos.
Eu prometi para mim mesma que não choraria mais nenhuma lágrima por aquele b****a.
Como Addam foi capaz de me trair assim, como a minha irmã? Como ela pode fazer isso comigo?
Grrrr!
– Olha, eu... Eu não posso ficar mesmo – digo e Joanna se mantém na mesma postura rígida e profissional, como uma verdadeira governanta.
Pelo que parece o Senhor Whitmore treina todos seus funcionários como se fossem cachorros que ele põe uma coleira e dá ordens.
– Vou mandar Kurt te levar até sua casa senhorita Johnson, mas não terminamos essa conversa, e sinto muito pelo seu casamento – Joanna diz fazendo sinal para Kurt, como se ele soubesse exatamente o que aquele sinal significa.
– Vamos lá ruiva, – Kurt o segurança dos olhos verdes e barba por fazer, abre a porta do carro para que eu entre e eu faço secando meus olhos borrados pela maquiagem – Assim que seu carro ficar bom de novo eu te levo – Kurt comenta e eu assinto.
– Vou ter que pagar pelo mecânico? – pergunto e ele ri antes de responder.
– Não, isso fica por conta do Senhor Whitmore – ele responde e eu suspiro.
– Então eu mando um guincho ir buscar ele quebrado mesmo, não quero nada desse Whitmore – murmuro e Kurt ri novamente.
– O que ele disse para você? – Kurt pergunta me olhando por um breve instante enquanto eu digo a direção em que ele deve seguir.
– Ele disse que não queria eu perto dele, nem da filha dele e que ia me demitir da empresa – respondo e Kurt assente, mas não surpreso, como se esse tipo de atitude fosse normal por aqui.
– Bem, o Senhor Whitmore é um pai meio coruja. E é ele quem sempre cuidou da Lya, mesmo sendo muito atarefado. Joanna ajuda no básico, mas contratar uma babá sempre esteve fora de cogitação para ele desde que sua esposa...
– Faleceu – completo – A Joanna me falou. Mas isso não quer dizer que ele não vai precisar de ajuda agora.
– Se um cara atrapalhado te atropelasse, você deixaria ele cuidar do seu filho?
– Não, quer dizer, eu... Kurt, eu jamais demitiria um funcionário meu por isso, ou... Que seja Kurt! Ele estava tramando contra mim com aquela governanta – Kurt ri mais uma vez balançando a cabeça – Mas de qualquer forma, já acabou, ele não me quer lá, e nem eu quero ficar lá, eu só queria ajudá-lo – cruzo os braços – Pode parar ali em frente ao prédio – explico e ele assente.
– E de qualquer forma, foi um prazer conhecê-la senhorita Johnson – Kurt diz assim que eu desço do carro e eu sorrio para ele e suspiro assim que passo pela portaria, torcendo para que Addam não tenha voltado.
Mas eu preciso mesmo de um banho, de roupas limpas, e comer alguma coisa.
Subo pelo elevador e assim que o mesmo se abre eu suspiro decepcionada com a chave da porta na mão. Eu entro e aparentemente não tem ninguém, então volto a trancar a porta e largo a bolsa no sofá recolhendo a garrafa de vodca no chão, colocando sobre o balcão.
No quarto, abro o guarda roupa e pego uma roupa caminhando para o banheiro aonde abro o chuveiro e deixo a água quente bater em meus ombros até eles relaxarem.
Por Deus, eu nem sei para onde vou ir. Não posso voltar para casa da minha mãe. Eu sei que ela vai me falar que Addam era um s****o e defender minha irmã para sempre, e não quero olhar para cara daquela v*******a nunca mais. E também não posso ficar nesse apartamento, não quero nada que me lembre àquele b****a, nem olhar na cara dele.
A única coisa que me resta é aceitar a proposta de Amanda minha melhor amiga, e ir morar com ela em sua kitnet. Agora só preciso arrumar um emprego para ajudar ela nas despesas, levando em conta que acabei de me demitir do meu estágio dos sonhos.
Jogo minhas roupas todas dentro da mala que comprei para a viajem de lua de mel, perfumes, maquiagens, sapatos, e enquanto carrego tudo para sala, faço uma pausa quando ouço baterem na porta, já prevendo ser Addam.
Agora ele vai querer dar um de educado e bater antes de vir querer se desculpar? Ou mandou a mamãe dele para limpar a sujeira que ele fez?
Abro a porta e meus lábios se abrem, porém não emitem som algum, quer dizer.
– Será que eu posso entrar para conversar? Acho que começamos m*l e devo confessar que isso realmente é uma loucura, mas vou precisar de você senhorita Johnson – o moreno profere a mim, com uma das mãos escondidas no bolso da calça social e a outra engessada, eu pigarreio surpresa ou melhor, muito surpresa.
Senhor Whitmore.