Onde eu vim para ?

1780 Words
A queda foi longa, bati em várias coisas que deviam ser pedras. Tentei me segurar em alguma coisa, mas só consegui ralar minhas mãos. Sinto a alça da bolsa cair quando me choquei em uma pedra, senti uma dor muito forte e minhas costas molharem. Quando finalmente caí no chão, rolei para o lado e fechei os olhos devido à claridade e quando voltei a abri-los, tudo que vejo é uma floresta com mato muito alto, vários arbustos cheios de espinhos e com algo que parecia ser amora. As árvores são enormes e cheias de folhas, tudo neste lugar está em uma variação da cor roxa, o clima, por algum motivo, está muito frio. Abraço meu corpo para tentar mantê-lo aquecido, quando me viro para a entrada do buraco em que caí, reparo que o mesmo está se fechando, corro para pegar a minha bolsa e, assim que a mesma saiu totalmente, o buraco se fechou. Ouço um barulho vindo de um arbusto ao meu lado, dou um pulo para trás e pego um galho que estava no chão para me defender, mas o que saiu foi um gatinho muito fofinho. Ele é violeta e tem umas manchinhas na cor vermelha, com os olhos lilás, ele dá um miado bem fofo, me abaixo para ficar perto dele e o acariciar, mas escuto um rosnado alto, vejo uma criatura enorme com dentes afiados e um líquido escuro saindo da boca, que presumo que seja sangue, saindo das sombras. A criatura tem a cor dos pêlos igual à do gatinho dá mais um rosnado e fica em posição de ataque, me levanto rápido e começo a correr. Enquanto corria desesperadamente, batia em galhos e raízes, caindo diversas vezes e me machucando ainda mais quando finalmente parei perto de uma árvore com vários cipós pendurados, olhei para trás e vi que a criatura não estava me perseguindo, respirei aliviada. Fui puxada com força pelo tornozelo, o que me fez cair, olhei para baixo e vi que um dos cipós estava amarrado ao meu pé, puxando-me. Debato e tentei me soltar, quando um brilho chamou a minha atenção era uma espada toda roxa estava jogada no chão ao meu lado. Estiquei-me para pegá-la e senti uma onda de calor a percorrer todo o meu corpo, cortei o ramo que estava me segurando e escutei um grito muito alto. A árvore começou a pegar fogo quando olhei para o meu braço, vi um raio brilhante, que começava nos dedos e subia pelo braço, por dentro da blusa. Olhei ao redor, desesperada, e tudo estava muito mais claro, e os sons estavam mais altos também. Soltei a espada, assustada, e tudo voltou ao normal. me afastei o máximo que pude, mas a espada voltou para a minha mão do nada. — Isso é muito peculiar! — Escuto alguém falar atrás de mim, me virei na direção da voz e vi um homem muito branco, de olhos azuis e cabelos longos e loiros. Ele estava vestindo um sobretudo vermelho e uma blusa de botão preta com babados na altura do pescoço. — Você deve ser muito especial para ter o privilégio da lealdade da Luacn. — O quê? — Pergunto, sem entender do que ele estava falando. — A espada em sua mão é a Luacn ela pertence a um Escolhido faz muito tempo desde que tivemos um e é muito curioso que alguém novo, que não parece ter entrado na guarda real ainda, a possua — Reparou na espada enquanto ele fala, ela é toda roxa e tem um raio desenhado no meu braço e no cabo havia três pedras em cores lilás e preto, e o símbolo do naipe de espadas. — Conversar aqui é muito perigoso devido ao alto povoamento de Gynan. Vamos, minha casa é aqui perto. — Eu não conheço você — Declarei o que fez o homem ficar pensativo — Não vou seguir alguém que não conheço pela floresta como se estivéssemos em um conto de fadas. — Entendo, é algo sensato de se pensar — Informar e fica na minha frente e estende a mão. — Eu sou Tariq Vandronia. — Eu sou Alicie Dufour — Me apresento e pego em sua mão para cumprimentá-lo. — Viu, agora não somos mais estranhos — Brinca e deu um sorriso e volta a andar, começou a medir os prós e os contras: Prós 1. Eu não estaria mais sozinha à deriva em um lugar claramente perigoso. 2. Ele pode ser uma pessoa boa. 3. Está ficando escuro e não sei andar neste lugar sozinha. Contras 1. Vou seguir um cara estranho pela floresta, o que não é uma decisão coerente a se fazer. 2. Ele pode ser um louco que está indo me matar. 3. Ele pode ser de alguma seita ou grupo bizarro que mata pessoas aleatórias em florestas. 4. Ele pode ser louco. Mas como todas as decisões que tomei desde que acordei hoje não são sensatas, começo a seguir o homem louco pela floresta. > Ficamos caminhando por uns vinte minutos em completo silêncio da minha parte, já que o Tariq ficou cantarolando uma música muito estranha que falava sobre festas do chá e como se portar nelas, o que comprova que ele é louco. Quando chegamos a uma casa de dois andares na cor roxo escuro, na parte de baixo tinha uma grande vitrine com vários tipos de chapéus e cartolas de todos os tamanhos e cores, na parte de cima tinha um letreiro escrito “Chapelaria dos Vandronia’s”. — Nossa, que nome original, hein? — Zombei mas Tariq tomou como um elogio. — Eu sei, nunca se viu um nome tão criativo — Declara em felicidade e entra na chapelaria saltitando. Fico um segundo em uma batalha comigo mesma para saber se eu entrava ou não neste local, depois de muito pensar e de ouvir um barulho estranho vindo do mato atrás de mim, entro correndo. Quando entro, tudo o que vejo é uma lâmpada no chão e quando olho para cima vejo mesas e algumas cadeiras espalhadas por todos os lugares e só então percebo que estou no teto. Há uma senhora que me olha com o semblante fechado, Tariq fala algo para ela e logo seu rosto se suavizou e ela torna a falar. — Ah, garotinha, não entre pelo teto com sapatos que andaram pela floresta, irá sujar tudo — A voz da mulher estava calma e fico constrangida, mesmo não sendo minha culpa estar ali, já que tinha somente atravessado a porta. — Me desculpe, não tive a intenção. — Me desculpei olhando para todos os lados para tentar achar um modo de volta ao chão — Eu apenas atravessei a porta de entrada e vim parar aqui. — Sei que não teve intenção, é sempre uma loucura passar por portas por aqui — A senhora estica o cabo de uma vassoura e eu dou um pulo para tentar pegar quando finalmente pego, parece que o mundo todo gira muito rápido e tudo ficou certo novamente. Começo a reparar na senhora, ela tem os cabelos presos em um coque baixo e são loiros, ela é bem alta, usa uma blusa lilás e uma calça preta e estava com vários pedaços de tecidos no ombro, mais com toda a certeza, o que chama a atenção desta senhora são os olhos, que são de um tom de vermelho bem vivo. Ela me dá um sorriso que logo some quando olha para a espada que eu estava segurando, e por instinto eu a escondo. — Esta não é a... — Perguntou para Tariq, incrédula, que só concorda com a cabeça. — Isso é uma maravilha! Sabe, com a Lady Morana ficará muito feliz. — Sei mais, olha para ela, é muito jovem. Não devia ter tanta responsabilidade assi... — Começou Tariq, mas logo foi interrompido, irritada. — Será que poderiam parar de falar de mim como se eu não estivesse ouvindo? — Pergunto inconformada com a situação. — Eu quero saber onde eu estou! — Ora, você está em Aram — Informou Tariq como se fosse uma coisa óbvia. — Ainda não tenho a menor ideia de onde estamos — Falei para ele, que pareceu surpreso por eu não saber onde fica este lugar. Sentei-me em uma cadeira que estava perto de mim e soltei a espada no chão. — Como foi que você foi parar na floresta? — Perguntou a senhora que até agora não sei o nome. — Eu fui atrás de um coelho que tinha um par de chifres na cabeça, aí eu caí em um buraco até chegar a este lugar. — Oh, pobre criança, não me admira que esteja tão confusa — Disse Tariq, o que me deixou mais assustada. — Minha querida, você está em Bosdio, o país da tecnologia, e o animal que descreveu parece com o Nwpus. Eles têm a habilidade de abrir fendas para escapar de predadores — Começa a explicar, e cada palavra vai me deixando cada vez mais nervosa. — O que pode ter acontecido é que você o assustou, fazendo-o abrir uma f***a, por isso que você veio parar aqui. — Não se preocupe, vai ficar tudo bem você está segura aqui — Tenta me acalmar, o que não funcionou em nada. — Eu sei que parece assustador, mas nada irá machucar aqui, tente ficar tranquila — Diz a senhora com um sorriso, e agacha na altura dos meus olhos, me fazendo olhar para seus grandes olhos vermelhos. Uma calma passa sobre todo o meu corpo, e somente aí que ela completa: — Venha, tome um banho para eu poder ver estas feridas. Só concordo com a cabeça e vou junto com ela passamos por uma porta que dava em uma sala de estar. A sala é toda monocromática, tinha um sofá em formato de L com algumas almofadas com chapéus e vestidos em toda parte, tem uma mesa de centro de vidro no centro do cômodo. Fomos em direção a um corredor com três portas. A porta da esquerda é vermelha e tinha vários desenhos de flores pretas, a porta da direita é branca com bule de chá e xícaras desenhadas, e a que fica no fim do corredor é simples, sem desenhos, somente um tom de violeta. — Aqui é o quarto onde irá ficar — Informa a senhora Vandronia, abrindo a porta — Nesta primeira porta há algumas roupas que você pode gostar, e aquela outra porta é o banheiro. Concordo com a cabeça quando ela para de falar e logo que ela sai, solto a espada que ainda estava em minha mão e dou um suspiro de cansaço.
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