Efetuando uma prisão.

1387 Words
Kate O suspeito estava sentado no fundo do bar, bebendo e rindo com a família que, com certeza, nem imagina o que ele fez. A mulher, que estava sentada ao seu lado, olhava o relógio de vez em quando, e sempre que havia uma movimentação na entrada do bar, ela olhava como se estivesse procurando por alguém. Não, querida, ela não virá. Não até prendermos o seu marido. Quando um homem agredia ou violava o corpo de uma mulher, ele roubava-lhe a dignidade, moldava a sua personalidade e destruía a sua autoestima. O cara sempre saía como o macho alfa, o que aumentava a minha cede por justiça. Eles não sairão por cima, pelo menos, enquanto eu for a delegada dessa cidade. Duas viaturas pararam em frente ao bar, a minha equipe saiu de uma delas e verificou as placas dos carros, com certeza, eles deviam ter puxado a ficha do cara. No mínimo, ele teria algumas infrações, porque a aparência era de uma pessoa comum. Os agressores e e**********s sempre tinham aparência comum, apesar de já ter prendido homens asquerosos. A maioria deles são alegres e divertidos na frente dos outros, mas por trás, quando não tinha ninguém os observando, mostravam a sua verdadeira face. O pior era que muitos deles são próximos a nós. Na segunda viatura, estava a recruta e... Merda! Coronel Gomes veio pessoalmente prender o filho da p**a, ele não irá gostar de ver-me aqui. A parte r**m desse local, era que não tinha uma porta de saída, tinha comprado apenas um refrigerante para disfarçar a minha ida naquele lugar, enquanto os policiais não chegavam, e nem abri a latinha ainda. O coronel e a minha equipe entraram no bar, eu virei para outro lado para que não me vissem e eu pudesse passar despercebida, dando de cara com um sujeito m*l-encarado, que parecia não ter tido um dia bom. — Vai querer mais uma coisa, moça? — perguntou a balconista do bar, secando um copo atrás do balcão. — Não, estou satisfeita, obrigada. — A senhora nem abriu a latinha. Quer um copo descartável? Isso poluiria o meio ambiente. — Não, obrigada. Já estou de saída. Paguei pelo refrigerante de marca famosa e me virei para sair do bar. Foi quando esbarrei no coronel. — Não sei o porquê, mas eu não estou surpreso de vê-la aqui. — Puft! Por que estaria surpreso? Tenho dois dias de folga, estava no meu lazer, bebendo um refrigerante. — Ela nem abriu a latinha ainda — intrometeu-se a balconista. Encarei-a seriamente e ela fingiu que não era consigo. — Eu deveria leva-la presa ao invés dele, só assim para você entender o significado de “tirar uma folga.” — Aff, uma mulher não pode mais frequentar um bar? — Onde, coincidentemente, o suspeito frequenta? — Não tenho culpa se frequentamos o mesmo local. — É a primeira vez que a vejo por aqui, Senhor. — Olhei para a balconista, com vontade de dar-lhe um tiro. — Será que dava para você nos dar um pouco de privacidade? — Ele deu de ombros e foi atender o cliente m*l-encarado. — O que faço com você, Kate? — Não quero ir para casa — confessei derrotada. — Os pesadelos voltaram e cada vez parecem mais reais. Só consigo relaxar quando estou na academia ou na delegacia. — Kate... — O Coronel respirou fundo e passou a mão no rosto. Eu evitava conta-lhe sobre os meus problemas, não o queria preocupado comigo. — Tem se consultado? Neguei com a cabeça. — Faz um tempo que não falo com a psicóloga. — Por quê? — perguntou indignado. — Porque será a mesma coisa, que já faz dez anos, que eu deveria que abrir o coração para um novo amor, que só assim superaria o que aconteceu, que eu preciso sair com os amigos para me distrair... — Já parou para pensar que a psicóloga poderia estar certa? — Eu nem tenho amigos. — Porque você não se abre para nenhum tipo de relacionamento. — A última coisa que quero é homem querendo mandar em mim, ou alguém para tomar conta da minha vida. Ele bufou, sabia muito bem que eu não mudaria de ideia. — Enquanto aos sonhos? Revirei os olhos, ele também não desistiria. — Eu já marquei uma consulta, pelo menos, nessa parte a psicóloga conseguia me ajuda. Assentiu com a cabeça satisfeito, não o tanto que ele queria, mas era melhor que nada. — Quer fazer as honras? Mostrou-me as algemas para que eu efetuasse a prisão. Sorri satisfeita. Peguei-as das suas mãos e mostrei para a balconista e também a língua, para debochar da sua cara, ela revirou os olhos para mim. Franzi a testa e segui em direção ao suspeito. Ao nos ver se aproximando, ele logo se levantou e fez menção de seguir para o banheiro. Se ele achava que isso me impediria de exercer a minha função, não me conhecia nenhum pouco. — Caio Vasconcelos? — Ele parou de caminhar e virou-se para mim. — Pois, não? — Pode nos acompanhar até a delegacia, por favor? — Você é policial? Mostrei o meu distintivo, mesmo à paisana o levava para onde quer que eu fosse. — Delegada Thompson, da delegacia da mulher. Ele arregalou os olhos sabendo do que se tratava. — O que está acontecendo? — disse a sua companheira, posicionando-se ao seu lado. Caio ficou agitado, com medo de ser desmascarado. Já conhecia esse tipo de reação, era sempre a mesma coisa. Quando a bomba estourava, eles se faziam de coitadinhos, alegando inocência acusando a mulher de tê-lo seduzido. — Não foi nada, amor. Eles só estão querendo que os acompanhe para a delegacia. — Mas por quê? Aconteceu alguma coisa? — Deve ser apenas algumas multas de trânsito. — Eu não diria isso — provoquei. — Qual é a acusação? — a mulher ousou em perguntar. Olhei para o cretino e dei um sorriso m*****o. — Quer mesmo expor isso aqui, ou prefere nos acompanhar até a delegacia? — direcionei-me a ele. Veja bem, não estava preocupada com a integridade dele, por mim, colocaria em uma prisão cheio de e**********s e ele que se virasse. Mas estava preocupada com a integridade da garota que, com certeza, seria atacada de todas as formas ainda. Ela não precisava de passar por uma humilhação pública. — Aconteceu alguma coisa com a minha filha? Ela iria nos encontrar aqui, mas até agora não apareceu. Olhei para aquela mãe preocupada, nem imaginava o que esse monstro fez com a filha dela. Contudo, não demorou muito para ela captar a mensagem e olhou para o marido horrorizada. — Não, você não fez o que estou pensando? — Eu não fiz nada, eu juro. As outras pessoas que estavam à mesa, não entendiam o que acontecia. Segurei o braço do acusado e o conduzi para a saída do local. Porém, dando uma de macho alfa, soltou-se das minhas mãos e tentou atingir-me com um soco. Como eu era bem treinada para essas ocasiões, desviei, puxei o seu braço e o torci nas costas, pressionando o seu corpo no balcão do bar. A balconista arregalou os olhos e eu sorri vitoriosa. — Isso, resiste a prisão, adoro prender pedófilos como você. O i****a riu, como se estivesse debochado da minha cara. — Ela é maior de idade. — Ah, então, temos uma confissão. Ouviu isso coronel? — Claro e em bom tom. E nem precisei pegar pesado com ele. — O que? — Ele ficou confuso, mas achava que ele só estava fingindo. — Diz que ele não fez isso com a minha filha, por favor? Olhei para aquela mulher desesperada e compadeci-me. — Nos encontre na delegacia da mulher, que tudo será esclarecido. — Meu Deus! — Ela olhou para o marido enojada. — Era por isso que insistiu tanto para morarmos juntos, seu canalha? — Eu não fiz nada, foi ela quem me seduziu. Eu não disse? Era sempre a mesma coisa, tudo era culpa da mulher. — Não é isso que os hematomas no corpo dela dizem, seu vagabundo. Coloquei as algemas nele e o coronel conduzi-o para a viatura. A mulher saiu do restaurante e entrou no carro dos amigos sendo consolada. Porém, esse pesadelo estava longe de acabar para ela.
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