************ Capítulo 1 *************
************** Salita ***************
Não tinha muita coisa pra fazer no monastério, fora que, por causa da minha importância, o grau de proteção era extremamente exagerada. Não me dado espaço para fazer certas coisas das quais apreciava no castelo. Perto da família real.
Agora há léguas de distância do palácio de pedra, ficava dificultoso pensar nas inúmeras diversões contidas naquele leito familiar. Adorava brincar com os meus irmãos mais novos, os últimos da fileira de machos.
Meu pai, Sean, Conseguia ser amoroso, deixando fluir seu lado paternal naturalmente, mas regia sua coroa com punhos de ferro e bondade. Ele dizia que um rei sempre precisava balancear o temperamento, ainda mais diante dos seus súditos. Principalmente nas vistas dos inimigos, por mais que sejam impiedosos, ou até monstruosos. O segredo basicamente se circula em não demonstrar medo, por mais que por dentro diga ao contrário.
As mulheres dessa residência, que mais se assemelha a capelas, igrejas antigas, descritas mas histórias contadas pela rainha mãe, Naira, são severas na conduta da moralidade. Ou seja, nenhuma delas gostou de serem condutoras, informantes do que acontecia ao meu corpo. Como se isso fosse um grande e terrível pecado.
Precisei da ajuda da minha acompanhante, a serva fiel que venho comigo. Ela me conhecia desde muito nova, embora seja jovial também. Dificilmente envelhecemos em Saturno. Por isso o agrupamento dessas senhoras nesse santuário se tornou necessário, já que perante a sociedade saturniana elas não mais representavam as mulheres fortes e férteis dessa nação próspera. Mas ainda assim tinha a sua importância; Cuidar dos necessitados.
— Hoje o dia se encontra agradável, princesa. Que tal caminharmos no bosque? — Perguntou minha cuidadora.
Ela sabia o quanto estava fadada por trás desses muros altos, cheios de esferas pontudas. Na intenção de ferir alguma força contrária aos seus propósitos de purificação e resignação.
— Acho incrível. — Bati palminhas.
Mas logo o semblante contraditório da anciã mais velha do grupo de mulher, disponibilizadas em volta da grande mesa, retorceu o nariz. Desprezando o que a minha ajudante dizia, claramente diante das suas irmãs de residência.
— Não acho que será possível. Faz um tempo curto que está nesse lar, Salita. Tente distrair sua mente jovem com serviços domésticos, ou, borde um tecido. Uma prática comum no planeta natal de sua mãe Naira.
— Gostaria de poder sair mais, as guerreiras em volta do monastério podiam fazer a minha proteção.
— Afinal, o que poderia acontecer se aqui não tem machos para ativar a maldição?
Todas ficaram espantadas e logo olharam a minha serva com enorme severidade expressiva. Eu, apenas me virei, notando o quanto se sentia triste por ter comentado algo referente a essa troca de ares.
— Maldição? Que maldição?
As olhei de volta.
— As anciãs sabem sobre esse assunto? Quando fui amaldiçoada? Por favor! Me contem.
— Lembre-se do conto... — Murmurou sussurrantemente ela do meu lado.
— Agora, chega!
Levantou a mais idosa, solicitando que saíssemos para os nossos aposentos.
— Mas ainda é de dia, podemos ao menos ficar no pátio? Já que ninguém quer me contar algo ao infortúnio.
Fiz carinha triste, tentando ver se tocaria os corações dessas mulheres tão antiquadas. Nem pareciam viver em Saturno, se privam de tudo que seja tecnológico. Vivendo no tempo da pedra.
— Tudo bem, mas leve duas guerreiras. Não queremos arriscar.
— Está bem! — Ergui super alegre pegando na mão dela, que disfarçou um sorrisinho. — Obrigada, senhoras! Tenham um bom dia!
Saímos correndo dando gargalhadas no caminho, relembrando as faces daquelas saturnianas. Completamente azedas com a vida.
***
— Kalileb, conta pra sua princesa saturniana a respeito da maldição, eu fui realmente...
Ela suspirou arrancando a pétala no gramado.
As duas gigantes estão numa posição boa, longe de nós para dar um mínimo de privacidade a realeza.
— Olha, deveria pensar sobre o conto.
A mirei preocupada.
— Aquilo somente era um história, antes de ir dormir ela contava. Só isso, nunca tive poderes mentais, e de proteção. Meu irmão Senil não pode ficar invisível, ou se camuflar. Nenhum saturniano nasceu ou se desenvolveu, depois na minha idade, ou um tanto mais novo, com algum poder parecido. Se a soberana é a mãe dessa população, responsável por trazer a benção da procriação restaurada.
— E quem trouxe essa praga maldita ao nosso povo?
— A Imperatriz Escarletiana. Mas a bruxa morreu anos atrás através do nosso nascimento, foi desintegrada e todos os servos sexuais foram liberados do seu poder. Voltaram para os seus planetas.
— Nem todos tiveram essa sorte princesa. Muitos morreram com ela, a feiticeira os aprisionou durante séculos, e isso causou danos aos cérebros deles. Pouquíssimos retornaram. — Falou ela com enorme tristeza.
— Eu sei, quer dizer, mais ou menos soube. — Peguei na sua mão gelada, a temperatura dela era um contraste da minha, devido sua naturalidade de outro mundo. — Sinto muito pelo seu pai.
— Tudo bem. Isso já foi superado.
Olhou-me de volta querendo sustentar um sorriso motivador.
— Conta pra mim como ela te falava do conto da Princesa Saturniana.
Sorri, gostando muito daquela história. Me fazia lembrar o tanto que a minha mãe podia ser forte. Como sua personagem narrada.
(...)
— Ainda no ventre, a princesa Salita foi amaldiçoada, a bruxa dizendo suas palavras maléficas ordenou que, assim que atingisse a maturidade, cem homens vindo do planeta mais distante iriam revindicà-la, para fazê-la escrava s****l deles. E sua vontade carnal seria somente a esses seres. Totalmente submissa. Cem homens terá e nenhum deles se tornara seu marido....
Comecei a analizar o contexto descrito, cada frase dita. O texto completo. As peças se encaixando em minha mente. Kalileb me deu um tempo pra pensar, então iniciei uma andança em volta da residência mostruosa, construída especificamente por fêmeas. Tudo aqui exalava poder feminino.
Precisei compreender que a realidade era muito mais complicada do que podia imaginar, e que a minha virtude corria perigo. Sim, o conto era real, mas até a parte da maldição e da perda dos dons adquiridos na gestação da minha rainha. Contudo, havia ramificações, depois disso. Um tipo de profecia, ou um desejo profundo da matriarca, onde um único guerreiro valente capaz de ser mais potente que esses podia me ajudar.
Em meio aos meus pensamentos, senti que alguém no bosque nos vigiava, mesmo não podendo ver nada por causa dos muros pude captar o perfume, e essa fragrância impregnou as narinas. Forte, instigador. Penetrante. Quase me levando a loucura. Um alerta atingiu a minha carne, pulsando fortemente em um local específico. Trazendo um horror a alma. Peguei a serva babá correndo de volta para dentro. O cheiro do homem era uma tentação absurda, e precisava ser contestada.
Entrei pro banho, tentando em vão me livrar desse calor que havia me consumido. Inferno! Vá embora! Pensei ouvido um "Não!" Em resposta.
Cai no reservatório sendo amparada pela Kalileb, e desmaiei em seus braços. A conexão mental me deixou confusa. Desconectada, adormeci, mas no sonho pude ver quem era ele.... E me assustei de imediato. Esse era o meu salvador? Ou outra armadilha do destino?