************ Capítulo 4 *************
************** Senil ****************
Vim em busca do último rastro da minha irmã. O Retorno Da Ligação Familiar foi finalmente despertada, depois de muitos anos adormecido. Contudo, durou pouco, coisa de relance, mais com muita intensidade. Tanto que pude sentir seu medo dentro da minha alma, impactante ao ponto de ouvir sua respiração ofegante. Chuva torrencial ao fundo, e a presença de outro ser alienígena.
— Príncipe!
Uma das Amazonas veio até ao meu encontro. Elas deviam ter vigiado com mais afinco a minha única irmã gêmea.
Desci do cavalo, e segurando as rédeas, resolvi encurtar sua caminhada.
— Perdão, mas fizemos de tudo para impedi-lo de levá-la. O ser era incrivelmente forte. Seu corpo gigante parecia uma couraça de peles muito bem trabalhadas. Avistamos ele, e sua corrida avançou. Disparou feito um búfalo da montanha.
Paramos perto, deixando o animal comer no gramado.
— Não vou questionar o quanto sua guarda vacilou com a entrada do intruso dentro do monastério.
A líder parecia se zangar com a minha fala, mas não se atreveu a me fazer a mudar de opinião, pois estava completamente certo.
— Aqui, no meio desse bosque, esteve o último vestígio da princesa Salita. A nave esteve... — Olhei para o lado, visualizando um espaço redondo entre quatro árvores compridas. — Ali. Bom lugar para esconder um meio de locomoção desse porte.
— A acompanhante da realeza confirmou que o sequestrador mandou a nossa princesa ir com ele para Marte.
A raiva me subiu, imediato, instantâneo.
— Como um ser inferior a nós a ordenou tão facilmente?
A fitei pondo a mão no topo palpável da espada.
— Simplesmente ameaçou a vida da serva, manipulando a princesa como lhe convinha.
Virei a face possesso.
— Por que tinha que ser a heroína irmã? Por que não deixou pra lá e tentou fugir?!
— Todas as vidas são valiosas, príncipe. Salita tinha plena consciência disso, sua atitude nobre nunca será apagada.
— A vida dela será completamente extinta, se esse marciano a levou na intenção de vende-la aos cem guerreiros de sua nação. — A mirei cheio de raiva. — Entendeu, amazona? Salita representa a esperança do povo de Saluti, portanto a existência dela era mil vezes mais importante do que qualquer uma nesse planeta! Se não fosse o nosso nascimento toda a raça seria aniquilada! Então não me venha com sermão ultrapassada!
Bufei, desviando o olhar para um ponto específico de onde repousou a nave. Andei rapidamente, ouvindo que a líder me seguia.
Abaixei, ajeitando a ponta afiada do meu armamento.
Encontrei na pontinha de uma folha seca o sangue do elemento.
— Eles sangram verde, isso não me surpreende.
Peguei erguendo-me trazendo aquilo comigo.
— Não é isso. E sim uma prova que seu raptor não é tão invencível assim.— Olhei-a triunfantemente. — Posso derrota-lo.
— A criada disse que ele era um de porte bem grande, e pela gana de chegar perto reparamos sua silhueta alta, fora que nossas flechas derrubam qualquer animal da floresta, tem enzimas nas pontas. Além de serem dotadas com frente, que se abrem ao detectar a pele de qualquer ser vivo.
— As Amazonas nem chegaram a tempo de ve-lo por completo, raptando o item mais admirado de toda Saturno.
— Ouviu o que eu disse príncipe? — Perguntou, provando sua impaciência.
Fiz muxoxo, guardando o conteúdo encontrado aleatóriamente, no meu recipiente de estudos. Levaria ao laboratório do castelo de pedra, para fazer testes. Ficará mais fácil adentrar nos domínios dos marcianos com essa amostra de DNA.
— Tenho que tomar o depoimento da garota.
— Te levarei até ela. Vamos.
Subimos nos cavalos e em seguida partimos para o monastério.
************** Salita ***************
Ouvia-se os gritos do guerreiro indomável, comprovando pra mim mesma que ele era capaz de sentir dor, mesmo tendo a força de cem homens agrupados em seu sangue alienígena.
Uma das armas adentro naquela pele verde, então se o amarrarem para tortura podiam sim matá-lo. O golpe podia chegar no seu coração. Isso se alguém conseguisse chegar nele, já que demonstrou ter uma desenvoltura mirabolante no bosque, driblando todas as guerreiras.
Ainda não sabia seu nome, mas isso não fazia diferença. Brevemente meu irmão vira me buscar, trazendo morte ao povo de Marte.
Olhei o quarto todo azul, onde me colocou antes de ir curar o rombo das costas. Tudo limpo e impecável, mas ao olhar o objeto brilhante sobre a cama, reparei que pertencia a uma mulher.
Então o valente guerreiro marciano costuma trazer fêmeas transantes a sua moradia provisória em forma de nave espacial. Enfim, todos os homens se igualam no mesmo patamar.
Seu súplicio se findou, ao mesmo tempo que senti a garganta doendo, a pele quente por dentro. E não era a excitação. Dei o primeiro espirro, me sentindo m*l me coloquei em repouso.
Joguei a peça de esmeraldas no chão como se não tivesse valor. Questionando-me, que tipo de mulher deixaria algo tão valioso para trás depois de uma noite de amor com aquele homem cheio de músculos.
Me cobri, no mesmo momento que avistei a porta se abrindo, somente ele e as empregadas da nave tinham acesso ao dormitório.
Tomou cuidado em não trazer machos idiotas com ele. Esperto!
Uma jovem muito simples veio até a mim.
— Se sente confortável, agora que está tomada banho, e usando roupas limpas e secas?
— Mais ou menos. — Comentei com dificuldade, sentia o interior arranhando.
— O quê sente? O mestre possui todos os tipos de medicamentos.
— Mestre? Aquele... Ah! Deixe pra lá. Tem algum da terra? Um antigripal, antitérmico. Saturnianos não ficam gripados.
— Nem nos, os Marcianos.
Era só o que me faltava!
Espirrei, assustando-a, tanto que colocou as mãos para cima. Ia tranquilizá-la mas uma sessão de espirros se sucedeu, fazendo dela uma alma pra lá de atormentada.
— Olha... Vou procurar a curandeira.
Colocou a mão no nariz, tão fino que parecia que nem podia respirar.
— Está bem... Mais...
Ela saiu rapidamente, trancando a saída.
Descansei a cabeça pesada no travesseiro fino, e a coluna não conseguia repousar na cama feita de geleia cósmica. Gosto não tão peculiar já que o desbravador usou uma dessas para passar pelos vidros, sem ocasionar cortes desnecessários aos nossos corpos.
Pouco a pouco consegui chegar num sono meio conturbado, dividida entre me manter acordada para saber seu próximo passo, ou me deixar levar, contando que, voltarei ao meu planeta pelas mãos dos meus soberanos. Além do príncipe Senil.
— Meu irmão...