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O Engenheiro

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Blurb

Ele é mais novo e odeia mulheres mais velhas.

Ela é mais velha e odeia homens mais novos.

Ele é o conselheiro amoroso de Londres e ninguém sabe.

Ela odeia o conselheiro amoroso.

Ele é o engenheiro responsável pela obra.

Ela é a arquiteta responsável pela obra.

Eles se odeiam e não se suportam, mas o ódio está em uma linha tênue com o desejo e a paixão.

Gerard Moore era o maior engenheiro da maior empreiteira de Londres, mas por trás do grande nome da indústria de obras, ele também tinha o pseudônimo de "O conselheiro amoroso" com um perfil que ajudava homens a conquistar mulheres em um site chamado Gossip.com. Alex Wester é uma arquiteta renomada, ex-esposa do dono da maior whiskeria do país que infelizmente a trocou por uma menina com quase a metade de sua idade e vai enlouquecer quando descobrir que vai precisar trabalhar no projeto de seu ex-marido com um engenheiro que ainda que ela odeie e troque farpas o tempo todo, vai mexer consigo e com sua cabeça. Alex ficaria dividida entre trabalhar em harmonia ou aguentar as alfinetadas do ex-marido, quando m*l sabia, que "O conselheiro amoroso" que foi responsável por um dos problemas de uma de suas amigas, esta mais perto do que imagina

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Chapter 01
***Alex Wester*** Sabe aquele ditado que diz que mulher é igual vinho ? Quanto mais velha, mais saborosa fica ? Pois é, ela não se encaixa em mim. Pelo menos não que eu tenha percebido. Minha vida amorosa é uma tremenda vala de peixinhos mortos. O balanceamento perfeito não existe, ou você cuida da sua vida profissional ou você cuida da sua vida pessoal, e claramente pra eu chegar onde cheguei, eu precisei esquecer que eu tinha um buraco entre as pernas que precisava de uma faxineiro pra tirar as teias de vez em quando. Sabe como eu entendi isso ? Quando me casei com um homem dezesseis anos mais velho que eu e em determinado momento eu me vi sem sexo por quase 3 anos. E sabe qual a pior parte ? Eu sequer senti falta. Eu entendia o casamento como uma amizade, sempre aprendi que deveria ser assim. Tem homens que só servem pra trepar e agora, olhando pra trás, acho que nem pra isso ele servia. A vida não é só sexo, mas faz parte quando se é casado, e eu só percebi que meu casamento tinha acabado, quando entendi que meu marido só não sentia falta porque ele havia encontrado uma menina de dezenove anos que pode dar a ele muito mais do que o cansaço do seu dia, ou as pesquisas de doutorado que eu montava enquanto ele dormia. Simon gostava da juventude, de mulheres novas, e quando eu me vi tornando uma mulher mais velha, completando os trinta e quatro anos e sendo madura o suficiente para me comportar como uma mulher e não como uma menina, eu soube que não era mais o suficiente pra ele. Primeiro veio a faculdade, depois a pós-graduação, e então o doutorado. Uma arquiteta incrivel e renomada, mas que já não sabia mais o que era uma boa f**a, ou talvez nunca tenha experimentado uma. Meu ex-marido era dono de uma das maiores fabricantes de whisky dos Estados Unidos, mas por conta de sua família tóxica e dependente, ele resolveu se mudar para Londres, onde ficava a matriz de merchandising e administração de tudo. Eu não quis ter vínculo, não quis nada, só quis o divórcio. Só isso e nada mais, nem um tostão. Nove anos de casamento, onde eu empurrei com a barriga dos seis aos nove. Não houve gritos. Apenas algumas frases que carrego comigo até hoje, mas nada que uma terapia não resolva, quando eu fizer uma, é claro. Mas o que me fazia revirar os olhos em um nível grandioso era ser reconhecida na maioria das vezes como a esposa de Simon Cardigan por algumas pessoas na mídia, e não como Alexandra Wester, a melhor arquiteta do estado. Minha vida de solteira era legal quando não envolvia homens. Eu tinha algumas amigas com pensamentos saudáveis, mas às vezes fora da casinha, contudo eu me sentia ambientada, em casa, como talvez nunca estive antes. Nós tínhamos algo chamado de “ O clube da luluzinha.” Era composto por mim, uma urologista, uma empresária, e uma pintora. Era o nosso grupo do bem, ou pelo menos assim que eu o classifiquei. — Assopra o cassete da vela, Paloma ! — Criseida gritou para sua filha. O estresse não era pela demora de Paloma, mas sim porque as luzes se apagaram no intuito de soprar a vela e ela queria acender seu cigarro para alimentar seu vício, porém devido a idade, mesmo com a claridade do fogo do isqueiro, a senhora era incapaz de enxergar. — Mais que demora ! — Jéssica reclamou do outro lado da mesa. Assoprou a vela e então acendeu a luz ao lado do armário da cozinha. — Pronto,vela apagada. — Esse foi o parabéns mais emocionante que eu já participei ! — Falei, cruzando os braços enquanto a aniversariante parecia mais entediada do que qualquer um de nós, e isso era péssimo, porque eu sem sombra de dúvidas era a mais sem saco de todas nós. — Tô com gastrite, não posso comer bolo. — Paloma murmurou, pegando sua bolsa ao lado da mesa. — Pelo menos não a fatia inteira. — Se parasse de ir nesses restaurantes de comidas mexicanas, você provavelmente se sentiria melhor. — Falei. Bolo de coco e abacaxi, meu preferido. Criseida com o cigarro pendurado na lateral da boca, cortou o bolo completamente torto, em alguns pratos de plásticos e eu peguei o meu, assistindo a fumaça tóxica despencar até a massa doce. Bolo com gosto de tabaco, que delícia. Paloma deu uma garfada sem entusiasmo algum e guardou o restante na geladeira. Talvez ela já estivesse acostumada com o sabor do tabaco na comida de sua mãe, visto que Criseida quase nunca tirava o cigarro da boca. Jéssica, a morena faminta, comeu seu bolo tão rápido que eu não consegui ver o prato em sua mão antes de ficar vazio novamente, e Monick, a ruiva sardenta sentada na cadeira na varanda, parecia ter a paciência de um buda esperando o fim da comemoração do aniversário de 29 anos de Pamela, que parecia a mais feliz e animada que ela já tivera. — E então, podemos ir ? — A aniversariante de dentes brancos sorriu com a mão na cintura. Sua mãe tossiu, olhando-a de r**o de olho. — Não exagerem no álcool, cirrose mata. — Criseida era uma mulher que havia chegado recentemente aos seus sessenta anos, cabelos dourados, em cachinhos curtos, lábios sempre rosados de batom e maçãs do rosto sempre rosadas de blush. Ela era vaidosa. Parecia aquele tipo de mulher que estava sempre à espera do príncipe encantado, claro, isso se ela não acreditasse que seu falecido marido havia sido o único homem prestável na face da terra. Ela era uma boa mãe, sendo assim, criou uma boa filha. — É, a gente sabe! — Sua filha respondeu. (...) O holandes voador era um bar com a temática de piratas, e embora estivesse sempre lotado de gente, o dono do lugar, seu Armando, sempre arrumava uma mesinha pra gente mesmo quando todas estavam ocupadas. A alegação que o ser humano só podia ser salvo por fadas madrinhas era errônea, porque eu facilmente daria esse título ao seu Armando. — Amanhã eu tenho um plantão de 24h, tentei trocar com alguém mas não consegui. Pamela era urologista, e mesmo eu tenha achado que sua profissão tenha sido escolhida com propósito, eu descobri que na verdade não, foi por aleatoriedade, justamente porque ela, mesmo depois de ter feito anos de Med-school, depois medicina, ainda não se decidira quando chegara a hora de escolher a residência, e eu não acredito que Pam seja safada o suficiente para escolher a profissão na intenção de ver tantos falos diariamente. — E eu tenho que organizar a exposição para segunda, não vou conseguir ir! — Monick botou seu cabelo atrás da orelha, lambendo a espuma do chopp sujando abaixo de seu nariz. Nick era pintora e artista. Vendia suas pinturas de pessoas emolduradas que ela mesmo fazia, mas não vendia para qualquer um. Ela vendia para atores, empresários, museus e exposições. A filha da mãe fazia obras de arte com o dedo e um pouco de água suja o suficiente para manchar um papel. — Fala sério! Vocês todas vão desmarcar ? É o nosso domingo, o nosso clubinho! — Meu gin chegou, entupido de morango, com espuma de leite condensado escorrendo pelas beiradas. — Eu tenho um encontro com um cara. Encarei Jéssica, seus dedos longos enrolavam em seu cabelo escuro. — Você vai trocar a gente por uma f**a? — Falei, bebendo meu drink. — Alex, você tem 36 anos, daqui a pouco vai fazer 37 anos, não devia ser carente assim. — Pamela revirou os olhos. Mas Nick gargalhou tão alto, que um casal que quase engolia a língua um do outro, teve que parar pra entender o motivo de uma risada tão estupefata. — Quando foi a última vez que transou ? — Jess perguntou na cara dura. Revirei os olhos tão forte que faltou pouco para um 380º. A última vez que eu transei foi apenas para fortificar a ideia de que homem novo precisa ficar longe da minha lista de possíveis companheiros sexuais. A maioria dos homens mais novos tem apenas uma coisa na mente: meter e gozar. E a última “criança” de vinte e cinco que cruzou o meu caminho, ligou uma batedeira no lugar do p*u que eu tive que fingir um orgasmo pra não sair com a b****a em carne viva. Foi um trauma e nem valeu a pena. Usei pomadas e calcinhas de algodão por quase duas semanas. Homens mais velhos prezam por qualidade e um bom orgasmo, de preferência em um prazo de tempo mais curto, agora homens mais novos, prezam por deixar você parecendo o vecna por dentro, tendo que usar gel muscular e ouvir banalidades como: “late, sua cachorrinha ”. Fala sério, eu tenho 36 anos, e inclusive não me lembro de gostar desse tipo de coisa quando tinha menos de 20. Até a safadeza tem limite e a minha chegava na parte onde o cara parecia um zoófilo, que ao invés de me pedir pra gemer, pedia para que eu pudesse latir, miar, grunhir, e se também me pedisse a patinha não seria surpresa. — Prefiro não comentar sobre a última vez, pode ser a última vez antes da última ? — Falei e Nick riu. — O último não foi aquele estagiário da sua empresa ? — Monick proferiu, me lembrando do pesadelo. — O p*u de britadeira! — Pamela lembrou, piscando os olhos e caindo dentro de sua cerveja, matando a parte restante. — Essa referência é muito boa, acho que vou aderir. — É, mas ele já foi transferido para outra filial. — Se o drink que eu estava bebendo causasse amnesia, eu beberia litros dele. — Vocês são minhas amigas, deveriam me ajudar e não me lembrar daquele vexame. — Somos a sua terapia, Alex! Você precisa superar o passado. — Jess sorriu olhando para a tela de seu telefone. Maldita tecnologia viciante. Se os papéis dos meus projetos não decidissem me ocupar tanto, eu certamente estaria igual a Jessica e não reclamaria tanto sobre homens. — Afinal, aproveitando que Pamela está presente, eu quero tirar uma dúvida. — A empresária quase falida, exitou um pouco, mais quando abriu um sorriso bem maior do que seu rosto, eu sabia que vinha besteira. — É verdade que quando os homens usam muito o p*u, eles ficam finos? Caímos na gargalhada juntas, menos a pessoa que deveria responder a tal questão a lá menina de quinta série. — p*u de homem não é bala pra se gastar, Jessica. — Respondeu. — Deus !!! O que é a safadeza dos homens perto de vocês ? Ela resmungou. A empresária sorriu para seu telefone por muitas vezes seguidas, bloqueou a tela e se levantou. — Meninas, chegou a minha hora. Nick revirou os olhos. — Boa sorte com seu novo amor. — Eu disse a ela, quando seus olhos estavam finalmente no lugar certo. — Esse é o terceiro esse mês. — Eu sussurrei para Paloma que revirou os olhos mais fortes ainda. — Mas se continuar desse jeito, vamos ter um quarto. Ela ajeitou sua cadeira em seu lugar, afofou o cabelo ondulado e longo, e piscou para nós. — Até segunda, meninas. — E disse antes de depositar uma nota de 20 doláres sobre a mesa para pagar seu drink e sair pela porta de entrada. — De onde Jessica tira tantos encontros ? — Monick perguntou enquanto Pamela pedia uma porção de batata cheddar e carne de sol. — Um site novo de relacionamentos, gossip.com! Não viu nos jornais? — Ela perguntou e eu ergui as sobrancelhas. Nunca fui o tipo de mulher que ficava enfiada em rede social. Computador pra mim é só para sketchup dos projetos e reuniões trabalhistas. Não tenho i********: mesmo que muita gente me peça, inclusive meus clientes, mas acho que tenho orgulho de dizer que trabalho em uma boa empresa, e os poucos trabalhos externos que pego, são todos por indicação. Meu maior marketing é o meu conhecimento, quando entrego um p**a planejamento que me faz enxergar a excitação no olhar do meu cliente ao ver que eu botei muito mais do que anos de estudo em seu projeto, eu botei amor a minha profissão. Eu sou uma das três arquitetas de projetos comerciais para grandes empresas da Valentines Building. A única mulher. Privilégio ? não, é uma merda mesmo. Não deveria ser raridade, deveria ser comum. Eu me sinto bem quando vejo mulheres tomando lugares de alto escalão. É satisfatório, tipo aqueles vídeos do youtube de DIY que você é hipnotizado quando assiste ?! Então, é exatamente nesse nível. É satisfatório, é mais excitante do que um orgasmo que só dá prazer até acabar, mas ver uma mulher no poder ? É permanente e ativado toda vez que você lembra ou vê uma. — Não gosto de internet, lembra ? — Respondi, pedindo outro drink ao garçom que servia a cerveja de Monick, que balançou a cabeça negativamente antes de responder. — É a rede social do "conselheiro amoroso”. — Continua falando grego, Nick. Ela então puxou o telefone, abrindo um aplicativo de ícone branco e verde, revelando a interface contemporânea, e nela, um perfil masculino de centenas de curtidas, chamado de ‘o conselheiro amoroso”, situado na Califórnia. — O que é isso ? — Perguntei. Sua foto era uma rosa vermelha, bem brega pro século 21, mas ainda sim bem a cara dos homens que liam Shakespeare e defendiam a tese de que todo homem deveria ter mais de uma mulher, como um marketing daqueles programas beneficentes do governo inglês. “A paixão é avassaladora, então porque apaixonar-se só uma vez.” A pessoa que inventou essa frase deveria ser jogada de uma ponte, direto para um lago cheio de piranhas famintas. Todo mundo olha pro amor com um olhar afetuoso, mas na maioria das vezes ele é tóxico, proteção em excesso, cuidado em excesso, mesmo que não seja aquilo que você quer, quando se ama, essa necessidade de apreço é quase involuntária, você não controla e muito menos regula. Toma conta de você, e quando você percebe, já caiu do precipício e se espatifou no chão. Mas deixando claro, estou falando de amor, e não de paixão, que é quando se vai dormir amando e depois acorda-se odiando. O amor é plácido, quando acaba ou lhe é tirado parece que mata, sufoca igual água nas vias respiratórias, queima mas depois passa. A frase “tudo passa” é verdade, menos o amor, o amor fica, o amor floresce, e mora nas lembranças e nas memórias mesmo que no coração ele já tenha acabado. — Esse homem que ninguém sabe quem é, ficou conhecidíssimo em Londres. Ele dá mentorias sobre como conquistar mulheres. — Nick arrastou seu copo de vidro até o centro da mesa, tombando a cabeça sobre seu ombro, olhando de forma desafiadora porque sabia exatamente quais seriam as minhas próximas palavras. Se alguém me conhece mais que ela, eu simplesmente desconheço. — Sabe como isso soa ridículo? — Diga isso pros milhares de homens que vangloriam ele por simplesmente fazer as mulheres ficarem sob seus pés. — Bobagem! — Insisti, pedindo um copo d' água ao garçom. — Alex, o cara é mega famoso, está sendo chamado pela mídia de Dom Juan. Na verdade o nome dele é esse no site. Pra ser mais exata: @DonJuan_Demarco. Eu dei uma risada fraca. — Esse cara está lendo muito Tirso de Molina. — Paloma se pronunciou, tomando em mãos o copo de cerveja que o garçom a oferecia. — Sabem que isso é um personagem literário, certo? — E digo que se esse homem for realmente como o Don Juan deMarco, deveria tomar uma surra coletiva feminina. — Eu disse erguendo os olhos de canto até um grupo que cantava Karaoke tão alto que estava me deixando incomodada. — Sempre soube que os espanhóis não prestavam. — A ruiva sardenta estalou seus braços esticando-os para frente, puxando seu ombro por baixo com a outra mão. — É, pelo que eu soube, Don Juan é um marco na literatura de lá. — O garçom trouxe minha água, que foi parar entre os dedos de Nick, que bebericou metade do copo me deixando frustrada, acreditando piamente que mataria minha sede. Leite condensado dá uma sede do deserto que é quase inexplicável. — Já viu a história desse homem? — Questionei e elas continuaram quieta, como se estivesse assistindo um concerto de ópera passiva — O i*****l foi um libertino impetuoso, que depois de assassinar o pai começou por seduzir as moças jovens apenas pelo prazer da conquista, e quando elas finalmente já o juravam amor, ele as deixavam, pelo fato de justamente não ter mais o que conquistar. — Não vejo muita diferença dele com os homens hoje em dia, então acho que dá pra dizer que não dá pra culpar esse Don Juan deMarco. — Pam simplesmente deduziu sem vontade de botar sua cabecinha de cabelos castanhos para pensar um pouco. — Não creio que ele tenha escolhido esse nome sem saber a origem por trás dele. E pela foto e fama do que ele faz, eu não tenho dúvidas que o nome Don Juan deMarco seja escolhido cirurgicamente para que ele desempenhe um papel tão i*****l quanto o próprio. — Soprei, bebendo toda minha água. O estávamos no meio de Janeiro, ínicio do ano, com aquele sentimento de crescimento pessoal, de que tudo começaria com o pé direito, mas notícias como essa, que homens vendiam mentoria de como iludir uma mulher exclusivamente para sexo era algo desanimador, e pior ainda era ver a mídia entoando isso a quatro ventos como se fosse revolucionário. — E o que esse i*****l faz mais além disso? — Perguntei, encarando Monick que terminava sua cerveja que m*l havia chegado. Ela definitivamente bebia mais do que um opala 1970, isso porque estava parada. — Faz relatos. — Paloma murmurou, puxando seu telefone do bolso, deslizando seu dedo com unhas curtas pintadas de branco sobre o vidro da tela. Ela parou seu olhar, e virou o aparelho telefone, pondo-o entre meus dedos finos. — Le! — Eu olhei a interface rosada — Em voz alta, por favor. — Ela pediu. O site era uma espécie de Orkut versão 2022, com área para recados, depoimentos que pasmem, eram de clientes ou fãs, mais o que Pamela queria me mostrar estava em uma espécie de linha do tempo, que mais parecia um fórum, bem moderno por sinal. E quando abri havia relatos. Não um relato, dois ou dez. Na numeração no alto da tela contavam-se 92 mil postagens no mês atual. Estávamos na metade de Janeiro. O cara não era somente um conselheiro meia boca. Era a p***a de um coach que usava a poesia para seduzir, e para que ele obtivesse sucesso para passar o metodo adiante, acredito que deva lhe sobrar tempo para testar cada uma das dicas, ou talvez ele seja somente um psiquiatra especialista em comportamento humano. Não haviam dados sobre ele na página, nem mesmo sua idade, apenas a localidade da Califórnia, e o perfil era sem fotos. Rodei os olhos pela página, intrigada. Entrei na página de recados e as mensagens chegavam aos montes a cada vez que eu atualizava a página do aplicativo. Voltei ao fórum, encontrando o primeiro relato à vista, e comecei a ler, já prevendo o desprazer somente pelo início do texto egocêntrico que me fazia questionar o limite de sanidade masculina. “Não sei se devo chamá-lo de Don ou de Conselheiro Amoroso, mas gostaria de deixar um relato meu, para provar que suas dicas são incríveis e realmente funcionam. Eu sempre fui muito afim de uma companheira de trabalho na empresa em que eu estou, mas depois de ela dizer que nunca tinha tempo eu resolvi dar um tempo pra ela e fingir desinteresse e falta de tempo como ela fazia. Fiz a técnica do gato suspeito que você ensinou e deu certo, ela começou a se aproximar de novo, marcamos em um motel no centro de Londres e cara, eu deixei a mulher louca. Ela gemeu a noite inteira enquanto eu olhava admirado uma tatuagem de um copo de vinho que ela tinha embaixo de um dos s***s….” Qual a possibilidade de eu estar no site certo na hora certa? Que infernos era a técnica do “gato suspeito”? Eu tinha uma tatuagem de um copo de vinho abaixo dos s***s e isso me fez questionar: Qual a possibilidade de haver outra mulher com a mesma tatuagem que a minha? — Que cara é essa? — Paloma perguntou vendo-me quase roer os dedos no lugar das unhas e eu não respondi, continuei lendo. “...Foram as oito horas de sexo mais animal da minha vida, e eu acho que você ficaria orgulhoso de mim, Don. Ela me olhava espantada, cansada e completamente molhada. Ela era mais velha, então acho que fiz meu papel muito bem e deixei uma coroa feliz…” Qual a possibilidade de existir uma mulher com a mesma tatuagem que eu, que também saiu com um estagiário e passou oito horas no motel gemendo de dor? Não existe coincidência. Ao menos não na minha cabeça. Porra, coroa? Isso era tudo que eu precisava pra ir pra casa chorando e dormir em posição fetal em uma noite depressiva comendo um pote de sorvete häagen dazs de macadâmia. Aos 36 anos sendo chamada de coroa, quando eu chegasse aos 45 seria chamada de que? Múmia? “...Ela ficou apaixonada e eu só não aproveitei mais daquele corpinho gostoso porque tive que me mudar de filial e perdemos o contato, mas m*l posso esperar para aplicar as suas dicas nas mulheres que trabalham por aqui.” Era eu. A mulher do relato era eu. E o homem que o escreveu era ninguém mais, ninguém menos do que o p*u de britadeira da Valentine Buildings. — Lê essa merda! — Eu grunhi, querendo quebrar a mesa e a cabeça de qualquer um que ousasse pousar em minha frente. Paloma tomou o telefone da minha mão que continuava aberta no mesmo lugar esperando que ela passasse seus olhos pelas mesmas letras estúpidas que eu havia passado a alguns minutos atrás. — Eu juro que não sei quem eu quero socar. Monick estava perdida. Ela era mais o tipo de coletar informações calada, mas visto que ela não podia ler nada a sua vista, a única coisa que ela sabia era que algo havia despertado minha fúria, coisa que não era nem um pouco difícil de realizar. — “...Uma tatuagem de um copo de vinho que ela tinha embaixo de um dos s***s …” Nossa, a mulher desse relato tem uma tatuagem igual a sua! — Pam abriu um sorriso inocente e eu quis morrer por dentro. — É porque sou eu, Pamela. Ela abaixou o aparelho telefônico, encarando me com seus olhos jabuticabas arregalados, sendo embebida pela informação que chegava nela como uma onda desgovernada. — Sem chances! — Ela exclamou espantada. Monick puxou o telefone de sua mão e nós ficamos quietas, aguardando que ela pudesse começar e terminar cada palavra daquele relato colérico que me fazia querer atravessar Londres para enfiar meu pé tão fundo na b***a de Edward, o p*u de britadeira, que ele sentiria meus dedos esmaltados apertarem sua traqueia. — c*****o, Alex! — Nick exclamou na mesma intensidade de Pam. Ela fez sinal para o garçom, que veio até ela recebendo o pedido de uma dose de Vodka. — Espera, essa história foi de 100 a 0 muito rápido. Parece que uma criança de 17 anos escreveu isso. Quantos anos esse moleque tem? Comprimi os olhos fortemente querendo sumir. Que vergonha, meu deus. — Ia fazer 23 anos…— Sussurrei o suficiente para que elas ouvissem e eu me condenasse em arrependimento pelo resto da vida. — Meu deus, achei que você não gostasse de homens mais novos! — Pam me julgou. — Mas eu não gosto. — Acrescentei. — Mas ele estava sendo tão…gentil que eu resolvi dar uma chance. — Completei. — Isso tudo era desespero pra…você sabe o que?! — Monick engatou em uma risada sem fim, enquanto tentava com os dedos acalmar seu diafragma que por pouco mais entraria em uma câimbra. — E o moleque te deixou sair em carne viva. — O garçom trouxe sua dose destilada e ela mandou pra dentro em segundos. — Da forma que ele relatou aqui, eu acharia muito fácil que ele foi a melhor f**a da sua vida. — E sorriu ao terminar. — Eu nunca mais vou acreditar em relatos sexuais online! — Paloma disse levantando sua mão como se estivesse a fazer um acordo de paz. — Eu quero morrer! Nada do que ele disse aí é verdade. — E não era mesmo. — Pelo menos quase nada. — Me faz entender você. O que você queria? abrir a casa da titia Alex para crianças? — Nick debochou. — Ai, Nick! Tadinha da Alex, também não faz assim, vai! Ela queria desmistificar que homens mais novos também podem ser legais, né Alex? Na realidade eu estava desesperada. Tinha passado a semana inteira lendo artigos sobre osgasmos femininos e coisas que se encontravam que eu achei que se fosse contra o meu fluxo eu poderia ter o que nunca tive com o Simon. — Edward era bacana sabe, ele sempre me dizia coisas bonitas, era gentil, mas eu sempre o dava uma desculpa. Preferi me afastar e quando eu realmente não conseguia ninguém para passar a noite comigo eu resolvi me aproximar e aceitar uma de suas investidas. — O que é essa técnica do gato suspeito? — Monick se ajeitou sobre sua cadeira aguardando uma resposta como se eu estivesse por dentro das dicas do conselheiro amoroso londrino. — Sei tanto quanto vocês! — Respondi enfiando os dedos entre os meus cabelos enquanto apoiava o cotovelo sobre a madeira de nossa mesa. — Isso é louco demais. O cara fez um relato sobre vocês dois no site. — A ruiva ponderou, analitica mais desacreditada do que eu. — Vou retificar, isso na verdade é doentio. — O que vai fazer? — Paloma me perguntou — Olha, ele não citou seu nome, citou características, mas nada que pudesse identificar você. Eu por exemplo só identifiquei porque você disse que era você, e por causa da tatuagem de taça…— Buscou ar para continuar — Aliás, porque você fez a tatuagem de uma taça de vinho sem a garrafa? — Ai Pamela, você é inocente demais! Você tem a tatuagem de um estetoscópio para representar a medicina, porque então não tatuou um p*u bem grande pra mostrar qual a tua área? Nick com a leveza de uma barra de ferro atravessando o ar em 2km por segundo. — Vocês podem parar a discussão? — De nada aquilo servia, apenas pra me deixar ainda mais arrependida e culpada. Na semana em que eu e Edward dormimos juntos, eu estava em uma semana estressante, com cargas de trabalho extensas e pedidos atrasados de projetos pequenos particulares por fora da Valentines, mas eu queria sair com alguém, e o menino magro e alto estava ali, disponível sem que eu precisasse falar em palavras muito claras, bastou uma jogada de ombro, e por o cabelo atrás da orelha com um sorriso faminto para que ele entendesse o recado, mais se eu soubesse que sairia daquele motel mais estressada do que entrei, com uma receita médica para fissuras vaginais causadas por falta de lubrificação em um ato s****l, eu teria ficado em casa. Eu nunca tive preferência por homens mais novos, mas Edward me fez odiá-los e subir o nível de aversão, me fez temer o flerte de qualquer um deles, me fez generalizar qualquer homem que tivesse saído recentemente da fase adolescente. — Você ainda tem contato com esse…menino…homem, sei lá! — Monick perguntou. — Não, não mais! Depois desse encontro, na semana seguinte ele acabou sendo transferido. Eu fiquei tão chocada com o que aconteceu que eu simplesmente o bloqueei e acho que foi melhor assim. — Brinquei com a beirada do meu copo já vazio — Ele não menciona meu nome ou a empresa na postagem, eu não posso fazer nada, mas é claro, se eu o encontrar novamente, o mínimo que posso fazer é lhe dar um chute no meio das pernas. — Se você soubesse o quanto dói um chute no saco, não faria isso! — Pamela disse. — Não acho que vai doer mais do que a minha v****a. — Falei dando de ombros sem importância. — Um chute no saco equivale a mais de 150 partos…— A morena continuou, mas Nick já estava estressada por mim com toda aquela história de postagem em site de relacionamento. — Pamela, fica quieta, qualquer coisa é só ela chutar o saco dele 150 vezes! — Podemos ter uma conversa como três mulheres normais? — Bati minha mão na mesa para apartar a briga que começaria em alguns instantes se elas não calassem a boca. — O que vai fazer segunda? — A ruiva sardenta se debruçou sobre a mesa. — Preciso ir até a matriz da Valentines entregar um projeto. O arquiteto que seria responsável por começar a acompanhar um projeto acabou caindo do segundo andar e faleceu. Adivinha quem vai substituir? — Você, obviamente. — Pam disse apontando pra mim e piscando seus olhos com os cílios gigantescos que ela achava que ninguém saberia que é extensão. — Dê meus pêsames ao conhecidos. — Exato, e adivinha quem ainda não terminou o projeto? eu também. — E porque não está em casa trabalhando? — A urologista continuou.

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