Capítulo 05

2061 Words
O trajeto em direção a casa de Adam me deixa quase que sufocada, principalmente, estando no mesmo carro que ele. O silêncio entre nós dois me deixa confusa e até um pouco solitária. Queria perguntar algumas coisas a ele, mas não consigo. Minha garganta está um tanto quanto fechada e meus olhos pesam. — Como Anna engravidou tão rápido depois que fui embora? — Pergunto, sem conseguir manter os olhos nele. Quando eu estava grávida, me lembro de ter dito a Anna e um mês depois, ela estava assumindo uma gravidez para toda a mídia do mundo inteiro, mostrando a todos o mais novo herdeiro da Lewis&Co. Ele não responde por algum tempo, obrigando que eu o encare depois de algum tempo. Seus dedos se juntam sobre a sua coxa e nervoso, ele me lança um olhar culpado: — Eu não sei, mas eu fiz o DNA e deu positivo. Sim, pois é meu filho com você. Quero arrancar informações dele e saber, com certeza, se ele não é mesmo cúmplice dela em toda essa história. — Vocês dormiram juntos. — Digo, piscando para ele. Queria uma explicação. Mesmo que ele não seja cúmplice, para acreditar fielmente nela, a traição tem que ter ocorrido. — Eu não sei também. — Ele coça a nuca e dá um suspiro cansado. — Me martírizo todos os dias com isso. Ela afirma que sim, no dia que eu saí para beber com os garotos, voltei muito bêbado para casa. Você se lembra? Eu aceno com a cabeça. Impossível não lembrar. Os colegas o trouxeram para casa e o segurança o levou para o nosso apartamento. Pela quantia certa, eles deram banho e colocaram Adam para dormir na nossa cama. Ainda consigo me lembrar daquele dia na minha cabeça. "— Você sabe, Anna, você é a mulher da minha vida. — Adam segura em meu pulso. — Eu te amo, te amo, te amo tanto, bonequinha. — Eu também amo você, Adam, mas você fede a bebida barata. — Eu digo, me arrastando para o seu lado na cama. Uma risada escapa dos seus lábios e ele gira em minha direção, alisando a minha bochecha. — Desculpe, querida. Prometo não beber mais, mas... eles me fizeram apostar. — Franzi o nariz. — Tinha alguma mulher lá? — Pergunto, me debruçando em seu peito. — Sim, mas eu juro de pés juntos que eu não fiquei com nenhuma. — Enrola uma mecha dos meus cabelos em seu dedo indicador. — Você sabe que você é a única que consegue fazer que o meu... — Não, não precisa falar! — Encosto meu dedo em seus lábios. Adam ficava extremamente desinibido depois que bebia, dizendo obscenidades e tentando me convencer a ter uma daquelas transas desengonçadas que só conseguem me fazer rir no meio — Eu quero fazer amor com você. — Ele se vira para mim. — E não é só agora, eu quero todo dia, em todos os momentos. Quero colocar meus filhos na sua barriguinha e ver como você vai ficar linda grávida dos meus filhos." Me lembro de ter rido e obrigado Adam a dormir depois disso. Me lembro de ter ajudado ele no dia seguinte e ele não tinha nenhuma marca em seu corpo. Tudo — inclusive a sua memória fresca — indicavam que ele tinha sido fiel, assim como tinha me prometido um dia antes. — Eu não sei como consigo me lembrar de tudo daquela noite, menos de ter dormido com ela. — Ele suspira, esfregando o rosto. — Mas, aparentemente, aconteceu e gerou o meu filho. Eu nunca... consegui conversar sobre isso com você, você sumiu tão de repente. Ela procurou você, não foi? Eu engulo seco. Meu corpo treme um pouco quando penso em como mentir para ele, tão abertamente. Ela me procurou, mas foi para tomar o meu filho dos meus braços e me destruir. — Não, eu apenas... pensei na possibilidade depois de ver as notícias. — Aperto a minha bolsa. "Encaro o dia do lado de fora da pensão na qual estou hospedada durante toda a semana. Seguro meu notebook mais próximo do meu corpo, na cama de solteiro pouco confortável. Para quem se acostumou com o luxo da casa de Adam, retornar as origens — e grávida — chega a ser difícil, mas não é nada que eu não saiba lidar. Abro o site de fofocas buscando alguma informação sobre Adam e sobre a sua vida. Será que ele está me procurando? A internet lenta do estabelecimento demora a abrir a página, carregando lentamente a foto do casal andando nas ruas da cidade. Meus olhos piscam, as lágrimas se formando no canto dos meus olhos. "EX NAMORADOS? NEM TANTO! ADAM E LIA ESPERAM UM BEBÊ!!!!" Em seguida, uma materia super sensacionalista, demostrando que ela mesma parece ter narrado os fatos, falando sobre como eram apaixonados. Se lia está grávida... ele me traiu. Como ele teve coragem de me machucar dessa maneira? Como ele pôde?" Aquilo foi extremamente doloroso. Como se adagas fossem enfiadas em meu peito, me obrigando a encarar uma realidade que eu não queria. Ele tinha me traído mesmo. Mas, esse episódio foi esquecido logo depois do dia que ela me levou embora.. Ainda me lembro de como a encontrei, saindo de uma pequena clínica com alguns exames importantes em mãos. Meus devaneios me engolem mais uma vez, enquanto o carro balança de um lado para o outro. "— Oi! — Lia sorri, assim que entro dentro do restaurante para buscar o meu almoço. Durante esse último mês, não tenho conseguido comer algumas coisas — que as vezes, são os pratos do dia da pensão que moro, então, acabo optando por comer a comida desse restaurante, mesmo que leve uma parte generosa da minhas economias. Eu sei que não deveria gastar esse dinheiro. Foi Adam quem me deu cada centavo, deixando a conta recheada para que eu viva assim pelos próximos cinco anos, mas ainda estou procurando um emprego e preciso ficar minimamente confortável pelo meu bebê. De qualquer maneira, tento não pensar nisso com frequência. — Lia; — Ergo minha sobrancelha, surpresa. A contorno indo até o balcão. Espero que esse gelo a faça me deixar em paz, acho que isso mostra o suficiente que eu preciso ficar sozinha e que não quero assunto com ela ou com Adam, ainda mais depois do nosso encontro em seu apartamento. — Vim retirar meu pedido. — Entrego o comprovante para ela. — Pode aguardar um minuto? Vou buscar! — A atendente diz, enquanto se vira antes mesmo que eu possa responder. O ambiente está cheio demais para que ela me faça qualquer coisa, até penso na hipótese de ficar aqui para comer, mas não acho que ela seja um perigo real. Eu já estou longe do seu caminho, o que mais ela pode querer comigo? — Quero conversar com você. — Ela aperta meu ombro levemente, me obrigando a olha-la agora. — Aqui! — O atendente coloca o pedido no balcão. Como ela me encontrou? Uma confusão toda a minha mente, me deixando sem reação alguma. Eu estava longe o suficiente de cara para não ter que agir como se fosse uma fugitiva. — Não me ignore; — Ela diz, alto demais. As pessoas nos encaram e a minha bochecha queima, enquanto a encaro. — O que você quer, Lia? — Pergunto, por fim. Um suspiro alto sai da minha boca. — Você já conseguiu o que queria, não? — Acha que eu sou tão egoísta a ponto de agir como se você não existisse? Estamos grávidas. — Ela aperta meu ombro. _ Eu sinto empatia! Mesmo que Adam não ligue muito para o seu filho.. Paro um segundo, estática. A menção do seu nome saindo da boca de Lia me entristece, aperta o meu coração em meu peito. — Então, ele sabe? — Perguntou, minha voz sai trêmula. — Eu fiz questão de contar, imaginei que ele fosse querer que os irmãos crescessem juntos, mas... — Ela abaixa os olhos, suspirando com força. — Ele queria que você abortasse! Aquilo me caiu como um baque, meu corpo estremeceu e meu peito estava doendo como se eu tivesse levado um tiro. Eu queria morrer nesse momento. — Abortar? — Digo, fino demais. — É, mas eu não aceito isso, por isso quero te ajudar, mesmo que não tenhamos sido amigas. — Ela me estende a mão. — Eu tenho uma casa na praia em uma ilha próxima, você pode ficar lá durante a sua gravidez e depois... você e o bebê podem seguir a vida de vocês, apenas quero proteger você do jeito que eu gostaria de ser protegida... — Lia toca a própria barriga. — do jeito que Adam está me protegendo." E eu fui burra, carente, inocente demais para acreditar em Lia e nas coisas que ela dizia. Nas suas mentiras e invenções. Ela me tratou muito bem durante toda a minha gravidez. Sua barriga crescendo — e mesmo que fosse estranho que ela odiasse ser tocada e dissesse que estava com a barriga feia —, ainda era legal ter uma outra grávida ao meu lado. Eu acreditei em Lia por estar muito frágil e ela, como uma boa manipuladora, me estudava durante todos os meses para poder contar os sintomas que eu tinha. Eu sabia de tudo, já que ela mesma fez questão de me contar quando as primeiras contrações vieram. Foi naquele momento, que algo se acendeu em meu interior, me mostrando como eu tinha sido burra e como eu tnha que ter fugido para mais longe dela. Ela tomou o meu bebê e me deixou na rua, como um cachorro sem dono. Foi doloroso. Foi quando conheci Andyn e seu irmão, Marcel. Marcel foi "amor a primeira vista", demos match desde o primeiro momento. Amigos inseparáveis. Quase irmãos. Ele me mostrou que a vida era muito mais do que eu poderia imaginar. Contei toda a minha história para eles e o seu pai, um homem rico e que me adorou depois que eu implorei por um emprego na sua casa — em uma tentativa desesperada de curar a dor de ter que lidar com a perda de um filho —, me ajudou a estudar e encontrar uma profissão. Eu me apaixonei por engenharia. Estudei, me formei e com os conhecimentos daquela família, me tornei a pessoa e o nome de peso que eu tenho hoje. Me tornei a mulher que Adam como conhece como super importante no ramo e mesmo com tudo isso, ainda estou insegura para responder uma simples pergunta que ele fez para mim. Meus lábios não mexem e minha garganta não emitem som. Não consigo falar com ele, não consigo dizer nada depois de sua confissão tão íntima. — Eu sinto muito que isso tenha acontecido. Fiquei devastado por tanto tempo depois que você se foi. — Ele suspira. Conheço Adam por tempo o suficiente para saber que ele está sendo verdadeiro em sua confissão. Algo em meu interior se parte. — É, eu tinha que... resolver alguma coisas. — Digo, enquanto engulo em seco. Um impulso quer me obrigar a contar tudo para ele, mas a ideia parece tão absurda. Preciso juntar provas e mostrar que sim, que eu sou a mãe do menino e que mereço uma chance. Mas, também não posso arrancar tudo de solido que uma criança pode ter na sua vida por capricho. Eu preciso que ele me conheça primeiro, preciso resolver meus problemas com Adam e só depois de tudo isso, eu vou poder ser verdeira comigo e com ele mesmo. — Isso pode ficar no passado, Adam. — Minha voz é dura, impassível. O carro para na entrada do prédio que sua família havia dado a ele quando ainda namorávamos. — Achei que morassem no seu apartamento. — Digo, o encarando. Ele para algum tempo, analisando a situação. — Eu não iria permitir que outra mulher dormisse na cama que foi sua por tanto tempo, Anna. — Ele abre a porta, saindo do carro. Eu não consigo me mover, estática com a sua confissão e então, ele abre a porta para mim. Seguro seus dedos na minha palma trêmula e engulo em seco, saindo do carro também. — Venha, vamos! — Ele diz, andando em direção a escadaria que leva para dentro da mansão.
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