Anna
Ele continuou ali, estático. Me encarando. Seus olhos me analisavam e eu sequer conseguia sorrir para ele. Muito pelo contrário.
Eu só queria gritar com ele, chorar e dizer todos os palavrões que pensava toda vez que o via esbanjar uma vida luxuosa nas revistas. Quando eles dois falavam sobre o filho que era meu e todos os absurdos que eles, certamente, tinham me feito passar.
Foi algo ridículo tudo aquilo que eles fizeram. Odiei cada segundo. Foi como sentir uma nova faca sendo encravada no meu peito e me arrancando o ar.
— Adam. — Andyn sorri, enquanto estende a mão para o moreno.
— Oi. — Ele engole em seco, saindo de um devaneio.
— Como você está? — Andyn sorri, cínico. — Essa é a minha noiva — ele me olha — Anna Harold.
Adam engole em seco e pisca mais uma vez para mim, ainda perplexo.
— Você é Anna Harold? — Ele gagueja.
— Sim. — Sorrio. — É um prazer reve-lo depois de tanto tempo.
Ele parece perder o ar enquanto me encara, procurando um sentido para a minha aparição. Ou melhor, um sentido para que eu tenha subido tanto de nível e que agora, eu seja uma mulher rica, famosa e super importante.
Se ele soubesse que a sua traição me deu forças para conquistar tudo que tenho e que a sede de vingança tem me regido desde então, ele ficaria com medo.
— E-eu... — ele limpa a garganta. — Essa é Lia, minha noiva. Vocês já se conhecem
— Claro que nós nos conhecemos..— Eu ergo o meu queixo. — Ela não é tão importante assim, mas me lembro!
Andyn aperta a minha cintura com os dedos, como um aviso para que eu não passe dos limites e exploda nesse lugar. Temos uma maneira de trabalhar e agir.
— Vamos nos sentar? Podemos começar a trabalhar já. — Ele diz, chamando a atenção do casal a nossa frente.
— Claro. — ele diz. — Lia, pode ir ficar com as suas amigas, como sempre.
Aquilo me pareceu uma alfinetada, já que ela andava em direção a nossa mesa, pronta para se sentar junto conosco na nossa reunião de trabalho.
— Mas... — Ela tentou dizer.
— Lia, isso são negócios e você jamais se interessou, o que muda agora? — Ele passa os olhos por ela.
Lia bufa e sai, batendo seus saltos. Não era nenhum segredo que o casal vinte não se dava bem.
— Sente-se, querida. — Andyn puxa a cadeira para mim.
— Obrigada. — Sorrio, tocando sua mão em um gesto delicado.
— Bom, senhor Lewis... — Eu me ajeito na cadeira, levando meus olhos a Adam.
— Apenas Adam. — Sua voz é grossa e me obriga a estremecer. — Nós já nos conhecemos. Não acho que seja necessária tanta formalidade.
— Gosto da formalidade. — Digo, enquanto pego uma taça de champanhe que Andyn me oferece. — Ela nos mantém em um lugar seguro. Obrigada, querido.
— Não concordo. — Ele é sério. — Quando é uma relação de cliente e empresa, tudo bem. Mas, não somos somente isso. Todos nessa mesa se conhecem.
— Você tem razão. — Andyn murmura. — Podemos começar a tratar sobre os trâmites? Sabemos que o nome Anna Harold é importante para você nessa obra, mas... — ele se debruça sobre a mesa. — Quero saber o que você está disposto a fazer para que ela aceite?
— Achei que fechariamos. — Ele disse, engolindo em seco.
— É muito dinheiro, Adam! — Tomo posse. — Mas ainda é meu nome e eu tenho minha marca registrada. Tenho uma forma de trabalhar e todos os projetos sempre saiam da minha cabeça. — dou um gole na minha bebida. — Gosto quando os meus clientes dão a ideia e me deixam livre para trabalhar da maneira que eu desejar.
Um silêncio recai sobre a mesa e ela pressiona os olhos em minha direção.
— O que quer dizer com isso? — Ele parece relaxado, mas seus olhos são tensos.
— Trabalho da seguinte forma, Adam — seu nome sai amargo na minha boca. — Eu preciso que você só confie em mim e me deixe fazer o seu nome.
— E qual é a garantia de que dará certo? — Perguntou, pressionando os olhos em minha direção.
— Não existem garantias, você só precisa confiar em mim e ponto final. — Eu murmuro. — Você está disposto a entregar tudo nas minhas mãos?
Eu paro algum tempo, bebericando a bebida borbulhante que parece amarga demais na minha boca.
— Se a sua resposta for sim, faremos negócio. — Eu o encaro. — Se for não, acabou tudo aqui e agora.
Ele me analisa, ainda em silêncio. A pior parte era imaginar que Adam não estaria sendo prejudicado e que essa era mesmo a minha forma de trabalhar.
Eu tinha a garantia do resultado e eles, tinham que confiar em mim de olhos fechados. Apenas isso.
Eu arfo, sentido-me estranhamente chateada agora. Eu podia encara-lo daqui e vê-lo pequeno.
— Tudo bem. — Ele suspira. — Mas, vou poder fazer parte do processo criativo? Vou poder saber como tudo está acontecendo? E todos os trâmites do meu prédio?
— Claro que sim. — Eu sorrio. — Eu não sou tão má!
Andyn ri, chamando a atenção dos dois
— Você precisa parar de colocar o terror em todos os nossos clientes. — Ele apoia a mão na minha coxa e depois encara Adam. — Negócio fechado, Adam! Pode ir na nossa empresa para assinar os papéis.
— Nossa? — Ele parece surpreso na pergunta.
— Hunrum, fundamos juntos. — Ele explica. — O mérito é todo dela, mas gosto de dizer que também é minha. Me sinto poderoso.
Eu rio, e n**o com a cabeça.
— Agora, eu vou buscar uma bebida... _ Ele se levanta. — Vai querer alguma coisa?
— Ir para casa. — Resmungo.
— Nós já vamos, espere dez minutos. — Ele beija a minha testa e sai, me deixando sozinha com Adam.