• Ou vai, Ou vai!

1367 Words
Ele afastou-se assim que ouviu um barulho, perto das árvores. Mexeu nos seus cachos, parecia bastante sem graça e tímido. — Então... Posso tentar? — Perguntei, e ele logo balançou a cabeça em concordância. Flexionei os meus joelhos, e bati com toda força na bola, criei uma expectativa tão alta, pensando que iria acertar de primeira, a bola... bateu na rede! É, bateu na rede. Se isso fosse um jogo real, já tinha perdido meus pontos. Íago ficou rindo, por minutos, ele só poderia pensar estar num circo e eu sou a palhaça. — Pare. — Falei, me mostrando irritada, enquanto ele continuava rindo. — Fica fazendo isto, porque sabe jogar. Se eu soubesse, você sairia humilhado. — Sério? — Ele pegou a bola, segurando embaixo do braço. — Eu duvido. — Ele jogou a bola, e num só lance, ela bateu no chão da outra divisão da quadra, ele abriu um meio sorriso, um pouco debochado. — Assim que se faz, Glenna Sug. — Me desculpe não ser tão boa como você, Íago Reynolds. — Franzi a testa. — Você chega lá. — Olhou para mim. — Você errou por não ter tido impulso. — Talvez porquê não seja tão alta como você. — Suspirei. — Não desista, ninguém nasce sabendo. Aprendemos com o tempo. — O problema é esse. — Gesticulei me aproximando dele. — Tem pessoas que nascem com dom, isso eu não tenho. — Todos nós temos. — Bagunçou o meu cabelo. — Eu não. — Sim, você tem. — Pegou a bola mais uma vez. — Tente de novo. Quando eu já ia pegando a bola, o encarei novamente. — Íago, você pode me responder algumas perguntas? Ele parou, piscou várias vezes, demonstrava um pouco de curiosidade. — Claro. — Você pretende ir para Pádua mesmo? — Perguntei, e o vejo, se girar, agora já não olhava para mim. — Glen, por favor. — Não. — Fui para a sua frente, fazendo com que prestasse a sua atenção a mim. — Preciso que seja sincero. Eu tinha que escutar, tinha que ouvir da sua boca. Não queria que ele fosse, queria que ele dissesse que não iria, porém, eu já sabia a resposta, eu só não queria aceitá-la. — Está universidade da Itália é boa, traria grandes oportunidades para o meu futuro. — Espremeu os lábios. — Eu seria um ótimo arquiteto. — Você pretende ser arquiteto? — Ele não tinha ficado nem um pouco empolgado com aquela ideia, Íago pode esconder tudo muito bem, só que as suas expressões faciais nunca enganam, pelo seu rosto, sabemos quando está triste, bravo ou contente. Não era o que ele queria, não duvido que o seu sonho seja o vôlei, pela forma como se expressa e joga, faz o esporte ser Mágico, é como se ele parasse no tempo quando está jogando. — Os meus pais pretendem. — Bateu a bola no chão, agora ele que fugia dos meus olhos. — E o que você pretende? O seu silêncio torturava, as suas palavras deveriam ter sumido só pode. — Não sei, não sei o que quero, Glen. — Jogou os cachos para trás, parecia confuso. Íago, tão confiante e tão incerto as vezes. Ele não queria ir, mas iria, porque este é o Íago, um garoto educado e seguindo as regras que as pessoas colocam na sua vida, nunca seguindo o seu caminho, e sim o caminho de outros, nunca ouvindo a si mesmo e os seus sonhos, mas sim... esquecendo de tomar as suas próprias decisões e deixando para que outras pessoas possam escolher para si. — Por favor, Íago. — Fiz uma careta. — Seja confiante em si mesmo, você vai ou não para Pádua? — Aproximei o meu rosto do seu. — Diga, isso é sua v*****e Íago? Me diz... olhando nos meus olhos. — Bati no seu ombro, o garoto demonstrava bastante espanto. Novamente o silêncio. — Acha mesmo que quero viver sete anos da minha vida na Itália? sem a minha família, amigos? — Cruzou os braços. — Eu não quero ir, mudar me assusta Glen, mudanças me assustam. — Fechou os olhos. — Eu não quero ir. — Respirou fundo, pude sentir tudo que ele sentiu por um momento. — Não quero me afastar de você. — Colocou alguns fios soltos do meu cabelo atrás da orelha, abrindo os olhos. — Então não vá. — Coloquei as minhas mãos no seu rosto... Ele afastou-se e começou andar pela quadra. — Eu não posso abandonar tudo, Glen. Não é assim. De verdade, tudo em mim, desejava entende-lo. Por que não lutava? O futuro era dele e não dos seus pais. Por que ele tinha que aceitar tão fácil se ele não queria? Por que ele teria que ir, se era totalmente contra a sua v*****e? Por que ele se confundia nas suas próprias palavras? Acho que Íago é mais complicado do que pensei. — Precisa ser firme nas suas decisões. Ele começou a rir, uma risada meio irônica. — Luci me disse isso, semana passada. Quando terminamos. Aquilo me pegou de surpresa... Não sabia do término dele e de Luci, ela estava de Viagem com a família, essa parte que eles tinham rompido, ele não me contou. Poderia estar um pouco contente com isso, eu só não estava... Íago não me conta nada! Agora me diz que n******e decidir o seu futuro, que não tem escolha, ou vai ou vai... Talvez, a decisão tem que partir de você, ninguém poderia o obrigá-lo a fazer alguma coisa se ele não queria. Porque nenhum ser humano tem poder sobre quem seremos, ou onde seremos. — Deixe de ser tão t**o. — Baguncei o meu cabelo. — Eu sou t**o? Glen, quem você quer que eu seja? Um jogador de vôlei fracassado ou um engenheiro? Ainda bem que Íago n******e ler os meus pensamentos, se ele lesse, iria se irritar facilmente. Tinha ficado tão aborrecida pelo jeito que falava, parecia que a sua mente estava cauterizada, com ideias malucas que eu nem sei de onde veio. — Então acha que se não for um engenheiro, rico... Será um p***e? E não é isso que o filhinho de papai deseja não é? O meu sangue ferveu pelas minhas veias, pela forma desprezível que me examinou, não gostou do modo em que usei a palavra, eu não ligava, precisava dizer o que deveria ser dito, se ninguém disse isso a ele, eu vou dizer. Do jeito que falei, deve ter o afetado de diferentes formas. Ele ficou em silêncio, enquanto trocávamos olhares por uns trinta segundos. — Eu não sou um filhinho de papai. — Não existia nenhuma expressão feliz no seu rosto. — Ah... Sério? — Fui debochada. — Acho que sim. Não vê o jeito que falou? Se não for rico, será um miserável? — Berrei. — Você não entende, Íago Reynolds, não importa o que você tiver, nunca valerá a beleza que tem por dentro. És o garoto mais especial que já conheci, mas se deixa levar pelas bobeiras que diz. O seu dinheiro, nunca comprará as suas origens, a sua integridade ou o garoto que você é. — Ele permanecia parado, um pouco... impressionado, acho que é está a palavra. Os seus olhos pareciam estrelas prestando atenção em cada coisa que falava. — Gosto de você não porque você é um Reynolds, e sim porque é o meu Íago, meu amigo, aquele que eu desabafo, ou conto como a prova de matemática estava difícil. — Fiquei próxima dele. — Você, Íago Reynolds, dinheiro nenhum pode comprar. Até eu acho que não te mereço às vezes. — Sussurrei lentamente. As suas mãos foram para o meu rosto, e o frio da barriga voltou. O garoto ficou calado, ainda em silêncio, porém, o seu abraço, disse tudo o que precisava dizer. Íago tinha medo, medo de decepcionar, talvez tenha medo como os seus pais vão reagir quando contar que não quer ser engenheiro, tem medo de ser uma vergonha para a família... Reynolds. — Desculpe, e mais uma vez te digo besteiras. — Colocou o seu queixo na minha nuca. — Eu não quis dizer isso. — Entendo, eu Entendo.
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