• Volta.

1033 Words
Ainda é estranho para mim, está tão próximo a ele. Algumas vezes olho para cima, e vejo os seus cachinhos tão enroladinhos, que mostram que isso não é uma imaginação da minha cabeça. Mais uma vez, estávamos abraçados, eu não sei quanto tempo ficamos assim, eu só gostava de estar ali... com ele, apenas com ele. As horas pareciam segundos perto dele. Sobre o término dele, não me contou muito bem, não me disse o motivo ou o porquê aconteceu, também não toquei no assunto, estamos discutindo muito estes últimos tempos, o importante é que ele não parece triste... ou decepcionado, tinha momentos que eu até achava que eles não se amavam, eles não tinham conexão, algo muito superficial. Eu ouvia as batidas do coração de Íago, tudo estava em silêncio, só éramos nós dois numa quadra vazia, ele não pretendia me soltar e eu também não. Aquele abraço poderia durar uma eternidade, eu ficaria ali, sem mexer um sequer músculo, enquanto os seus braços me seguravam, e o seu casaco branco me aquecia. — Se forem se beijar, se beijem logo. — Ouvi uma voz conhecida... muito conhecida. Logo afastamos-nos um do outro, em rápido segundos. — Deena!? — Dissemos juntos, quando vimos a morena na nossa frente, sorridente. Para piorar, Deena não estava sozinha, Ian estava do seu lado. Pensei por um momento que aquilo poderia ser um sonho meu, Deena e Ian, eu e Íago, todos na mesma quadra? Ali começaria um programa de casal? — Ian? — Íago arregalou os olhos para o seu primo. — Oi! — O menino abraçou o garoto. Ian estava um pouco diferente, fazia dois anos que ninguém o via, impossível não ter mudado. O seu cabelo estava cortado, a sua pele ainda era branquinha, e ele ainda tinha o casaco escrito "Califórnia", por estar usando ele agora... Foi Deena que lhe deu, o que me fez rir um pouco. Os seus olhos ainda eram castanhos claros e pequenos, com a mesma profundidade. Deena disse uma vez que os olhos do garoto pareciam um céu escuro, sem estrelas, porquê ela era sua Lua, que iluminava a sua escuridão com os cabelos longos de chocolate quente. O rosto do menino ainda era estreito, e fofinho, parecia um hamster. O sorriso dele parecia a neve de tão branca, Deena sempre será apaixonada por seu sorriso, pelo jeito que ainda olha fixamente para ele. Os cabelos de Ian, parece carvão, e macio como algodão. — Vocês voltaram? — Perguntei, assim que os vi perto um do outro. — Deus me livre. — Deena levantou as mãos para o céu, o que fez Ian revirar os olhos. — Viemos procurar vocês. — Cruzou os braços. — Fui na sua casa, procurar você, o seu avô disse que iria para praça. Por que não me contou que o seu avô tinha voltado? — Colocou as mãos na cintura. — Sabe que eu amo o Santino, ele sempre tem os melhores conselhos. — Acabei esquecendo. — Franzi o nariz. — Então, eu encontrei a Deena no meio do caminho, resolvi vim com ela até aqui. — Ian terminou. — Saudades, cara faz tanto tempo! — Íago abraçou o menino novamente. — Quando você voltou? Por que não foi lá em casa? — Voltei faz uma semana, mano. Desculpe, não conseguir vir, estava resolvendo algumas coisas. — Olhou diretamente para Deena, eu vi. — E vocês, o que estavam fazendo aqui... sozinhos? — Deena abriu um sorriso maroto, senti uma imensa v*****e de pular no pescoço dela. Íago ficou sem reação, assim como eu. Ele ficou mais vermelho do que os morangos da feira, enquanto eu, sentia as minhas bochechas rosadas. — Nada, querida. — Forcei um sorriso. O que fez ela e Ian rirem juntos, fez-me lembrar do tempo antigo, eles faziam isso, Ian poderia ser calmo, porém amava brincar com todo o mundo em sua volta, assim como Deena, e quando se juntavam, a graça nunca terminava. Enquanto eles gargalhavam, nós dois queríamos enfiar o nosso rosto dentro de um buraco. Íago demonstrava totalmente timidez, já eu, morria envergonhada. — Olha... — Ian tentou se recuperar. — Que tal, sairmos para comer? — Eu topo. — Íago respondeu rápido e já foi saindo em rápidos passos para fora da quadra, acho que ele ficou meio... estranho, na verdade, quem não ficaria? — E você? Deena? Topa? — Ele não perdia a oportunidade. — Não, Ian. Infelizmente não estou com dinheiro, e a sua companhia tira-me do sério. Deena poderia ser muito dura as vezes, e o Ian a entendia do mesmo jeito. Ele era persistente, não iria desistir até ter o coração da menina de volta, ela pode negar, só que eu sei o quanto sofreu quando ele foi embora, sei quantas vezes ela via o celular para ver se ele tinha mandado mensagem... e nunca foi uma mensagem, uma ligação e muito menos um áudio. Chorou muitas vezes no seu quarto, e eu tinha que estar lá para abraçá-la. Tenho medo de passar por tudo que a garota já pensou, só em pensar nisso, o medo ultrapassa todo o meu corpo. Quantas vezes a vi tentar ligar para o seu número, e só caia na caixa postal, depois ela descobriu que o garoto tinha começado um novo relacionamento... Ian pode ser muito brincalhão, mas nunca brincaria com os sentimentos de Deena, lembro-me de uma vez que o vi esperando ela, na frente do colégio, estava chovendo, mas ele continuou alí, esperando a garota sair com os seus longos cabelos ondulados. Quando soube do seu novo relacionamento, eu liguei para ele, mas isso Deena nunca soube. Discutimos por alguns minutos, foi quando me disse que o seu pai tinha morrido e que ele tinha que morar fora, tanto pela faculdade quanto pela sua mãe, contou-me que Deena não merecia esperá-lo por todo esse tempo, ela deveria viver a sua vida, conhecer novas pessoas. Fiquei pasma depois deste acontecimento, ele pediu para que eu não contasse nada para ninguém, ou Deena desistiria do seu concurso de Artes que fazia naquele momento só para o vê-lo, e acertou, essa era a minha amiga. Então, até hoje, ela nunca soube dessa história.
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