O Garoto do Vôlei

Você sabia disso!

— O Íago namora. —

Sussurrei baixinho para que só Myra ouvisse. Infelizmente, por pura ironia do destino, Íago escutou e deu um pequeno sorriso de ladinho.

— O Íago vai jantar com a gente, Myra. — Mamãe falou, andando em direção a cozinha. — Fique por aí, Íago. Se sinta em casa.

Vendo as amigas de Myra, lembrei-me das minhas amigas, será que elas ainda estão discutindo lá em cima?

— a sua família é muito recepcionista. — Íago encarou-me. — adoraria ficar, porém, tenho treino hoje. — Disse isso um pouco mais alto para que a minha mãe o ouvisse.

— Que horas começa o seu treino? — a minha mãe disse, pegando algo no armário.

— Vôlei? — Falo não controlando as palavras e a minha curiosidade.

— Não. — Riu. — Treino de basquete, quero tentar algo novo. — Mexeu nos seus cachinhos. — Mas como sabe do vôlei? — Levantou as sobrancelhas, procurando a resposta nos meus lábios.

Agora sim, eu tinha-me enfiado num beco sem saída. Não sabia o que dizer, ou deduzir, o que falaria para ele? Os seus olhos estavam atentos para cada movimento meu, enquanto eu procurava a resposta Perfeita.

— Ah! Myra. — Apontei para minha irmã loirinha. — Ela é sua maior fã.

No mesmo momento, Íago virou o seu olhar para Myra, que tinha fogo nos olhos.

— EU NÃ...

Ela já ia terminando a frase, quando puxei uma nota de cem reais do meu bolso, que tinha ganhado da minha mãe para comprar um Novo Livro. Íago olhava para Myra, e eu estava que nem uma louca fazendo mímicas para ela, tentando fazer ela concordar com a minha mentira, aceitando os cem reais.

— Eu sou uma grande fã a sua. — Mentiu Myra, descaradamente, com um olhar interesseiro ao meu dinheiro.

— Ah! que legal. — Percebi que Íago tinha ficado sem jeito. — É bom saber disso, mas eu não sou famoso, só jogo vôlei na praça apenas e na praia quando vou para casa de Yan.

— Disso eu sei. — Falou Myra, indo em direção as suas amigas, que continuavam paradas no meio da sala sem saber o que dizer.

— Garotas? — a minha mãe olhou para as duas meninas. — Vocês também vão querem jantar?

— Não tia. — Disseram juntas. — Já Estamos indo. — falaram ao abrir a porta de casa.

Um suspiro surgiu em mim.

— Mandem um beijo para as suas mães. — Gritou mamãe se despedindo das meninas que já iam embora.

— Senhorita Rolly, como eu disse, eu também não poderei fic...

— Sem desculpas Íago, ou nunca vou perdoar-te por seu pai quase atropelar a minha filha. — Mamãe riu, deixando Íago espantado. — Agora garoto, sente aí, e não recuse um jantar da família Sug.

— Desculpe. —

Íago tinha levado na brincadeira, percebi isto ao ver um pequeno sorriso formar na sua boca.

Eu sentia-me totalmente sem graça naquela situação, Íago se sentou como mamãe mandou e eu precisava ir ver as garotas.

— Mãe, eu vou subir. Preciso ver a Deena e a Carissa. — Ando até às escadas.

— Ok, mais não demora. — Disse remexendo uma panela no fogão.

Me senti sendo observada por Íago ao subir as escadas, só que não era hora de surtar. Andei rápido as escadas, e entrei no meu quarto. Encontrando apenas Deena, sentada na minha cama.

— Cadê a Carissa? — Questionei, assim que entrei.

— Desceu pela Janela, disse ela que não queria atrapalhar você e os seus planos com o Íago. — Deena revirou os olhos. — Só que agora conte, DIGA, o que ele disse?

— Ele está aí. — Gritei animada, pulando em cima da minha cama. — Ele veio saber se eu estava bem. — Continuei gritando.

— EBA! — Deena pulou junto comigo.

— Ele ainda aí amiga, mamãe a convidou para jantar.

— E o que está esperando?

Deena adorava perguntas retóricas, ela perguntava e queria que soubéssemos a resposta.

— O que eu faço? — Pergunto tentando segurar o riso.

— Corre para o banheiro amiga, vai tomar um banho, que eu faço algo no seu cabelo e você irá ficar linda.

— Você tem noção que o ÍAGO está na minha casa? — Abri um sorriso enorme.

— Sei, agora corre para o Banho. — Deena empurrou-me para fora do quarto, para eu ir direto para o banheiro.

Eu estava com um sorriso estampado no rosto, pensando na voz dele, grossa e suave em simultâneo. Os seus sorrisos de cantos, ou como o seu cabelo parece mais finalizado do que quando ele vai jogar vôlei na praça. Liguei o chuveiro, e em só pensar que veria ele novamente, a minha barriga começava se revirar. Alto eu comecei cantarolar, e imaginar o Íago e eu juntos.

— GLENNA, não demora muito. Eu ainda preciso tomar banho também.

A voz de Deena, trouxe-me para a realidade. Que isso, não passava de uma imaginação boba.

— Já estou terminando. — Digo já saindo enrolada no meu roupão.

— Amém! — Bateu palmas. — Venha, vou arrumar-te. —

Deena puxou-me para o meu quarto, me deixando de frente ao guarda-roupa. O problema é que eu não tinha muitas opções, um vestido especial que causasse uma boa impressão ao Íago.

— Você n******e ir com os seus moletons velhos, tem que ser algo novo. — Puxou várias peças do meu armário.

Foi aí que me lembrei de Yan, lembrei que não tinha contado que Íago era primo do ex de Deena. Como eu tinha esquecido de dizer está informação?

— Deena, eu descobri algo sobre o Íago. — Falo-me sentando na minha penteadeira, colocando a minha prancha para esquentar, para deixar o meu cabelo ficar bem lisinho.

— Diz. — Ela permaneceu revirando o armário.

— Íago é primo de Yan. — Falo rápido, sem muita enrolação.

Deena parou no mesmo instante, se virando para mim, com os olhos arregalados e a sua boca aberta.

— Como assim? — Cruzou os braços.

— Ele disse. Pode perguntar a ele, eu também não acreditei e...

— Então, esse era o primo que Yan me dizia. — Lembrou, com um sorriso no rosto.

— Você já sabia que eles eram primos?

— Não, eu sabia que Yan tinha um primo que morava aqui, eu só não sabia que ele estaria tão próximo da gente e nunca passou pela minha cabeça que este garoto, era o Íago. Que mundo pequeno. — Afirmou e logo voltou a sua tarefa de achar a roupa perfeita.

— Você acha maquiagem uma boa? — Abro uma gaveta, cheia de maquiagens, a qual eu nunca uso com frequência, a não ser para eventos importantes. Ganhei todas essas maquiagens da minha tia Nayla, ela é maquiadora todo o ano no meu aniversário, manda uma maleta de produtos que eu sei que nunca irei usar.

— Ahhh! — Gritou. Novamente os seus gritos histéricos. — A Maleta de maquiagens da sua tia. — Se aproximou da Maleta, como se isso fosse algo sagrado. — Aí Glen, não quer me dar está maleta para mim? Você nem usa. — Mexeu em alguns itens da maleta, desorganizando tudo, me deixando agoniada.

— Tire a sua mão daqui. — Bati no seu braço, fazendo a mesma recuar. — Então, é preciso maquiagem ou não?

— Talvez, só que pouca. Não exagere para assustar o garoto, use apenas um gloss. Lembre-se que você está em casa, ninguém faz uma maquiagem extravagante em casa.

— Ok. — Digo pegando o primeiro gloss que vejo pela frente.

— E não faça prancha no cabelo.

— O quê? — irritei-me. — Sabe que eu não gosto do meu cabelo assim Deena.

— o seu cabelo é perfeito. — Mexeu nós fios. — E sem contar que cabelo molhado é um charme. E o seu cabelo já é liso, só é um pouco ondulado.

— Mas... — Tentei falar, mas fui impedida por ela.

— Tome essa roupa.

Ela jogou um short jeans azul e uma blusinha simples preta.

— Acha que combina? — Coloco os shorts.

— Claro, ficará perfeita, confie em mim. Agora eu vou tomar um banho. — Correu para fora do quarto, e eu aproximei-me do espelho.

Olhei a minha roupa, e meu cabelo. Nunca tinha usado este conjuntinho assim, combinando. Mas realmente, Deena fazia um ótimo trabalho como a minha estilista pessoal. Respirei fundo, uma três vezes. Eu veria Íago novamente, e isso deixava-me nervosa.

— Desci lá. — Ordenou Deena, me empurrando perto da escada, e desci, devagar.

Ao chegar na sala, ouvi as risadas contagiantes da minha mãe e de Íago, o que me deixou assustada e curiosa por saber o que acontecia ali.

— Oi? — Olho para a minha mãe que já estava sentada na mesa, enquanto senti o olhar daquele lindo garoto-me encarar.

— Vem jantar filha, cadê a Deena? — Questionou a minha mãe.

— Deena? — Íago se engasgou com a própria água que bebia. — Deena Ross? Ex do Yan?

— Ela mesmo. — Encontro os seus olhos assustados. — a minha melhor amiga. — Senti ainda o encarando, vendo o seu rosto confuso.

— Eu não sabia, nossa! Como este mundo é pequeno?

Myra já estava sentada ao meu lado, Íago tinha sentado na minha frente, a minha mãe na ponta da mesa, e eu conseguia o ver ainda mais de perto. Os olhos dele, é ainda mais bonitos, parece os chocolates quentes que Rose, minha tia, fazia para mim nos dias frios. Eu amava, ainda mais quando era com caramelos, sentada em frente a uma lareira, assistindo filmes, era o meu inverno favorito. Mas sinceramente, de todos os invernos, eu prefiro este, ver Íago aqui e agora, já tinha feito o meu inverno perfeito.

— Oi Gente! — Ouvimos a voz dela, da minha doce amiga. Deena. Ela sorriu, assim que viu Íago. Se aproximou de nós. — Oi! Garoto do Vôlei. — Fez aquela expressão, aquela irônica, que estava tentando-me deixar envergonhada, só podia. Naquele momento, eu senti v*****e de colocar uma fita na boca de Deena, ou reverter o tempo para ela não dizer aquela besteira, eu já tinha ficado vermelha, é inevitável.

Íago manteve o seu sorriso amigável no rosto, tentando ser mais convivente possível, e poderia ser estranho, só que eu o conhecia e sabia estar disposto a fazer alguma pergunta.

— Por que?... — Sabia que ele não iria ficar calado tanto tempo. — Por que chamou de garoto do vôlei? Yan disse sobre mim?

Deena estava encurralada, quem manda ela não ter controle sobre as palavras? Agora teria que tocar no assunto do Yan, a não ser que ela conte que sou apaixonada por Íago, faz um tempo.

— É isso, o Yan. — Mentiu descaradamente, deu para enganar, pelo menos é o que eu acho.

Minha mãe continuava a olhar para mim e Íago a cada dois segundos, eu sentia-me desconfortável, mais do que eu mais me sentia, com a presença de Íago.

— Então Íago Ner? — Myra puxou assunto. Este é o problema, quando Myra abre a boca, só sai besteiras de dentro. — E a sua namorada? — Enfatizou bem está parte, para poder escutar com atenção. — Sabia mãe, Íago tem uma namorada! — Direcionou o seu olhar a mamãe, que arregalou os olhos assim que soube da notícia.

— Íago, tem namorada? — Sabia que àquilo não era uma pergunta, era uma indireta, para mim.

— Tenho. — Disse, totalmente sem graça. Bebendo mais água do seu copo.

— Sério? — Sinto ar pesado da minha mãe. Sabia que quando Íago saísse, uma longa conversa iria iniciar. — Você sabia disso, Glenna? — Cruzou os braços.