• Dia Frio.

780 Words
Estava muito frio lá fora, mas o vi da janela do meu quarto, ele usava um casaco tão grande que cobria todo o seu corpo, ele usava até mesmo luvas, não julguei-o, eu estava bem pior, usava três moletons que mamãe havia comprado para mim e para a minha querida irmã, ainda calçava uma meia que ia até os tornozelos. Mamãe abriu a porta para o garoto, coisa que não me surpreendeu, mamãe gostava dele..., na verdade, quem não gostava? — Não acha muito cedo para está na minha casa? Reynolds? Brinquei e vejo o sorrisinho fofo no seu rosto. Ele se encontrava sentado no sofá junto de Myra e vovô. Todos estavam juntos na lareira, enquanto mamãe fazia alguns biscoitos de bonecos e café. Vovô usava um cachecol, um preto bem chique, enrolado no seu pescoço. Myra vestia um lindo moletom vermelho, um que tinha o cachorrinho Snoopy, bem fofinho por sinal, o meu tinha o Charlie Brown, o que me fez rir um pouco. Rally tem que comprar as minhas roupas e da minha irmã iguais ou combinando, ela faz isso desde que éramos crianças, o que é bonito e anormal às vezes. — A sua família ama-me, querida. — debochou. Por um momento vovô tirou a sua atenção do jornal, e encarou rapaz de uma forma engraçada que fez todos nós rimos. Ouvi até uns risinhos vindo da minha mãe, algo que se tornou raro desde que Santino chegou. Eles não trocam muitas palavras, para ser sincera ainda não os vi conversando, parece que criaram uma barreira entre eles, que não derrubaram ainda. Fica um clima estranho quando a família está toda junta, vovô nem faz as suas piadas quando mamãe está por perto, o que deixa essa situação mais estranha ainda. Compreendo mamãe às vezes, vovô passou a cerca de dois anos fora, e volta, sem nenhuma explicação. Todos nós conhecemos Santino muito bem, o trabalho sempre estar na frente da família, o dinheiro sempre esteve na frente da família, ele é alguém que admiro muito, porém tem muitos defeitos, e um deles é o trabalho, a empresa. Ele voltou por algum motivo, mas não parece estar muito a v*****e de contar. — Os meus pais foram viajar, o Ian está com a mãe, pensei em vir para cá, desculpe não avisar. — fez biquinho. — Não precisa se desculpar você é de casa, Íago. Pode vir quando quiser. — rally disse, contente. — Não diga isso, ele vai vir aqui todo o dia. — Myra falou, sendo irônica, sei que ela amava a companhia dele tanto quanto eu. Sentei-me numa poltrona de frente a eles, vovô estava usando óculos no meio do nariz, enquanto lia algo no jornal, parecia interessado, mas tudo mudou quando a minha irmã começou a perguntar sobre vovó... — você tem foto dela, vô? Quando Myra começava as suas perguntas ela não parava até descobrir o que queria, não é a primeira vez que a vejo perguntando sobre a vovó, acho que ela também gostava de como vovô contava as histórias deles, na juventude. Quando Myra perguntou, Santino apenas balançou a cabeça, informando que sim, que tinha. Eu nunca vi nenhuma foto dela, porém sei que os seus cabelos eram vermelhos como amora, a sua pele era branca como as nuvens do céu, e os seus olhos eram azuis como o oceano pacifico, o seu rosto tinha algumas manchas, vovô diz que isso deixa a mulher ainda mais atraente, vovô era apaixonado pelos cabelos longos e ondulados dela, ele disse que adorava o seu cheiro, e como ela ficou marcada gravada na mente dele como nenhuma mulher ficou... apenas ela, Délia sug. Santino diz que tenho traços dela, tipo o nariz fino e a boca rosada. Pela forma como vovô a descreve parece tão mágico, tão perfeito e único, um sentimento que sentimos só uma vez, uma única vez. Ele conta que ninguém irá segurá-lo, com Délia o segurou, ninguém vai amá-lo como ela o amou, e ninguém chamará a sua atenção como ela chamou, por isso ele diz que não pretende se casar, porque só uma pessoa conseguiu fazer o seu coração bater rápido, só foi ela, os seus corações sempre estarão ligados. Nunca vi uma foto sua, talvez porque gosto de imaginá-la, mas sei que Santino usa um relógio que por trás tem a sigla "D" e uma pequena frase coreana que nunca procurei a tradução e nunca perguntei, talvez seja algo extraordinário, algo somente deles. — Vovô, por que não conta a sua história de amor para Íago? Ele nunca ouviu. Íago olhou para ele, ansioso e curioso. — Não gente, o garoto não quer ouvir. — balançou.
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