Capítlo 5

2869 Words
      Já havia se passado três dias desde que Emma passou a noite cuidando da forasteira, a morena não tinha mais febre, seus ferimentos estavam melhorando, porém, ela não abriu mais os olhos desde a noite em que ardia de febre.     A loira não conseguia entender o motivo, mas gostava de passar um tempo naquele quarto observando a morena dormindo. Talvez fosse o silencio do local, era tranquilo para pensar, ninguém a importunava. Talvez fosse à vontade de estar lá quando a morena acordasse novamente e lhe presenciasse com aqueles olhos negros que tanto lhe encantou.     Emma saiu do quarto da morena e seguiu para a cozinha a procura de Granny, Emma tinha certeza que a senhora estava lá preparando o almoço. Ela não precisava fazer trabalhos na casa, afinal, ela também é uma das donas e Emma sempre deixou isso muito claro, mas Granny gosta da cozinha, de participar da preparação das refeições, sempre foi assim e ninguém fazia mudar.     Swan entrou na cozinha e encontrou Granny, Belle e Lily, essa última sempre se insinuando para a patroa, mas desde o ocorrido em seu quarto, Emma nem sequer olhava para a garota. - Granny, onde está Paloma? Preciso que ela vá comigo ao povoado. – Perguntou à loira. - Algum problema menina? – Pergunta à senhora. - Não, só tenho que resolver algumas coisas, mas preciso que Paloma vá comigo. – Disse e nessa hora a cunhada chega à cozinha. - Precisa que eu vá aonde Emma? – Pergunta sorridente e abraça a avó. - Que venha comigo ao povoado. - Tudo bem, mas tem como eu comer alguma coisa antes? Não comi nada hoje. – Disse fazendo uma cara pidona. - Tudo bem, enquanto isso eu vou me arrumar. – disse e saiu.   [...]       O caminho da fazenda para o povoado estava silencioso, Emma estava perdida em seus pensamentos. Em algumas semanas seria seu aniversário de casamento e a loira ficava sempre deprimida nessa época, mas ela prometeu a si mesma que tentaria de tudo para não fazer sua filha sofrer com suas crises, mesmo ela sabendo que seria um dia difícil. Ela também estava preocupada com a forasteira em sua casa, já avia passado quase uma semana e ela ainda não acordou. E esse era dos motivos para ir ao povoado ela precisava conversar com David sobre isso. O silencio foi interrompido por Paloma. - O que exatamente iremos fazer no povoado? – perguntou à morena. - Eu preciso que você vá ao banco, Sidney me ligou e existem alguns documentos que não estão batendo e como você cuida da parte burocrática saberá resolver melhor que eu. Enquanto isso eu irei procurar alguns medicamentos par Angus. – Disse a loira sem desviar os olhos da estrada. - Ele está melhor? - Está na mesma, por isso irei mudar a medicação. - Entendo. – respondeu a garota olhando a paisagem. - Depois irei buscar a Lexie na escola e nos encontramos na lanchonete da Jane para almoçar. - Lexie ficará feliz em ver você a esperando na frente da escola. – falou sorrindo. - Percebi que estava deixando ela de lado, quero me redimir e dar toda atenção e amor que ela merece. – olhou para Paloma. – E isso graças a você. Obrigada. – sorriu a voltou a atenção para estrada.   [...]       Killian e Zelena estavam no escritório da ruiva esperando por Ingrid que ficou responsável por resolver sobre as buscas por Regina. Desde o desaparecimento da morena, Zelena não é mais a mesma. Os irmãos Mills sempre foram muito próximos e cumplices, mas a ruiva estava mais abalada que o irmão mais novo, afinal, Regina sempre foi muito mais próxima da ruiva que de Killian. - Onde está a Ingrid? Eu não aguento mais ficar sem saber notícias Kill. – Disse com os olhos marejados. - Calma Zel, ela está chegando. – Abraçou a ruiva. – Vai dar tudo certo, nossa irmã irá voltar para nós. – Beijou os cabelos da irmã. Minutos depois escutaram batidas na porta e Zelena correu para atender. - Onde estava mulher? Que demora. – Disse Zelena dando passagem para Ingrid entrar. - Calma Zelena, o transito hoje estava um caos. – disse cumprimentando Killian. - E então, alguma notícia?- Perguntou o rapaz. - Ainda nada. Mas as buscas continuam. –Disse Ingrid sentando em no sofá da sala. - Droga Ingrid! Esse detetive é um incompetente. Devemos contratar outro. – A ruiva já tinha lágrimas descendo de seus olhos.  - Calma Zelena, Duncan é o melhor na área, não podemos perder as esperanças. - Você fala isso por que não é sua irmã que está desaparecida, se fosse queria ver se não se importava mais. – Zelena falou alto, ela nunca acreditou que Ingrid gostava realmente de Regina, por isso nunca gostou da cunhada. - É injusto você falar isso Zelena. – Ingrid levantou e ficou de frente para a ruiva. – Regina é minha namorada e eu a amo, e estou sofrendo tanto quanto vocês com essa situação. Então não venha me dizer que eu não estou me importando com tudo isso. – Disse e saiu batendo a porta.     Ingrid é advogada do Haras Mills desde que começou a namorar Regina há cinco anos. Sempre fez de tudo para conseguir seus objetivos, no inicio do namoro nem gostava tanto de Regina assim, apesar da morena ser uma mulher maravilhosa e inegavelmente linda. Ela começou seu relacionamento com a Mills por conta do ótimo emprego que conseguiu, mas no decorrer do relacionamento ela percebeu que Regina tinha qualidades que a agradava.     Ingrid entrou em sua sala, se serviu de um generoso copo de Whisky e sentou-se em sua cadeira pegando o telefone. - Duncan, sou eu. Alguma novidade? - Não senhora, Regina Mills desapareceu do mapa. – disse o rapaz do outro lado da linha. - Continue procurando, qualquer novidade me ligue. – falou e encerrou a ligação.   [...]   Emma entrou no consultório de David e foi em direção recepcionista. - David está com paciente? – Perguntou a loira. - Bom dia senhora Swan. Não, está sozinho, vou avisá-lo que está aqui. – disse a garota pegando o telefone. - Dr.,  A Senhora Swan está aqui.  – disse e em seguida desligou o telefone. – Vamos senhora. – chamou Emma levantando-se e acompanhando a loira até a porta. A loira entrou na sala do amigo que veio cumprimenta-la com um abraço. - A que devo essa ilustre visita. – perguntou David se afastando. - Oi David. – sorriu. – Quando você foi a fazenda ontem eu não estava, só queria saber como a desconhecida está. - Bem Emma, os ferimentos estão cicatrizando, como ela não teve mais febre quer dizer que não tem nenhuma complicação. - E porque ela não acordou ainda? Já faz quase uma semana. - Ele tinha um ferimento na cabeça, provavelmente levou uma pancada forte e por isso ainda não acordou. Mas o que preocupa você? – perguntou ele curioso. - Nada demais, é que ... se ela não acordar? Não sei o que fazer. Ninguém a procurou ainda. – disse Emma encostando-se ao encosto da cadeira.  - Você já informou ao delegado? - Não. No estado em que a encontramos é certo que alguém quer acabar com a sua vida, tenho receio que se ficarem sabendo queiram ir atrás dela na fazenda e como não sei com quem podemos lidar prefiro esperar ela acordar para poder tomar alguma atitude. - É olhando por esse ângulo você está certa. Hoje irei à fazenda para examiná-la mais uma vez, ok? – perguntou ele sorrindo.     Nessa hora o telefone da sala do médico toca e sua recepcionista avisa que seu paciente do horário chegou. Emma se despede do amigo e segue para comprar o que precisa para a recuperação de Angus.     Após tudo resolvido Emma estava em frente ao colégio esperando Lexie sair, alguns minutos depois o sinal alerta Swan que a aula havia acabado. A loira que estava encostada em seu carro cruza os braços e fica observando as crianças saírem correndo pelo portão e se permite sorrir ao ver sua menina conversando sorridente com Mary que ao avistar a loira ali fala alguma coisa no ouvido de Lexie e a garota olha para a mãe e sai correndo em sua direção. - Mamãe! – gritou antes de se jogar nos braços de Emma. - Oi princesa. – disse sorrindo e beijou o rosto da filha. - Gostei que você veio me buscar, mas cadê a tia Paloma? – Perguntou a garota, já que a tia é quem sempre leva e vai buscar a loirinha na escola. - Está resolvendo algumas coisas, mas irá almoçar conosco na lanchonete de tia Jane. – disse Emma abraçando ainda mais a filha. - Oi Emma, quanto tempo. – disse Mary se aproximando das duas. - Oi Mary, como você está? - disse Emma pondo a filha no chão. - Que bom que veio buscar essa sapequinha ai. – sorriu. – Ela não para de falar em você. - É eu estava com alguns problemas, mas pretendo vir mais vezes. E da próxima vez podemos sair para conversarmos como fazíamos antes. – disse Emma com um sorriso discreto. - Eu topo. Estou mesmo com saudades da minha prima. – Mary se despediu das duas com um beijo nas bochechas e viltou para a escola.     Mary é prima de Emma e as duas sempre foram muito amigas, melhores amigas na verdade. Mas depois da morte de Ruby, Emma se fechou de tal forma que nem Mary conseguia entrar em seu mundo, ela achou melhor dar espaço para a Emma, ela sabia bem que naquele momento Emma só queria ficar só e se alguém tentasse intervir só iria piorar.   [...]       Lexie e Emma estavam sentadas em uma das mesas da lanchonete de Jane aguardando Paloma chegar para fazer os seus pedidos. - Filha como foi sua aula hoje? – perguntou Emma para a garotinha. - Ah mamãe foi legal. – falou animada tirando o papel da mochila e pondo na mesa. - Aprendi a escrever meu nome, o seu e .... – parou de falar e pôs a mãozinha em cima da folha, tentando esconder o nome da mãe morena, pois a garotinha sabia como a mãe ficava quando falava de Ruby e Lexie não queria ver sua mãe triste. - E o de quem meu amor? – perguntou Emma vendo o rostinho da filha ficar serio, Swan esboçou um sorriso já imaginando do que se tratava mas incentivou a filha a lhe mostrar. – me deixa ver o que você escreveu. – pediu. - Promete que não vai ficar triste? – perguntou puxando a folha um pouco mais para perto de si. - Eu prometo meu amor. – sorriu e pôs as pontas dos dedos em cima do papel o puxando assim que Lexie tirou a mãozinha de cima.     Emma pegou a folha e seus olhos ficaram marejados ao ver aquelas linhas tortas e sem muita sincronia onde estava escrito o seu nome, o de Lexie e o de Ruby exatamente nessa ordem, sem perceber uma lágrima desceu de seus olhos chamando a atenção da filha. - Você prometeu que não ia ficar triste. – disse a menina olhando para a mãe. - Mas eu não estou triste meu amor. - Você tá chorando mãe. – disse a menina e só então Emma percebeu seus olhos molhados. - Mas eu estou chorando porque estou feliz meu amor. – disse secando as lágrimas. – Estou feliz porque minha princesinha está crescendo, já esta até escrevendo nossos nomes. – disse e viu sua filha descendo da cadeira em frente a sua e ir lhe abraçar. - Eu te amo mamãe. – falou Lexie e Emma a sentou em seu colo. - Eu também te amo. E isso aqui está muito bom, definitivamente você é uma ótima aluna. - A tia Mary disse que eu sou a melhor. – falou a garotinha toda orgulhosa. - Sim, você com certeza puxou a sua mãe. – abraçou a filha e ambas sorriram com o carinho. - Ah, eu também quero abraço. – disse Paloma parada ao lado da mesa. - Tia Paloma. – disse Lexie se soltando da mãe a abraçando a tia.     Fizeram os pedidos e almoçaram alegremente. Em alguns momentos Paloma observava a cunhada e sorria, finalmente Emma estava voltando a viver e melhor ainda, estava voltando a ser a mãe carinhosa que sempre foi antes da tragédia chegar a suas vidas.   [...]       Era noite, todos da casa grande dormiam menos Emma, que mais uma vez estava no quarto da desconhecida. Swan estava olhando a lua pela janela e lembrava as várias e várias noites que ficava agarradinha a sua lobinha a observando. Teve sua atenção voltada a cama quando ouviu um gemido e algumas palavras sem nexo serem pronunciadas. Emma se aproximou e viu como a morena estava inquieta, Swan pousou a mão na testa da mulher ali deitada e ela não tinha febre. - Quem é você? – pergunta a morena quase em um sussurro e geme de dor ao tentar se mover. - Ei, calma. Você está segura aqui, tá tudo bem. – disse Emma sentando na beirada da cama. - Quem é você? Onde estou? – Perguntou com um pouco de dificuldade, pois ao tentar fazer o movimento anterior seu abdômen ficou doendo assim como seu braço direito. - Meu nome é Emma, Emma Swan. Você está na minha casa. – disse tentando passar confiança a morena. - O que aconteceu? - Você não lembra? – perguntou e percebeu um leve movimento de negação da morena. – Encontramos você desacordada e muito ferida. Você lembra seu nome? – perguntou e viu a morena fechar os olhos. - Não. – sussurrou a morena abrindo os olhos e Emma percebeu que eles estavam marejados.     Swan sentiu um aperto no peito ao ver aquela mulher tão frágil e aparentemente tão delicada, sofrendo por não se lembrar de nada de sua vida, nem o próprio nome. A primeira reação que ela teve foi querer abraça-la e dizer que iria ficar tudo bem, mas ela não fez isso, não conhecia aquela mulher e também poderia assustá-la ainda mais. - Você levou uma pancada forte na cabeça, talvez por isso essa confusão. Descanse e verá que suas memórias irão voltar. – disse Emma ternamente. - Agua, poderia me dar água? – pediu a morena.     Emma foi até uma mesinha onde havia uma garrafa de água, pôs um pouco no copo e voltou para a cama. Estendeu o copo até a morena que ao tentar pegá-lo gemeu mais uma vez por conta das dores em seu corpo. - Eu lhe ajudo. – disse Emma sentando novamente na cama.     A loira delicadamente pôs a mão nas costas da morena próximo ao pescoço e gentilmente ergueu o corpo da mulher escutando um leve gemido. Emma encostou o copo nos lábios da morena que os abriu de vagar sorvendo quase todo o líquido.     Emma olhava hipnotizada aquela cena, observou cada traço daquela boca carnuda sentindo o hálito quente da morena em seu rosto por conta da proximidade, como se estivesse em câmera lenta, ergueu o olhar até a imensidão n***a que era os olhos da morena e se viu perdida naquele olhar. Emma queria desviar seus olhos, mas aquelas orbes escuras pareciam querer lhe dizer tanta coisa que a loira simplesmente não conseguia quebrar aquela conexão. Saiu do seu transe quando ouviu a voz rouca da mulher. - Obrigada. – disse e fez uma cara de dor por conta da posição. - Oh! Desculpe. – disse Emma repousando o corpo da morena na cama delicadamente.     Ao fazer esse movimento o lençol desceu um pouco e Emma observou uma joia com algo escrito no pescoço da mulher. Ela não sabia por que não havia percebido antes. Swan forçou um pouco os olhos e leu o nome que havia ali. - Regina. – disse e teve a atenção da mulher. - O que você disse? – perguntou a morena a encarando. - Está no seu colar. – apontou para o pescoço da morena. – Regina é seu nome? – perguntou Emma ainda olhando para a joia. - Eu não sei, mas me é familiar. – a morena fechou os olhos tentando lembrar-se de algo, mas foi em vão. - Por enquanto será o seu nome então, o que acha? – sorriu e pela primeira vez contemplou o lindo sorriso da morena, mesmo que ainda um sorriso tímido. - Eu gostei. - Bem, você precisa descansar, amanha voltarei aqui para ver como se sente. Boa noite. – se despediu Emma recebendo uma boa noite como resposta.     Emma saiu do quarto de Regina e encostou à cabeça na parede, ela estava nervosa, seu coração estava acelerado, ela não sabia o que havia acontecido ali naquele quarto que a deixou tão desestruturada dessa forma. Ela fechou os olhos e veio a sua mente a imagem do rosto da morena bem próximo ao seu. Emma abriu os olhos balançando a cabeça de um lado para o outro tentando afastar essa imagem da sua cabeça e seguiu para o quarto. Ela definitivamente estava cansada e só precisava dormir.
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